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RED LENSES BETWEEN THE WHEELS THE BIG MONEY
BETWEEN THE WHEELS
To live between a rock
And a hard place
In between time -
Cruising in prime time -
Soaking up the cathode rays
To live between the wars
In our time -
Living in real time -
Holding the good time -
Holding on to yesterdays...
You know how that rabbit feels
Going under your speeding wheels
Bright images flashing by
Like windshields towards a fly
Frozen in the fatal climb -
But the wheels of time -
Just pass you by...
Wheels can take you around
Wheels can cut you down
We can go from boom to bust
From dreams to a bowl of dust
We can fall from rockets' red glare
Down to "Brother can you spare" -
Another war - another waste land -
And another lost generation...
It slips between your hands
Like water
This living in real time
A dizzying lifetime
Reeling by on celluloid
Struck between the eyes
By the big-time world
Walking uneasy streets -
Hiding beneath the sheets -
Got to try and fill the void...
To live between a rock
And a hard place
In between time -
Cruising in prime time -
Soaking up the cathode rays
To live between the wars
In our time -
Living in real time -
Holding the good time -
Holding on to yesterdays...
You know how that rabbit feels
Going under your speeding wheels
Bright images flashing by
Like windshields towards a fly
Frozen in the fatal climb -
But the wheels of time -
Just pass you by...
Wheels can take you around
Wheels can cut you down
We can go from boom to bust
From dreams to a bowl of dust
We can fall from rockets' red glare
Down to "Brother can you spare" -
Another war - another waste land -
And another lost generation...
It slips between your hands
Like water
This living in real time
A dizzying lifetime
Reeling by on celluloid
Struck between the eyes
By the big-time world
Walking uneasy streets -
Hiding beneath the sheets -
Got to try and fill the void...
ENTRE AS RODAS
Viver entre a cruz
E a espada
Nesse meio tempo -
Navegando no horário nobre -
Absorvendo raios catódicos
Viver entre as guerras
Em nosso tempo -
Vivendo em tempo real -
Retendo os bons momentos -
Retendo dias passados...
Você sabe como se sente aquele coelho
Que vai parar em baixo de suas rodas velozes
Imagens brilhantes repentinas
Como o pára-brisa na direção de uma mosca
Congelado na escalada fatal -
Mas as rodas do tempo -
Apenas passam por você...
Rodas que podem levá-lo por toda parte
Rodas que podem te destruir
Podemos ir do sucesso ao fracasso
Dos sonhos à uma tempestade de areia
Podemos cair de fogos de artifício vermelhos
Para um "Irmão, você pode me ceder" -
Outra guerra - outra terra devastada -
E outra geração perdida...
Escorre pelas mãos
Feito água
Vive em tempo real
Uma vida estonteante
Enrolada como celuloide
Golpeado entre os olhos
Pelo grande momento do mundo
Andando apreensivo pelas ruas -
Escondendo-se embaixo dos lençóis -
Tentando preencher o vazio...
Viver entre a cruz
E a espada
Nesse meio tempo -
Navegando no horário nobre -
Absorvendo raios catódicos
Viver entre as guerras
Em nosso tempo -
Vivendo em tempo real -
Retendo os bons momentos -
Retendo dias passados...
Você sabe como se sente aquele coelho
Que vai parar em baixo de suas rodas velozes
Imagens brilhantes repentinas
Como o pára-brisa na direção de uma mosca
Congelado na escalada fatal -
Mas as rodas do tempo -
Apenas passam por você...
Rodas que podem levá-lo por toda parte
Rodas que podem te destruir
Podemos ir do sucesso ao fracasso
Dos sonhos à uma tempestade de areia
Podemos cair de fogos de artifício vermelhos
Para um "Irmão, você pode me ceder" -
Outra guerra - outra terra devastada -
E outra geração perdida...
Escorre pelas mãos
Feito água
Vive em tempo real
Uma vida estonteante
Enrolada como celuloide
Golpeado entre os olhos
Pelo grande momento do mundo
Andando apreensivo pelas ruas -
Escondendo-se embaixo dos lençóis -
Tentando preencher o vazio...
As inexoráveis rodas do tempo
"Between The Wheels" é a conclusão de Grace Under Pressure - uma canção poderosa e comovente que, por si só, se define como um dos trabalhos mais marcantes realizados pelo Rush na década de 1980. Rompendo em um padrão de sintetizadores maquinal e sombrio, experimentamos o desenvolvimento de climas musicais subsequentes inegavelmente envolventes. A composição também consegue concretizar, como todo o disco, a harmonia perseguida desde o anterior Signals: guitarras, baixo e percussão afiadíssimos ao lado de golpes de teclados pesados e certeiros. "Between The Wheels" ecoa sua significação de forma profunda e estrondosa, desaguando emoções através de versos e refrões arrebatadores, pautados em um tema incrivelmente impactante.
