VOLTAR PARA "GRACE UNDER PRESSURE"
VOLTAR PARA DISCOGRAFIA
VOLTAR PARA LETRAS E RESENHAS
THE BODY ELECTRIC KID GLOVES RED LENSES
KID GLOVES
A world of difference
A world so out of touch
Overwhelmed by everything
But wanting more so much -
Call it blind frustration
Call it blind man's bluff
Call each other names -
Your voices rude - your voices rough
Then you learn the lesson
That it's cool to be so tough
Handle with kid gloves
Handle with kid gloves
Then you learn the lessons
Taught in school won't be enough
Put on your kid gloves
Put on your kid gloves
Then you learn the lesson
That it's cool to be so tough
A world of indifference
Heads and hearts too full
Careless of the consequence
Of constant push and pull
Anger got bare knuckles
Anger play the fool
Anger wear a crown of thorns
Reverse the golden rule
Then you learn the lesson
That it's tough to be so cool
Handle with kid gloves
Handle with kid gloves
Then you learn the weapons
And the ways of hard-knock school
Put on your kid gloves
Put on your kid gloves
Then you learn the lesson
That it's tough to be so cool
A world of difference
A world so out of touch
Overwhelmed by everything
But wanting more so much -
Call it blind frustration
Call it blind man's bluff
Call each other names -
Your voices rude - your voices rough
Then you learn the lesson
That it's cool to be so tough
Handle with kid gloves
Handle with kid gloves
Then you learn the lessons
Taught in school won't be enough
Put on your kid gloves
Put on your kid gloves
Then you learn the lesson
That it's cool to be so tough
A world of indifference
Heads and hearts too full
Careless of the consequence
Of constant push and pull
Anger got bare knuckles
Anger play the fool
Anger wear a crown of thorns
Reverse the golden rule
Then you learn the lesson
That it's tough to be so cool
Handle with kid gloves
Handle with kid gloves
Then you learn the weapons
And the ways of hard-knock school
Put on your kid gloves
Put on your kid gloves
Then you learn the lesson
That it's tough to be so cool
LUVAS DE PELICA
Um mundo de diferença
Um mundo tão fora de sintonia
Sufocado por tudo
Porém querendo ainda mais -
Chame de frustração cega
Chame de jogo da cabra-cega
Chame do que quiser -
Suas vozes rudes - suas vozes ásperas
Então você aprende a lição
De que é legal ser durão
Trate com luvas de pelica
Trate com luvas de pelica
Então você aprende que as lições
Ensinadas na escola não serão suficientes
Ponha suas luvas de pelica
Ponha suas luvas de pelica
Então você aprende a lição
De que é legal ser durão
Um mundo de indiferença
Cabeças e corações lotados
Descuidados das conseqüências
Da constante pressão
A raiva bate sem luvas
A raiva se faz de boba
A raiva usa uma coroa de espinhos
E inverte a regra de ouro
Então você aprende a lição
De que é duro ser legal
Trate com luvas de pelica
Trate com luvas de pelica
Então você aprende as armas
E os caminhos da escola da vida
Ponha suas luvas de pelica
Ponha suas luvas de pelica
Então você aprende a lição
De que é duro ser legal
Um mundo de diferença
Um mundo tão fora de sintonia
Sufocado por tudo
Porém querendo ainda mais -
Chame de frustração cega
Chame de jogo da cabra-cega
Chame do que quiser -
Suas vozes rudes - suas vozes ásperas
Então você aprende a lição
De que é legal ser durão
Trate com luvas de pelica
Trate com luvas de pelica
Então você aprende que as lições
Ensinadas na escola não serão suficientes
Ponha suas luvas de pelica
Ponha suas luvas de pelica
Então você aprende a lição
De que é legal ser durão
Um mundo de indiferença
Cabeças e corações lotados
Descuidados das conseqüências
Da constante pressão
A raiva bate sem luvas
A raiva se faz de boba
A raiva usa uma coroa de espinhos
E inverte a regra de ouro
Então você aprende a lição
De que é duro ser legal
Trate com luvas de pelica
Trate com luvas de pelica
Então você aprende as armas
E os caminhos da escola da vida
Ponha suas luvas de pelica
Ponha suas luvas de pelica
Então você aprende a lição
De que é duro ser legal
Os impasses e as dificuldades das relações sociais
"Kid Gloves" é a sexta canção de Grace Under Pressure. Construída em um belíssimo instrumental guiado essencialmente por guitarras, a composição traz sintetizadores diminutos e destaca incríveis e alternadas mudanças de tempo, coroadas por um dos solos mais incríveis e surpreendentes já concebidos por Alex Lifeson em toda a carreira. Esses atributos constroem uma faixa de roupagem bastante acessível e moderna que, ao mesmo tempo, remonta um pouco do passado sonoro do grupo.
