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Música por Geddy Lee e Neil Peart
Chegadas e partidas refletidas em uma instrumental de incrível virtuosismo
A terceira faixa de Moving Pictures é a instrumental "YYZ", certamente uma das criações mais fantásticas e marcantes de toda a carreira do Rush. Idealizada por Neil Peart e Geddy Lee, "YYZ" é mais uma vitrine da genialidade musical dos três canadenses. Nunca confusa e opressiva, ela mostra claramente o quão bem os músicos trabalham juntos, conseguindo unir de maneira sobrenatural guitarra, baixo, bateria e sintetizadores, formando uma precisa e intensa junção de sons e emoções.
O título de "YYZ" refere-se ao código IATA de aeroportos utilizado pelo Aeroporto Internacional Toronto Pearson, o principal da região metropolitana da cidade de Toronto, Canadá. O IATA é um código composto por três letras que designa aeroportos em todo o mundo, definido pela Associação Internacional de Transportes Aéreos. No caso do Pearson, utiliza-se a chave YYZ. É utilizado pela torre de controle e pilotos, e tais caracteres são destacadamente mostrados nas etiquetas anexadas nas bagagens anexadas e nos balcões de check in.
"YYZ", assim como o cerne de Moving Pictures, mostra-se bastante visual ao representar a dinâmica dos aeroportos, tema já visitado em um prólogo não utilizado para a canção "Fly By Night", do álbum de mesmo nome de 1975. Sua característica mais marcante e talvez inédita na história da música é a construção de trechos baseados no código morse do aeroporto de Toronto, sendo este marcante logo no início da composição (Y: -.-- Y: -.-- Z: --..).
"YYZ é o código de aviação do Aeroporto Internacional de Toronto, e a música é baseada em imagens associadas a aeroportos", explica Neil Peart. "Destinos exóticos, despedidas dolorosas, aterrissagens felizes - esse tipo de coisa. Estávamos voando em Toronto em um avião particular e ouvimos o bipe do código morse, que se tornou a base rítmica. É uma trilha sonora sobre aeroportos, sobre a parte movimentada - a parte mais emocional, quando as pessoas se cumprimentam a todo momento e todas aquelas lamentações. Foi algo consciente, uma tentativa de tecer alguns dos humores dos aeroportos".
"Há partes nessa música que são quase evocativas sobre os sentimentos envolvidos quando se está indo para o aeroporto. Você se sente meio que no limite e nervoso por ter que deixar sua família para trabalhar, pensando sobre estar metade em casa e metade longe dela. É um período de transição intensa, e há sempre um senso de infinitas possibilidades em um aeroporto. Você pode mudar de ideia e voar para qualquer lugar no mundo e, de repente, não estar mais em Toronto - e sim no mundo. Um aeroporto não deveria ser dito como situado em uma cidade, porque de fato ele não está. É sempre uma encruzilhada. E isso, claro, é o foco da música. Tentamos trabalhar muito sobre essa natureza exótica. A grande e animada ponte instrumental logo depois da metade - que é orquestrada, emocionante e rica - mostra obviamente o símbolo do tremendo impacto que é voltar para casa".
A terceira faixa tornou-se um dos trabalhos instrumentais mais conhecidos do Rush. Trazendo menos da metade da extensão da investida instrumental anterior "La Villa Strangiato" (de Hemispheres, 1978), ela mantém como componentes os sintetizadores e tempos complexos, equilibrando alternâncias entre texturas uníssonas, contrapontísticas e homofônicas. "YYZ" é um belo quadro dos talentos musicais de Lee, Lifeson e Peart, uma instrumental acrobática, empolgante e ritmicamente complexa.
"'YYZ' nasceu apenas como uma brincadeira", diz Geddy. "Foi a canção instrumental do álbum, e de fato nos alongamos nela. Veio de uma jam. Resolvemos abrir o tema em 10/8, que na verdade foi a nossa versão para o código morse emitido pela torre do aeroporto de Toronto. Muita gente espera que o Rush sempre tenha um tema instrumental em cada trabalho, mas não é dessa forma que trabalhamos. Neil costuma fazer as letras encaixarem em qualquer ritmo, andamento ou progressão de acordes. Assim, para deixarmos um tema totalmente instrumental, é porque sentimos que é assim que ele deverá permanecer para a eternidade".
"Esse tema começou como um espetáculo de baixo e bateria", continua Geddy. "Lembro-me de elaborá-la nos ensaios com Neil, quase sem guitarra. Acho que Alex foi brincar com seu avião à rádio, e eu e Neil ficamos tocando. Quando nos demos conta, tínhamos criado o trecho que iniciaria a música".
