GEDDY E ALEX COMENTAM R40, ROCK AND ROLL HALL OF FAME, PROJETOS E O FUTURO DO RUSH



19 DE NOVEMBRO DE 2014 | POR VAGNER CRUZ

Alex Lifeson e Geddy Lee | Foto por Ethan Miller / Getty Images
Por Brian Ives

Ao longo das últimas duas semanas, o site Radio.com mostrou com exclusividade versões ao vivo de canções inéditas dos primórdios da banda: "I've Been Runnin'" (seguida de uma entrevista com Alex Lifeson) e "The Loser" (ao lado de um bate-papo com Geddy Lee). Fãs de qualquer artista sempre ficam animados com a possibilidade de liberação de faixas raras e perdidas mas, dentro do catálogo do Rush, existem poucas dessas raridades. Ao longo das décadas, eles só gravaram canções que realmente precisaram para seus álbuns, não havendo b-sides ou faixas que ficaram de fora para serem encontradas.

No entanto, nos primeiros dias da banda, quando o lineup trazia o baterista John Rutsey, eles escreveram várias canções que não foram utilizadas no álbum de estreia autointitulado. E, uma vez que Neil Peart substituiria Rutsey, essas composições foram descartadas. Inclusive Lee e Lifeson não se lembravam de muitas delas.

Porém, ambas canções apresentadas foram executadas pela banda em um show televisionado na escola Laura Secord em Ontário, no ano de 1974. A apresentação completa agora está incluída entre as duas horas do material bônus do lançamento R40, um box que traz a reunião de todos os shows da banda lançados nos últimos anos (clique aqui para detalhes).

Nas entrevistas separadas com Geddy e Alex, foram discutidos outros pontos do disco bônus, como a entrada da banda no Rock and Roll Hall of Fame, os vídeos cômicos que eles vêm produzindo para seus shows, um resumo do que os músicos vêm fazendo, campanhas de caridade e o que o Rush pretende para 2015.

Entre os extras do box há as imagens da entrada de vocês no Rock and Roll Hall of Fame. O Hall é bem mais um produto da revista Rolling Stone que, até poucos anos, não reconhecia o Rush, para grande desgosto dos seus fãs!

Alex Lifeson: Sim, bem, eu realmente não sei o que rola com eles. Eles não gostavam de nada nosso na Rolling Stone e, de fato, acho que era algo que beirava o ódio. Havia muitas pessoas de gerações mais antigas engajadas. Acho que estivemos elegíveis 14 anos antes de finalmente conseguirmos. Eles absolutamente não nos queriam lá. Mas, depois de um tempo, não tiveram escolha, pois outros artistas homenageados manifestaram suas opiniões sobre não estarmos dentro, votando em nós.

Não nos passou despercebido que eles costumavam fazer a cerimônia de posse no Waldorf Astoria em Nova York, e no nosso ano aconteceu em uma arena repleta de fãs do Rush que precisaram pagar um valor absurdo nos ingressos. [Nota: na verdade foi o segundo ano aberto ao público; no ano anterior foi realizada no Public Hall de Cleveland]. Tivemos que rir disso. O Hall of Fame é um dinheiro que faz a proposição. E isso é bom. Acho que fomos ambivalentes entrando nele. Quando fomos indicados, nos causou uma certa surpresa, pois pensávamos que não seriamos empossados a menos que sobre o cadáver de Jann Wenner. Mas ele ainda está bem vivo!


Devo dizer que no ensaio na noite anterior, fizemos a jam para o encerramento, com todos aqueles grandes músicos que estavam no palco. Tocávamos "Crossroads" enquanto eu olhava para Tom Morello, Chris Cornell e Dave Grohl, músicos que admiro muito, me sentindo como em uma comunidade. Pareceu-me que esse sim deveria ser o Hall of Fame. No final estávamos todos nos cumprimentando, e tudo parecia tão certo e bom. Dessa forma, qualquer tipo de sentimentos negativos haviam se dissipado após o ensaio.

