AFTERIMAGE



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AFTERIMAGE

Suddenly -
You were gone
From all the lives
You left your mark upon

I remember -
How we talked and drank
Into the misty dawn
- I hear the voices
We ran by the water
On the wet summer lawn
- I see the foot prints
I remember -

- I feel the way you would
- I feel the way you would
Tried to believe
But you know it's no good
This is something
That just can't be understood
I remember -
The shouts of joy
Skiing fast through the woods
- I hear the echoes

I learned your love for life
I feel the way that you would
- I feel your presence
I remember -
I feel the way you would
This just can't be understood...
PÓS-IMAGEM

De repente -
Você se foi
De todas as vidas
Que marcou

Eu me lembro -
De como conversávamos e bebíamos
Até o amanhecer enevoado
- Eu ouço as vozes
Corríamos pela água
Na grama molhada do verão
- Eu vejo as pegadas
Eu me lembro -

- Eu sinto como você sentiria
- Eu sinto como você sentiria
Tentei acreditar
Mas você sabe que isso não é bom
Isso é algo
Que simplesmente não pode ser entendido
Eu me lembro -
Dos gritos de alegria
Ao esquiar rapidamente pelas árvores
- Eu ouço os ecos

Eu aprendi com seu amor pela vida
Eu sinto como você sentiria
Eu sinto sua presença
Eu me lembro -
Eu sinto como você sentiria
Isto simplesmente não pode ser entendido...


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart


Homenagem póstuma a um grande amigo

"Afterimage" é a segunda faixa de Grace Under Pressure. Intensa e fortemente emocional, a canção trata sobre o impacto da morte de alguém próximo. Neil Peart, com grande sutileza e fantástica habilidade para descrever momentos e sensações, compõe a canção após a perda do jovem Robbie Whelan, engenheiro de som assistente que trabalhou com a banda no Le Studio em Morin Heights, Quebec (Canadá), durante as gravações dos álbuns Permanent Waves, Moving Pictures e Signals.

"Durante nossa segunda estadia no Le Studio, enquanto gravávamos o álbum Moving Pictures, acabei me deslumbrando com inverno dos Montes Laurentides", lembra Peart. "O engenheiro-assistente, Robbie Whelan, um entusiasmado jovem inglês de cabelos encaracolados e olhos brilhantes, apresentou-me ao esqui cross-country, e eu costumava segui-lo pelas trilhas da floresta coberta de neve. Quando nos aproximávamos de uma descida, podia ouvir seus gritos de excitação adiante ("Eu me lembro dos gritos de alegria, ao esquiar rapidamente pelas árvores"). No caminho para o Le Studio, perto de 1983, Robbie faleceu em um acidente de carro. 'Afterimage' foi escrita para ele".

Musicalmente, "Afterimage" é forte composição progressiva com inserções da new wave que destaca os sintetizadores de Geddy Lee, porém sem confrontos com as guitarras e percussão. O denso instrumental consegue criar uma clara atmosfera de tristes lembranças, marcada principalmente por um tocante trabalho de Alex Lifeson, que traz grande impacto visual ao traduzir incrivelmente todo sentimento nostálgico do tema - como se sua guitarra chorasse uma perda em alguns momentos.

"'Afterimage' traz a história de um querido amigo nosso que faleceu em um acidente de carro", diz Alex. "Queríamos celebrar sua vida, mas há a tristeza na canção e o solo de guitarra é uma tradução disso. Penso nele todas as vezes que toco essa música. Ele trabalhou no Le Studio, e estávamos bem ali onde ele sempre estava. Diminuímos um pouco as luzes, e fiquei emocionado. Não sei quantas vezes meus olhos ficaram marejados naquele solo enquanto tocávamos. Em algum desses momentos, estava tão emocionado que perdi o tempo. Dessa forma, voltamos e eu disse, em voz soluçante, 'Ok, vamos tentar novamente'".

"Um amigo nosso, Robby Whelan, era um dos operadores de fitas do estúdio no Le Studio
", lembra o guitarrista. "Era um cara muito próximo - ele era incrível. Sabia de tudo o que acontecia lá, uma pessoa maravilhosa que amava a vida ao máximo. Infelizmente, faleceu em um acidente de carro há um ano. Dessa forma, a canção é para ele".