"Geddy e Neil tocaram muito bem nessa", diz Lifeson. "Também gosto muito do solo, por ter um toque de Oriente Médio".
"Alex começou a acrescentar suas partes e isso nos levou a outro nível, sobretudo com alguns dos seus solos", diz Geddy. "Foi magia".
"Eu criei o que chamo de 'caos controlado', onde tudo se move irregularmente", continua o baixista. "Aquilo foi um grande desafio - uma criação cheia de movimento com nada parecendo sincronizado. Você não conseguirá olhar para quaisquer elementos no palco e vê-los se movendo no mesmo padrão".
"Após o solo, temos a ponte de sintetizadores", explica o produtor Terry Brown. "Temos os pedais de baixo Oberheim, OBX, algumas cordas... temos um som bem cheio nesse trecho. 'YYZ' lhes trouxe a oportunidade de se alongarem e de tocarem tudo o que queriam. Não tínhamos que levar em conta que havia uma melodia em cima, pois a mesma estava totalmente integrada ao instrumental. Em todos os grandes trios, todos têm que segurar bem a sua parte no tripé - ou tudo cai por terra. Todos foram fantásticos em suas atribuições".
O corpo da música é totalmente influenciado pela fusão do jazz e do rock, porém se inclinando mais ao rock.
"Nós realmente tivemos a grande ideia de fazer uma instrumental mais curta, mais concisa, que fosse na verdade uma música com versos, refrão e etc., a la Weather Report", diz Neil. "A influência do fusion se tornava cada vez mais importante para o som da banda. Devido à complexidade das partes de Geddy e Alex, decidimos gravar cada instrumento separadamente, para que todos pudessem se concentrar somente em sua própria função. Isso é muito incomum para nós, pois geralmente gravamos a faixa básica como um trio, realizando mais tarde overdubs ou refazendo alguns trechos se necessário. Foi interessante ficar sozinho no estúdio, cantarolando a música para mim mesmo enquanto tocava para o nada! Felizmente, o arranjo foi muito bem organizado, e eu sabia a música bem o suficiente para imaginar os outros músicos. Não foi tão estranho como parecia - na verdade, gostei bastante! Quem precisa daqueles caras?".
"YYZ" foi indicada para o Grammy de Melhor Performance do Rock Instrumental em 1982, sendo essa a primeira da carreira do Rush. A vencedora da categoria foi "Behind My Camel", do trio britânico Police (presente no álbum Zenyatta Mondatta). O desapontamento inicial foi amenizado pelo fato de Geddy, Alex e Neil serem verdadeiros entusiastas da música feita por Sting, Summers e Copeland.
"Com o Moving Pictures, era hora do Rush mudar, tanto musicalmente quanto visualmente. Era preciso mudar nossa atitude inclusive", diz Lifeson. "As canções estavam mais curtas, diretas e acessíveis. Era prazeroso nos sentirmos como uma banda 'nova' depois de tanto tempo. Estávamos ouvindo muito The Police naquela altura e o impacto deles foi grande. Sacamos que um trio poderia fazer muitas coisas diferentes. O que a gente mais queria era não ter que ficar preso àquele antigo paradigma".
"'YYZ' foi interessante", continua o guitarrista. "Voltávamos do estúdio quando gravamos o álbum para uma pequena pausa. Um amigo meu, meu instrutor de voo, foi buscar um pequeno avião da pequena companhia aérea que operava naquele aeroporto. No regresso, ligaram o identificador do aeroporto de Toronto, que é YYZ. Acho que foi o Neil, talvez o Geddy, que disse lá atrás enquanto eu pilotava: 'Esse identificador tem um ritmo fixo', e era possível ver 'YYZ' selecionado no rádio. Foi dessa forma que surgiu aquela frase inicial, o código morse de 'YYZ', que faz lembrar a volta para casa".
"O aeroporto envia um pequeno sinal em código, este que os aviões podem identificar", explica Peart. "E o código para YYZ em morse passou a ser o ritmo que abre a canção: longo, curto, longo, longo, longo - transformamo-os em ritmo. Aquilo ficou na minha cabeça. Eu disse, 'Caras!' e, como temática, resolvemos usar o aeroporto que naquele tempo começava a fazer parte das nossas vidas. Decidimos utilizá-lo como metáfora, de forma divertida. Não tínhamos as partes definidas, mas dava a sensação de movimento, de partidas, de chegadas e da grande emoção que os aeroportos podem exercer - o aeroporto traz, o aeroporto leva, um tema de Rick Derringer".
