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BETWEEN THE WHEELS THE BIG MONEY GRAND DESIGNS
THE BIG MONEY
Big money goes around the world
Big money underground
Big money got a mighty voice
Big money make no sound
Big money pull a million strings
Big money hold the prize
Big money weave a mighty web
Big money draw the flies
Sometimes pushing people around
Sometimes pulling out the rug
Sometimes pushing all the buttons
Sometimes pulling out the plug
It's the power and the glory
It's a war in paradise
It's a cinderella story
On a tumble of the dice
Big money goes around the world
Big money take a cruise
Big money leave a mighty wake
Big money leave a bruise
Big money make a million dreams
Big money spin big deals
Big money make a mighty head
Big money spin big wheels
Sometimes building ivory towers
Sometimes knocking castles down
Sometimes building you a stairway -
Lock you underground
It's that old-time religion
It's the kingdom they would rule
It's the fool on television
Getting paid to play the fool
Big money goes around the world
Big money give and take
Big money done a power of good
Big money make mistakes
Big money got a heavy hand
Big money take control
Big money got a mean streak
Big money got no soul...
Big money goes around the world
Big money underground
Big money got a mighty voice
Big money make no sound
Big money pull a million strings
Big money hold the prize
Big money weave a mighty web
Big money draw the flies
Sometimes pushing people around
Sometimes pulling out the rug
Sometimes pushing all the buttons
Sometimes pulling out the plug
It's the power and the glory
It's a war in paradise
It's a cinderella story
On a tumble of the dice
Big money goes around the world
Big money take a cruise
Big money leave a mighty wake
Big money leave a bruise
Big money make a million dreams
Big money spin big deals
Big money make a mighty head
Big money spin big wheels
Sometimes building ivory towers
Sometimes knocking castles down
Sometimes building you a stairway -
Lock you underground
It's that old-time religion
It's the kingdom they would rule
It's the fool on television
Getting paid to play the fool
Big money goes around the world
Big money give and take
Big money done a power of good
Big money make mistakes
Big money got a heavy hand
Big money take control
Big money got a mean streak
Big money got no soul...
O DINHEIRO GRANDE
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande clandestino
Dinheiro grande tem uma voz poderosa
Dinheiro grande não emite som
Dinheiro grande puxa um milhão de cordas
Dinheiro grande pega o prêmio
Dinheiro grande tece uma teia poderosa
Dinheiro grande atrai moscas
Às vezes impulsionando pessoas por aí
Às vezes puxando o tapete
Às vezes apertando todos os botões
Às vezes puxando o plugue
É o poder e a glória
É uma guerra no paraíso
É uma história de Cinderela
Num cair de dados
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande faz cruzeiros
Dinheiro grande deixa um rastro poderoso
Dinheiro grande deixa feridas
Dinheiro grande faz um milhão de sonhos
Dinheiro grande gira grandes negócios
Dinheiro grande faz uma pessoa poderosa
Dinheiro grande gira grandes roletas
Às vezes construindo torres de marfim
Às vezes derrubando castelos
Às vezes construindo uma escada para você -
Te trancando no clandestino
É aquela religião dos velhos tempos
É o reino que eles governariam
É o tolo na televisão
Sendo pago para bancar o idiota
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande dá e tira
Dinheiro grande tem feito o bem
Dinheiro grande comete erros
Dinheiro grande tem uma mão pesada
Dinheiro grande assume o controle
Dinheiro grande tem um traço maligno
Dinheiro grande não tem alma...
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande clandestino
Dinheiro grande tem uma voz poderosa
Dinheiro grande não emite som
Dinheiro grande puxa um milhão de cordas
Dinheiro grande pega o prêmio
Dinheiro grande tece uma teia poderosa
Dinheiro grande atrai moscas
Às vezes impulsionando pessoas por aí
Às vezes puxando o tapete
Às vezes apertando todos os botões
Às vezes puxando o plugue
É o poder e a glória
É uma guerra no paraíso
É uma história de Cinderela
Num cair de dados
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande faz cruzeiros
Dinheiro grande deixa um rastro poderoso
Dinheiro grande deixa feridas
Dinheiro grande faz um milhão de sonhos
Dinheiro grande gira grandes negócios
Dinheiro grande faz uma pessoa poderosa
Dinheiro grande gira grandes roletas
Às vezes construindo torres de marfim
Às vezes derrubando castelos
Às vezes construindo uma escada para você -
Te trancando no clandestino
É aquela religião dos velhos tempos
É o reino que eles governariam
É o tolo na televisão
Sendo pago para bancar o idiota
Dinheiro grande roda pelo mundo
Dinheiro grande dá e tira
Dinheiro grande tem feito o bem
Dinheiro grande comete erros
Dinheiro grande tem uma mão pesada
Dinheiro grande assume o controle
Dinheiro grande tem um traço maligno
Dinheiro grande não tem alma...