Muito perspicaz e dinâmica, "Kid Gloves" exala forte e constante energia. Melódica e de condução crua, sua flexibilidade rítmica marca um momento especial em um disco onde a densidade se mostra como fator primordial. Solidificando o olhar conceitual sobre o mundo da época em que Grace Under Pressure foi concebido, a composição também consegue capturar com competência o espírito de preocupação e urgência em torno das diversas facetas das relações humanas do período.
Ninguém ama metáforas tanto quanto Neil Peart. Com sua grande capacidade imaginativa e poesia, ele utiliza a figura das chamadas luvas de pelica - materiais geralmente fabricados com pele fina de animais para que sejam bem macios, feitos para lidar com materiais extremamente delicados inclusive. Na canção, o letrista utiliza o termo para ilustrar duas faces das nossas relações sociais: seja na defensiva, assumindo uma postura mais rude (que podemos associar com a famosa expressão "tapas com luvas de pelica") ou mais aberta, tratando as mesmas com muito cuidado.
Inicialmente, Neil Peart visita novamente com "Kid Gloves" alguns dos dramas da juventude, conforme já explorado em "Subdivisions", faixa de abertura do anterior Signals (1982): a partir da combinação das frases "It's cool to be so tough" ("É legal ser durão") com a emblemática "Be cool or be cast out" ("Seja legal ou fique de fora"), percebemos novamente as indecisões e pressão pela renúncia da individualidade em prol da conformidade, escolhas que podem levar o indivíduo a agir de maneira irresponsável com tudo e com todos ao redor. Nessa canção, temos a possível imagem de um jovem que, principalmente por suas percepções rasas sobre a conjuntura que o rodeia (apontando com indignação passional e pessimismo as diferenças, discordâncias, controvérsias, desarmonias e egoísmo), entende que também precisa assumir a rudeza como fundamental para sua sobrevivência.
No segundo momento da canção, entendemos que a maturidade chega ao protagonista, que parece agora rever seus conceitos tentando encarar o mundo de maneira mais prudente. Porém, ele experimenta concretamente em sua vivência questões similares às das suas percepções de juventude: indiferença, pessoas totalmente consumidas por seus papéis em uma conjuntura de constante pressão e totalmente inconsequentes sobre seus relacionamentos. É interessante observar que, pela experiência, geralmente nos inclinamos a tratar nossas relações de forma mais cuidadosa, mas o mundo acaba se encarregando de fazer o papel inverso por estar envolvido por sentimentos como o ódio e injustiças, invertendo inclusive - em muitos casos - a chamada ética da reciprocidade (ou regra de ouro moral) para uma postura passiva e negativa. No sentido filosófico, esse princípio é entendido como a regra fundamental e inata à natureza humana para uma boa convivência com os demais, sendo encontrado em diversas culturas e religiões e nascendo com o homem para o tornar mais livre e feliz. O fato de existir condições que buscam melhorar a convivência com semelhantes não deve ser visto como algo impositivo ou que restrinja a liberdade, mas entendido como um fator que torna os homens totalmente livres, levando-os a fazer o bem para também encontrar o bem. Dessa forma, através de um ótimo jogo de palavras, Peart ressalta que enquanto possa parecer legal ser durão, finalmente aprendemos com o mundo que também é duro ser legal - o que, por si só, ressalta a grande dificuldade característica das nossas relações e que acaba materializando os próprios problemas da banda para a concepção de Grace Under Pressure.
"1983 foi um ano difícil pra nós", lembra Lifeson. "A última turnê havia sido árdua, e todos estavam passando por algumas mudanças. Antes de Peter Henderson, tínhamos outras duas pessoas com as quais queríamos trabalhar, mas as coisas não foram bem ao longo do caminho e houve um pouco de pânico. 'Kid Gloves' acaba sendo nossa resposta sobre o rolar de tapas e socos durante a pressão".