Geddy Lee: Foram grandes momentos que eu não queria que acabassem, poderia ter tocado aquela canção pra sempre. Depois de tudo o que foi dito e feito sobre nós e o Rock and Roll Hall of Fame, com toda a tensão de uma noite longa... Mas, no fim de tudo, ter esse momento, apenas com músicos fazendo música e com o denominador comum sendo uma canção blues clássica – e todo o tema da noite era meio que sobre como o blues deu origem ao rock – ela pareceu apropriada, um daqueles momentos perfeitos. Foi o paraíso total para mim.

Vocês não fazem jams com outras bandas com muita frequência.

Lee: Não sou muito para jams. Normalmente, quando usam baixistas em jams, eles tocam as mais chatas, mas essa foi especial.

Eu estava no prédio para a cerimônia. Notei que, no início da noite, quando Jann Wenner entrou no palco para dar boas vindas a todos, foi saudado por vaias retumbantes, obviamente, dos fãs do Rush. Isso não entrou na transmissão da HBO!

Lifeson: Acho que um monte de gente curtiu aquele momento. O que nos surpreendeu foi quando ele apresentou os homenageados. Ele nos deixou por último, dizendo, "E de Toronto, Canadá...", e o local, você estava lá, você ouviu – explodiu. Foi inacreditável. E isso não passou despercebido para Jann também. Estávamos segurando as lágrimas. Foi incrível. Eu nunca, nunca, nunca vou esquecer aquele momento.

Lee: Todos nós nos enchemos de lágrimas naquele momento, foi algo grande de se ver. Tornou-se evidente muito rapidamente que grande parte do público que estava lá era para nós; era um público do Rush naquela noite. Mas aquele momento nos trouxe tanta surpresa quanto para o Jann. De fato, não pensávamos muito no que estávamos indo experimentar naquela noite. Não tínhamos ideia da magnitude do momento, e é algo que sempre vou lembrar.

Houve uma justiça poética em um dos caras que discursaram para vocês – Dave Grohl – que foi baterista do Nirvana, uma das bandas mais elogiadas das últimas décadas.

Lee: Foi muito doce Dave e Taylor [Hawkins] quererem fazer o discurso. São pessoas fantásticas, assim como músicos extremamente talentosos. Acho que as pessoas não percebam o quão raro é nesse negócio encontrar músicos desse calibre que são caras normais, com os quais você gostaria de sair.

Obviamente que vocês tiveram que ensaiar com eles para tocarem "2112", mas vocês sabiam que eles viriam completamente vestidos de "2112"?

Lee: [Risos] Não, eles não nos contaram. Eles vieram até nosso local de ensaio e tocaram a música de forma furiosa e incrível. Tenho uma foto de nós três – Alex, Neil e eu – sentados em road cases observando-os. Eles tinham um sorriso amarelo em seus rostos, e foi simplesmente inacreditável. Dave pegou de forma exata todas as partes de Alex, até mesmo as partes que Alex não consegue tocar!

Alex, vamos falar sobre seu discurso do seu agora infame discurso.

Lifeson: [Risos].

É verdade que você não disse ao Geddy e ao Neil o que ia fazer?

Lifeson: Não, não falei! Eu tinha um discurso verdadeiro. Durante todo o "blá, blá, blá", tirei meu discurso "real" do paletó. Ged agradeceu aos fãs e à equipe, Neil agradeceu à família e aos amigos, e eu pensei: "O que mais posso dizer? Tudo já foi dito. Na verdade, todo discurso de agradecimento é igual desde o inicio dos tempos, sempre e sempre!" Então, quando estávamos subindo os degraus para o palco pensei, "Vou fazer isso".

Onde conseguiu a ideia?

