GEDDY E ALEX CONTAM ALGUMAS HISTÓRIAS DE CANÇÕES DO RUSH



23 DE NOVEMBRO DE 2015 | POR VAGNER CRUZ

Em mais um artigo dedicado à divulgação do novo R40 Live, Geddy Lee e Alex Lifeson conversaram recentemente com a revista norte-americana Entertainment Weekly, uma publicação da Time. No bate-papo, os músicos compartilham histórias por trás de algumas das canções mais destacadas da banda, incluindo "Headlong Flight", "Roll the Bones", "Tom Sawyer" e "Losing It", essa última tocada ao vivo pela primeira vez na última turnê, a R40. Acompanhem esse novo material, inteiramente traduzido pelo Rush Fã-Clube Brasil.

Steve Russell / Toronto Star via Getty Images
RUSH COMPARTILHA HISTÓRIAS POR TRÁS DE CANÇÕES ICÔNICAS

Entertainment Weekly / 20 de novembro de 2015 - Por Eric Renner Brown

Os heróis do progressivo do Rush celebraram o 40º aniversário da sua formação atual - Geddy Lee no baixo e vocais, Alex Lifeson na guitarra e Neil Peart na bateria - este ano, embarcando em uma turnê épica de shows que abrangeram toda a carreira, repletos de canções de toda sua enorme discografia. E, enquanto os concertos possam se tornar passado para o Rush em um futuro próximo - "Nossos dias fazendo longas turnês estão provavelmente terminados", conta Lee à EW - eles vasculharam seu catálogo à procura de raridades e sucessos, da mesma forma que tocaram alguns dos shows mais memoráveis que a banda já fez em anos.

"Foi ótimo tocá-las", diz Lee sobre revisitar canções mais antigas. "Você se coloca de volta ao estado de espírito que tinha quando as escreveu. E, apesar de muitos anos mais tarde, está tocando melhor, pois está melhor como músico. Há ainda mais intensidade".

O Rush capturou shows enormes - sequenciados em ordem cronológica inversa a fim de amplificar as vibrações nostálgicas - em R40 Live, um DVD / Blu-ray / CD ao vivo lançado hoje retirado de duas paradas da turnê na cidade natal da banda, Toronto. Lee e Lifeson conversaram com a EW para compartilhar histórias por trás de algumas canções dessa coleção, que vão desde o sucesso inesperado "Tom Sawyer" até a rara "Losing It", de 1982.

"Headlong Flight" (2012)

Geddy Lee: Essa veio de várias jams. Nossa intenção original era que fosse instrumental.

Alex Lifeson: Meu violão estava afinado em Mi maior, pois só estávamos brincando, tentando coisas diferentes. A jam começou blueseira e se desenvolveu para essa música.

GL: Quando você tem uma longa carreira, não há problemas em pedir emprestado de si mesmo, sendo mais ou menos como um modelo. Mas você tem que fazer isso de uma forma nova, que traga algo completamente novo. Sou particularmente orgulhoso dessa canção, acho que é uma das melhores que já compomos.

"Roll The Bones" (1991)
Leia uma resenha especial aqui.

GL: Estávamos à procura de algo que parecesse diferente, e tentávamos encontrar uma vibe funk - sabe, uma vibe funk de canadenses brancos, não uma vibe funk verdadeira. Então Neil veio com esse rap louco que ele escreveu, o que era muito angular e que não era um rap "muito rap".

AL: Não queríamos que fosse algo muito piegas. Conversamos sobre termos alguém para fazer o rap naquele momento, um rapper legítimo.

GL: Olhamos para os comediantes, apenas para nos divertirmos nisso. Conversamos com John Cleese em algum momento. No fim, nenhuma dessas ideias colaram e acabamos decidindo por trabalhar minha própria voz eletronicamente, onde eu faria o rap - porém, soando como um tipo de cyborg. Quando foi lançada, algumas estações de rock não tocaram por haver um rap nela. Não há nada de rap nessa canção.

AL: Foi um exercício de rimas.

GL: [Neil] estudou intensamente o que havia e, acho que mais do que qualquer coisa, adorou a ideia da poesia de rua, que é onde o rap realmente nasceu. Ele estava apenas se divertindo com sua própria versão disso.

"Losing It" (1982)
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AL: Ela se encaixa na ideia temática de Signals, de 1982.

GL: Neil tinha essa letra, sobre o quão difícil é quando alguém que sempre esteve no topo começa a perder sua capacidade continuar dessa forma. Assim, escrevemos essa canção melódica e melancólica.

AL: [Violinista] Ben [Mink] se encontrava no estúdio conosco. Estávamos brincando, tocando músicas natalinas e coisas do tipo.

GL: Ben arrebentou nessa. Ele toca violino elétrico da forma que Jeff Beck toca guitarra.

