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PERMANENT WAVES MOVING PICTURES SIGNALS
NOTICIÁRIO URGENTE
POR: NEIL PEART
...Nova York, 9 de maio de 1980.
Em meio a um cenário caótico e lotado nos bastidores, durante a segunda das nossas quatro noites no Palladium, algumas tímidas palavras de concordância se tornaram a concepção incomum desse álbum. Antes disso, anunciamos nossa intenção de gravar e lançar um segundo álbum ao vivo, mas uma inesperada carga de ambição e entusiasmo causou uma mudança de última hora jogando todo o cuidado pela janela! (na 52nd St.), mergulhando de cabeça na criação de um LP de estúdio. As razões para isso são difíceis de escrever, começou de forma instintiva, mas nos sentíamos muito bem e nosso Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (jams na passagem de som) esteve interessante e inspirado, então sentimos que o hiato criativo provido por um álbum ao vivo não era realmente necessário no momento, e poderia ser mais oportuno e satisfatório embarcar na aventura de um novo álbum de estúdio. Certo!
...Londres, 4 de junho de 1980.
Nunca é tarde demais para mudança de planos, mas não com acordos! Assim seguimos com as gravações ao vivo que planejamos, capturando nossas cinco apresentações no Hammesmisth Odeon, assim como os shows de Glasgow, Manchester e Newcastle. Gravaríamos alguns shows da nova turnê, juntando-os como um material ao vivo que representaria um escopo maior de nossas apresentações, musicalmente, temporariamente, e geograficamente. Não era uma má ideia, e poderia ser uma boa tacada, a menos que mudássemos de idéia novamente, e nesse caso poderíamos combinar três turnês, ou quatro, ou...
...Toronto, 28 de junho de 1980.
Uma tempestade intensa caía lá fora durante todo o dia, enquanto aqui dentro rolava um tipo diferente de tempestade. Nos estúdios Phase One, dois sets estavam montados na sala, duas bandas preenchiam o ar com um tumulto Wagneriano, pois estávamos gravando com o Max Webster uma música para seu novo álbum chamada “Battlescar”. Foi uma experiência única e agradável participar de algo dessa magnitude, e acho que o resultado irá refletir no sucesso. Também nesse dia tivemos a oportunidade de ganhar uma canção própria de Pye Dubois (Letrista do Max Webster), sugerindo que poderia servir para nós, se nos interessasse. Sendo admiradores de longa data do trabalho de Pye, ficamos interessados, e isso acabou eventualmente se tornando “Tom Sawyer”, e é interessante como uma identificável influência do Max apareceu na música, pela letra do Pye.
...Stony Lake, Ontário, agosto de 1980.
O endereço e a época do ano provavelmente descreverão melhor o lugar, enquanto o trabalho criativo começava a render. Para os interessados nas aventuras de Alex na aviação, devo dizer que uma grande pilha de destroços e um razoável rombo no topo de um caminhão são testemunhas de suas habilidades no campo dos aviões rádio-controlados. (É um homem notável – Deixa pra lá!) Felizmente, ele tinha mais sorte nos seus afazeres com o artigo genuíno, (e durante toda à tarde) podia ser visto fazendo barulho e “atacando” a casa.
Apesar dessas excitantes distrações, fomos banidos do celeiro e começamos o processo de construção das idéias, tanto as musicais como das letras. “The Camera Eye” foi a primeira a ser escrita, logo seguida por “Tom Sawyer”, “Red Barchetta”, “YYZ”, e “Limelight”. As coisas começavam a ganhar forma. É interessante às vezes retornar às fontes de algumas ideias musicais; por exemplo, a seção instrumental de Tom Sawyer cresceu de uma pequena melodia que Geddy usava para ajustar seus sintetizadores nas passagens de som, então ficou esquecida até que procurássemos por uma parte para a música, com a mesma emergindo como um tema muito forte. “YYZ” é o código de identificação usado pelo Aeroporto Internacional de Toronto e a introdução é tirada do código Morse enviado pela torre. É sempre um dia feliz quando YYZ aparece na etiqueta de nossas bagagens!