"Para 'Afterimage', utilizei a combinação de um som vocal e uma voz humana, tocando melodias aleatórias que sobrepunham a parte principal, o que criou alguns altos e baixos emocionais"
, explica Alex."Não há nada como fazer isso espontaneamente; acho que é parte da magia dos discos. Quando você está tocando um trecho com um tipo de sonoridade que adora, quase tudo que você faz soa bem. Ouvir uma música bem estruturada e tentar encaixar notas nela faz suas emoções subirem. Essa é a magia que mais amo nas gravações".

"Não utilizei nada especial para as linhas melódicas de 'Afterimage', após Geddy cantar 'I feel the way you would'. Acho que conseguimos um som quente, bem comprimido, alto e com muito eco. Após, há uma seção abafada de picking. Eu silencio as cordas com a palma da mão em um movimento descendente. As ondulações de volume antes do solo são todas nos teclados - os tipos de sons etéreos reais são todos em um PPG. A guitarra faz apenas acordes nesse momento. Utilizei acordes no solo porque quis abordá-los de uma maneira diferente, dando um pouco mais de valor aos mesmos. Acho que funcionou muito bem; há uma boa combinação de acordes que segue uma linha melódica no final".


Nesse período, Geddy trabalhava na independência das suas mãos, compondo linhas de baixo no teclado exclusivas para a mão esquerda. "Quando não estou tocando baixo, faço as mesmas no teclado", ele explica. "Para 'Afterimage', faço todas as linhas de baixo com a mão esquerda (...). Esse foi o grande passo para mim em Grace Under Pressure, em termos de tocar teclados. Quase todas as vezes trouxe uma parte de teclado para a mão direita e um padrão de baixo para a mão esquerda, mesmo que básica, apenas para adquirir o hábito de fazer. Dessa forma, também poderia configurar diferentes sons de baixo. Nessa turnê venho utilizando dois teclados ao mesmo tempo, coisa que nunca havia feito antes. Tudo isso é parte do desenvolvimento da independência das minhas mãos. Posso configurar um som aqui, o som de baixo lá e seguir. É uma sensação legal ter as coisas espalhadas assim".

O título da "Afterimage" refere-se a um tipo de ilusão de ótica chamada pós-imagem retiniana, com imagens que continuam a aparecer na visão após a exposição original ter cessado. Uma fita cinematográfica é composta de fotogramas com imagens estáticas, e o movimento que vemos na tela é uma ilusão de ótica causada pelo fenômeno (qualquer imagem que vemos demora um pouco para se 'apagar' em nossa retina). Essas imagens vão se sobrepondo e o que percebemos é um movimento. Porém, o que de fato é projetado na tela é uma fotografia estática, tal como uma sequência de slides.

Embora traga um tom de tristeza, "Afterimage" tenta captar as belas memórias da banda com um grande amigo. Em suma, a composição aborda a fragilidade da vida - a única certeza que temos. Peart nos faz pensar na busca por viver intensamente todos os momentos que temos com aqueles que amamos, pois não sabemos até quando estaremos com eles.

"É uma faixa forte o suficiente para valer por si própria", diz o produtor Peter Henderson. "É um single natural".

"Ainda sinto arrepios com a emoção dessa faixa", diz Lifeson. "A voz e a resposta da guitarra em seguida foi exatamente o que queríamos alcançar".

© 2015 Rush Fã-Clube Brasil

PEART, N. "Roadshow: Landscape With Drums: A Concert Tour by Motorcycle". Rounder Books. May 14, 2007.
TELLERIA, Robert E. "Merely Players Tribute". Quarry Music Books, 2002.
ARMBRUSTER, G. "Geddy Lee of Rush". Keyboard. September 1984.
BANASIEWICZ, B. "One Step Ahead - Legendary Trio Return to Action With Grace Under Pressure". Hit Parader. August 1984.
OBRECHT, J. "Playback: The Making of an Album / Rush "Grace Under Pressure" - By Alex Lifeson". Guitar Player. August 1984.
MACNAUGHTAN, A. "Alex Lifeson". Free Music. June 1984.