"Sintetizadores e tecnologia se tornaram uma forma de estimular a criatividade", diz Geddy Lee. "Gosto muito disso, pois minha necessidade em realizar a melodia fica mais satisfeita com a composição em um teclado. Como compositor, você está sempre procurando um ângulo que lhe dê algo novo".
Lifeson consegue, com Grace Under Pressure, sua redenção dentro dos novos direcionamentos do Rush. Mais uma vez, o guitarrista apresenta um trabalho simplesmente genial com seu instrumento no disco, concebendo riffs monstruosamente densos durante os versos e um trabalho mágico ao longo do refrão - até que seu solo fluido, rápido e repleto de sensações entra em cena, expondo uma magnitude comparada a alguns dos seus trabalhos nas fases mais clássicas. Quanto mais as composições se aproximam dos teclados, mais o músico consegue explorar sua guitarra e, com esse feliz duelo, "Between The Wheels" torna-se uma das composições mais pesadas de todo o álbum.
"'Between The Wheels' traz outro solo que foi muito emocionante para mim", diz Alex. "Fiquei em sintonia com a letra, que é um grito de sanidade. Tive aqui o tal ponto de lançamento, onde o solo se acumulou e no qual pude mergulhar, sentindo-o de fato".
O trabalho de Peart na bateria apresenta sua grandeza técnica costumeira, porém, com uma tentativa nova de fornecer vigas de apoio para toda a massa sonora. Essa mudança de estilo reflete os novos caminhos tomados pelo trio, que oferece um hard rock muito bem trabalhado com infusões progressivas de reggae e ska.
"Sim, essa foi outra complicada de se trabalhar", diz Neil. "'Between The Wheels' veio primeiro musicalmente, no momento em que fomos para o norte de Ontário para começar a ensaiar. Geralmente, temos alguns brinquedos técnicos para utilizar nessa primeira noite, onde nos falamos como se não nos conhecêssemos, contando o que fizemos durante as semanas que estivemos separados. É só um tipo de casualidade para sentarmos e começarmos a trabalhar com nossos instrumentos, com as coisas começando a acontecer meio que de forma quase acidental, para que tudo caminhe junto depois. Acontece da mesma forma nas passagens de som à tarde, antes de cairmos na parte séria do negócio, quando começamos a verificar nossas coisas e quando alguém começa a tocar algo. Naquela noite em particular essa música aconteceu - não apenas uma parte dela, mas todos os seus movimentos, algo bastante surpreendente. Começamos apenas com um trecho, e todo o resto simplesmente surgiu. Alguém lançava uma mudança, os outros ouviam e da próxima vez iam seguindo. Continuávamos com aquela pequena seqüência de ideias, até que alguém tivesse coragem de introduzir mais alguma coisa".
"'Between The Wheels' veio inteira em vinte minutos", recorda Geddy. "Começamos a tocar de forma espontânea e ela foi surgindo, como que acidentalmente. Em seguida, a letra foi escrita. Nesse caso, a emoção da melodia fez com que Neil seguisse o que já estava feito, porém o contrário também acontece, conforme ocorrido em 'Afterimage'. A letra dessa canção já estava pronta, e tivemos que trabalhar com o instrumental em cima dela, buscando as notas e a melodia certas para encaixar com o teor da canção".
"Às vezes, de forma bem frequente, meu trabalho é atrair algum tipo de clima musical para as letras", continua. "Normalmente, orquestro letras que já foram escritas. No entanto, com uma canção como 'Between The Wheels', fomos para o estúdio de ensaios e começamos a tocar. A música inteira saiu em torno de vinte minutos. Ela se tornou uma canção acidental ou espontânea e, em seguida, a letra foi escrita. Nesse caso, os acordes que toquei e a jam que se seguiu foram tão emotivas que inspiraram Neil a escrever a letra".
"Esse álbum não traz baladas, não há um elemento acústico sequer", explica Alex. "Acho que isso foi algo que apenas aconteceu. Suponho que estávamos em um período muito irritado, tanto musicalmente quando liricamente. Recebíamos o Globe and Mail, que era entregue todas as manhãs no alojamento para os ensaios no Horseshoe Valley. A coisa toda que aconteceu com a Korean Air e o cessar das negociações sobre as Armas Nucleares, uma coisa após a outra. Acho que tudo isso influenciou as composições do Neil, que vieram com raiva. Acredito que a música reflita raiva, como 'Between The Wheels', sendo uma composição bem opressiva e forte. Acho que uma balada não teria lugar nesse disco".