"YYZ é a tag para o aeroporto internacional de Toronto, como LAX é para Los Angeles", esclarece Geddy. "Sempre que suas malas seguem para uma cidade apareceram essas três letras estranhas em suas etiquetas de bagagem, o código para todos os espiões internacionais que deslocam sua bagagem pelos aeroportos. Chegamos em casa e deixamos a mesma tantas e tantas vezes pelo Aeroporto Internacional de Toronto que ele se tornou um local importante em nossas vidas".
"Nas nossas vidas, os aeroportos estavam cheios de simbolismo - partidas e chegadas, separações e encontros, e tudo isso está no tema de forma divertida, com a natureza exótica das viagens no solo de guitarra de Alex, notando-se bem as influencias orientais que lhe conferem essa qualidade. Ao olharmos para o quadro de partidas, vemos Amsterdam, Xangai e etc. Se tirarmos o tédio do cotidiano moderno, até que os aeroportos são românticos. Portanto, creio que tudo isso contribuiu para a composição de YYZ".
"Basicamente, é sobre o regresso para casa", define Geddy. "É o chamamento. Sendo uma banda que passava tanto tempo em turnê, sempre que fazíamos o check-in para o voo de volta e víamos YYZ impresso nas etiquetas das malas - o que era sempre emocionante - íamos para casa. Basicamente, quisemos gravar um tema sobre isso, ainda que instrumental. É sobre a nossa cidade, sobre nossas raízes. É bom voltar para casa".
"Sempre foi um desafio tocar YYZ", afirma Lifeson. "Por isso é uma das nossas favoritas, pois sempre queremos nos sentir desafiados".
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
BANASIEWICZ, B. Rush Visions: The Official Biography. Omnibus Press, 1987.
RUSH BACKSTAGE CLUB NEWSLETTER. "Rush - Presto / By Neil Peart". March 1990.
KINOS-GOODIN, J. “Neil Peart on the 10 best Rush songs ever”. CBC Music. Nov 13, 2014.
CLASSIC ALBUNS. “Rush 2112 & Moving Pictures”. Eagle Rock Entertainment. September 28, 2010.
LADD, J. "Innerview with Jim Ladd - Innerview With Neil Peart". June 11, 1981.
WRIGHT, J. “Just Like 'Clockwork' - Canadian power trio rush returns with a new album, 'Clockwork Angels', that brings the band back to its roots. Goldmine. September 2012.
BOSSO, J. “Vita Signs”. Guitar World. August 2007.
PEART, N. “Notes On The Making Of Moving Pictures”. Modern Drummer. January 1983.
O título de "YYZ" refere-se ao código IATA de aeroportos utilizado pelo Aeroporto Internacional Toronto Pearson, o principal da região metropolitana da cidade de Toronto, Canadá. O IATA é um código composto por três letras que designa aeroportos em todo o mundo, definido pela Associação Internacional de Transportes Aéreos. No caso do Pearson, utiliza-se a chave YYZ. É utilizado pela torre de controle e pilotos, e tais caracteres são destacadamente mostrados nas etiquetas anexadas nas bagagens anexadas e nos balcões de check in.
"YYZ", assim como o cerne de Moving Pictures, mostra-se bastante visual ao representar a dinâmica dos aeroportos, tema já visitado em um prólogo não utilizado para a canção "Fly By Night", do álbum de mesmo nome de 1975. Sua característica mais marcante e talvez inédita na história da música é a construção de trechos baseados no código morse do aeroporto de Toronto, sendo este marcante logo no início da composição (Y: -.-- Y: -.-- Z: --..).
"YYZ é o código de aviação do Aeroporto Internacional de Toronto, e a música é baseada em imagens associadas a aeroportos", explica Neil Peart. "Destinos exóticos, despedidas dolorosas, aterrissagens felizes - esse tipo de coisa. Estávamos voando em Toronto em um avião particular e ouvimos o bipe do código morse, que se tornou a base rítmica. É uma trilha sonora sobre aeroportos, sobre a parte movimentada - a parte mais emocional, quando as pessoas se cumprimentam a todo momento e todas aquelas lamentações. Foi algo consciente, uma tentativa de tecer alguns dos humores dos aeroportos".