Os prós e os contras do poder financeiro
A primeira canção e single de Power Windows é "The Big Money", uma peça dinâmica e poderosa que traz o trio canadense avançando a passos largos em sua proposta inclinada ao hard rock e ao rock progressivo com fortes tomadas eletrônicas, algo perseguido gradativamente desde os álbuns anteriores Signals, de 1982, e Grace Under Pressure, de 1984.
Com sua explosão inicial, temos a sensação imediata de que Power Windows é um trabalho extremamente produzido - uma façanha de arranjos, climas, movimentos, fluxos e refluxos emocionais. A mistura entre sintetizadores pesados, linhas de baixo dinâmicas e frases de guitarra potentes inicia o tema central do álbum: o poder em suas diversas manifestações. Como seu antecessor Grace Under Pressure (no qual Peart pensou diferentes formas de pressão e suas consequências), Power Windows também pode ser considerado um álbum conceitual.
"Apenas nos preocupamos em compor e gravar o álbum para, em seguida, entregar o pacote final e completo para a gravadora", diz Alex Lifeson. "Assim, dizemos, 'Vocês querem um single? Vão encontrar!'. De fato, não nos preocupamos com esse lado das coisas, mas acho que 'Big Money' é a canção com mais cara de single no disco. Talvez por isso tenha sido uma boa escolha".
Novamente, o Rush tinha novas ambições musicais em foco, e o músico irlandês Gary Moore, amigo dos canadenses, indicou-lhes o produtor inglês Peter Collins, conhecido principalmente como um profissional moderno dedicado à alta tecnologia. Enquanto a escolha parecesse curiosa inicialmente, o Rush estava muito animado com a possibilidade de uma perspectiva radicalmente diferente.
"Para ser sincero, nunca havia ouvido falar do Rush na Inglaterra", lembra Collins. "Eu era um produtor de música pop e fiquei surpreso quando fui convidado a produzi-los. Vinha da cena musical britânica dos anos 80 e tentei levá-los ao que via como música moderna e contemporânea. Nova tecnologia, novos sons nos teclados".
Como Collins vivia na Inglaterra, a banda decidiu gravar a maior parte do disco na Grã-Bretanha, algo que não faziam desde Hemispheres, de 1978. Após as composições iniciais e os trabalhos de arranjo realizados, os rapazes encaixaram todas as idéias que tiveram durante as férias entre os meses de abril e junho de 1985, visitando três estúdios diferentes para gravação e mais um para mixagem.
"Enquanto Geddy estava em casa, vasculhava uma grande pilha de jams de passagens de som, à procura de ideias que valessem à pena", lembra Neil Peart. "Alex trouxe uma fita caseira com suas sinfonias na guitarra, sendo essas nossas lições de casa. 'The Big Money' foi bem difícil e demorou um tempo para ser concluída".
"É a canção mais rock do álbum", diz Geddy Lee. "Alguns dos sons de percussão que temos aqui foram feitos no JP-8 [Roland]. Nesse disco, Alex passou por muitos efeitos, geralmente usando o mesmo set up 'ao vivo'. Em várias faixas, especialmente nessa, ele voltou à guitarra no amplificador, podendo obter um som mais limpo, mais clássico. Todos nós queríamos que a guitarra tivesse um som mais contemporâneo, e algumas de suas sonoridades mais antigas acabaram soando bem modernas".
"Lembro de fazer o solo de 'The Big Money' em um estúdio na Inglaterra, Sarm East, que fica na East End de Londres", explica Alex. "Reservamos uma semana somente para os solos, vocais de última hora e mixagem. A sala de controle no estúdio era bem pequena, não havia espaço suficiente nem para virar meu corpo enquanto tocava. Mesmo assim, conseguimos um som muito bom, com muito reverb. Adorei ser tragado por aquele tipo de efeito na ocasião. Usei para isso uma Fender Strat modificada que chamávamos de 'Hentor Sportscaster'. O nome veio de Peter Henderson, coprodutor de Grace Under Pressure".
"Sim, 'Big Money' lida com o poder do dinheiro - o lado bom e o lado ruim", continua o guitarrista. "Foi muito divertida de gravar, pois tentamos efeitos diferentes, como o som de moedas tilintando por exemplo".
Uma das grandes novidades em Power Windows foi a participação do experiente tecladista britânico-australiano Andy Richards, que trouxe com seus talentos a dramaticidade que a banda procurava para o disco. "Trouxemos para a participação especial nesse álbum o extravagante Andy Richards, que nos ajudaria com a programação de sintetizadores, adicionando alguns momentos emocionantes e texturas de teclados por todo trabalho", explica Neil.
"Normalmente, faço uma sequência básica como a direção de uma parte para o Andy ouvir quando ele vir ao estúdio", diz Geddy. "Se ele puder melhorar, terá plena licença para ir em frente. E a coisa agradável de se trabalhar com ele é que é muito aberto às ideias de todos. Posso ter uma ideia sem ter a capacidade técnica para tocar - mas ele tem, e leva essa ainda mais longe do que eu imaginava. É um verdadeiro bônus pra mim".