Porém, no outro lado dessas etiquetas, torna-se incrivelmente aparente para nós o quão valioso é sair em turnê, primeiramente para nosso desenvolvimento como músicos individuais, o que reflete no progresso de nossas músicas. Às vezes, nos dias negros de depressão no meio de uma turnê, surge fadiga, saudades de casa, e por essas coisas alguma frustração. O stress de turnês pode parecer valer os benefícios, mas quando alcançamos os 'Exames Finais' das composições e gravação, a evidência de mudança e melhoria é muito recompensadora.
...Toronto, 31 de agosto de 1980.
Retornamos ao Phase One, juntos com nosso sofrido e velho parceiro Terry Brown (Broon), nosso coprodutor e Chefe do Ouvido Objetivo, enchendo o ar com "Gitanes"e fazendo críticas e sugestões quando necessário. Juntamos algumas demos cruas das cinco canções supra-citadas, assim como uma rudimentar (pra dizer o mínimo) e selvagem (para dizer o máximo) versão de "Witch Hunt". Ela foi a vencedora do prêmio de canção mais re-escrita, sendo muito difícil de lidar, mas nossa intenção era deixá-la como um 'número de produção' do álbum, de acordo com a tradição de algumas músicas como "Different Strings", "Madrigal" e "Tears". Isso nos livrou da nossa prática usual de compô-la pensando em como a tocaríamos ao vivo, mantendo a disciplina de um trio. Poderia servir como um veículo de experimentações e indulgência. Por exemplo, usamos os talentos de Hugh Syme nos teclados, minha parte de bateria foi dobrada (como se fossem dois bateristas) em um verso, enquanto no outro, uma seção de percussão foi criada gravando cada som de forma diferente. A introdução foi uma tentativa muito estranha, já que montamos um 'Coro de Vigilantes' do lado de fora na neve e o som de uma 'criança apavorada' logo no início. Apesar de o sentido principal do nosso trabalho sempre ter sido direcionado às apresentações ao vivo, é legal ter uma pequena dose de indulgência de estúdio!
...Portland, Maine, 1º de outubro de 1980.
Foi aqui que concluímos a nossa pequena turnê, na costa Oeste dos EUA, onde ensaiamos as cinco canções já finalizadas quando era possível, e introduzimos "Tom Sawyer" e "Limelight" nos nossos shows, mesmo que ambas tenham sofrido algumas mudanças antes de serem colocadas na fita.
...Montanhas Moring, Quebec, de outubro até dezembro, 1980.
Mais uma vez retornamos às belas Montanhas Laurencianas e para o ambiente amigável do Le Studio. Estávamos ansiosos para retornar pra cá, e nem um pouco desapontados, pois esse local provou ser parte de nossas memórias. Um lugar muito amigável.
Estávamos dolorosamente receosos (literalmente) da natureza ambiciosa de nosso projeto, pois tínhamos que trabalhar bastante para capturar os sons e as performances certas para cada faixa. A única exceção foi, sem razões aparentes, "Red Barchetta". Com umas poucas execuções pegamos o som juntos e foi o mais raro dos animais (para nós, de qualquer modo!), uma maravilha de take. Ninguém estava mais surpreso do que nós mesmos, especialmente após o martírio que foi o de capturar "Tom Sawyer", "Limelight" e "YYZ". (Certo, Broon?)
Deixamos propositalmente uma canção ainda não escrita com a idéia de escrevê-la somente no estúdio, da mesma forma como temos feito ultimamente e que nos tem dado bons resultados. Músicas como "Natural Science" e "The Twilight Zone" foram beneficiadas pela pressão e espontaneidade dessa situação, só que elas aconteceram por força das circunstâncias. Agora planejamos incluir um espaço para uma canção "sem plano".
"Vital Signs" foi o último resultado, eclética ao extremo, que abraça uma ampla variedade de influêncas estilísticas, dos anos 60 pra cá. Liricamente é derivada de minha resposta à terminologia de 'Papo tecnológico', o linguajar dos eletrônicos e computadores, os quais traçam paralelos com a máquina humana nas funções e inter-relacionamentos que cumprem. É interessante, se irrelevante, especular o quanto impomos da nossa natureza às máquinas que construímos, ou o quão as mesmas são meramente governadas pelas leis imutáveis da natureza como nós. (Talvez as Leis de Murphy?) Esqueça!
