19 DE AGOSTO DE 2013 | POR VAGNER CRUZ
Confiram uma ótima entrevista com Neil Peart na época do lançamento de A Farewell To Kings, disco antológico de 1977.
The Rush Tapes - Parte I
Neil Peart comenta 'A Farewell To Kings', o último opus do rock canadense
13/10/1977 - Circus Magazine
Por Scott Cohen
Transcrição: Eric Hansen (Site Power Windows)
Tradução: Leo Skinner
Cohen: Você se lembra quando A Farewell To Kings começou?
Peart: Sim, fiquei em casa trabalhando em novas ideias durante a mixagem do nosso ao vivo para aquilo que seria o novo álbum. Foi exatamente quando finalizamos a primeira faixa. De longe, a maior parte desse trabalho foi feita em estúdio e os últimos pedacinhos das letras foram escritos durante a última tour britânica, perto de irmos para o estúdio.
Cohen: Você realmente escreve as letras primeiro?
Peart: Depende de música em particular. Às vezes a música vem primeiro.
Cohen: Qual música veio primeiro?
Peart: A primeira que começamos a trabalhar foi "Closer to the Heart". E não terminamos até que entrássemos em estúdio.
Cohen: E quanto tempo levou?
Peart: Mais ou menos um ano.
Cohen: E vocês mantiveram a versão original?
Peart: Sim, essa mantivemos. "Closer to the Heart" é um pouco diferente de qualquer música que fizemos, pois foi baseada na ideia de uma pessoa de fora, Peter Talbot. Ele é um cara da imprensa e do rádio, um escritor muito prolífico e, cada vez que o visito, ele me dá uma pilha de coisas para levar para casa. Foi a vez de "Closer to the Heart" - o título e o primeiro verso vieram dele.
Cohen: E quais são os outros lugares de onde que você tira as letras?
Peart: É muito variado. Por exemplo, há um épico de ficção científica no álbum chamado "Cygnus X-1", e a raiz da ideia veio da revista Time! Eu estava lendo a revista e eles estavam falando sobre buracos negros e de suas origens aproximadas. Construí a canção em torno disso.
Cohen: Você escreve de acordo com um calendário? Você deve algum álbum à Mercury?
Peart: Sim, temos um sistema parecido com isso - normalmente a cada seis meses.
Cohen: E você gosta dessa pressão?
Peart: Trabalhamos melhor sob pressão.
Cohen: Você frequentou a faculdade?
Peart: Não, apenas o ensino médio. E eu saí.
Cohen: O que você queria fazer?
Peart: Música. Queria ser um músico profissional.
Cohen: Você diria que cada integrante do Rush é igualmente responsável por um álbum?
Peart: Sim. Temos um equilibro estranho, principalmente agora depois do nosso quarto álbum. Cada um de nós possui certas especialidades. É uma química incomum. Em mim, por exemplo, há algo mais sobreposto. A parte lírica é minha especialidade, além da bateria. Geddy e Alex não estão tão por dentro disso.
Cohen: Vocês são pagos igualmente?
Peart: Na estrada e em qualquer caso estamos bem controlados. Mas também há os royalties por lançamentos.
Cohen: Onde você gosta de escrever?
Peart: Em qualquer lugar. As ideias para essas coisas acontecem enquanto estou dirigindo ou mesmo sentado ouvindo música em casa. Eu diria que a maioria das canções foram escritas na estrada, simplesmente por que nosso tempo em sua maior parte é gasto na estrada.
Cohen: Você canta no chuveiro?
Peart: Sim. Mas eu tenho uma voz horrível.
Cohen: O que você faz depois de escrever algo?
Peart: Posso escrever um verso e um refrão, e depois ter uma ideia da estrutura da música e levá-la para Alex e Geddy. Eles me dizem o que acharam e então começamos a balançar nossas ideias, como o que deveria ser musicalmente e o que estamos buscando musicalmente. Mas se a música vem em primeiro lugar, começamos as jams, tocando e gostando do jeito que possamos senti-la bem. Se não for unânime, não a aproveitamos.
Cohen: Você já ouviu alguma música que fez você pensar que não era desse mundo?
Peart: Não tenho fé o suficiente para acreditar que existam outros mundos, mas já ouvi coisas no estúdio (sob aquela síndrome de pressão onde algo musical está acontecendo) que são incríveis. De onde vem, porém, não me arriscaria a saber.
Cohen: Como vocês escolheram o produtor?
Peart: Isso foi algo que nós nunca tivemos que fazer. Sempre trabalhamos com o mesmo cara, Terry Brown, que é como se fosse o quarto elemento no estúdio. Se há algo que ele não goste, pensamos duas vezes. Ele é um homem importante para nós no estúdio.
Cohen: Como vocês escolheram o estúdio para gravação?
