THE MAIN MONKEY BUSINESS



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SPINDRIFT  THE MAIN MONKEY BUSINESS  THE WAY THE WIND BLOWS


THE MAIN MONKEY BUSINESS

A TRAPAÇA PRINCIPAL


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson


Uma nova composição auto-indulgente

A sexta faixa de Snakes & Arrows é a extraordinária instrumental "The Main Monkey Business". Após a maior parte das composições iniciais, construídas em cenários mais leves e sutis, o Rush decide oferecer uma peça incrivelmente ousada, que remete claramente aos tempos clássicos setentistas. Com seis minutos de duração, "The Main Monkey Business" se torna a mais extensa música isenta de letras do trio desde a clássica "La Villa Strangiato", que tomava quase dez minutos do antológico Hemishperes (1978) - sendo também a primeira instrumental desde "Limbo", de Test For Echo (1996). Estonteante, cativante e evocativa, a música consegue certamente seu lugar no panteão das construções progressivas mais notáveis da carreira dos canadenses, trazendo peso, minúcias, mudanças de climas e complexidade arrebatadora.

Com traços épicos, "The Main Monkey Business" apresenta uma grande produção multi-segmentada, na qual é possível acompanhar, numa notável separação dos instrumentos, os jovens senhores soando espetacularmente e em grande forma. Passeando por extratos de atmosferas célticas, o ouvinte recebe contribuições nostálgicas de Geddy Lee no mellotron e algumas ótimas harmonias vocais - além da mistura propulsora e balanceada entre as guitarras e violões de Alex Lifeson e os preenchimentos polirrítmicos de inspiração africana seguidos por quebras jazzísticas de Neil Peart. Em sua maior parte, "The Main Monkey Business" pode ser considerada um verdadeiro opus de gradações acústicas.

Segundo Geddy e Alex, "The Main Monkey Business" é, na verdade, uma versão atenuada de uma extensa original que já tinham há algum tempo em seus rascunhos, lembrada pelos músicos como "algo completamente insano". Trazia 18 minutos duração, e foi preciso adaptá-la para o disco.

"'The Main Monkey Business' era um dos meus projetos de estimação", explica Geddy. "Uma vez que tínhamos a maior parte do material escrito, acabamos caindo nessa jam monstruosa. Tínhamos uma tonelada de ótimas partes, e levei uns quarto dias separando e tentando criar a peça mais auto-indulgente que pudesse idealizar. Mudei trechos quando senti que deveria, e uni partes de forma relativamente egoísta, não considerando se alguém seria capaz de compreendê-las. Me diverti muito ao atravessar os trechos de guitarra de Alex".

"'The Main Monkey Business" é a mais próxima na elaboração ao espírito de 'La Villa Strangiato'", afirma Alex. "Tentávamos algo mais estendido, que deixasse nossas orelhas em pé. No passado, nos sentíamos obrigados a uma certa cota de obras longas, de conceitos líricos e de instrumentais (sempre lembrando o subtítulo de 'La Villa Strangiato': 'An Exercise in Self Indulgence') - porém, ultimamente, tendíamos a fazer nossas músicas, senão concisas, pelo menos mais comprimidas. 'The Main Monkey Business' era enormemente complexa, e trabalhamos seus movimentos para cerca de seis minutos, ao invés de nove ou dez. Apenas deixamos lá, para usarmos se decidíssemos por uma textura vítrea de verdade no momento da mixagem. Não queríamos um caminho de gravação super complexo para ela, mas sim uma abordagem simplista e orgânica".

"Buscávamos uma instrumental que tivesse uma substancia real, porém estávamos muito focados em terminar o disco"
, continua o guitarrista. "Começamos uma jam em um daqueles dias, e a música começou a aparecer. Foi extremamente complicada no começo, tinha aproximadamente doze partes diferentes e Nick nos ajudou a dividi-la e simplificá-la. Naquele primeiro momento, o único problema era que, para tocá-la ao vivo, eu seria obrigado a trazer a double-neck. Eu temo isso - aquela coisa pesa uma tonelada. Você sente todo o peso no dia seguinte no pescoço e ombros. Talvez eu esteja ficando velho".

Devido à sua complexidade, a composição consumiu de Peart três dias de aprendizagem. "Tento não escrever nada, exceto uma instrumental como 'The Main Monkey Business', que me tomou três dias para aprender. Ao invés de assimilar a música tocando até encontrar meu lugar e as transições, fui aprendendo antes as linhas de bateria como partes dela. Geralmente, quero tocar as músicas até senti-las, tendo esse luxo executando-as basicamente por mim mesmo durante as demos. Irei exercitar mais e mais, e num determinado momento direi, 'Posso tocar'".