"Há um certo estado mental, não apenas exclusivo aos músicos, no qual parece que as coisas em sua vida vão um pouco além do controle - talvez um daqueles dias em que a humanidade e o destino conspiram para encher seu caminho com obstáculos ou talvez porque você esteja 'muito cansado'", diz Peart. "Todo mundo recebe sua cota de nuvens negras. Você está trabalhando muito em uma música que sabe que pode ser boa, mas que simplesmente não cola; Você senta no estúdio com as mãos doendo e o coração pesado, incapaz de entregar a performance que a canção demanda após ensaiá-la por tanto tempo. Você escuta a reprodução de algo e, quando acaba, ninguém diz nada - silêncio absurdo, fuga de olhares (Alguém sabe uma piada?). Uma certa tensão nasce nessas horas. A sala está em silêncio. Todos sabem que alguma coisa está errada, mas ninguém quer ser aquele que vai dizer 'isso não está certo'. Criticar é pressupor uma alternativa, sugerir uma ideia e colocar o seu próprio orgulho na linha, expondo sua vulnerabilidade para uma possível rejeição e desentendimento. Escutar a ideia de outra pessoa, com a qual talvez não concorde, é um desafio à sua objetividade e auto controle. É difícil dizer o que é certo sobre algo antes de dizer o que está errado. Trate com luvas de pelica, trate com luvas de pelica. De fato".
Instrumentalmente, a maestria do trio continua inabalável, porém o trabalho de guitarra de Lifeson se destaca de forma impressionante. Declaradamente, "Kid Gloves" traz o segundo solo preferido do guitarrista, depois de "Limelight", de Moving Pictures (1981).
"'Kid Gloves' traz guitarras rítmicas gravadas em double tracking - uma fender telecaster e uma stratocaster - exceto nos refrões, que foram concebidos com uma guitarra apenas", diz Alex. "A base rítmica foi estabelecida antes dos sintetizadores de Geddy, e os harmônicos no solo foram feitos com meus dedos quase enterrados na ponte. Foi o último solo de Grace Under Pressure que fiz, uma obra realmente difícil totalmente criada no estúdio. A seção começa com aquela nota única, e eu ficava pensando, 'Ok, que diabos vou fazer agora?'. (...) Era como, 'Ok, é sua vez. Vá em frente! Faça algo diferente'. Foi um verdadeiro desafio. Passei um longo tempo nisso e fiquei à beira de um colapso nervoso. Foi novamente uma daquelas situações onde você quase enlouquece. Acabou funcionando muito bem. O solo é todo construído como de único take mas, na verdade, foi composto em seções - tocado em seguida como uma composição contínua. Essa canção tem alguns acordes muito bons, como 'The Enemy Within'. Demorei uns dois dias para finalizar".
"O que gosto nesse solo é que é o oposto ao de 'Limelight': tem algo de descolado, um pouco de atitude 'pegajosa', um pouco de humor pateta. Quando o toco, sinto certa confiança, como se fosse uma brincadeira para mim, diferente do jeito com que lido com as coisas na vida real. Engraçado pensar nisso. Havia um plano para ele, e eu só percebi quando gravei o mesmo pela primeira vez. Nunca tenho planos em mente quando gravo solos, me sinto apenas como uma espécie de asa deles. O solo de 'Kid Gloves' me guiou; é como se soubesse o que ele queria ser e eu só tinha que me permitir segui-lo".
Peart traz em "Kid Gloves" uma bela reflexão sobre a maneira ideal com a qual as pessoas devem tratar todas as coisas ao seu redor: com luvas de pelica. É necessário cuidado, sensatez e sensibilidade para lidar com os vastos aspectos das relações humanas, a fim de evitar desentendimentos e problemas mais graves, e até mesmo na resistência das constantes pressões impostas pela adesão da superficialidade e indiferença. Trata-se do grande desafio de superar circunstâncias tão habituais em uma conjuntura tão brutal e apática, ousando ser simplesmente diferente e sem esperar bons retornos. Sem dúvidas, outra bela canção que resume uma expressão responsável de esperança em torno das ligações entre as pessoas.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
MACNAUGHTAN, A. "Alex Lifeson". Free Music. June 1984.
PEART, N. "Grace Under Pressur Tour Book". 1984.
SMOLEN, M. “Aging With Grace”. Circus. July 31, 1984.