"Nem tudo era tristeza e melancolia", lembra Peart. "Em meados de agosto de 1983, havia começado a trabalhar em um novo material, derramando toda minha determinação e angústia nele. Na primeira noite, entre um papo e outro, conseguimos três partes que viriam se tornar 'Between The Wheels'. 1983 foi um ano de crise e tragédias, tanto globalmente quanto no front doméstico. Enquanto estávamos no campo da escrita, o Toronto Globe and Mail era entregue na nossa porta todas as manhãs. Desde que fomos pro local, me via lendo o jornal diariamente durante o café da manhã, antes de começar a trabalhar nas letras. As notícias do dia, especialmente quando expressas nos editoriais e na seção de cartas ao editor, ficavam na minha mente, e todas aquelas circunstâncias acabaram afetando as letras das canções. Era o tempo de assassinatos na Coréia, controvérsia dos mísseis, chuva ácida (um dos meus protestos de estimação) numa ampla massificação na mídia canadense, com a guerra assolando todos os lugares. E nós, nossas famílias e nossos amigos tentando lidar com a economia, morte, doenças, estresse, problemas românticos, desemprego e depressão (bem, não todos de uma só vez!). Canções como 'Distant Early Warning', 'Red Lenses' e 'Between The Wheels' estavam definitivamente entrelaçadas com esses pensamentos e sentimentos. Como o jornalista Peter Trueman dizia: 'Isso não é novidade, mas é realidade'".
"Between The Wheels" pondera a frágil natureza da vida humana onde Peart, com notáveis observações metafóricas, aponta a dinâmica maquinal do tempo em relação à vivência dos homens - como rodas implacáveis que passam por nós. Segundo a canção, há três maneiras com as quais as pessoas interagem com as ditas rodas do tempo: são apanhadas e levadas por elas, são completamente esmagadas ou rolam entre as mesmas sem serem feridas ou ajudadas. O letrista descreve, em termos distópicos, a condição da humanidade como vítima do tempo - um maquinário impossível se ser controlado, mas ao qual temos condições de nos adaptar.
A composição apresenta percepções da banda sobre a decadência da sociedade e de como precisamos ficar atentos ao tempo que passa por nós. "Between The Wheels" segue o oposto do que foi tratado em "Digital Man", faixa do anterior Signals (1982), onde o personagem buscava correr mais rápido que a vida, mais rápido que o tempo real. Porém, nesse momento, Peart nos leva a pensar, através de belíssimas analogias, sobre como as pessoas permitem que suas vidas passem rápido demais, apenas assistindo às rodas do tempo, da mudança, das circunstâncias ou da história seguirem seu curso. Alguns conseguem seguir essas rodas com naturalidade, e outros são definitivamente destruídos por elas. Porém, o cerne de "Between The Wheels" observa aqueles sobre os quais as rodas passam sem deixar feridas - por serem somente meros observadores, tendo sempre uma posição marcada pelo sedentarismo.
"A ideia de 'Between The Wheels' era o oposto de 'Digital Man', de certa forma", explica Neil. "No caso de 'Digital Man', o personagem está correndo mais rápido que a vida, numa pista rápida e se movendo mais rápido que o tempo real. Há outros lados, quando a pessoa está em harmonia com o tempo e sua vida se move junto, algo muito raro, e a ideia de estar em água parada, assistindo a ação passar. Isso traz a analogia de que algumas pessoas irão pegar as rodas e serão levadas à frente, funcionando para elas como movimento. Outras pessoas, em um sentido real e sem ser muito melodramático, serão esmagadas. Portanto, temos esses dois extremos, mas no meio deles existem aqueles que não serão nem tocados pelas rodas, que passarão direto. Esse é ponto em que eu queria chegar com 'Between The Wheels': o fato de que essas pessoas não se sentem magoadas por não terem sido ajudadas. As rodas apenas rolam enquanto elas ficam ali, como expectadores em posições bastante sedentárias".
"Between The Wheels" lembra que devemos negar a apatia sobre nossas próprias vidas, não permitindo que as rodas do tempo simplesmente esgotem nossos anos, sem percebermos. As primeiras linhas da canção mencionam pessoas que se escondem, vivendo de ficção absorvendo "raios catódicos" (aqui, Peart se refere ao termo Cathode Ray Tube - CRT, ou seja, o ecrã utilizado em monitores de televisores). Inicialmente, o letrista pensa sobre os indivíduos completamente envolvidos pela inércia, que deixam de aproveitar as chances do tempo para seu próprio desenvolvimento.
