BASTILLE DAY



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BASTILLE DAY

There's no bread, let them eat cake
There's no end to what they'll take
Flaunt the fruits of noble birth
Wash the salt into the earth
But they're marching to Bastille Day
La guillotine will claim her bloody prize
Free the dungeons of the innocent
The king will kneel, and let his kingdom rise

Bloodstained velvet, dirty lace
Naked fear on every face
See them bow their heads to die
As we would bow as they rode by

And we're marching to Bastille Day
La guillotine will claim her bloody prize
Sing, o choirs of cacophony
The king has kneeled, to let his kingdom rise.

Lessons taught but never learned
All around us anger burns
Guide the future by the past
Long ago the mould was cast

For they marched up to Bastille Day
La guillotine - claimed her bloody prize
Hear the echoes of the centuries
Power isn't all that money buys
DIA DA BASTILHA

Não há pão, que comam brioches
Não há fim para o que passarão
Ostentem os frutos da nobreza
Lavem o sal na terra
Mas eles estão marchando para o Dia da Bastilha
A guilhotina vai reivindicar seu prêmio sangrento
Abram as masmorras com os inocentes
O rei se ajoelhará, e permitirá que seu reino se imponha

Veludo manchado de sangue, rendas sujas
O medo nu em cada rosto
Veja-os curvarem a cabeça para morrer
Assim como nos curvaríamos se passassem por nós

E estamos marchando para o Dia da Bastilha
A guilhotina vai reivindicar seu prêmio sangrento
Cante, ó coro da cacofonia
O rei se ajoelhou, para permitir que seu reino se imponha.

Lições ensinadas mas nunca aprendidas
Tudo à nossa volta é raiva ardente
Guie o futuro pelo passado
Há muito tempo o molde foi lançado

Para eles marcharem para o Dia da Bastilha
A guilhotina - clamou seu prêmio sangrento
Ouça os ecos dos séculos
Poder não é tudo que o dinheiro compra


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart


A história relembra nossos erros, mas insistimos em repeti-los

Riffs de guitarra belicosos e ardentes combinados a andamentos complexos e de velocidade desafiadora. Uma famosa frase historicamente atribuída à rainha Maria Antonieta. Temos portanto os principais ingredientes para a canção de abertura de Caress of Steel, a imponente "Bastille Day". A composição apresenta uma estupenda investida do ainda jovem trio canadense, mostrando um nítido desenvolvimento e aprimoramento na habilidade e na técnica desde seu anterior Fly By Night (1975), para visitar dessa vez o evento central da Revolução Francesa, a partir de uma importante obra da literatura britânica.

Com "Bastille Day", o Rush mescla em grande perícia e sincronismo trechos incrivelmente rápidos e explosivos com passagens mais melódicas. A melhora na produção, o perfeito entrosamento quase lúdico e os vocais em chamas de Geddy Lee conseguem evocar a atmosfera de ódio daquele período revolucionário, fazendo desta uma das criações mais marcantes da banda em seu período inicial e uma das faixas mais proeminentes em Caress of Steel. O cenário, maravilhosamente, coincide perfeitamente com todo aparato musical.

A construção lírica de "Bastille Day" vai além de uma simples descrição dos desdobramentos ocorridos em 14 de julho de 1789. Claramente influenciada pelo romancista inglês Charles Dickens (1812- 1870), revivendo o terror de seu aclamado A Tale Of Two Cities (Um Conto de Duas Cidades), de 1859, Peart expressa aqui tanto a selvageria da multidão quanto os motivos de seu comportamento, além de tecer pensamentos sobre a insistência da humanidade em cometer os mesmos erros do passado.

"Algumas de nossas canções são inspiradas em livros. 'Bastille Day' vem diretamente de 'A Tale of Two Cities'", afirma o letrista.

A narrativa do romance inglês tem início em 1775, período em que começam a germinar os movimentos que culminariam na Revolução Francesa. Em meio a grandes injustiças e abusos por parte da nobreza, os camponeses e artesãos conformavam-se com as injúrias, sabedores de que o tempo da vingança estava próximo. Dickens toma esse cenário como ponto de referência para apontar os problemas sociais e políticos da Inglaterra, pois temia que a história se repetisse em seu país enquanto escrevia sua obra.

Retratando toda a loucura e a instabilidade que pairava sob a Europa naquela época, A Tale of Two Cities é baseado em The French Revolution: A History, do escritor, historiador, ensaísta e professor escocês Thomas Carlyle (1795 - 1881). Assim como Dickens, Peart também entende que os ideais Liberdade, Igualdade e Fraternidade acabaram por se desvanecer em meio ao caos que tomou conta de toda a França durante a revolução, dando lugar ao horror, ao medo e a morte.

"Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos direto no sentido contrário".

© 2014 Rush Fã-Clube Brasil

TELLERIA, E. Merely Players Tribute. Quarry Music Books, 2002.
McDONALD, C. Rush, Rock Music, and the Middle Class - Dreaming in Middletown. Canada: Profiles in Popular Music, 2012.
POPOFF, M. Contents Under Pressure. Canada: ECW Press, 2004
BANASIEWICZ, B. Rush Visions: The Official Biography. Omnibus Press, 1987.
DICKENS, C.; Edited by George Woodcock; illustrations by Hablot L. Browne ('Phiz') (First published 1859; Republished by Penguin in 1970). George Woodcock, ed. A tale of two cities; edited with an introduction and notes by George Woodcock (Reprint [d. Ausg.] 1970. ed.).
CUMMING, Mark (1988). A Disimprisoned Epic: Form and Vision in Carlyle's French Revolution. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.