Lifeson: No caminho de carro até lá, enquanto ensaiava meu discurso [real], pensei: "Com meu cérebro sumindo, não me lembro de nada. Deveria dizer 'Blá, Blá, Blá'". Então uma lâmpada acendeu na minha cabeça. "Ding! Isso! É o que vou fazer!" Depois que cheguei lá em cima pensei, "Oh meu Deus, vai ser assim de qualquer maneira: pode ser horrível ou engraçado".

Lee: Sim, ele não nos avisou sobre isso. Neil e eu não podíamos ver suas expressões faciais, não podíamos vê-lo atuando. Achávamos que ele havia perdido o juízo. Estávamos conspirando, "Como é que vamos tirá-lo do palco? Você o acerta e eu o arrasto!" Mas acabou sendo muito bem recebido.

Geddy, no ano passado você me disse que votaria no Yes e no Deep Purple; nenhum deles entrou, e esse ano eles nem aparecem na votação.

Lee: Fico realmente desapontado que o Deep Purple e o Yes ainda não tenham sido empossados. Acho que eles merecem tanto isso quanto, se não mais, do que nós.

Alex, essa é a parte da entrevista na qual irei lhe pedir para justificar o filme Suck, e seu papel nele.


Lifeson: [Risos] Foi um filme de orçamento muito baixo, e eles fizeram um trabalho muito bom, considerando todas essas coisas. Fui convidado para esse pequeno papel e havia alguns amigos lá, além do Iggy Pop e do Alice Cooper que também estavam envolvidos. Daí pensei, "Claro que vou fazer".

Seu papel passa num piscar de olhos, e você estava usando um crachá...

Lifeson: Sim, acho que foi por isso que me chamaram. Foi divertido!

Geddy, me fale como você acabou em Sunshine Sketches of a Little Town.

Lee: Foi através de um produtor que conheço. Ele achou que seria engraçado: há um personagem que está sob uma toalha quente em uma barbearia durante todo filme, e você nunca vê o seu rosto. Então ele achou que seria um bom momento de gozação canadense se fosse eu quem estivesse sob a toalha quente. Adorei fazer.

Ao longo das últimas turnês, vocês tiveram alguns componentes engraçados em vídeo para seus shows. Vocês já fizeram coisas com Jerry Stiller e com os caras do filme Eu Te Amo, Cara [Paul Rudd e Jason Segel], além do South Park e o "Rash". Deve ter sido divertido pra vocês trabalhar nesses.

Lifeson: Somos nós mesmos que fazemos. Acho que nossos fãs capturam a ideia, eles nos permitem essa indulgência. Mas é uma confusão fazer essas coisas. Os outtakes são engraçados: temos outtakes tão engraçados que o diretor ri tão alto que arruína o áudio. É um grande prazer. Mesmo que não usássemos em nossos shows, acho que ainda assim faríamos.

Lee: Nossos fãs ficam felizes de nos ver fazendo idiotices. Ao mesmo tempo, os valores para produção estão ficando bastante elevados! Está ficando bem caro de se fazer. Mas são divertidos de se imaginar, e muito divertidos de produzir. Todo mundo trabalha bastante e, quando constatamos que os fãs irão se divertir, traz grandes sorrisos para nossos rostos.

Vocês já começaram a pensar no próximo álbum?

Lifeson: De fato não. Sobre mim, pessoalmente, trabalhei em alguns projetos e tenho escrito coisas em casa, apenas para divertimento. Geddy é um colecionador louco de baixos e, ultimamente, de baixos de seis cordas.

Lee: Sinto que devo isso ao meu ofício, aprender mais sobre o instrumento que trouxe tanto para minha vida, e saber mais sobre a arte e o papel dos mesmos. Diria que sou um grande fã de um belo e bem trabalhado baixo, e estou me entregando a isso. Ando procurando por instrumentos interessantes e antigos que tenham algo que falem a mim, ou se a cor é personalizada e se é um tipo raro de baixo.

Lifeson: Até agora queríamos mesmo tirar essa folga, para recuperar o fôlego. Tivemos um período de quatro anos muito ocupados, onde fomos do estúdio para a turnê e do estúdio para a turnê. Realmente era necessário fazer uma pausa para limpar nossas cabeças. Vamos conseguir alguma coisa resolvida nas próximas semanas.