Enquanto Signals evoca um certo sentimento de otimismo com o mundo, Grace Under Pressure parece afirmar que não conseguimos aprender com erros anteriores. "'New World Man' expressou a opinião de alguém que poderia lidar com seus problemas, enquanto 'Between The Wheels' adverte sobre os mesmos, mas apontando alternativas", explica Peart. "A canção adverte sobre a complacência: o trecho 'We can fall from rockets' red glare down to 'brother can you spare...' [Podemos cair de fogos de artifício vermelhos para um 'Irmão, você pode me ceder...'] reflete o senso de fragilidade e o fato de que a segurança não significa nada. Com 'Between The Wheels', quis responder ao que vi nos olhos de outras pessoas. Elas não estavam sendo levados pelas rodas do tempo da mesma forma que a minha vida estava, e também não estavam sendo esmagados como as pessoas em campos de concentração. As rodas da vida, nesses casos, passavam, enquanto essas pessoas se portavam apenas como expectadores, totalmente estacionárias".
"Me preocupo com várias coisas", continua o letrista. "Carrego o mundo nos meus ombros às vezes. É quase como uma piada que Woody Allen fez em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa' ['Annie Hall']: 'Enquanto sei que há alguém sofrendo no mundo, não posso ser feliz'. É verdade. Há compaixão nisso. Às vezes, penso em uma cidade como Nova York. Há um aspecto emocionante e glamoroso, mas também um lado desumano terrivelmente sórdido, horrivelmente brutal e repugnante. Quando passo por aqueles edifícios, penso, 'Ok. Há um prédio onde 500 pessoas trabalham ou moram. Como são suas vidas?'. Eles vêm para cá todas as manhãs e lutam à sua maneira na guerra da hora do rush. Vão para aqueles pequenos escritórios fazer coisas sem sentido todos os dias. Em seguida, batalham no caminho de volta para casa novamente e vão assistir TV à noite, ou vão para um bar ficar bêbados. Depois, voltam na manhã seguinte. Você tem que reagir a isso. Você tem que ser compassivo com isso. Você tem que dizer que o tempo, como um movimento ou algo circular, às vezes atropela e arruína a vida das pessoas".
Novamente, Peart consegue trazer com o Rush composições independentes com conceitos em comum, interligando-as. "O conceito de Signals foi bastante acidental, vindo ao longo da execução de todas as músicas. 'Distant Early Warning', como 'Subdivisions', são canções que representam todo o álbum. Torna-se uma faceta importante a música que você deseja que o público ouça pela primeira vez, funcionando como uma espécie de abertura pata todo o disco. Foi assim com 'Tom Sawyer' para Moving Pictures, e 'The Spirit of Radio' para Permanent Waves. Dessa forma, seguimos um modelo nesse sentido. Já as canções de encerramento são, geralmente, um pouco fora do padrão, sendo ímpares estilisticamente. Particularmente, 'Between the Wheels' traz muitas mudanças rítmicas que não poderiam estar em qualquer outro lugar no álbum - tinham que ser o fechamento".
"Os títulos dos discos oferecem uma boa oportunidade para fazer outra declaração no contexto da mensagem do álbum. Grace Under Pressure é uma importante cobertura sobre todas as músicas. Julgadas individualmente, algumas das canções podem parecer muito obscuras pelas palavras. Mas, se você observar a partir de um ponto de vista humanista, alguns dirão que 'Red Sector A', o campo de concentração, traz a graça sob pressão. Apesar daquelas condições terríveis, ele tentavam manter algumas tomadas de vida normais - algo que poderiam segurar. Uma ideia para a capa do álbum era alguém chegando por trás de uma cerca de arame farpado agarrando uma flor".
Peart visita mais uma vez a obra do escritor Ernest Hemingway com "Between The Wheels". O romance The Sun Also Rises (O Sol Também Se Levanta), de 1926, traz a frase "another lost generation" ["Outra geração perdida"], por sua vez originária de uma citação da escritora norte-americana Gertrude Stein (1874 - 1946). É possível que o letrista tenha pensado em uma comparação do ciclo de vidas dos anos de 1960, 1970 e 1980 a partir da figura da "Geração Perdida" dos anos de 1920 e 1930 (o grupo de celebridades literárias americanas que viveram Paris e em outras partes da Europa, formado por membros como F. Scott Fitzgerald, Ezra Pound, Sherwood Anderson, Waldo Peirce, John Dos Passos, T.S. Eliot e o próprio Hemingway), para exemplificar as milhares de vidas perdidas nas grandes guerras da primeira metade do século XX.