Para Power Windows, Lee gravou exclusivamente com o baixo Wal, e pela primeira vez. O instrumento foi emprestado pelo produtor Peter Collins. "É uma pequena empresa inglesa que faz um belo baixo", explica. "Fui para lá [Inglaterra] com meu arsenal esperando usar tanto os Fenders quanto os Steinbergers, mas esse Wal soou melhor, não tenho certeza porquê. Acho que, em parte, pelas cordas que usei, cordas de calibre realmente fino. A definição ficava mais fácil de se ouvir nos momentos em que toco rapidamente. Ele conseguiu combinar com meu estilo, pois faço várias notas e você pode ouvi-las melhor".
"As notas ocupam bastante o espaço, não fazendo um som de fundo entulhado", continua. "De certa forma, foi um retorno ao meu antigo som no Rickenbacker, sendo mais vibrante do que aquele que consegui no último disco. O fundo não ficava tão baixo, e sim mais alto. O tipo eletrônico no som do Wal parecia funcionar, era um tipo de som amadeirado. Pluguei e tentei na primeira faixa, 'Big Money', e me pareceu ótimo. Passamos por todo o disco usando esse baixo. Assim que concluímos o trabalho, liguei para a empresa e disse que queria um desses".
"Power Windows é uma gravação realmente importante, sendo para mim a união final e essencial dos teclados com a guitarra", conclui.
O tema lírico de "The Big Money" expõe os prós e os contras do poder financeiro. Surgindo como um verdadeiro tema musical de game show oitentista, o título da canção é inspirado em um romance de mesmo nome concebido por John Dos Passos, este que é considerado como um dos maiores escritores norte-americanos e a quem Peart freqüentemente cita como um de seus autores favoritos. Pertencente à chamada 'Lost Generation', ao lado de outros intelectuais como Ernest Hemingway, T.S. Elliot e F. Scott Fitzgerald, Dos Passos viveu intensamente o início do século XX, viajando e conhecendo a Europa, combatendo na Primeira Guerra Mundial e fazendo parte de grupos de esquerda. Em 1932, transportou toda sua experiência de vida para a chamada Trilogia U.S.A., obra composta pelos livros Paralelo 42, 1919 e The Big Money (no Brasil, O Grande Capital).
Em Paralelo 42, Dos Passos mostra os EUA no período imediatamente anterior à Primeira Guerra Mundial, trazendo histórias de diversos personagens que correm por toda a trilogia. É possível acompanhar aqui as primeiras mudanças sociais, as lutas dos trabalhadores, as péssimas condições de vida e a exploração dos mesmos pelos grandes industriais. No segundo livro, 1919, temos de fato o período da Primeira Guerra, além da falsa neutralidade dos EUA, a caça aos pró-germânicos, os primeiros voluntários seguindo para combater para a Europa e a participação real dos americanos no conflito. A maior parte da ação desse trabalho se passa no Velho Continente, mostrando ainda os problemas sociais e sindicais e também as primeiras ascensões de pessoas nas camadas de riqueza. Já em O Grande Capital, Dos Passos reconstitui o período pós-guerra abordando, além do regresso dos soldados, o 'boom' americano, os 'loucos anos 20' e a especulação na bolsa no período de ebulição do capitalismo americano, com a febre da riqueza tornando-se contagiante. Aqui se multiplicam os escândalos, as grandes festas e os grandes negócios em uma vertigem que culminaria na crise de 1929.
Peart sempre se afirmou como um grande fã da capacidade estilística do escritor, além da sua abordagem poética à prosa. Conforme outros formatos de composição do baterista, principalmente evidenciados na canção "The Camera Eye", do álbum Moving Pictures (1981), "The Big Money" também emergiu de sua leitura extensiva: "Na verdade, a gênese para essa canção veio desde o primeiro livro da trilogia U.S.A. escrito por John dos Passos em 1920, tratando da agressividade financeira de homens como John Pierpont Morgan e das causas econômicas que resultaram na Primeira Guerra Mundial", explica o baterista. "Não queria que essa composição fosse a voz de um cínico reacionário anti-corporações, pois empresas como a Ford Foundation já realizaram muitas coisas boas. A igreja e eventos como o Live Aid mexem com dinheiro grande também".
A técnica de escrita experimental e singular de Dos Passos mantém forma e ritmo únicos, indissolúveis da essência do seus próprios romances, a qual inspira Peart na composição de "The Big Money". Porém, a abordagem das duas obras são diferentes.
"A única conexão com John Dos Passos está no título. Se sou um grande fã dele? Sim, da sua habilidade estilística e de sua abordagem de prosa poética. Mas, as ideias apresentadas na canção são bastante diferentes daquelas que ele exemplificou".
