HOPE



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HOPE

ESPERANÇA


Música por Lerxst Lifeson


Uma oração secular no violão de doze cordas

A faixa oito de Snakes & Arrows é "Hope", uma delicada e tocante instrumental de dois minutos e dois segundos construída por Alex Lifeson em um violão de doze cordas, sendo a menor faixa da banda em toda a carreira até então. De acordo com Neil Peart, o título de "Hope" foi inspirado na canção seguinte, "Faithless", que traz a palavra em uma de suas frases. Bastante incomum para as composições do Rush, funciona como uma espécie de intervalo no coração do álbum, como se o dividisse em duas metades. Foi gravada em dois takes, com a segunda tomada servindo apenas para preencher pequenos trechos. Todas canções do álbum são creditadas a Lee e Lifeson, com as letras assinadas por Peart - exceto "Hope", que surge no encarte atribuída somente a Lerxst Lifeson.

"Numa performance única e inspirada, Alex conseguiu capturar uma eclética e sincera peça no violão que, assim como todo o álbum, também traz qualidades de espiritualidade e sofisticação crua", diz Peart. "Ele pegou o título em uma frase da canção seguinte 'Faithless' ('I still cling to hope') e, assim como essa faixa, 'Hope' também representa um tipo de oração secular".

"A afinação é em D-A-D-A-A-D"
, afirma Lifeson. "Eu geralmente brincava com algumas afinações alternativas diferentes durante as sessões de gravação, sempre nos momentos em que Geddy trabalhava nos vocais e enquanto eu não estivesse dormindo no sofá [risos]. Sentava no canto e começava a dedilhar meu violão. Acabei me apaixonando pelo som dessa afinação em particular, e foi aí que 'Hope' veio. Foi bom trazer algo por conta própria para um dos nossos discos - não fazia isso há muito tempo. O que você ouve no álbum é o take completo, mixado logo depois da gravação, e por isso é tão puro como qualquer ouvinte pode perceber. O engenheiro Rich Chycki tinha sua fita métrica para as mínimas configurações dos microfones, o que foi muito eficaz - parecia que você estava sentado à frente de um violão".

"O que gosto muito nesse tipo de afinação é como os dois Lás são próximos um do outro, e um está sempre vibrando contra o outro. Essa afinação realmente faz parecer que há vários instrumentos sendo tocados no mesmo momento, tudo devido à essas notas simpáticas. Estou sempre tentando afinações diferentes. Algumas são terríveis, mas adoro quando elas te fazem começar tudo de novo. Todas as coisas que você sabe acabam não significando nada, e isso é interessante para mim".

A pequena peça acústica integrou o tracklist de Snakes & Arrows por insistência de Geddy Lee. "Esse é o lance com Al... ele é tão espontâneo que, se você entrar no local onde ele estiver no estúdio, estará tocando algo que você vai querer correr para gravar. Três minutos depois você vai perguntá-lo sobre o que acabou de tocar e ele vai dizer, 'Eu toquei o quê?'. Essa é a minha história sobre nosso relacionamento: 'O que foi isso Al?', e ele, 'O quê?'. Ele fez 'Hope' ao vivo - nós o deixamos sozinho duas vezes. Eu achava que o primeiro take já era bom o bastante - estava de pé na cabine e disse, 'É isso!'. Enquanto fico na mesa de edição ou fazendo meus vocais, você pode ouvi-lo em segundo plano improvisando no violão ou dormindo no sofá. Tenho as demos feitas para esse álbum, onde é possível ouvi-lo tocando alguma coisa ou roncando ao fundo".

Neil ecoa os mesmos sentimentos sobre o companheiro de banda. "Alex pode simplesmente pegar a guitarra e, mesmo sem estar prestando atenção no que faz, Geddy dirá: 'O que você acabou de tocar aí?' - e ele irá responder: 'Não sei'. No sentido mais belo, Alex nunca sabe o que está fazendo".

Uma versão ao vivo de "Hope" foi indicada ao Grammy Award em 2009 na categoria Best Rock Instrumental Performance (Melhor Performance de Rock Instrumental), representando a sexta indicação da banda na premiação em toda carreira. A mesma versão ao vivo integrou a coletânea Songs for Tibet, um projeto organizado pela fundação Art Of Peace lançado em 2008, sendo gravada no dia 25 de maio do mesmo ano em Regina, Saskatchewan, Canadá. Foi derrotada para "Peaches En Regalia", do tributo ao Frank Zappa intitulado Zappa Plays Zappa, liderado pelo filho do músico Dweezil Zappa.

"Hope" é bastante singular no vasto catálogo de álbuns do Rush e, mesmo marcando apenas dois minutos, pode considerada outra peça muito tocante e bem organizada - fruto da inspiração solitária de Alex Lifeson. Apesar de sua singularidade, sua atmosfera se encaixa perfeitamente entre as demais faixas do disco, respirando a natureza introspectiva que envolve todo o trabalho e que é perfeitamente transmitida a cada nota tocada. Conforme citado por Peart, a música desperta uma espécie de reflexão secular, se afastando da fé na forma de devoção religiosa e aceitando a esperança como uma das diretrizes dos fatos e influências derivadas da vida, tema que será abordado de forma destacada na subsequente "Faithless".

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