"Há partes nessa música que são quase evocativas sobre os sentimentos envolvidos quando se está indo para o aeroporto. Você se sente meio que no limite e nervoso por ter que deixar sua família para trabalhar, pensando sobre estar metade em casa e metade longe dela. É um período de transição intensa, e há sempre um senso de infinitas possibilidades em um aeroporto. Você pode mudar de ideia e voar para qualquer lugar no mundo e, de repente, não estar mais em Toronto - e sim no mundo. Um aeroporto não deveria ser dito como situado em uma cidade, porque de fato ele não está. É sempre uma encruzilhada. E isso, claro, é o foco da música. Tentamos trabalhar muito sobre essa natureza exótica. A grande e animada ponte instrumental logo depois da metade - que é orquestrada, emocionante e rica - mostra obviamente o símbolo do tremendo impacto que é voltar para casa".
A terceira faixa tornou-se um dos trabalhos instrumentais mais conhecidos do Rush. Trazendo menos da metade da extensão da investida instrumental anterior "La Villa Strangiato" (de Hemispheres, 1978), ela mantém como componentes os sintetizadores e tempos complexos, equilibrando alternâncias entre texturas uníssonas, contrapontísticas e homofônicas. "YYZ" é um belo quadro dos talentos musicais de Lee, Lifeson e Peart, uma instrumental acrobática, empolgante e ritmicamente complexa.
"'YYZ' nasceu apenas como uma brincadeira", diz Geddy. "Foi a canção instrumental do álbum, e de fato nos alongamos nela. Veio de uma jam. Resolvemos abrir o tema em 10/8, que na verdade foi a nossa versão para o código morse emitido pela torre do aeroporto de Toronto. Muita gente espera que o Rush sempre tenha um tema instrumental em cada trabalho, mas não é dessa forma que trabalhamos. Neil costuma fazer as letras encaixarem em qualquer ritmo, andamento ou progressão de acordes. Assim, para deixarmos um tema totalmente instrumental, é porque sentimos que é assim que ele deverá permanecer para a eternidade".
"Esse tema começou como um espetáculo de baixo e bateria", continua Geddy. "Lembro-me de elaborá-la nos ensaios com Neil, quase sem guitarra. Acho que Alex foi brincar com seu avião à rádio, e eu e Neil ficamos tocando. Quando nos demos conta, tínhamos criado o trecho que iniciaria a música".
"Geddy e Neil tocaram muito bem nessa", diz Lifeson. "Também gosto muito do solo, por ter um toque de Oriente Médio".
"Alex começou a acrescentar suas partes e isso nos levou a outro nível, sobretudo com alguns dos seus solos", diz Geddy. "Foi magia".
"Eu criei o que chamo de 'caos controlado', onde tudo se move irregularmente", continua o baixista. "Aquilo foi um grande desafio - uma criação cheia de movimento com nada parecendo sincronizado. Você não conseguirá olhar para quaisquer elementos no palco e vê-los se movendo no mesmo padrão".
"Após o solo, temos a ponte de sintetizadores", explica o produtor Terry Brown. "Temos os pedais de baixo Oberheim, OBX, algumas cordas... temos um som bem cheio nesse trecho. 'YYZ' lhes trouxe a oportunidade de se alongarem e de tocarem tudo o que queriam. Não tínhamos que levar em conta que havia uma melodia em cima, pois a mesma estava totalmente integrada ao instrumental. Em todos os grandes trios, todos têm que segurar bem a sua parte no tripé - ou tudo cai por terra. Todos foram fantásticos em suas atribuições".
O corpo da música é totalmente influenciado pela fusão do jazz e do rock, porém se inclinando mais ao rock.
"Nós realmente tivemos a grande ideia de fazer uma instrumental mais curta, mais concisa, que fosse na verdade uma música com versos, refrão e etc., a la Weather Report", diz Neil. "A influência do fusion se tornava cada vez mais importante para o som da banda. Devido à complexidade das partes de Geddy e Alex, decidimos gravar cada instrumento separadamente, para que todos pudessem se concentrar somente em sua própria função. Isso é muito incomum para nós, pois geralmente gravamos a faixa básica como um trio, realizando mais tarde overdubs ou refazendo alguns trechos se necessário. Foi interessante ficar sozinho no estúdio, cantarolando a música para mim mesmo enquanto tocava para o nada! Felizmente, o arranjo foi muito bem organizado, e eu sabia a música bem o suficiente para imaginar os outros músicos. Não foi tão estranho como parecia - na verdade, gostei bastante! Quem precisa daqueles caras?".
"YYZ" foi indicada para o Grammy de Melhor Performance do Rock Instrumental em 1982, sendo essa a primeira da carreira do Rush. A vencedora da categoria foi "Behind My Camel", do trio britânico Police (presente no álbum Zenyatta Mondatta). O desapontamento inicial foi amenizado pelo fato de Geddy, Alex e Neil serem verdadeiros entusiastas da música feita por Sting, Summers e Copeland.