"Tentei fazer um equilíbrio entre o lado bom e o lado ruim do dinheiro, não queria tomar a fácil reação impensada de dizer que tudo sobre o dinheiro é ruim, algo muito simplista e que logicamente não é verdade. Coisas como o Live Aid representam dinheiro grande, religião é dinheiro grande, política - dinheiro grande, televisão é dinheiro grande, música é dinheiro grande e arte é dinheiro grande. Tudo se resume a isso, e não é necessariamente ruim. É de fato como as armas; não é o que elas são, mas o que as pessoas fazem com elas. Há ainda os game shows, as loterias e as coisas que chamo de 'a história de Cinderela em um cair de dados', nas quais, de repente, através de algum efeito aleatório de um número a ser escolhido, temos a estupidez de ganhar um milhão de dólares na televisão. A coisa mais antiquada passa a ser quando você aprende a fazer alguma coisa, trabalhando duro para no final ganhar algum dinheiro - a forma com a qual você deveria ficar rico, o que deveria ser o sonho americano. As pessoas não acreditam mais nisso, pois vêm isso acontecer em um jogar de dados ou alguém na TV que está sendo pago por bancar o idiota - o que destrói totalmente a crença de que pode valer a pena aprender coisas e se tornar bom em algo, sobre o qual irão recompensá-lo em conformidade".
"Sobre as altas finanças, que tentei apontar na música, às vezes é algo bom em ações como investigações médicas, em termos do Live Aid e em todas as grandes obras de caridade. A maioria delas são instituições enormes que conseguem muitas coisas boas, com pessoas sendo alimentadas e tendo um abrigo, sendo vestidas, educadas e conseguindo água limpa, e essas coisas continuam, sei disso. Mas as pessoas ignoram e, em uma última análise negativa, na qual tinha que chegar, a conclusão final sobre o dinheiro era que ele não tinha alma - a frase que fecha a canção e que foi a linha de fundo para tudo isso. Ele não tem consciência, não pode controlar nada por si mesmo".
"Pessoalmente, trago uma vingança contra a Igreja Católica: sendo a maior fundação do mundo, move pessoas e tenta fazer, a meu ver, várias coisas negativas em termos do não-controle de natalidade para lugares que de fato necessitam. Então eu diria que, se tivesse que escolher um único abuso de grandeza, poder, riqueza, terras e dinheiro, provavelmente seria a Igreja Católica. Os protestantes também. É algo que acho que muitas pessoas não prestam atenção, mas a grandeza e o poder deles é de tirar o fôlego. Às vezes, observo isso para refrescar minha mente sobre como essa mentalidade é incrivelmente calculada, vulgar e oportunista: 'Oh, ME adorem'".
"A forma como essas pessoas se estabeleceram como mensageiros pessoais de Deus é algo muito egocêntrico e narcisista, dizendo coisas como essa sem nenhum constrangimento. Falam coisas como 'Sou um mensageiro pessoal, uma linha direta de Deus, e Deus lhe disse para me dar todo seu dinheiro'. Mas, o pior de tudo, é que existem milhões de pessoas estúpidas o suficiente para acreditar e dar-lhes o dinheiro de fato, e há milhões que te odeiam por você criticar, que são suscetíveis a formar um tumulto na sua porta e atirar pedras em você até que esteja morto".
"Para mim, conhecimento é poder. Novamente, em um mundo moderno, as pessoas iriam rir disso, pois no contexto de 'The Big Money' ele é inútil. Conheço pessoas que passam a vida toda enterradas em livros e aprendendo mais e mais, e isso é algo ao qual dedico grande parte da minha vida. Trata-se de um dos principais fluxos de experiências, e estou constantemente aprendendo mais por isso. Não suporto ser ignorante sobre as coisas, não suporto não conhecer as coisas. É uma carência de orgulho. Consequentemente, isso me irrita e me faz buscar aprender sobre algum assunto que alguém traz e sobre o qual nada sei, o que me faz me sentir inseguro e que me leva a aprender. Mas essa não é, penso eu, uma maneira popular de lidar com a vida. Em muitos casos, as respostas das pessoas são, se não entendem algo, de que não vale a pena saber. E se não sabem sobre algo, não vale a pena aprender".
O vídeo promocional para "The Big Money" foi dirigido por Rob F. Quartly, diretor canadense de clipes e comerciais de TV. Produzido por Allan Weinrib, irmão de Geddy Lee, e pela Champagne Pictures de Toronto, seu conceito é centrado nos grandes negócios, no poder e no dinheiro, apresentando um trabalho visual com a banda tocando em cima de um tabuleiro gigante do famoso jogo Monopoly (lançado no Brasil como Banco Imobiliário), com as palavras 'Big Money' destacadas no centro. O cenário foi idealizado pelo produtor cinematográfico e músico canadense Les Stroud, já o veículo apresentado na introdução animada traz na placa o nome 'Mr. Big', um apelido divertido para o produtor Peter Collins devido sua baixa estatura.
A capa de Power Windows resume, de forma intrigante, as intenções do disco. Com uma forte inspiração visual vinda do personagem Billy Bibbit, interpretado pelo ator norte-americano Brad Dourif no famoso filme Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, estrelado por Jack Nicholson em 1975), o conceito se debruça nos pensamentos do sociólogo canadense Marshall McLuhan (1911 - 1980), famoso por ter cunhado o termo Aldeia Global e pela máxima de que O meio é a mensagem, expressão surgida a partir do momento em que o estudioso se propôs a analisar e explicar os fenômenos dos meios de comunicação e sua relação com a sociedade. Para McLuhan, em sua obra Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem (Understanding Media: The Extensions of Man, de 1964), o meio é um elemento importante da comunicação e não somente um canal de passagem ou um veículo de transmissão. Cada meio de difusão tem as suas características próprias e, por conseguinte, seus efeitos específicos. Qualquer transformação do meio é mais determinante do que uma alteração de conteúdo. Portanto, o mais importante não é o conteúdo da mensagem, mas o veículo através do qual a mesma é transmitida - o meio.