AL: Sugeri tocarmos essa em 2015, e os caras abraçaram a ideia. Nunca tínhamos tocado ao vivo, e ela tem um caráter particular. Queríamos manter esses shows bem pra cima e essa trazia um momento em que diminuíamos, um momento mais silencioso.

GL: Tendo em vista que saimos em turnê com uma orquestra de cordas no ano passado, a ideia de trazer uma pessoa extra para o palco não era mais estranha.

AL: Os fãs adoraram. O grande fato sobre tocar essa canção ao vivo era que você não sabia o que ia acontecer. Esperávamos atravessá-la sem ser um terrível desastre. É emocionante fugir da rotina rígida, na qual ensaiamos coisas que normalmente fazemos.

"Tom Sawyer" (1981)
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GL: Havia algumas dúvidas se iríamos mesmo continuar com essa no disco em um determinado momento, pois lutamos com ela durante muito tempo. O engenheiro Paul Northfield veio com esse jeito estranho de microfonar o amplificador de Al, o que criou esse som ambiente super interessante.

AL: E, em seguida, a música veio à vida.

GL: Foi realmente quando a canção decolou. Sempre há uma faixa que te deixa completamente louco, e essa foi uma no Moving Pictures. Nunca achei que acabaria sendo a música mais popular que já compus.

AL: É uma música peculiar. Foi tão difícil de fazer parecer certa - mas, no fim, não há dúvidas que conseguimos.

"YYZ" (1981)
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GL: Neil e eu começamos a tocar e ele veio com esse ritimo em código Morse. Acabei escrevendo o esqueleto da canção no baixo e na bateria. Então, Al entrou acrescentando suas partes, e a coisa floresceu.

AL: O código Morse veio de um voo de volta para Toronto. Tinha um amigo que nos pegou em um Piper Aztec, um pequeno avião de seis lugares. O código Morse notificador para Toronto é YYZ. Estávamos ouvindo e Geddy ou Neil comentou sobre o ritmo dele, sobre o tipo de ritmo legal que seria.

"Closer To The Heart" (1977)
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GL: A letra tinha um grande sentimento e parecia implorar por uma abordagem mais ponderada, menos exagerada.

AL: Nós dois compomos essa em violões - era assim que fazíamos nos primeiros discos. Usávamos bastante nossa imaginação.

GL: Estávamos na estrada o tempo todo e, dessa forma, acabaríamos compondo numa merda de quarto de hotel ou na parte de trás de um carro. Faríamos um show e, às vezes, estaríamos de volta ao hotel enquanto o headliner ainda estivesse tocando, e faríamos uma jam lá.

AL: Muito de Fly By Night foi escrito no banco de trás da perua que tínhamos.

GL: Se você se sentar com um violão e tocar bastante, conseguirá o peso que estará implícito. Quando se conecta a um amplificador, não brinca em serviço - e ele acaba te distraindo daquilo que você está de fato tentando fazer, que é compor notas. Portanto, compor no violão simplifica as coisas, e te mantém conectado ao processo de composição.

"2112" (1976)
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GL: Nos achávamos muito inteligentes. A banda não poderia fazer essa agora, pois não estamos armados com a mesma ingenuidade. A ingenuidade te faz um pouco mais audacioso - e a grande arte vem da audácia. Não há regras ao escrever um livro de ficção científica - você pode fazer qualquer merda que deseja. O mesmo vale para nós musicalmente. Você pode usar todos os tipos de sons e tudo isso pode ser racionalizado pela história que você está contando, que é definida em um contínuo espaço-tempo diferente.

AL: Isso foi depois Caress of Steel, que não foi um disco muito bem sucedido comercialmente - havia bastante funk à nossa volta. Todo mundo estava meio para baixo. Havia muita pressão sobre nós para fazermos um disco de rock diferente.

GL: Quando assinamos o contrato, as pessoas esperavam que fôssemos o novo Humble Pie, o novo Bachman-Turner Overdrive ou o novo Bad Company. Essas foram as bandas que se tornaram grandes em seguida. Eles achavam que seríamos mais uma daquelas. Assim, começamos a fumar bastante óleo de haxixe, indo em uma direção diferente. [pausa] Enganamos vocês!

"Anthem" (1975)
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GL: "Anthem" foi uma canção que escrevemos quando John Rutsey ainda estava na banda - pelo menos a introdução. John não gostou. Ele não podia tocá-la, pois era em 7/4. Estávamos começando a ficar mais aventureiros e ele era um simples cara do rock and roll. Quando Neil veio para a audição [depois que John deixou a banda], fizemos uma jam dessa - e ele acertou em cheio! Assim que eu vi, era o nosso cara. Nós o convencemos a escrever letras - ele nunca tinha experimentado isso antes [N. do T.: Sim, Peart já havia escrito letras em sua antiga banda J.R. Flood] - e algumas eram bem detalhadas e muito difíceis de cantar. Ele nos levou automaticamente em uma direção diferente, com a qual a gravadora ficou surpresa - e acho que também ficamos surpreendidos.

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