Outro fato que rememora esse período tenebroso é a frase, "Brother, can you spare..?", diretamente influenciada por "Brother, Can You Spare a Dime?", uma das mais famosas canções americanas provenientes da Grande Depressão. Escrita em 1930 pelos compositores E. Y. "Yip" Harburg e Jay Gorney, foi considerada pelos republicanos como uma propaganda anti-capitalista, tornando-se conhecida pelas gravações de Bing Crosby, Al Jolson e Rudy Vallee. Na canção, um mendigo fala com ousadia sobre como o sistema lhe roubou seu trabalho. Conforme Gorney disse em uma entrevista em 1974, "Eu não queria uma canção que deprimisse as pessoas, queria escrever uma música que fizesse as pessoas pensarem. Não queria algo como, 'Ei, me dê uns centavos pois estou morrendo de fome. Estou na amargura' - não se tratava desse tipo de sentimentalismo. A canção, nesse caso, pergunta porque os homens que construíram a nação - que construíram estradas de ferro, arranha-céus, que lutaram na guerra, que lavraram a terra, que fizeram o país do jeito que queriam, encontravam-se abandonados em filas de pão, tendo em vista que seu trabalho não era mais necessário".
Já a frase "To live between the wars in our time" ["Viver entre as guerras no nosso tempo"] pode ter sido inspirada no título de In Our Time (Em Nosso Tempo), obra escrita por Hemingway em 1925.
Inegavelmente, Grace Under Pressure é um dos álbuns mais expansivos do Rush. Desde a beleza intrincada de canções como "Afterimage" até o poderio arrebatador de "Between The Wheels", o Rush consegue criar um desfile auditivo sempre muito vívido - uma rica coleção de estilos e sons que se misturam para consolidar mais um capítulo do livro contínuo de sucesso da banda. A questão visitada na última composição de um disco estupendo é não permitir que a pressão das rodas do tempo simplesmente passem por nós, pois a vida pode se tornar tão rápida que nos parecerá esmagadora. "Between The Wheels" é, sem dúvidas, um lembrete claro sobre a fragilidade da nossa existência.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
LADD, J. "Innerview - Neil Peart / Innerview With Jim Ladd". 1984.
SHARP, K. "Grace Under Fire / Rush Percussionist Neil Peart Ponders The Meaning Of Life And Other Assorted Topics During This Exclusive, In-Depth Interview". Music Express. June 1984.
MACNAUGHTAN, A. "Alex Lifeson By Andrew Macnaughtan". Free Music. June 1984.
ARMBRUSTER, G. "Geddy Lee Of Rush". Keyboard. September 1984.
THE SOURCE. "A Total Access Pass To Rush". Nbc's Young Adult Network Radio Broadcast. June 8, 1984.
MODERN DRUMMER. "Interview: Neil Peart". Modern Drummer. April 1984.
BERTI, J. Rush and Philosophy: Heart and Mind United (Popular Culture and Philosophy). Chicago: Open Court, 2011.
"Between The Wheels" é a conclusão de Grace Under Pressure - uma canção poderosa e comovente que, por si só, se define como um dos trabalhos mais marcantes realizados pelo Rush na década de 1980. Rompendo em um padrão de sintetizadores maquinal e sombrio, experimentamos o desenvolvimento de climas musicais subsequentes inegavelmente envolventes. A composição também consegue concretizar, como todo o disco, a harmonia perseguida desde o anterior Signals: guitarras, baixo e percussão afiadíssimos ao lado de golpes de teclados pesados e certeiros. "Between The Wheels" ecoa sua significação de forma profunda e estrondosa, desaguando emoções através de versos e refrões arrebatadores, pautados em um tema incrivelmente impactante.
"Sintetizadores e tecnologia se tornaram uma forma de estimular a criatividade", diz Geddy Lee. "Gosto muito disso, pois minha necessidade em realizar a melodia fica mais satisfeita com a composição em um teclado. Como compositor, você está sempre procurando um ângulo que lhe dê algo novo".
Lifeson consegue, com Grace Under Pressure, sua redenção dentro dos novos direcionamentos do Rush. Mais uma vez, o guitarrista apresenta um trabalho simplesmente genial com seu instrumento no disco, concebendo riffs monstruosamente densos durante os versos e um trabalho mágico ao longo do refrão - até que seu solo fluido, rápido e repleto de sensações entra em cena, expondo uma magnitude comparada a alguns dos seus trabalhos nas fases mais clássicas. Quanto mais as composições se aproximam dos teclados, mais o músico consegue explorar sua guitarra e, com esse feliz duelo, "Between The Wheels" torna-se uma das composições mais pesadas de todo o álbum.
"'Between The Wheels' traz outro solo que foi muito emocionante para mim", diz Alex. "Fiquei em sintonia com a letra, que é um grito de sanidade. Tive aqui o tal ponto de lançamento, onde o solo se acumulou e no qual pude mergulhar, sentindo-o de fato".
O trabalho de Peart na bateria apresenta sua grandeza técnica costumeira, porém, com uma tentativa nova de fornecer vigas de apoio para toda a massa sonora. Essa mudança de estilo reflete os novos caminhos tomados pelo trio, que oferece um hard rock muito bem trabalhado com infusões progressivas de reggae e ska.