"A capa é muito abstrata... adoro a cena com esse tipo Billy Bibbit de personagem, confuso quanto à sua realidade", diz Geddy. "As janelas, pelas quais ele olha trazem o sentido de poder. Falamos sobre diferentes tipos de poder e a forma como os mesmos nos afetam. O garoto está um pouco confuso sobre qual direção deve olhar e qual janela é a sua realidade".
"Do ponto de vista comercial, os ícones desses televisores antigos foram adoravelmente reconhecíveis", diz o artista gráfico Hugh Syme. "Teve também um aceno a Marshall McLuhan para a janela de poder que é a televisão e, por isso, tudo faz sentido. O fotógrafo Dimo Safari e eu buscamos incansavelmente locais para encontrar a janela e as placas de assoalho certas. Testamos várias televisões antigas de colecionadores com as quais Dimo era familiarizado".
"Houve momentos em que as artes foram embelezadas ou revisadas pela banda. Power Windows foi uma delas. Eu estava firme de que o garoto solitário que podia controlar seu mundo com um controle remoto de TV deveria estar em uma sala vazia. Geddy me convenceu do contrário, e sou grato de ter me curvado às suas convicções. A capa ficou muito mais intrigante e envolvente com a coleção de TVs antigas da Philco pintadas do lado esquerdo da imagem. É provavelmente minha capa favorita, por razões artísticas e pessoais. Suas onze semanas de pintura coincidiram com a morte do meu pai - meu trabalho foi meu consolo", conclui Syme.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
WELCH, E. "Rush Rocks To A Different Drummer". Boston Globe. December 5, 1985.
BANASIEWICZ, B. "Rush Visions: The Official Biography". Omnibus Press. 1987.
BERTI, J. "Rush and Philosophy: Heart and Mind United (Popular Culture and Philosophy)". Chicago: Open Court. 2011.
COLLINS, J. "Rush: Chemistry". Helter Skelter Publishing. 2010.
LADD, J. "Innerview - Neil Peart / Innerview With Jim Ladd". 1986.
PEART, N. "Power Windows Tour Book". 1985.
PEART, N. "Rush - Hold Your Fire". Rush Backstage Club Newsletter. January 1988.
PUTTERFORD, M. "Pane and Pleasure". Kerrang! Nº 107. November 14-27, 1985.
STERN, P. "Baroque Cosmologies In Their Past, The Boys Focus On 'The Perfect Song'". Canadian Musician. December 1985.
TOLLESON, R. "Geddy Lee: Bass Is Still The Key". Bass Player. November / december 1988.
A primeira canção e single de Power Windows é "The Big Money", uma peça dinâmica e poderosa que traz o trio canadense avançando a passos largos em sua proposta inclinada ao hard rock e ao rock progressivo com fortes tomadas eletrônicas, algo perseguido gradativamente desde os álbuns anteriores Signals, de 1982, e Grace Under Pressure, de 1984.
Com sua explosão inicial, temos a sensação imediata de que Power Windows é um trabalho extremamente produzido - uma façanha de arranjos, climas, movimentos, fluxos e refluxos emocionais. A mistura entre sintetizadores pesados, linhas de baixo dinâmicas e frases de guitarra potentes inicia o tema central do álbum: o poder em suas diversas manifestações. Como seu antecessor Grace Under Pressure (no qual Peart pensou diferentes formas de pressão e suas consequências), Power Windows também pode ser considerado um álbum conceitual.
"Apenas nos preocupamos em compor e gravar o álbum para, em seguida, entregar o pacote final e completo para a gravadora", diz Alex Lifeson. "Assim, dizemos, 'Vocês querem um single? Vão encontrar!'. De fato, não nos preocupamos com esse lado das coisas, mas acho que 'Big Money' é a canção com mais cara de single no disco. Talvez por isso tenha sido uma boa escolha".
Novamente, o Rush tinha novas ambições musicais em foco, e o músico irlandês Gary Moore, amigo dos canadenses, indicou-lhes o produtor inglês Peter Collins, conhecido principalmente como um profissional moderno dedicado à alta tecnologia. Enquanto a escolha parecesse curiosa inicialmente, o Rush estava muito animado com a possibilidade de uma perspectiva radicalmente diferente.
"Para ser sincero, nunca havia ouvido falar do Rush na Inglaterra", lembra Collins. "Eu era um produtor de música pop e fiquei surpreso quando fui convidado a produzi-los. Vinha da cena musical britânica dos anos 80 e tentei levá-los ao que via como música moderna e contemporânea. Nova tecnologia, novos sons nos teclados".
