LIFESON: "O RUSH FARÁ ALGO EM BREVE"



27 DE JULHO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

Alex Lifeson participou de um evento beneficente promovido pelo Coppinwood Golf Club no mês de junho em Ontário, no qual o clube também comemorou seus 10 anos de fundação. Contando com um time composto por vários músicos, foram executadas algumas canções do Rush, como "Distant Early Warning", "The Spirit of Radio", "Limelight", "Tom Sawyer" e "Closer to the Heart" (com Bubbles do Trailer Park Boys). Uma das bandas participantes foi a The Carpet Frog, trazendo o baixista Jeff Jones, este que chegou a integrar o Rush nos primórdios - antes mesmo de Geddy Lee.

O fã brasileiro Leo Skinner teve acesso a um relato emocionante de um outro admirador da banda que esteve presente nessa programação. Kurt Sunn escreveu um material fantástico, contando como foi passar alguns momentos ao lado do lendário guitarrista do Rush, conseguindo inclusive algumas pistas sobre os próximos movimentos do trio canadense. Acompanhem esse belo material, publicado com exclusividade pelo Rush Fã-Clube Brasil:

ONE LITTLE VICTOR - UMA NOITE COM ALEX LIFESON
Por Por Kurt Sunn | Tradução: Leo Skinner

Quando você mora em Toronto, Ontário, meio que está à apenas um grau de conhecer alguém que seja próximo de alguém da banda. Tenho sorte nesse sentido. Meu irmão é membro do clube de golf Coppinwood e trabalha de forma estritamente próxima do seu fundador, Paul McLean. Alex Lifeson também é membro, sendo companheiro de partida e amigo de Paul. Tom Cochrane também é amigo e companheiro de golf de ambos.

Há alguns meses, meu irmão me contou que iria acontecer um ''jantar'' em comemoração aos 10 anos do clube de golf e que provavelmente Lifeson e Tom Cochrane estariam por lá - talvez tocando algo. Ele tinha permissão para comprar ingressos extras; concordei em ir e ele me deu um ingresso. Pensei, "Por que não? Terei uma boa refeição e talvez estarei presente na mesma sala que Alex e Tom, e eles talvez tocarão uma versão acústica de 'Crossroads' ou algo do tipo. Vou levar minha cópia do álbum Victor e uma caneta, caso o momento certo aconteça".

Chegando no clube de golfe, no dia 11 de Junho de 2016, ficou claro que esse seria muito mais do que um jantar de aniversário comum. Um palco bem organizado estava montado com destaque entre os pitorescos campos de golf. Notei também alguns roadies familiares ao redor, e enquanto regulavam o som, a luz e as configurações do palco, vi o técnico de baixo de Geddy, John Skully, junto de outros vestindo as roupas da turnê R40. Um proeminente amplificador escrito Lerxst estava no centro do palco - havia algo especial no ar.

Com as bebidas e alimentos nas mãos, eu e meu irmão (outro fã assíduo do Rush e também a razão pela qual me tornei fã) reconhecemos Alex enquanto ele esperava a mini sessão de fotos com os caras do Trailer Park Boys, em frente ao clube de golf. Alex pareceu reconhecer meu irmão do clube e eles começaram a conversar sobre o esporte. Numa forma contente e animada, Alex mencionou que estava desapontado por este ser o primeiro verão no qual estava de férias em muitos anos, e por não poder jogar golf devido a um problema nos ombros. Os pensamentos que passavam pela minha cabeça nesse momento eram, "Uau, estou a menos de um metro e meio de Alex Lifeson e ele está conversando com meu irmão. Ele é um alto e tem dentes muito bons...".

Sempre temi me aproximar de qualquer integrante da banda, pois não queria arruinar minha idolatria e adoração com um momento desagradável e constrangedor que teria acabado com o dia e manchado a minha imagem com eles. Não sou "um amigo há tanto tempo esperado" e sei disso. Com essa frase na minha cabeça, tentei o meu melhor com Alex. Os pensamentos nessa hora foram, "Não seja um idiota: você está falando com Alex Lifeson. Seja legal".

Sem revelar o quão fanático sou pelo Rush, perguntei educadamente ao Alex se ele iria tocar mais tarde. Ele confirmou e brinquei dizendo que esse provavelmente seria o maior show que faria no ano. Ele respondeu sorrindo, "É, não estou muito feliz com isso".

Alex desapareceu para tirar fotos com os outros caras e alguns fãs, então decidi que ficaria com o CD Victor naquele momento. Estaria feliz não tendo nada autografado naquela noite, pois percebi que não era o melhor lugar para pedir uma assinatura. Alex é uma pessoa bem "pés no chão" e simples, e ele claramente estava desfrutando do evento como todos os outros. Eu não queria ser o cara que começaria uma barricada de autógrafos para acabar com a noite.

Começamos a assistir a uma banda local, Carpet Frogs, tocando ótimo covers. As bebidas continuavam vindo e todos estavam curtindo muito. Mais tarde descobri que o baixista era Jeff Jones, que tocou no Rush antes de Geddy Lee.