"Kid Gloves" é a sexta canção de Grace Under Pressure. Construída em um belíssimo instrumental guiado essencialmente por guitarras, a composição traz sintetizadores diminutos e destaca incríveis e alternadas mudanças de tempo, coroadas por um dos solos mais incríveis e surpreendentes já concebidos por Alex Lifeson em toda a carreira. Esses atributos constroem uma faixa de roupagem bastante acessível e moderna que, ao mesmo tempo, remonta um pouco do passado sonoro do grupo.
Muito perspicaz e dinâmica, "Kid Gloves" exala forte e constante energia. Melódica e de condução crua, sua flexibilidade rítmica marca um momento especial em um disco onde a densidade se mostra como fator primordial. Solidificando o olhar conceitual sobre o mundo da época em que Grace Under Pressure foi concebido, a composição também consegue capturar com competência o espírito de preocupação e urgência em torno das diversas facetas das relações humanas do período.
Ninguém ama metáforas tanto quanto Neil Peart. Com sua grande capacidade imaginativa e poesia, ele utiliza a figura das chamadas luvas de pelica - materiais geralmente fabricados com pele fina de animais para que sejam bem macios, feitos para lidar com materiais extremamente delicados inclusive. Na canção, o letrista utiliza o termo para ilustrar duas faces das nossas relações sociais: seja na defensiva, assumindo uma postura mais rude (que podemos associar com a famosa expressão "tapas com luvas de pelica") ou mais aberta, tratando as mesmas com muito cuidado.
Inicialmente, Neil Peart visita novamente com "Kid Gloves" alguns dos dramas da juventude, conforme já explorado em "Subdivisions", faixa de abertura do anterior Signals (1982): a partir da combinação das frases "It's cool to be so tough" ("É legal ser durão") com a emblemática "Be cool or be cast out" ("Seja legal ou fique de fora"), percebemos novamente as indecisões e pressão pela renúncia da individualidade em prol da conformidade, escolhas que podem levar o indivíduo a agir de maneira irresponsável com tudo e com todos ao redor. Nessa canção, temos a possível imagem de um jovem que, principalmente por suas percepções rasas sobre a conjuntura que o rodeia (apontando com indignação passional e pessimismo as diferenças, discordâncias, controvérsias, desarmonias e egoísmo), entende que também precisa assumir a rudeza como fundamental para sua sobrevivência.
No segundo momento da canção, entendemos que a maturidade chega ao protagonista, que parece agora rever seus conceitos tentando encarar o mundo de maneira mais prudente. Porém, ele experimenta concretamente em sua vivência questões similares às das suas percepções de juventude: indiferença, pessoas totalmente consumidas por seus papéis em uma conjuntura de constante pressão e totalmente inconsequentes sobre seus relacionamentos. É interessante observar que, pela experiência, geralmente nos inclinamos a tratar nossas relações de forma mais cuidadosa, mas o mundo acaba se encarregando de fazer o papel inverso por estar envolvido por sentimentos como o ódio e injustiças, invertendo inclusive - em muitos casos - a chamada ética da reciprocidade (ou regra de ouro moral) para uma postura passiva e negativa. No sentido filosófico, esse princípio é entendido como a regra fundamental e inata à natureza humana para uma boa convivência com os demais, sendo encontrado em diversas culturas e religiões e nascendo com o homem para o tornar mais livre e feliz. O fato de existir condições que buscam melhorar a convivência com semelhantes não deve ser visto como algo impositivo ou que restrinja a liberdade, mas entendido como um fator que torna os homens totalmente livres, levando-os a fazer o bem para também encontrar o bem. Dessa forma, através de um ótimo jogo de palavras, Peart ressalta que enquanto possa parecer legal ser durão, finalmente aprendemos com o mundo que também é duro ser legal - o que, por si só, ressalta a grande dificuldade característica das nossas relações e que acaba materializando os próprios problemas da banda para a concepção de Grace Under Pressure.
"1983 foi um ano difícil pra nós", lembra Lifeson. "A última turnê havia sido árdua, e todos estavam passando por algumas mudanças. Antes de Peter Henderson, tínhamos outras duas pessoas com as quais queríamos trabalhar, mas as coisas não foram bem ao longo do caminho e houve um pouco de pânico. 'Kid Gloves' acaba sendo nossa resposta sobre o rolar de tapas e socos durante a pressão".