Lee: Todo mundo meio que esteve em todo lugar. Tenho tocado em casa, e sei que Al também. Não falamos sobre isso com o Neil, mas ele está vindo para a cidade então é provável que sentemos para descobrimos o tipo de trabalho que queremos fazer e quando.

Vocês acham que sairão em turnê novamente antes de voltarem ao estúdio?

Lifeson: Não sei. Alguns dias sinto como se estivesse de volta à estrada aproveitando o fato de que é nosso 40º aniversário, e em outros meio que sento aqui para brincar com algumas ideias musicais e penso: "Temos que ficar juntos e começar a compor". Acho que tudo o que fizermos não será até o próximo ano. Estava em cima do Geddy outro dia – na verdade, ele refez seu pequeno estúdio [caseiro], [e] nós dois estávamos interessados em nos reunirmos para começar a compor. Ele quer experimentar os milhões de baixos novos que tem agora. Então vamos compor algo e ver onde vai.

Lee: Eu só quero tocar. Não me importaria de voltar a excursionar. Estou morrendo de vontade de voltar a tocar, tenho todos esses novos instrumentos antigos e estou morrendo de vontade de experimentá-los. Minha curiosidade se inclina para tocar ao vivo.

Agora que vocês já fizeram uma turnê onde tocaram o Moving Pictures do começo ao fim, existem outros álbuns que gostariam de tentar dessa forma, como Fly By Night ou 2112?

Lifeson: Até fazermos o Moving Pictures não pensávamos nisso. Mas essa turnê foi tão bem que seria definitivamente de se considerar o conceito de fazermos outro disco inteiro. Não tenho certeza qual deles. Foi muito divertido de se fazer.

Lee: Acho que sim, sim, acho que é algo sobre o qual temos que conversar.

Alex, eu li um rumor em um fórum online do Rush que era para termos um segundo álbum Victor [Lifeson lançou um álbum solo em 1996 chamado Victor], que poderia ou não incluir a Sarah McLachlan como a vocalista principal. É verdade?

Lifeson: [Risos] Isso me faz rir. Sarah McLachlan? Ela é uma artista muito diferente, que vive em um mundo diferente. Se ela me chamasse para tocar em alguma de suas faixas, eu diria, "Sim, claro!" Mas colocá-la em um disco como Victor não faz sentido pra mim. Independentemente disso, inclusive nos projetos paralelos, se eu fosse passar por todos os pequenos trechos de fita, cassetes e arquivos digitais que tenho, provavelmente conseguiria o suficiente para cinco ou seis álbuns. Gosto de fazer isso para meu próprio bem, guardo a maioria deles para mim. É um exercício divertido: é como uma pintura que você mantém para si. Talvez consideraria algo para nossa próxima pausa longa. Tenho tocado bastante violão ultimamente, e tem sido bem divertido. Também estive tocando em afinações alternativas, algo que seria algo legal de explorar.

Sei que Les Claypool tocou em uma faixa do seu primeiro álbum Victor, e o Primus abria para o Rush naquele período. Além do obvio – vocês são trios nos quais o baixista é o vocalista – sempre senti que as bandas trazem espíritos semelhantes.

Lifeson: Foi ótimo sair em turnê com aqueles caras, todos nós nos tornamos amigos muito, muito próximos. Todos os dias depois do jantar fazíamos jams. Todos os dias! A regra era: você tinha que sair para comprar um instrumento que não conseguisse tocar, trazendo-o para a jam. Eu comprei um acordeão numa loja de penhores, e uma flauta. "Ler" [Larry Lalonde, o guitarrista do Primus] estava com um clarinete, Les tocou bateria – todo mundo tentou outras coisas, e foi uma bagunça. Nós capturamos aquilo, mas não tenho ideia do que aconteceu com aquelas gravações. Houve uma muito boa em Berlim, tocamos na parte de trás do estacionamento. Há algumas fotos divertidas disso.