Peart: Mais uma vez, até esse álbum, sempre estivemos no mesmo estúdio de gravação, o Toronto Sound. Desta vez queríamos algo diferente, e a decisão foi extremamente difícil. Ouvimos um monte de álbuns que gostamos do som, e ficamos determinados que iríamos para o Reino Unido. Terry foi até lá para pesquisar e voltou com o Rockfield.
Cohen: Quanto tempo levou a gravação?
Peart: O tempo real de estúdio foi o de três semanas para gravação e duas para mixagem.
Cohen: Quanto custou?
Peart: Não sei.
Cohen: Existe algo parecido com a música canadense?
Peart: Não sei, acho que não consigo dizer. A música canadense é metade americana e metade europeia e muito dela é essencialmente francesa!
Cohen: Onde você ouviu a primeira música que te animou?
Peart: As primeiras músicas que me animaram emocionalmente, como Cream, Hendrix e The Who, ouvi através de amigos.
Cohen: Que tipo de música tocava nas rádios?
Peart: Um monte de coisas da costa oeste. Foi em torno de 1968. Você ouvia no ar The Doors, Jefferson Airplane...
Cohen: Quem é o seu herói literário favorito?
Peart: Eu diria que John Galt ou Howard Roark de Ayn Rand. Howard Roark de "Fountainhead" e John Galt de "Atlas Struggled".
Cohen: Deveria haver livros musicais?
Peart: Nós fizemos isso com 2112, que foi baseado em "Anthem". Algumas das nossas músicas são inspiradas em livros. "Bastille Day", por exemplo, veio direto de "A Tale from Two Cities".
Cohen: Alguém poderia fazer "Lady Chatterly's Lover".
Peart: Há muitos livros que eu gostaria de ver como músicas, mas quando penso em fazer algo desse tipo prefiro optar pela originalidade, por causa do grande alcance do trabalho.
Cohen: Você já pensou em escrever um livro?
Peart: Ah, sim, com certeza! Especialmente sabendo que uma certa quantidade de pessoas iriam lê-lo.
Cohen: Você se considera um bom leitor?
Peart: Acho que sim. Leio rápido e minha compreensão é boa.
Cohen: Você acha que sua música esta flutuando no ar?
Peart: Acho que sim - diria que nós estamos flutuando. Há qualidades da Terra na nossa música e celestiais também.
Cohen: Sua música olha para o futuro?
Peart: Sim, estamos apontando para o futuro.
Cohen: Você gostaria de ser o Stanley Kubrick do Rock'n'roll?
Peart: Prefiro estar entre Star Wars e 2001.
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Conheça um pouco mais de A Farewell To Kings, como informações sobre todas as músicas e o processo de gravação, clicando aqui.
The Rush Tapes - Parte I
Neil Peart comenta 'A Farewell To Kings', o último opus do rock canadense
13/10/1977 - Circus Magazine
Por Scott Cohen
Transcrição: Eric Hansen (Site Power Windows)
Tradução: Leo Skinner
Cohen: Você se lembra quando A Farewell To Kings começou?
Peart: Sim, fiquei em casa trabalhando em novas ideias durante a mixagem do nosso ao vivo para aquilo que seria o novo álbum. Foi exatamente quando finalizamos a primeira faixa. De longe, a maior parte desse trabalho foi feita em estúdio e os últimos pedacinhos das letras foram escritos durante a última tour britânica, perto de irmos para o estúdio.
Cohen: Você realmente escreve as letras primeiro?
Peart: Depende de música em particular. Às vezes a música vem primeiro.
Cohen: Qual música veio primeiro?
Peart: A primeira que começamos a trabalhar foi "Closer to the Heart". E não terminamos até que entrássemos em estúdio.
Cohen: E quanto tempo levou?
Peart: Mais ou menos um ano.
Cohen: E vocês mantiveram a versão original?
Peart: Sim, essa mantivemos. "Closer to the Heart" é um pouco diferente de qualquer música que fizemos, pois foi baseada na ideia de uma pessoa de fora, Peter Talbot. Ele é um cara da imprensa e do rádio, um escritor muito prolífico e, cada vez que o visito, ele me dá uma pilha de coisas para levar para casa. Foi a vez de "Closer to the Heart" - o título e o primeiro verso vieram dele.
Cohen: E quais são os outros lugares de onde que você tira as letras?
Peart: É muito variado. Por exemplo, há um épico de ficção científica no álbum chamado "Cygnus X-1", e a raiz da ideia veio da revista Time! Eu estava lendo a revista e eles estavam falando sobre buracos negros e de suas origens aproximadas. Construí a canção em torno disso.
Cohen: Você escreve de acordo com um calendário? Você deve algum álbum à Mercury?
Peart: Sim, temos um sistema parecido com isso - normalmente a cada seis meses.
Cohen: E você gosta dessa pressão?
Peart: Trabalhamos melhor sob pressão.
Cohen: Você frequentou a faculdade?
Peart: Não, apenas o ensino médio. E eu saí.
Cohen: O que você queria fazer?
Peart: Música. Queria ser um músico profissional.
