WHERE'S MY THING (Part IV, "Gangster of Boats" Trilogy)



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WHERE'S MY THING
(Part IV, "Gangster of Boats" Trilogy)


CADÊ MEU NEGÓCIO
(Part IV, Trilogia "Gangster de Barcos")



Música por Geddy Lee e Alex Lifeson


O feliz retorno ao formato instrumental

"Where's My Thing" é a quinta faixa de Roll The Bones. Trata-se da primeira canção instrumental criada pelo Rush em 10 anos, formato que a banda não visitava desde a antológica "YYZ", do álbum Moving Pictures, de 1981. Assim como "YYZ" em 1982, "Where's My Thing" também foi indicada ao Grammy Award na categoria Melhor Perfomance de Rock Instrumental na edição de 1992, tendo disputado com "Kind of Bird" da Allman Brothers Band, "88 Elmira Street" de Danny Gatton, "Masquerade" do Yes e "Cliffs of Dover" do guitarrista Eric Johnson, esta que acabou como a vencedora naquele ano.

Temos, portanto, um feliz retorno do power-trio canadense às canções instrumentais, fato que quase ocorreu com "Hand Over Fist", penúltima música do anterior Presto, de 1989. Pequena e feroz, "Where's My Thing" surge como um belíssimo adorno no disco, iniciando-se com exóticas guitarras funky envolvidas por preenchimentos de baixo muito criativos, propondo um excelente groove que logo passa a ser acompanhado pela bateria sempre impressionante de Peart e por golpes certeiros de sintetizadores. Como uma vitrine da perícia musical do trio, "Where's My Thing" cresce e prova que o Rush ainda conhecia (e muito) os caminhos para prodígios musicais e virtuosismo. Toda atmosfera dinâmica e variação de climas soam como pura diversão, expondo a boa forma (e perene) dos integrantes.

"Nunca fui bom tocando funk", declara Alex. "Nunca consegui senti-lo. Tentei um pouco em Presto. Queria melhorar nisso e, assim, me dei uma chance nesse álbum".

"Where's My Thing" traz o curioso subtítulo "Part IV, 'Gangster of Boats' Trilogy", que nada mais é do que uma simples brincadeira do grupo. Não existe e nunca foi planejada pela banda nenhuma trilogia chamada "Gangster of Boats", além de sabermos que as trilogias, por definição, referem-se ao conjunto de três trabalhos artísticos conectados, que podem ser vistos tanto como únicos quanto como obras individuais. Assim, uma quarta parte seria no mínimo incoerente. Porém, segundo relatos, a investida do trio pode ter sido inspirada na séria cômica de ficção cientifica O Guia do Mochileiro das Galáxias, criada pelo escritor britânico Douglas Adams (1952 - 2001). Originalmente transmitida em 1978, a série foi adaptada mais tarde para outros formatos, tornando-se um verdadeiro fenômeno internacional. As adaptações incluíram espetáculos de palco e uma 'trilogia' de cinco livros publicados entre 1979 e 1992. Vale citar também que Adams tinha interesses muito próximos aos dos integrantes do Rush, tais como preocupações ambientais e tecnologia, entre outros. O mesmo também escreveu esquetes para a série televisiva Monty Python's Flying Circus (Os Malucos do Circo), trabalho do grupo cômico britânico que sempre foi muito admirado pelos canadenses.

"Não há nenhum significado profundo para essa canção", explica Peart. "Pela primeira vez, a letra é politicamente correta (por isso temos algumas instrumentais). Quando Geddy e Alex chegam com uma boa passagem instrumental, esta sempre acaba sendo encaixada com alguma letra que eu tenha escrito. Dessa vez os enganei: não iria dar-lhes mais nenhuma letra até que uma canção instrumental fosse feita. Funcionou".

"Foi bem divertida de fazer", lembra Geddy. "Tentamos preparar uma instrumental no Presto, mas toda vez que começamos a escrever e tocamos um trecho da música dizemos, 'Oh, essa letra se encaixa perfeitamente aqui'. Então, acabávamos roubando o que tínhamos preparado, e isso continuou acontecendo. Finalmente Neil disse, 'Ok. Vocês continuam prometendo que iremos fazer uma instrumental, então não irei compor mais nenhuma letra até vocês cumprirem isso'. Assim, sentamos e escrevemos essa. É algo que realmente precisamos fazer mais, pois nos divertimos muito com esse tipo de coisa".

"'The Gangster of Boats' veio da união de duas mentes encantadoras"
, ri Lifeson. "Acho que foi uma daquelas coisas que apenas estalam na cabeça. Bem, a maioria das pessoas não escreve a quarta parte de uma trilogia. Assim, achamos que podíamos fazer (risos)".

"Sim, é como um tema para o tipo de imaginário western. Uma invenção da demência"
, diz Geddy.

"Fiquei muito orgulhoso com nossa gravadora", lembra Peart. "Eles lançaram 'Dreamline' como a primeira faixa e em seguida 'Where's My Thing', especialmente para estações alternativas ou para qualquer um que tivesse coragem de tocar. Foi algo muito criativo. Não foi apenas o fato de estar preocupado com uma estratégia de marketing, mas sim por ser divertido e incomum", afirma o baterista.

© 2015 Rush Fã-Clube Brasil

WIDDERS-ELLIS, A. "Rush Redefined". Guitar Player. November 1991.
COBURN, B. "Alex Lifeson And Geddy Lee On Rockline For Different Stages". Rockline. January 20, 1999.
ANTHEM RECORDS. " Roll The Bones Radio Special / Promo CD". 1991.
NEAR, D. "Roll The Bones Cd Launch / Geddy Lee And Alex Lifeson Interview". New York's Wnew. August 29, 1991.