Aquelas jams foram muito divertidas. Fazíamos nos corredores, nos backstages, nos vestiários. Era ótimo estar com esses caras, estávamos bem conectados. Ainda temos contato e nos vemos quando nossos caminhos se cruzam.

Les Claypool e Geddy Lee
Lee: Todo mundo meio que gravitava pelo camarim do Primus cerca de uma hora ou duas antes deles irem para o palco. Les geralmente tinha um contrabaixo ou uma guitarra, bateria... tudo estava por perto. Lembro-me de uma jam onde só tocamos nos armários do ginásio com baquetas. Eu toquei numa lata de lixo em Berlim. Neil tocou guitarra, e não conseguia. Foi fantástico. Amo o Primus. Amo o Les.

Adoro um trocadilho, e ri quando vi que vocês estavam envolvidos numa obra de caridade chamada "Grapes Under Pressure". Me fale sobre isso.

Lee: Grapes for Humanity se aproximou de mim há 15 anos. São um grupo de prósperos amantes de vinho que queriam fazer algo bom; eles combinam seu amor por vinhos e alimentos e tentam transformar isso em eventos que podem beneficiar os menos favorecidos. Isso me atraiu. Sou sempre um pouco cético sobre essas coisas, mas fui a algumas reuniões e vi algumas das coisas boas que estavam fazendo. O legal nisso é que não definimos metas muito altas, nossos objetivos são realizáveis. Identificamos uma necessidade, seja um orfanato no Camboja, a construção de uma clinica protética em Honduras ou uma escola na Guatemala, e definimos uma determinada quantia em dinheiro. Mantemos o evento e mandamos essa soma, que vai diretamente para lá. É muito gratificante ver que funciona, e não há despesas administrativas reais.

Lifeson: Esse ano foi em apoio à pessoas nas Filipinas que foram afetadas pela enorme destruição causada pelo tufão Haiyan. Os eventos que fazemos são sempre ligados a algo com relação a vinhos – temos leilões de vinhos, eventos onde trazemos enólogos para palestrar. Fizemos três desses eventos. Levamos 100 pessoas em um trem a partir de Toronto para a região vinícola, e tomamos um ônibus da estação de trem para a adega. Almoçamos lá e fomos para os vinhedos. Assistimos ao preparo de mudas, coletamos uvas, produtores de vinho vieram discutir o que fazem e tivemos um pequeno leilão, estando de volta à cidade às seis da tarde.

Deixar as pessoas bêbadas tem algo a oferecer à caridade.

Lifeson: Exatamente!

Talvez os fãs do Rush não saibam que eles podem comprar uma cópia da edição limitada do autorretrato de vocês para a Kidney Foundation do Canadá. Fale-me sobre isso.

Lifeson: Envolvi-me com a Kidney Foundation há cerca de oito anos, através do nosso gerente de turnês. Ele tinha uma ligação com eles, e traziam um projeto chamado "Brush of Hope", onde enviam uma pequena tela e tintas para que celebridades possam pintar algo e angariar fundos.

Felizmente, por causa dos nossos fãs, minhas pinturas têm ido muito bem. Eu não sou um artista formado, mas tem sido algo muito divertido. Levantei aproximadamente 175 mil dólares para a fundação, e fiquei muito orgulhoso. Vou leiloar nessa semana uma pintura de Geddy e eu em um restaurante em Paris durante nossa última turnê europeia. Acho que os fãs do Rush vão gostar, e esperamos aumentar alguns dólares. [Nota: a pintura arrecadou bem mais que "uns trocados": o lance vencedor foi de 10.100 dólares].

Foto: Rush.com
Lee: Ele é tão talentoso... é uma pintura incrível. Eu o levei para um dos meus restaurantes favoritos. Ficamos completamente bêbados [risos], tivemos uma refeição fantástica e alguém tirou uma foto nossa. Sempre amei essa foto, é uma memória muito legal. Então ele fez uma pintura dela.