Como Collins vivia na Inglaterra, a banda decidiu gravar a maior parte do disco na Grã-Bretanha, algo que não faziam desde Hemispheres, de 1978. Após as composições iniciais e os trabalhos de arranjo realizados, os rapazes encaixaram todas as idéias que tiveram durante as férias entre os meses de abril e junho de 1985, visitando três estúdios diferentes para gravação e mais um para mixagem.
"Enquanto Geddy estava em casa, vasculhava uma grande pilha de jams de passagens de som, à procura de ideias que valessem à pena", lembra Neil Peart. "Alex trouxe uma fita caseira com suas sinfonias na guitarra, sendo essas nossas lições de casa. 'The Big Money' foi bem difícil e demorou um tempo para ser concluída".
"É a canção mais rock do álbum", diz Geddy Lee. "Alguns dos sons de percussão que temos aqui foram feitos no JP-8 [Roland]. Nesse disco, Alex passou por muitos efeitos, geralmente usando o mesmo set up 'ao vivo'. Em várias faixas, especialmente nessa, ele voltou à guitarra no amplificador, podendo obter um som mais limpo, mais clássico. Todos nós queríamos que a guitarra tivesse um som mais contemporâneo, e algumas de suas sonoridades mais antigas acabaram soando bem modernas".
"Lembro de fazer o solo de 'The Big Money' em um estúdio na Inglaterra, Sarm East, que fica na East End de Londres", explica Alex. "Reservamos uma semana somente para os solos, vocais de última hora e mixagem. A sala de controle no estúdio era bem pequena, não havia espaço suficiente nem para virar meu corpo enquanto tocava. Mesmo assim, conseguimos um som muito bom, com muito reverb. Adorei ser tragado por aquele tipo de efeito na ocasião. Usei para isso uma Fender Strat modificada que chamávamos de 'Hentor Sportscaster'. O nome veio de Peter Henderson, coprodutor de Grace Under Pressure".
"Sim, 'Big Money' lida com o poder do dinheiro - o lado bom e o lado ruim", continua o guitarrista. "Foi muito divertida de gravar, pois tentamos efeitos diferentes, como o som de moedas tilintando por exemplo".
Uma das grandes novidades em Power Windows foi a participação do experiente tecladista britânico-australiano Andy Richards, que trouxe com seus talentos a dramaticidade que a banda procurava para o disco. "Trouxemos para a participação especial nesse álbum o extravagante Andy Richards, que nos ajudaria com a programação de sintetizadores, adicionando alguns momentos emocionantes e texturas de teclados por todo trabalho", explica Neil.
"Normalmente, faço uma sequência básica como a direção de uma parte para o Andy ouvir quando ele vir ao estúdio", diz Geddy. "Se ele puder melhorar, terá plena licença para ir em frente. E a coisa agradável de se trabalhar com ele é que é muito aberto às ideias de todos. Posso ter uma ideia sem ter a capacidade técnica para tocar - mas ele tem, e leva essa ainda mais longe do que eu imaginava. É um verdadeiro bônus pra mim".
Para Power Windows, Lee gravou exclusivamente com o baixo Wal, e pela primeira vez. O instrumento foi emprestado pelo produtor Peter Collins. "É uma pequena empresa inglesa que faz um belo baixo", explica. "Fui para lá [Inglaterra] com meu arsenal esperando usar tanto os Fenders quanto os Steinbergers, mas esse Wal soou melhor, não tenho certeza porquê. Acho que, em parte, pelas cordas que usei, cordas de calibre realmente fino. A definição ficava mais fácil de se ouvir nos momentos em que toco rapidamente. Ele conseguiu combinar com meu estilo, pois faço várias notas e você pode ouvi-las melhor".
"As notas ocupam bastante o espaço, não fazendo um som de fundo entulhado", continua. "De certa forma, foi um retorno ao meu antigo som no Rickenbacker, sendo mais vibrante do que aquele que consegui no último disco. O fundo não ficava tão baixo, e sim mais alto. O tipo eletrônico no som do Wal parecia funcionar, era um tipo de som amadeirado. Pluguei e tentei na primeira faixa, 'Big Money', e me pareceu ótimo. Passamos por todo o disco usando esse baixo. Assim que concluímos o trabalho, liguei para a empresa e disse que queria um desses".
"Power Windows é uma gravação realmente importante, sendo para mim a união final e essencial dos teclados com a guitarra", conclui.
O tema lírico de "The Big Money" expõe os prós e os contras do poder financeiro. Surgindo como um verdadeiro tema musical de game show oitentista, o título da canção é inspirado em um romance de mesmo nome concebido por John Dos Passos, este que é considerado como um dos maiores escritores norte-americanos e a quem Peart freqüentemente cita como um de seus autores favoritos. Pertencente à chamada 'Lost Generation', ao lado de outros intelectuais como Ernest Hemingway, T.S. Elliot e F. Scott Fitzgerald, Dos Passos viveu intensamente o início do século XX, viajando e conhecendo a Europa, combatendo na Primeira Guerra Mundial e fazendo parte de grupos de esquerda. Em 1932, transportou toda sua experiência de vida para a chamada Trilogia U.S.A., obra composta pelos livros Paralelo 42, 1919 e The Big Money (no Brasil, O Grande Capital).
