FLY BY NIGHT



Lançamento: 15 de fevereiro de 1975
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RUSH  FLY BY NIGHT  CARESS OF STEEL

1. Anthem - 4:22
2. Best I Can - 3:25
3. Beneath, Between and Behind - 3:02
4. By-Tor and the Snowdog - 8:37
5. Fly By Night - 3:21
6. Making Memories - 2:58
7. Rivendell - 4:57
8. In the End - 6:47


Com seu segundo álbum, o Rush precisava provar para todos e para eles mesmos que eram bem mais do que um pequeno projeto feito sem grandes pretensões. E conseguiram.

Fly By Night é um poderoso e sólido álbum que exibe claramente o que Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart poderiam fazer juntos. Levadas poderosas de guitarra com temas experimentais e um grande sinal dos tempos são as marcas que colocaram os jovens rapazes no caminho de seu vindouro sucesso.

Não é que John Rutsey fosse um mal percussionista, mas nem ele, nem ninguém no mundo do rock dos anos 1970 (ou dos 80, dos 90 ou da atualidade) poderia ser comparado à maestria de Peart. Inclui-se a isso as letras poéticas e intrigantes que o baterista inseria pela primeira vez no trio e teremos os ingredientes de uma combinação legendária.

A arte da capa é assinada por Eraldo Carugati, que também trabalhou nas fotos dos álbuns solos lançados pelos quatro membros do Kiss em 1978.

Depois de uma pequena parada no Natal de 1974, o Rush estava de volta ao estúdio Toronto Sound para gravar seu segundo álbum. Era janeiro de 1975.

Definitivamente Fly By Night tinha muito o que provar. O anterior Rush foi o disco de estreia mais vendido que a Mercury desfrutou nos Estados Unidos, desbancando até mesmo o primeiro da também canadense Bachman-Turner Overdrive. E tudo isso sem contar com o fato de que a primeira tentativa com Rush havia sido feita às pressas no Toronto Eastern Studios em apenas oito horas após um show, além da operação de colocar tudo em ordem com Terry Brown remixando e produzindo novamente o mesmo em apenas três horas. Também deve ser lembrado que Rutsey seria a princípio o letrista principal da banda e, após declarar sua intenção de deixar o projeto, Geddy precisou preencher a lacuna - uma tarefa que ele não havia experimentado ainda. Neil, no entanto, ocupou de forma brilhante em Fly By Night seu novo e adicional papel de letrista, ao mesmo tempo em que trazia um toque de inspiração para Alex e Geddy. A introdução das ideias rítmicas do baterista impulsionaram bastante a qualidade artística das composições. Apesar de algumas músicas ainda trazerem letras de Alex e Geddy, Peart assumiu definitivamente seu novo posto. As fantasias míticas, os textos clássicos da literatura e os indícios de afinidade com o objetivismo passaram a figurar no discurso a partir da segunda produção da banda.

"Anthem", oriunda da primeira jam session do trio, abre o disco. O título da canção foi inspirado em um romance de mesmo nome escrito em 1938 por Ayn Rand, escritora russa que se estabeleceu nos anos trinta e que era bastante lida por Peart. Rand emigrou para os Estados Unidos a fim de construir sua carreira como dramaturga e romancista. Suas visões eram uma reação vigorosa ao que ela tinha visto acontecer em seu país.

O romance se passa num estado totalitário e numa cidade sitiada. Os governantes dessa sociedade em particular haviam declarado que o atributo personalidade não deveria existir, que não deveria haver nenhuma individualidade e nenhum direito. Esse credo de anti personalidade se estende até mesmo com a proibição da palavra eu. No entanto, dois rebeldes redescobrem a individualidade e escapam.

Peart tem grande crença na individualidade, e inclusive afirmou algumas vezes que não acredita numa sociedade completamente igualitária. Segundo ele, é claramente óbvio que as pessoas que a compõem não são iguais. Essa fé substanciada e firme em suas próprias ideias o colocou no centro da controvérsia em certas ocasiões, porém o baterista sempre permaneceu desafiador. Certa vez disse com fervor a Brian Harrigan, autor de uma antiga biografia da banda: "Não sou um fascista. Não sou um extremista. Sim, sou um capitalista e acredito em independência – mas não sem me preocupar com outras pessoas. Na verdade, estou cansado de falar sobre isso. Pense o que quiser sobre o assunto. Você conhece a banda o suficiente pra saber o que temos".