Que forma vocês gostariam que a próxima turnê tomasse?

Lifeson: Acho que seria mais uma celebração do nosso 40º aniversario, da mesma forma que a nossa R30. Uma divertida viagem de volta ao passado, meio que olhando para frente. Na minha mente, de preferência, saindo com algumas canções novas e revendo algumas coisas antigas, talvez algumas que nunca tenhamos tocado.

Qual você gostaria de revisitar?

Lifeson: Essa é uma pergunta perigosa, porque há algumas canções que eu gostaria de mencionar e que os fãs irão interpretar como, "Eles vão tocar essa". Acho que há canções que são favoritas de verdade para os fãs e que temos evitado por muito tempo. Acho que se planejarmos voltar, teríamos uma análise muito próxima de algumas dessas canções.

Quando vocês tocaram, digamos, "Vital Signs" durante a seção Moving Pictures da turnê Time Machine, as pessoas enlouqueceram.

Lifeson: É isso. Quando trazemos de volta algumas dessas canções – não as chamaria de "obscuras", mas canções que têm sido tocadas com menos frequência – elas realmente vão mais além. "Jacob's Ladder" é uma que, a cada turnê, sempre está na lista de desejos de todos. É uma canção longa, que tomaria uma grande porção do set, e não tínhamos certeza se de fato seria interessante ou não fazermos. Pensávamos a mesma coisa com "The Camera Eye". Evitamos tocá-la até ao vivo até termos o lance do Moving Pictures, e acabou sendo nossa favorita. Não importava se ela fosse bem executada ou não, adorávamos tocá-la todas as noites. Eu adoraria fazer o "Fly By Night", por exemplo. A propósito, eu disse "por exemplo". Acho que poderia ser ótimo ao vivo se fizéssemos uma versão mais pesada, pois ele é bem acessível e limpo.

Se você fosse encarregado de produzir o vídeo cômico para a próxima turnê, qual comediante escolheria para trabalhar?

Lifeson: Jack Black seria fantástico, e ele seria fantástico. Seria perfeito.

Lee: Adoraria fazer algo com Zach Galifianakis, acho que seria bem interessante. Estamos em auto-depreciação. Adoro Between To Ferns.

O Allman Brothers Band fez recentemente seu último show. Algumas vezes vocês já discutiram um final para o Rush?

Lifeson: Não, nós não discutimos isso. Acho que somos da opinião de que se estamos gostando, e se ainda podemos fazer fisicamente, então por que não? Estamos todos com 60 anos agora, juntos há 40, e tem sido uma corrida notável, uma carreira notável. Se fossemos acabar agora, não acho que me sentiria mal. Acho que ninguém aqui iria se sentir mal. Dito isso, mal posso esperar para voltar à estrada, e acho que Geddy sente o mesmo. Vamos descobrir como Neil está se sentindo em breve.

Lee: Talvez os outros caras tenham opiniões diferentes sobre isso, não sei, mas gosto de pensar que trabalhamos quando precisamos trabalhar. Quando chegar o momento em que não parecer mais uma ideia divertida, então iremos parar. Tenho certeza de que todo mundo tem uma ideia diferente de como dizer adeus quando essa hora chegar. Eu não sou bom com despedidas, então prefiro simplesmente desaparecer.

Lifeson: Enquanto estivermos saudáveis para sair e tocar por, uau, três horas, vamos fazer. Temos feito shows com três horas há muito tempo. Acho que estamos tocando muito bem, melhor do que já tocamos. Mas ouvi algumas coisas do passado. Há algumas coisas de 1997 nesse box que quando ouvi pensei, "Caramba, estávamos tocando muito bem naquela época!" Mas acho que estamos numa boa fase agora, tanto no tocar quanto no desempenho. Então, porque iríamos parar, se ainda gostamos de fazer?

Fonte: Radio.com