Em Paralelo 42, Dos Passos mostra os EUA no período imediatamente anterior à Primeira Guerra Mundial, trazendo histórias de diversos personagens que correm por toda a trilogia. É possível acompanhar aqui as primeiras mudanças sociais, as lutas dos trabalhadores, as péssimas condições de vida e a exploração dos mesmos pelos grandes industriais. No segundo livro, 1919, temos de fato o período da Primeira Guerra, além da falsa neutralidade dos EUA, a caça aos pró-germânicos, os primeiros voluntários seguindo para combater para a Europa e a participação real dos americanos no conflito. A maior parte da ação desse trabalho se passa no Velho Continente, mostrando ainda os problemas sociais e sindicais e também as primeiras ascensões de pessoas nas camadas de riqueza. Já em O Grande Capital, Dos Passos reconstitui o período pós-guerra abordando, além do regresso dos soldados, o 'boom' americano, os 'loucos anos 20' e a especulação na bolsa no período de ebulição do capitalismo americano, com a febre da riqueza tornando-se contagiante. Aqui se multiplicam os escândalos, as grandes festas e os grandes negócios em uma vertigem que culminaria na crise de 1929.
Peart sempre se afirmou como um grande fã da capacidade estilística do escritor, além da sua abordagem poética à prosa. Conforme outros formatos de composição do baterista, principalmente evidenciados na canção "The Camera Eye", do álbum Moving Pictures (1981), "The Big Money" também emergiu de sua leitura extensiva: "Na verdade, a gênese para essa canção veio desde o primeiro livro da trilogia U.S.A. escrito por John dos Passos em 1920, tratando da agressividade financeira de homens como John Pierpont Morgan e das causas econômicas que resultaram na Primeira Guerra Mundial", explica o baterista. "Não queria que essa composição fosse a voz de um cínico reacionário anti-corporações, pois empresas como a Ford Foundation já realizaram muitas coisas boas. A igreja e eventos como o Live Aid mexem com dinheiro grande também".
A técnica de escrita experimental e singular de Dos Passos mantém forma e ritmo únicos, indissolúveis da essência do seus próprios romances, a qual inspira Peart na composição de "The Big Money". Porém, a abordagem das duas obras são diferentes.
"A única conexão com John Dos Passos está no título. Se sou um grande fã dele? Sim, da sua habilidade estilística e de sua abordagem de prosa poética. Mas, as ideias apresentadas na canção são bastante diferentes daquelas que ele exemplificou".
"Tentei fazer um equilíbrio entre o lado bom e o lado ruim do dinheiro, não queria tomar a fácil reação impensada de dizer que tudo sobre o dinheiro é ruim, algo muito simplista e que logicamente não é verdade. Coisas como o Live Aid representam dinheiro grande, religião é dinheiro grande, política - dinheiro grande, televisão é dinheiro grande, música é dinheiro grande e arte é dinheiro grande. Tudo se resume a isso, e não é necessariamente ruim. É de fato como as armas; não é o que elas são, mas o que as pessoas fazem com elas. Há ainda os game shows, as loterias e as coisas que chamo de 'a história de Cinderela em um cair de dados', nas quais, de repente, através de algum efeito aleatório de um número a ser escolhido, temos a estupidez de ganhar um milhão de dólares na televisão. A coisa mais antiquada passa a ser quando você aprende a fazer alguma coisa, trabalhando duro para no final ganhar algum dinheiro - a forma com a qual você deveria ficar rico, o que deveria ser o sonho americano. As pessoas não acreditam mais nisso, pois vêm isso acontecer em um jogar de dados ou alguém na TV que está sendo pago por bancar o idiota - o que destrói totalmente a crença de que pode valer a pena aprender coisas e se tornar bom em algo, sobre o qual irão recompensá-lo em conformidade".
"Sobre as altas finanças, que tentei apontar na música, às vezes é algo bom em ações como investigações médicas, em termos do Live Aid e em todas as grandes obras de caridade. A maioria delas são instituições enormes que conseguem muitas coisas boas, com pessoas sendo alimentadas e tendo um abrigo, sendo vestidas, educadas e conseguindo água limpa, e essas coisas continuam, sei disso. Mas as pessoas ignoram e, em uma última análise negativa, na qual tinha que chegar, a conclusão final sobre o dinheiro era que ele não tinha alma - a frase que fecha a canção e que foi a linha de fundo para tudo isso. Ele não tem consciência, não pode controlar nada por si mesmo".
"Pessoalmente, trago uma vingança contra a Igreja Católica: sendo a maior fundação do mundo, move pessoas e tenta fazer, a meu ver, várias coisas negativas em termos do não-controle de natalidade para lugares que de fato necessitam. Então eu diria que, se tivesse que escolher um único abuso de grandeza, poder, riqueza, terras e dinheiro, provavelmente seria a Igreja Católica. Os protestantes também. É algo que acho que muitas pessoas não prestam atenção, mas a grandeza e o poder deles é de tirar o fôlego. Às vezes, observo isso para refrescar minha mente sobre como essa mentalidade é incrivelmente calculada, vulgar e oportunista: 'Oh, ME adorem'".