"Sim, essa foi outra complicada de se trabalhar", diz Neil. "'Between The Wheels' veio primeiro musicalmente, no momento em que fomos para o norte de Ontário para começar a ensaiar. Geralmente, temos alguns brinquedos técnicos para utilizar nessa primeira noite, onde nos falamos como se não nos conhecêssemos, contando o que fizemos durante as semanas que estivemos separados. É só um tipo de casualidade para sentarmos e começarmos a trabalhar com nossos instrumentos, com as coisas começando a acontecer meio que de forma quase acidental, para que tudo caminhe junto depois. Acontece da mesma forma nas passagens de som à tarde, antes de cairmos na parte séria do negócio, quando começamos a verificar nossas coisas e quando alguém começa a tocar algo. Naquela noite em particular essa música aconteceu - não apenas uma parte dela, mas todos os seus movimentos, algo bastante surpreendente. Começamos apenas com um trecho, e todo o resto simplesmente surgiu. Alguém lançava uma mudança, os outros ouviam e da próxima vez iam seguindo. Continuávamos com aquela pequena seqüência de ideias, até que alguém tivesse coragem de introduzir mais alguma coisa".
"'Between The Wheels' veio inteira em vinte minutos", recorda Geddy. "Começamos a tocar de forma espontânea e ela foi surgindo, como que acidentalmente. Em seguida, a letra foi escrita. Nesse caso, a emoção da melodia fez com que Neil seguisse o que já estava feito, porém o contrário também acontece, conforme ocorrido em 'Afterimage'. A letra dessa canção já estava pronta, e tivemos que trabalhar com o instrumental em cima dela, buscando as notas e a melodia certas para encaixar com o teor da canção".
"Às vezes, de forma bem frequente, meu trabalho é atrair algum tipo de clima musical para as letras", continua. "Normalmente, orquestro letras que já foram escritas. No entanto, com uma canção como 'Between The Wheels', fomos para o estúdio de ensaios e começamos a tocar. A música inteira saiu em torno de vinte minutos. Ela se tornou uma canção acidental ou espontânea e, em seguida, a letra foi escrita. Nesse caso, os acordes que toquei e a jam que se seguiu foram tão emotivas que inspiraram Neil a escrever a letra".
"Esse álbum não traz baladas, não há um elemento acústico sequer", explica Alex. "Acho que isso foi algo que apenas aconteceu. Suponho que estávamos em um período muito irritado, tanto musicalmente quando liricamente. Recebíamos o Globe and Mail, que era entregue todas as manhãs no alojamento para os ensaios no Horseshoe Valley. A coisa toda que aconteceu com a Korean Air e o cessar das negociações sobre as Armas Nucleares, uma coisa após a outra. Acho que tudo isso influenciou as composições do Neil, que vieram com raiva. Acredito que a música reflita raiva, como 'Between The Wheels', sendo uma composição bem opressiva e forte. Acho que uma balada não teria lugar nesse disco".
"Nem tudo era tristeza e melancolia", lembra Peart. "Em meados de agosto de 1983, havia começado a trabalhar em um novo material, derramando toda minha determinação e angústia nele. Na primeira noite, entre um papo e outro, conseguimos três partes que viriam se tornar 'Between The Wheels'. 1983 foi um ano de crise e tragédias, tanto globalmente quanto no front doméstico. Enquanto estávamos no campo da escrita, o Toronto Globe and Mail era entregue na nossa porta todas as manhãs. Desde que fomos pro local, me via lendo o jornal diariamente durante o café da manhã, antes de começar a trabalhar nas letras. As notícias do dia, especialmente quando expressas nos editoriais e na seção de cartas ao editor, ficavam na minha mente, e todas aquelas circunstâncias acabaram afetando as letras das canções. Era o tempo de assassinatos na Coréia, controvérsia dos mísseis, chuva ácida (um dos meus protestos de estimação) numa ampla massificação na mídia canadense, com a guerra assolando todos os lugares. E nós, nossas famílias e nossos amigos tentando lidar com a economia, morte, doenças, estresse, problemas românticos, desemprego e depressão (bem, não todos de uma só vez!). Canções como 'Distant Early Warning', 'Red Lenses' e 'Between The Wheels' estavam definitivamente entrelaçadas com esses pensamentos e sentimentos. Como o jornalista Peter Trueman dizia: 'Isso não é novidade, mas é realidade'".
"Between The Wheels" pondera a frágil natureza da vida humana onde Peart, com notáveis observações metafóricas, aponta a dinâmica maquinal do tempo em relação à vivência dos homens - como rodas implacáveis que passam por nós. Segundo a canção, há três maneiras com as quais as pessoas interagem com as ditas rodas do tempo: são apanhadas e levadas por elas, são completamente esmagadas ou rolam entre as mesmas sem serem feridas ou ajudadas. O letrista descreve, em termos distópicos, a condição da humanidade como vítima do tempo - um maquinário impossível se ser controlado, mas ao qual temos condições de nos adaptar.