Tivemos alguns discursos e então Alex foi apresentado, ficando ao lado do Mestre de Cerimônias da noite. Ele é inerentemente espirituoso e bem humorado da mesma forma que todos nós sabemos, e agora eu tinha a oportunidade de testemunhar isso além de qualquer piada ou brincadeiras das turnês. Ele brincou sobre não estar tocando, dizendo que essa banda era muito mais bonita e apresentável do que a sua "outra banda". Ele ajustou sua Gibson vermelha e se preparou para apresentar algo.

"Distant Early Warning"! Quê? Ele está tocando Rush? Ele está tocando "Distant Early Warning"! Eu estou à meio metro de Alex Lifeson e ele está tocando Rush?! Estou na primeira fila, e não tem ninguém na minha frente além de mim!

Eles estavam ótimos! Em retrospecto, eu testemunhava um pouco do Rush. Evidentemente, não acho que muitos dos membros do clube sequer conheciam "Distant Early Warning" - mas eu estava lá, na primeira fila e sozinho, curtindo meu show pessoal e cantando junto "Absolom, Absolom, Absolom". Foi maravilhoso ver Alex cantando todas as músicas e se divertindo muito, tanto como guitarrista quanto fã da sua própria banda. (À propósito, ele sabe todas as letras).

Se a noite acabasse naquele exato momento, eu estaria muito feliz, maravilhado e empolgado com tudo. Mas continuou. "Limelight", "The Spirit of Radio" e, para fechar o set com "mais uma do Moving Pictures e um dos estandartes nos shows do Rush", de acordo com o próprio Alex, "Tom Sawyer". Ele deixou o palco dizendo, "adoraria tocar mais um pouco, mas acho que eles não podem pagar meu cachê".

A noite continuou com um pouco do humor do pessoal do Trailer Park Boys, o que acabou se tornando um pequeno grupo, incluindo Lifeson tocando uma música do Johnny Cash junto com Bubbles (Trailer Park Boys) nos vocais. E, quando estavam prontos para deixar o palco, Bubbles foi ao microfone e disse, "Não vou sair da porra do palco até tocar uma música do Rush - nem fodendo". Então, os arpejos marcantes foram iniciados, e eu estava escutando Bubbles e Lifeson tocando "Closer to the Heart". Teria como melhorar?

E melhorou! Alex chamou Tom Cochrane para o palco e fez algumas piadas. Tom apresentou sua banda, Red Rider, com Jeff Jones no baixo também. Acho que o pessoal do clube respondeu melhor às músicas da Red Rider do que às do Rush. Você não sabe que a Red Rider tem tantos hits até ouvi-los. Novamente, a noite não poderia ficar melhor.

E ficou. Na apresentação de Tom Cochrane, Alex contou a história de uma noite que ele passou ouvindo Tom tocar todos os seus hits num violão no Arizona, e de como o talento de Tom o levou às lágrimas.

Depois, quando olhei para a direita, Alex estava junto com o público assistindo seu amigo Tom tocar. Aleatoriamente (ou por acaso, na minha perspectiva), ele decidiu ficar do meu lado para curtir o show. Minha cabeça: "Estou aqui assistindo a um show maravilhoso, batendo cabeça com os hits do Tom Cochrane junto com Alex Lifeson. Isso é real?".

Nesse momento, o álcool havia ampliado a minha coragem. Peguei minha cópia do Victor e humildemente perguntei: "Desculpe-me Alex (como se de alguma forma eu tivesse intimidade para chamá-lo pelo apelido), mas posso te incomodar para autografar o meu CD?". Ele ficou um pouco surpreso por ser o Victor e não "mais um'' CD do Rush, respondendo: "Ah... nesse CD com certeza!".

Eu me atrapalhei com as palavras ao falar, agradecendo por uma vida inteira dedicada à música e por ele entregar a trilha sonora da minha vida. Expressei como gostaria que a banda continuasse e ele concordou.

"Não se preocupe. Faremos algo em breve."

Se você sofreu até aqui com a minha história para ouvir isso, então a sua paciência valeu pela minha verbosidade. Há esperança. Ainda existe o Rush. Alex definitivamente quer fazer algo.

Eu brinquei, "Pelo menos mais um álbum..." e ele sorriu em aprovação. Percebi que agora provavelmente poderia continuar conversando com ele para conseguir mais informações, visto que não estava aborrecido comigo. Mas eu queria muito que ele apenas curtisse o show, a noite e o talento dos seus amigos.

Um pouco tonto e bêbado, quase sem jeito e sem saber o que dizer, minhas últimas palavras para ele foram, "Clockwork Angels foi uma obra prima". Ele sorriu e me agradeceu pela gentileza e bondade, e começou a procurar onde estava o segurança mais próximo.

Mais tarde, Lifeson e outros músicos subiram ao palco para tocar "Life is a Highway", solando ferozmente - e também uma última música, "Lunatic Fringe".

Ele é genuíno, bem humorado, espirituoso e um ser humano de classe. Estou feliz de ter ido a esse encontro no Coopinwood no dia 11 de Junho de 2016. Agora preciso aprender a jogar golf.

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