"A forma como essas pessoas se estabeleceram como mensageiros pessoais de Deus é algo muito egocêntrico e narcisista, dizendo coisas como essa sem nenhum constrangimento. Falam coisas como 'Sou um mensageiro pessoal, uma linha direta de Deus, e Deus lhe disse para me dar todo seu dinheiro'. Mas, o pior de tudo, é que existem milhões de pessoas estúpidas o suficiente para acreditar e dar-lhes o dinheiro de fato, e há milhões que te odeiam por você criticar, que são suscetíveis a formar um tumulto na sua porta e atirar pedras em você até que esteja morto".
"Para mim, conhecimento é poder. Novamente, em um mundo moderno, as pessoas iriam rir disso, pois no contexto de 'The Big Money' ele é inútil. Conheço pessoas que passam a vida toda enterradas em livros e aprendendo mais e mais, e isso é algo ao qual dedico grande parte da minha vida. Trata-se de um dos principais fluxos de experiências, e estou constantemente aprendendo mais por isso. Não suporto ser ignorante sobre as coisas, não suporto não conhecer as coisas. É uma carência de orgulho. Consequentemente, isso me irrita e me faz buscar aprender sobre algum assunto que alguém traz e sobre o qual nada sei, o que me faz me sentir inseguro e que me leva a aprender. Mas essa não é, penso eu, uma maneira popular de lidar com a vida. Em muitos casos, as respostas das pessoas são, se não entendem algo, de que não vale a pena saber. E se não sabem sobre algo, não vale a pena aprender".
O vídeo promocional para "The Big Money" foi dirigido por Rob F. Quartly, diretor canadense de clipes e comerciais de TV. Produzido por Allan Weinrib, irmão de Geddy Lee, e pela Champagne Pictures de Toronto, seu conceito é centrado nos grandes negócios, no poder e no dinheiro, apresentando um trabalho visual com a banda tocando em cima de um tabuleiro gigante do famoso jogo Monopoly (lançado no Brasil como Banco Imobiliário), com as palavras 'Big Money' destacadas no centro. O cenário foi idealizado pelo produtor cinematográfico e músico canadense Les Stroud, já o veículo apresentado na introdução animada traz na placa o nome 'Mr. Big', um apelido divertido para o produtor Peter Collins devido sua baixa estatura.
A capa de Power Windows resume, de forma intrigante, as intenções do disco. Com uma forte inspiração visual vinda do personagem Billy Bibbit, interpretado pelo ator norte-americano Brad Dourif no famoso filme Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, estrelado por Jack Nicholson em 1975), o conceito se debruça nos pensamentos do sociólogo canadense Marshall McLuhan (1911 - 1980), famoso por ter cunhado o termo Aldeia Global e pela máxima de que O meio é a mensagem, expressão surgida a partir do momento em que o estudioso se propôs a analisar e explicar os fenômenos dos meios de comunicação e sua relação com a sociedade. Para McLuhan, em sua obra Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem (Understanding Media: The Extensions of Man, de 1964), o meio é um elemento importante da comunicação e não somente um canal de passagem ou um veículo de transmissão. Cada meio de difusão tem as suas características próprias e, por conseguinte, seus efeitos específicos. Qualquer transformação do meio é mais determinante do que uma alteração de conteúdo. Portanto, o mais importante não é o conteúdo da mensagem, mas o veículo através do qual a mesma é transmitida - o meio.
"A capa é muito abstrata... adoro a cena com esse tipo Billy Bibbit de personagem, confuso quanto à sua realidade", diz Geddy. "As janelas, pelas quais ele olha trazem o sentido de poder. Falamos sobre diferentes tipos de poder e a forma como os mesmos nos afetam. O garoto está um pouco confuso sobre qual direção deve olhar e qual janela é a sua realidade".
"Do ponto de vista comercial, os ícones desses televisores antigos foram adoravelmente reconhecíveis", diz o artista gráfico Hugh Syme. "Teve também um aceno a Marshall McLuhan para a janela de poder que é a televisão e, por isso, tudo faz sentido. O fotógrafo Dimo Safari e eu buscamos incansavelmente locais para encontrar a janela e as placas de assoalho certas. Testamos várias televisões antigas de colecionadores com as quais Dimo era familiarizado".
"Houve momentos em que as artes foram embelezadas ou revisadas pela banda. Power Windows foi uma delas. Eu estava firme de que o garoto solitário que podia controlar seu mundo com um controle remoto de TV deveria estar em uma sala vazia. Geddy me convenceu do contrário, e sou grato de ter me curvado às suas convicções. A capa ficou muito mais intrigante e envolvente com a coleção de TVs antigas da Philco pintadas do lado esquerdo da imagem. É provavelmente minha capa favorita, por razões artísticas e pessoais. Suas onze semanas de pintura coincidiram com a morte do meu pai - meu trabalho foi meu consolo", conclui Syme.
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