Cohen: Você diria que cada integrante do Rush é igualmente responsável por um álbum?
Peart: Sim. Temos um equilibro estranho, principalmente agora depois do nosso quarto álbum. Cada um de nós possui certas especialidades. É uma química incomum. Em mim, por exemplo, há algo mais sobreposto. A parte lírica é minha especialidade, além da bateria. Geddy e Alex não estão tão por dentro disso.
Cohen: Vocês são pagos igualmente?
Peart: Na estrada e em qualquer caso estamos bem controlados. Mas também há os royalties por lançamentos.
Cohen: Onde você gosta de escrever?
Peart: Em qualquer lugar. As ideias para essas coisas acontecem enquanto estou dirigindo ou mesmo sentado ouvindo música em casa. Eu diria que a maioria das canções foram escritas na estrada, simplesmente por que nosso tempo em sua maior parte é gasto na estrada.
Cohen: Você canta no chuveiro?
Peart: Sim. Mas eu tenho uma voz horrível.
Cohen: O que você faz depois de escrever algo?
Peart: Posso escrever um verso e um refrão, e depois ter uma ideia da estrutura da música e levá-la para Alex e Geddy. Eles me dizem o que acharam e então começamos a balançar nossas ideias, como o que deveria ser musicalmente e o que estamos buscando musicalmente. Mas se a música vem em primeiro lugar, começamos as jams, tocando e gostando do jeito que possamos senti-la bem. Se não for unânime, não a aproveitamos.
Cohen: Você já ouviu alguma música que fez você pensar que não era desse mundo?
Peart: Não tenho fé o suficiente para acreditar que existam outros mundos, mas já ouvi coisas no estúdio (sob aquela síndrome de pressão onde algo musical está acontecendo) que são incríveis. De onde vem, porém, não me arriscaria a saber.
Cohen: Como vocês escolheram o produtor?
Peart: Isso foi algo que nós nunca tivemos que fazer. Sempre trabalhamos com o mesmo cara, Terry Brown, que é como se fosse o quarto elemento no estúdio. Se há algo que ele não goste, pensamos duas vezes. Ele é um homem importante para nós no estúdio.
Cohen: Como vocês escolheram o estúdio para gravação?
Peart: Mais uma vez, até esse álbum, sempre estivemos no mesmo estúdio de gravação, o Toronto Sound. Desta vez queríamos algo diferente, e a decisão foi extremamente difícil. Ouvimos um monte de álbuns que gostamos do som, e ficamos determinados que iríamos para o Reino Unido. Terry foi até lá para pesquisar e voltou com o Rockfield.
Cohen: Quanto tempo levou a gravação?
Peart: O tempo real de estúdio foi o de três semanas para gravação e duas para mixagem.
Cohen: Quanto custou?
Peart: Não sei.
Cohen: Existe algo parecido com a música canadense?
Peart: Não sei, acho que não consigo dizer. A música canadense é metade americana e metade europeia e muito dela é essencialmente francesa!
Cohen: Onde você ouviu a primeira música que te animou?
Peart: As primeiras músicas que me animaram emocionalmente, como Cream, Hendrix e The Who, ouvi através de amigos.
Cohen: Que tipo de música tocava nas rádios?
Peart: Um monte de coisas da costa oeste. Foi em torno de 1968. Você ouvia no ar The Doors, Jefferson Airplane...
Cohen: Quem é o seu herói literário favorito?
Peart: Eu diria que John Galt ou Howard Roark de Ayn Rand. Howard Roark de "Fountainhead" e John Galt de "Atlas Struggled".
Cohen: Deveria haver livros musicais?
Peart: Nós fizemos isso com 2112, que foi baseado em "Anthem". Algumas das nossas músicas são inspiradas em livros. "Bastille Day", por exemplo, veio direto de "A Tale from Two Cities".
Cohen: Alguém poderia fazer "Lady Chatterly's Lover".
Peart: Há muitos livros que eu gostaria de ver como músicas, mas quando penso em fazer algo desse tipo prefiro optar pela originalidade, por causa do grande alcance do trabalho.
Cohen: Você já pensou em escrever um livro?
Peart: Ah, sim, com certeza! Especialmente sabendo que uma certa quantidade de pessoas iriam lê-lo.
Cohen: Você se considera um bom leitor?
Peart: Acho que sim. Leio rápido e minha compreensão é boa.
Cohen: Você acha que sua música esta flutuando no ar?
Peart: Acho que sim - diria que nós estamos flutuando. Há qualidades da Terra na nossa música e celestiais também.
Cohen: Sua música olha para o futuro?
Peart: Sim, estamos apontando para o futuro.
Cohen: Você gostaria de ser o Stanley Kubrick do Rock'n'roll?
Peart: Prefiro estar entre Star Wars e 2001.
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Conheça um pouco mais de A Farewell To Kings, como informações sobre todas as músicas e o processo de gravação, clicando aqui.