"Com o Moving Pictures, era hora do Rush mudar, tanto musicalmente quanto visualmente. Era preciso mudar nossa atitude inclusive", diz Lifeson. "As canções estavam mais curtas, diretas e acessíveis. Era prazeroso nos sentirmos como uma banda 'nova' depois de tanto tempo. Estávamos ouvindo muito The Police naquela altura e o impacto deles foi grande. Sacamos que um trio poderia fazer muitas coisas diferentes. O que a gente mais queria era não ter que ficar preso àquele antigo paradigma".
"'YYZ' foi interessante", continua o guitarrista. "Voltávamos do estúdio quando gravamos o álbum para uma pequena pausa. Um amigo meu, meu instrutor de voo, foi buscar um pequeno avião da pequena companhia aérea que operava naquele aeroporto. No regresso, ligaram o identificador do aeroporto de Toronto, que é YYZ. Acho que foi o Neil, talvez o Geddy, que disse lá atrás enquanto eu pilotava: 'Esse identificador tem um ritmo fixo', e era possível ver 'YYZ' selecionado no rádio. Foi dessa forma que surgiu aquela frase inicial, o código morse de 'YYZ', que faz lembrar a volta para casa".
"O aeroporto envia um pequeno sinal em código, este que os aviões podem identificar", explica Peart. "E o código para YYZ em morse passou a ser o ritmo que abre a canção: longo, curto, longo, longo, longo - transformamo-os em ritmo. Aquilo ficou na minha cabeça. Eu disse, 'Caras!' e, como temática, resolvemos usar o aeroporto que naquele tempo começava a fazer parte das nossas vidas. Decidimos utilizá-lo como metáfora, de forma divertida. Não tínhamos as partes definidas, mas dava a sensação de movimento, de partidas, de chegadas e da grande emoção que os aeroportos podem exercer - o aeroporto traz, o aeroporto leva, um tema de Rick Derringer".
"YYZ é a tag para o aeroporto internacional de Toronto, como LAX é para Los Angeles", esclarece Geddy. "Sempre que suas malas seguem para uma cidade apareceram essas três letras estranhas em suas etiquetas de bagagem, o código para todos os espiões internacionais que deslocam sua bagagem pelos aeroportos. Chegamos em casa e deixamos a mesma tantas e tantas vezes pelo Aeroporto Internacional de Toronto que ele se tornou um local importante em nossas vidas".
"Nas nossas vidas, os aeroportos estavam cheios de simbolismo - partidas e chegadas, separações e encontros, e tudo isso está no tema de forma divertida, com a natureza exótica das viagens no solo de guitarra de Alex, notando-se bem as influencias orientais que lhe conferem essa qualidade. Ao olharmos para o quadro de partidas, vemos Amsterdam, Xangai e etc. Se tirarmos o tédio do cotidiano moderno, até que os aeroportos são românticos. Portanto, creio que tudo isso contribuiu para a composição de YYZ".
"Basicamente, é sobre o regresso para casa", define Geddy. "É o chamamento. Sendo uma banda que passava tanto tempo em turnê, sempre que fazíamos o check-in para o voo de volta e víamos YYZ impresso nas etiquetas das malas - o que era sempre emocionante - íamos para casa. Basicamente, quisemos gravar um tema sobre isso, ainda que instrumental. É sobre a nossa cidade, sobre nossas raízes. É bom voltar para casa".
"Sempre foi um desafio tocar YYZ", afirma Lifeson. "Por isso é uma das nossas favoritas, pois sempre queremos nos sentir desafiados".
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
BANASIEWICZ, B. Rush Visions: The Official Biography. Omnibus Press, 1987.
RUSH BACKSTAGE CLUB NEWSLETTER. "Rush - Presto / By Neil Peart". March 1990.
KINOS-GOODIN, J. “Neil Peart on the 10 best Rush songs ever”. CBC Music. Nov 13, 2014.
CLASSIC ALBUNS. “Rush 2112 & Moving Pictures”. Eagle Rock Entertainment. September 28, 2010.
LADD, J. "Innerview with Jim Ladd - Innerview With Neil Peart". June 11, 1981.
WRIGHT, J. “Just Like 'Clockwork' - Canadian power trio rush returns with a new album, 'Clockwork Angels', that brings the band back to its roots. Goldmine. September 2012.
BOSSO, J. “Vita Signs”. Guitar World. August 2007.
PEART, N. “Notes On The Making Of Moving Pictures”. Modern Drummer. January 1983.