ENTRETANTO!! As faixas foram finalizadas poucos dias antes do prazo, quando as mixagens e os desastres começaram. Numa revolução eletrônica massiva, a máquina de masterização digital, o computador da mixagem, e um dos gravadores multi-faixa morreram um após o outro, tirando a concentração do pobre Broon e nos colocando duas semanas atrás do fim. Após muito ranger de dentes e arrancamento de cabelos técnicos, as moléstias mecânicas foram curadas, e Geddy voltara a se empoleirar no ombro de Broon e os Esquiadores de Floresta nunca mais foram vistos nas Trilhas Selvagens.
Assim, como tudo que te prende por muito tempo, estamos felizes por finalmente terminar, porém mais ainda por ouvir o que terminamos! É uma curiosa sensação quando se escuta um álbum completo pela primeira vez, quão rápido todos esses meses e todas as dificuldades passaram. Como que uns meros quarenta minutos contêm e expressam todos os pensamentos, sentimentos e energia que foram colocados ali?
Então você repentinamente ouve sem analisar, transformando-se de executor em audiência, sentindo as respostas que você espera que um ouvinte em casa sinta.
Talvez isso seja verdade, de modo sinérgico, a saída adiciona a tudo o que está dentro, talvez seja aí que entra a experiência do ouvinte atencioso, talvez voltando no tempo na velocidade da luz, talvez Alex Lifeson seja um 'Gub', talvez...
Porquê vocês estão me fazendo todas essas perguntas?
NEIL PEART
Continuo liberando minhas hostilidades nas baterias Tama, com todos os cascos de madeira, e o lado interno com 'Vibra-Fibed'. O bumbo é de 24”, os toms de concerto são de 6, 8, 10 e 12” e toms fechados de 12, 13, 15 e 18”. Continuo usando a minha “velha fiel” caixa de casco de madeira, uma Slingerland de 5 ½ x 14” e recentemente mudei para timbais de madeira. Aposentei meu tímpano e o gongo em favor de um par de surdos da Tama, os quais possuem o fundo aberto, usando peles superdimensionadas para ter um som profundo e resonante.
Meus pratos são Avedis Zildjian, com exceção de um China genuinamente chinês. Os Zildjians são dois splashes de 8 e 10”, contratempos de 13”, dois ataques de 16”, um de 18” e um de 20”, um ride de 22”, um pang de 18” e um China de 20”.
No departamento da Percurssão temos sinos de orquestra, sinos tubulares, carrilhão, temple blocks, cowbells, triângulos, árvore de sinos, crotales e sino de Burma.
Uso peles Remo na caixa e no bumbo, Ludwig silver dots nos toms de concerto, e Evans Looking Glass (ataque) e Blue Hydraulic (resposta) nos toms fechados. Remo Clear são usadas nos timbais e nos surdos. Pedais Ludwig, chimbau Slingerland, hardware Tama, e baquetas Promark 747 são os detalhes finais.
GEDDY LEE
Equipamento que utilizarei na turnê Moving Pictures:
Sintetizadores
Oberheim-- OB-1, OB-X e OB-8, dois pedais Taurus ligados com um OB-8, Mini-Moog, Roland Digital Sequencer e efeitos sortidos.
Baixos e Guitarras
Dois Rickenbacker 4001, Fender Jazz Bass, Rickenbacker 4002, Rickenbacker de braço duplo incorporando um 4001 com uma guitarra de doze cordas, Rickenbacker de braço duplo incorporando um 4001 com uma guitarra de seis cordas, violão Ovation.
Amplificadores
Dois amps de potência BGW 750B, dois pré-amps Ashley, duas caixas Thiele de 2 x 15 com falantes EVM, duas caixas V4B Ampeg com falantes JBL, amplificador transistorizado Yamaha para a guitarra.
Microfone de Voz
Electrovoice DS-35.
ALEX LIFESON
Guitarras
Gibson ES355, 345, SG Standard, 1175 braço duplo, Fender Stratocaster, violões Ovation e Adanis, dois pré-amps Ashley SC-40, 1 Equalizador paramétrico estéreo Ashley SC-66.
Amplificadores
2 Combos Marshall, 2 cabeçotes Hiwatt 100 com duas caixas 4x12” e 1 caixa Leslie.
Efeitos
Unidade de eco Roland 301, Advanced Audio Digital Delay, Electric Misstress [sem trocadilhos], 1 Chorus Roland, 1 MXR Micro-amp, MXR Distortion, Pedal de Volume Morley, 1 sistema de ativação de efeitos remoto LB 30-7965 modelo C tipo R (série XL-3427).