"Para todas as partes, os caras sempre liberam uma batida ou adicionam toques aqui e ali. Eu nunca conto esses sons, apenas lembro: 'OK, a melodia da canção vai desse jeito'. Em seguida, aquela linha permanece na minha mente numa espécie de representação gráfica de como soa em determinada parte, ao invés de pensamentos numéricos. Raramente conto nas composições - contando os outros caras, começo a tocar a música depois". 


"Há duas passagens, na seção final de 'Monkey Business', que foram improvisadas por nosso produtor Nick Raskulinecz. Cada vez que eu terminava de compor uma das minhas partes de bateria, ele dizia, 'OK, agora de forma selvagem!', e eu respondia 'Certo', e ia. Descrevo tais momentos como tentativas de perder a cabeça ou de parar no tempo (risos). Porém, faço uma investida corajosa, e às vezes temos aqueles momentos mágicos - e é claro, eles só vão se recolhendo. Nick tem um ótimo ouvido e uma grande sensibilidade air drummer, tanto na dinâmica da bateria quanto nas emoções. Concordamos várias vezes. Corri com 'Monkey Business' repetidamente, sendo o mais livre quanto podia enquanto ele me lembrava onde eu estava na música e o que ele manteria gravado. Portanto, foi ele quem criou essa paródia: eu deveria realizar e depois aprender. Essa foi a parte mais difícil, em termos de performance. Para aprender a parte final, eu realmente tive que contar".

Durante as gravações de Snakes & Arrows, Geddy, Alex e Neil desistiram de preparar separadamente suas ações em "The Main Monkey Business", unindo-se em um único local no estúdio a fim de capturarem juntos a sensação de uma performance ao vivo. "As gravações de 'The Main Monkey Business' nos deixaram no chão", lembra Geddy. "A música estava ficando um tanto quanto rígida, e achamos que seria ótimo se fôssemos tocá-la com Neil. Às vezes, você se esquece de como o contato visual é importante. Eu poderia ver as mãos dele, e se ele improvisasse ou atacasse a bateria em algum momento, eu poderia ir junto ganhando algum tipo de impulso".

"Quando decidimos trabalhar no Allaire Studios, localizado nas Montanhas Catskills em Nova York, uma das nossas maiores expectativas era a de trabalharmos juntos na mesma sala para gravarmos algumas coisas",
explica Alex. "Era algo que não fazíamos há muito tempo. Seguimos com 'The Main Monkey Business' inúmeras vezes, até termos um único take que nos soasse bem natural - e que trouxesse a sensação de uma performance ao vivo".

O curioso título vem de uma frase da mãe de Geddy (que é polonesa) para descrever algumas atividades suspeitas de um primo da família. "Para encurtar a história, essa pessoa estava muito animada certa vez e minha mãe me falou, 'Bem, acho que há alguma trapaça envolvida nisso', e eu disse, 'Que tipo de trapaça? E ela disse, 'A trapaça PRINCIPAL'. Adoro cada vez que penso nela dizendo 'a trapaça PRINCIPAL". Me faz rir bastante".

"The Main Monkey Business", sem dúvidas, foi a peça mais minuciosa para ser escrita, arranjada e gravada em Snakes & Arrows. "Eu os desafiei a compor a obra mais fodida, a instrumental mais complicada que já compuseram", lembra o coprodutor Nick Raskulinecz. "Eles vieram com 'The Main Monkey Business', que acabou sendo gravada em take único. Nós a guardamos até o fim - foi a última que fizemos. Traz toda a energia e sensação que somente esses três caras juntos podem fazer. Foi muito legal de ver. Acho que explodiram fazendo".

"Nosso termômetro para avaliar o material que trabalhamos é se gostamos dele ou se ele foi excitante para nós"
, afirma Peart. "Parece simples, mas não costuma funcionar dessa maneira. E isso é algo que certamente contribuiu para nossa longevidade e nosso senso de companheirismo como pessoas e como músicos - nenhum de nós pensa pequeno. Tudo será o melhor que pudermos fazer, algo que não tenhamos feito antes - buscando sempre sermos melhores do que já fomos".

"Ninguém aqui considera como principal os aspectos mercantis. A música está sempre em primeiro lugar, sim, e o fato de gostarmos do que fazemos sempre nos leva a trabalhar novamente. Nossa principal instrumental aqui, 'The Main Monkey Business', foi a mais reescrita de todo o disco, sendo ela auto-indulgente e de fato divertida. Porém, ao mesmo tempo, foi difícil para nós nos agradarmos com ela. Continuamos tentando superar percepções, equilibrando texturas, buscando mais melodia, varredura dramática e todas essas coisas que gostamos. Todos nós acabamos tendo nossas próprias agendas para ela, o que nos levou a consumir semanas para escrever e organizar e mais alguns dias para aprendê-la. Na primeira vez que toquei-a para um outro amigo músico, ele me disse: 'Como você consegue se lembrar de tudo isso?'".

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