"Há um certo estado mental, não apenas exclusivo aos músicos, no qual parece que as coisas em sua vida vão um pouco além do controle - talvez um daqueles dias em que a humanidade e o destino conspiram para encher seu caminho com obstáculos ou talvez porque você esteja 'muito cansado'", diz Peart. "Todo mundo recebe sua cota de nuvens negras. Você está trabalhando muito em uma música que sabe que pode ser boa, mas que simplesmente não cola; Você senta no estúdio com as mãos doendo e o coração pesado, incapaz de entregar a performance que a canção demanda após ensaiá-la por tanto tempo. Você escuta a reprodução de algo e, quando acaba, ninguém diz nada - silêncio absurdo, fuga de olhares (Alguém sabe uma piada?). Uma certa tensão nasce nessas horas. A sala está em silêncio. Todos sabem que alguma coisa está errada, mas ninguém quer ser aquele que vai dizer 'isso não está certo'. Criticar é pressupor uma alternativa, sugerir uma ideia e colocar o seu próprio orgulho na linha, expondo sua vulnerabilidade para uma possível rejeição e desentendimento. Escutar a ideia de outra pessoa, com a qual talvez não concorde, é um desafio à sua objetividade e auto controle. É difícil dizer o que é certo sobre algo antes de dizer o que está errado. Trate com luvas de pelica, trate com luvas de pelica. De fato".
Instrumentalmente, a maestria do trio continua inabalável, porém o trabalho de guitarra de Lifeson se destaca de forma impressionante. Declaradamente, "Kid Gloves" traz o segundo solo preferido do guitarrista, depois de "Limelight", de Moving Pictures (1981).
"'Kid Gloves' traz guitarras rítmicas gravadas em double tracking - uma fender telecaster e uma stratocaster - exceto nos refrões, que foram concebidos com uma guitarra apenas", diz Alex. "A base rítmica foi estabelecida antes dos sintetizadores de Geddy, e os harmônicos no solo foram feitos com meus dedos quase enterrados na ponte. Foi o último solo de Grace Under Pressure que fiz, uma obra realmente difícil totalmente criada no estúdio. A seção começa com aquela nota única, e eu ficava pensando, 'Ok, que diabos vou fazer agora?'. (...) Era como, 'Ok, é sua vez. Vá em frente! Faça algo diferente'. Foi um verdadeiro desafio. Passei um longo tempo nisso e fiquei à beira de um colapso nervoso. Foi novamente uma daquelas situações onde você quase enlouquece. Acabou funcionando muito bem. O solo é todo construído como de único take mas, na verdade, foi composto em seções - tocado em seguida como uma composição contínua. Essa canção tem alguns acordes muito bons, como 'The Enemy Within'. Demorei uns dois dias para finalizar".
"O que gosto nesse solo é que é o oposto ao de 'Limelight': tem algo de descolado, um pouco de atitude 'pegajosa', um pouco de humor pateta. Quando o toco, sinto certa confiança, como se fosse uma brincadeira para mim, diferente do jeito com que lido com as coisas na vida real. Engraçado pensar nisso. Havia um plano para ele, e eu só percebi quando gravei o mesmo pela primeira vez. Nunca tenho planos em mente quando gravo solos, me sinto apenas como uma espécie de asa deles. O solo de 'Kid Gloves' me guiou; é como se soubesse o que ele queria ser e eu só tinha que me permitir segui-lo".
Peart traz em "Kid Gloves" uma bela reflexão sobre a maneira ideal com a qual as pessoas devem tratar todas as coisas ao seu redor: com luvas de pelica. É necessário cuidado, sensatez e sensibilidade para lidar com os vastos aspectos das relações humanas, a fim de evitar desentendimentos e problemas mais graves, e até mesmo na resistência das constantes pressões impostas pela adesão da superficialidade e indiferença. Trata-se do grande desafio de superar circunstâncias tão habituais em uma conjuntura tão brutal e apática, ousando ser simplesmente diferente e sem esperar bons retornos. Sem dúvidas, outra bela canção que resume uma expressão responsável de esperança em torno das ligações entre as pessoas.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
MACNAUGHTAN, A. "Alex Lifeson". Free Music. June 1984.
PEART, N. "Grace Under Pressur Tour Book". 1984.
SMOLEN, M. “Aging With Grace”. Circus. July 31, 1984.