A composição apresenta percepções da banda sobre a decadência da sociedade e de como precisamos ficar atentos ao tempo que passa por nós. "Between The Wheels" segue o oposto do que foi tratado em "Digital Man", faixa do anterior Signals (1982), onde o personagem buscava correr mais rápido que a vida, mais rápido que o tempo real. Porém, nesse momento, Peart nos leva a pensar, através de belíssimas analogias, sobre como as pessoas permitem que suas vidas passem rápido demais, apenas assistindo às rodas do tempo, da mudança, das circunstâncias ou da história seguirem seu curso. Alguns conseguem seguir essas rodas com naturalidade, e outros são definitivamente destruídos por elas. Porém, o cerne de "Between The Wheels" observa aqueles sobre os quais as rodas passam sem deixar feridas - por serem somente meros observadores, tendo sempre uma posição marcada pelo sedentarismo.
"A ideia de 'Between The Wheels' era o oposto de 'Digital Man', de certa forma", explica Neil. "No caso de 'Digital Man', o personagem está correndo mais rápido que a vida, numa pista rápida e se movendo mais rápido que o tempo real. Há outros lados, quando a pessoa está em harmonia com o tempo e sua vida se move junto, algo muito raro, e a ideia de estar em água parada, assistindo a ação passar. Isso traz a analogia de que algumas pessoas irão pegar as rodas e serão levadas à frente, funcionando para elas como movimento. Outras pessoas, em um sentido real e sem ser muito melodramático, serão esmagadas. Portanto, temos esses dois extremos, mas no meio deles existem aqueles que não serão nem tocados pelas rodas, que passarão direto. Esse é ponto em que eu queria chegar com 'Between The Wheels': o fato de que essas pessoas não se sentem magoadas por não terem sido ajudadas. As rodas apenas rolam enquanto elas ficam ali, como expectadores em posições bastante sedentárias".
"Between The Wheels" lembra que devemos negar a apatia sobre nossas próprias vidas, não permitindo que as rodas do tempo simplesmente esgotem nossos anos, sem percebermos. As primeiras linhas da canção mencionam pessoas que se escondem, vivendo de ficção absorvendo "raios catódicos" (aqui, Peart se refere ao termo Cathode Ray Tube - CRT, ou seja, o ecrã utilizado em monitores de televisores). Inicialmente, o letrista pensa sobre os indivíduos completamente envolvidos pela inércia, que deixam de aproveitar as chances do tempo para seu próprio desenvolvimento.
Enquanto Signals evoca um certo sentimento de otimismo com o mundo, Grace Under Pressure parece afirmar que não conseguimos aprender com erros anteriores. "'New World Man' expressou a opinião de alguém que poderia lidar com seus problemas, enquanto 'Between The Wheels' adverte sobre os mesmos, mas apontando alternativas", explica Peart. "A canção adverte sobre a complacência: o trecho 'We can fall from rockets' red glare down to 'brother can you spare...' [Podemos cair de fogos de artifício vermelhos para um 'Irmão, você pode me ceder...'] reflete o senso de fragilidade e o fato de que a segurança não significa nada. Com 'Between The Wheels', quis responder ao que vi nos olhos de outras pessoas. Elas não estavam sendo levados pelas rodas do tempo da mesma forma que a minha vida estava, e também não estavam sendo esmagados como as pessoas em campos de concentração. As rodas da vida, nesses casos, passavam, enquanto essas pessoas se portavam apenas como expectadores, totalmente estacionárias".
"Me preocupo com várias coisas", continua o letrista. "Carrego o mundo nos meus ombros às vezes. É quase como uma piada que Woody Allen fez em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa' ['Annie Hall']: 'Enquanto sei que há alguém sofrendo no mundo, não posso ser feliz'. É verdade. Há compaixão nisso. Às vezes, penso em uma cidade como Nova York. Há um aspecto emocionante e glamoroso, mas também um lado desumano terrivelmente sórdido, horrivelmente brutal e repugnante. Quando passo por aqueles edifícios, penso, 'Ok. Há um prédio onde 500 pessoas trabalham ou moram. Como são suas vidas?'. Eles vêm para cá todas as manhãs e lutam à sua maneira na guerra da hora do rush. Vão para aqueles pequenos escritórios fazer coisas sem sentido todos os dias. Em seguida, batalham no caminho de volta para casa novamente e vão assistir TV à noite, ou vão para um bar ficar bêbados. Depois, voltam na manhã seguinte. Você tem que reagir a isso. Você tem que ser compassivo com isso. Você tem que dizer que o tempo, como um movimento ou algo circular, às vezes atropela e arruína a vida das pessoas".