Seguindo "Anthem", as canções "Best I Can" e "Beneath, Between and Behind' ajudam a mostrar o novo Rush e o compromisso na determinação de sempre progredir. O disco também traz preciosidades como "By-Tor & The Snow Dog", um clássico conto sobre o bem e o mal adornado em personalidades mitológicas e "Rivendell", que foi inspirada pela vila de mesmo nome do livro O Senhor Dos Anéis, de J.R.R. Tolkien. "By-Tor And The Snow Dog" é o primeiro momento épico do trio, uma inclinação inicial nítida para o rock progressivo: o groove do baixo, os solos rápidos de bateria e as variações harmônicas da guitarra retratam o que seriam algumas de suas marcas registradas. As características musicais do Rush dos próximos anos começaram a ser construídas a partir dessa faixa.

Fly By Night foi lançado na América Do Norte em 15 de fevereiro de 1975, mesma época em que o Rush recebeu seu primeiro grande prêmio: o Juno - equivalente no Canadá ao Grammy dos Estados Unidos. A banda venceu como o novo grupo mais promissor da nação. "O Juno foi de grande ajuda pra nós no Canadá. Nos trouxe a atenção das pessoas que não nos conheciam e de outros que não nos levavam a sério", diz Geddy.

Mesmo com a enorme quantidade de talento que emergiu do Canadá, o vizinho Estados Unidos continuou sem se impressionar de fato. Em comparação, ser grande no Canadá, pelo que se conhece dos Estados Unidos, significa ter destaque na Bélgica em comparação com a Grã-Bretanha. No entanto, o Rush nunca foi uma banda de se deixar vencer.

Os empresários Danniels e Wilson, juntamente com os três músicos, sempre acataram a teoria de que pra ganhar seguidores é necessário cair na estrada. E isso foi o que o Rush fez durante quase toda carreira. "Costumávamos fazer uns 200 shows por ano", diz Lifeson sobre nove meses na estrada seguidos por mais alguns no estúdio de gravação.

No primeiro Tour Book escrito por Peart, ele descreve que "só existem duas maneiras de uma banda sobreviver através de sua música: uma é pela rápida capitalização mediante o sucesso repentino de um hit, e a outra é uma longa e dura jornada excursionando. Então fomos excursionar".

Assim, com o Juno guardado na bagagem e o álbum Fly By Night lançado, o Rush partiria para sua segunda turnê pelos EUA e Canadá, num longo período de quatro meses, abrindo shows para o Aerosmith e Kiss.

Nesse período, a banda ainda não estava tranquila financeiramente. Para a locomoção durante a maior parte da turnê foi preciso alugar um carro. Alex disse mais tarde à revista Rolling Stone que eles prometeram à empresa que alugava carros que iriam usar o veículo durante poucas datas. Devolveram o mesmo com 11.000 milhas cronometradas, sem calotas, com o rádio quebrado e sem espelho. "O carro estava detonado", lembra.

A Fly By Night Tour foi melhor do que a anterior para o Rush. Nesse momento os jovens estavam ligados à bandas que trariam um número muito maior de pessoas numa arrebatadora excursão pelos EUA, além de terem mais material escrito pela formação Lifeson, Peart e Lee para apresentar.

FICHA TÉCNICA

Alex Lifeson
Electric Guitars, six and twelve string acoustic guitars. "Snow Dog"

Neil Peart
Percussion

Geddy Lee
Bass guitars, classical guitars, all vocals. "By-Tor"

Produced by Rush and Terry Brown / Executive Production by Moon Records, owned and operated by SRO Productions Ltd.
Management by Ray Danniels, SRO Management Inc., Toronto

Engineered by: Terry Brown
Assistant Engineer: John Woloschuk
Arrangements: RUSH and Terry Brown
Recorded and Mixed at: Toronto Sound Studios, Toronto, Canada
Road Master: Howard "Herns" Ungerleider
Road Crew: Ian Grandy, Liam Birt, J.D. Johnson
Mastered at: Masterdisk, New York
(Remastered at: Gateway Mastering Studios, Portland, Maine)
Mastering: Gilbert Kong
(Remastering: Bob Ludwig and Brian Lee)
Cover Concept: RUSH
Cover Painting: Eraldo Carugati
Art Direction: Jim Ladwig/AGI Chicago
Design: Joe Kotleba
Photography: Richard Fegley
By-Tor Characters inspired by: Herns
Belated Mention: Mr. O. Scar
Continuing Thanks to: Cliff Burnstein, Donna Halper, Don Shafer, and to all who have helped

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Mercury/Polygram, February 15, 1975
© 1975 Mercury Records © 1975 Anthem Entertainment