Novamente, Peart consegue trazer com o Rush composições independentes com conceitos em comum, interligando-as. "O conceito de Signals foi bastante acidental, vindo ao longo da execução de todas as músicas. 'Distant Early Warning', como 'Subdivisions', são canções que representam todo o álbum. Torna-se uma faceta importante a música que você deseja que o público ouça pela primeira vez, funcionando como uma espécie de abertura pata todo o disco. Foi assim com 'Tom Sawyer' para Moving Pictures, e 'The Spirit of Radio' para Permanent Waves. Dessa forma, seguimos um modelo nesse sentido. Já as canções de encerramento são, geralmente, um pouco fora do padrão, sendo ímpares estilisticamente. Particularmente, 'Between the Wheels' traz muitas mudanças rítmicas que não poderiam estar em qualquer outro lugar no álbum - tinham que ser o fechamento".
"Os títulos dos discos oferecem uma boa oportunidade para fazer outra declaração no contexto da mensagem do álbum. Grace Under Pressure é uma importante cobertura sobre todas as músicas. Julgadas individualmente, algumas das canções podem parecer muito obscuras pelas palavras. Mas, se você observar a partir de um ponto de vista humanista, alguns dirão que 'Red Sector A', o campo de concentração, traz a graça sob pressão. Apesar daquelas condições terríveis, ele tentavam manter algumas tomadas de vida normais - algo que poderiam segurar. Uma ideia para a capa do álbum era alguém chegando por trás de uma cerca de arame farpado agarrando uma flor".
Peart visita mais uma vez a obra do escritor Ernest Hemingway com "Between The Wheels". O romance The Sun Also Rises (O Sol Também Se Levanta), de 1926, traz a frase "another lost generation" ["Outra geração perdida"], por sua vez originária de uma citação da escritora norte-americana Gertrude Stein (1874 - 1946). É possível que o letrista tenha pensado em uma comparação do ciclo de vidas dos anos de 1960, 1970 e 1980 a partir da figura da "Geração Perdida" dos anos de 1920 e 1930 (o grupo de celebridades literárias americanas que viveram Paris e em outras partes da Europa, formado por membros como F. Scott Fitzgerald, Ezra Pound, Sherwood Anderson, Waldo Peirce, John Dos Passos, T.S. Eliot e o próprio Hemingway), para exemplificar as milhares de vidas perdidas nas grandes guerras da primeira metade do século XX.
Outro fato que rememora esse período tenebroso é a frase, "Brother, can you spare..?", diretamente influenciada por "Brother, Can You Spare a Dime?", uma das mais famosas canções americanas provenientes da Grande Depressão. Escrita em 1930 pelos compositores E. Y. "Yip" Harburg e Jay Gorney, foi considerada pelos republicanos como uma propaganda anti-capitalista, tornando-se conhecida pelas gravações de Bing Crosby, Al Jolson e Rudy Vallee. Na canção, um mendigo fala com ousadia sobre como o sistema lhe roubou seu trabalho. Conforme Gorney disse em uma entrevista em 1974, "Eu não queria uma canção que deprimisse as pessoas, queria escrever uma música que fizesse as pessoas pensarem. Não queria algo como, 'Ei, me dê uns centavos pois estou morrendo de fome. Estou na amargura' - não se tratava desse tipo de sentimentalismo. A canção, nesse caso, pergunta porque os homens que construíram a nação - que construíram estradas de ferro, arranha-céus, que lutaram na guerra, que lavraram a terra, que fizeram o país do jeito que queriam, encontravam-se abandonados em filas de pão, tendo em vista que seu trabalho não era mais necessário".
Já a frase "To live between the wars in our time" ["Viver entre as guerras no nosso tempo"] pode ter sido inspirada no título de In Our Time (Em Nosso Tempo), obra escrita por Hemingway em 1925.
Inegavelmente, Grace Under Pressure é um dos álbuns mais expansivos do Rush. Desde a beleza intrincada de canções como "Afterimage" até o poderio arrebatador de "Between The Wheels", o Rush consegue criar um desfile auditivo sempre muito vívido - uma rica coleção de estilos e sons que se misturam para consolidar mais um capítulo do livro contínuo de sucesso da banda. A questão visitada na última composição de um disco estupendo é não permitir que a pressão das rodas do tempo simplesmente passem por nós, pois a vida pode se tornar tão rápida que nos parecerá esmagadora. "Between The Wheels" é, sem dúvidas, um lembrete claro sobre a fragilidade da nossa existência.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
LADD, J. "Innerview - Neil Peart / Innerview With Jim Ladd". 1984.
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BERTI, J. Rush and Philosophy: Heart and Mind United (Popular Culture and Philosophy). Chicago: Open Court, 2011.