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RED SECTOR A THE ENEMY WITHIN THE BODY ELECTRIC
THE ENEMY WITHIN (PART I OF FEAR)
Things crawl in the darkness
That imagination spins
Needles at your nerve ends
Crawl like spiders on your skin
Pounding in your temples
And a surge of adrenaline
Every muscle tense -
To fence
The enemy within
I'm not giving in
To security under pressure
I'm not missing out
On the promise of adventure
I'm not giving up
On implausible dreams -
Experience to extremes -
Experience to extremes
Suspicious-looking stranger
Flashes you a dangerous grin
Shadows across your window -
Was it only trees in the wind?
Every breath a static charge-
A tongue that tastes like tin
Steely-eyed outside to hide the enemy within...
To you - is it movement or is it action?
It is contact or just reaction?
And you - revolution or just resistance?
Is it living, or just existence?
Yeah, you - it takes a little more persistence
To get up and go the distance...
Things crawl in the darkness
That imagination spins
Needles at your nerve ends
Crawl like spiders on your skin
Pounding in your temples
And a surge of adrenaline
Every muscle tense -
To fence
The enemy within
I'm not giving in
To security under pressure
I'm not missing out
On the promise of adventure
I'm not giving up
On implausible dreams -
Experience to extremes -
Experience to extremes
Suspicious-looking stranger
Flashes you a dangerous grin
Shadows across your window -
Was it only trees in the wind?
Every breath a static charge-
A tongue that tastes like tin
Steely-eyed outside to hide the enemy within...
To you - is it movement or is it action?
It is contact or just reaction?
And you - revolution or just resistance?
Is it living, or just existence?
Yeah, you - it takes a little more persistence
To get up and go the distance...
O INIMIGO INTERNO (Parte I da quadrilogia 'MEDO')
Coisas rastejam na escuridão
Que a imaginação tece
Agulhas em suas terminações nervosas
Rastejando como aranhas em sua pele
Martelando suas têmporas
Um surto de adrenalina
Cada músculo tenso -
Para evitar
O inimigo interno
Não estou desistindo
Da segurança sob pressão
Não estou perdendo
A promessa de aventura
Não vou desistir
Dos sonhos improváveis -
Experiência aos extremos -
Experiência aos extremos
Um estranho de aparência suspeita
Lança-te um sorriso perigoso
Sombras em sua janela -
Foram apenas árvores ao vento?
Cada suspiro uma carga estática -
Uma língua com gosto de metal
Olhos de aço por fora para esconder o inimigo interno...
Pra você - isso é movimento ou ação?
É contato ou apenas reação?
E você - revolução ou apenas resistência?
É vida ou apenas existência?
Sim, você - é preciso um pouco mais de persistência
Pra se levantar e ir longe...
Coisas rastejam na escuridão
Que a imaginação tece
Agulhas em suas terminações nervosas
Rastejando como aranhas em sua pele
Martelando suas têmporas
Um surto de adrenalina
Cada músculo tenso -
Para evitar
O inimigo interno
Não estou desistindo
Da segurança sob pressão
Não estou perdendo
A promessa de aventura
Não vou desistir
Dos sonhos improváveis -
Experiência aos extremos -
Experiência aos extremos
Um estranho de aparência suspeita
Lança-te um sorriso perigoso
Sombras em sua janela -
Foram apenas árvores ao vento?
Cada suspiro uma carga estática -
Uma língua com gosto de metal
Olhos de aço por fora para esconder o inimigo interno...
Pra você - isso é movimento ou ação?
É contato ou apenas reação?
E você - revolução ou apenas resistência?
É vida ou apenas existência?
Sim, você - é preciso um pouco mais de persistência
Pra se levantar e ir longe...
Um olhar sobre as verdadeiras raízes do medo
"The Enemy Within" é a quarta faixa de Grace Under Pressure. Após experimentarmos no disco temas como as pressões cotidianas, luto e a esperança de libertação, temos nessa composição a batalha do indivíduo na contramão dos seus medos. Completando a trilogia decrescente Fear (que mais tarde se tornaria uma quadrilogia), "The Enemy Within" aborda novamente o medo, porém agora como um inimigo interno bastante perigoso. Neil Peart oferece outra criação de grande maestria, apresentando uma visão hipnótica e certeira de uma mente perturbada, mergulhando no lado mais íntimo e obscuro do ser humano.
Fear foi idealizada em 1981. Na época do álbum Moving Pictures, o baterista já havia trabalhado nas letras das três partes que a compõem. É interessante perceber que, ao experimentarmos "The Enemy Within", entendemos de fato sua intenção: a de ponderar sobre diferentes faces do medo. Nessa primeira parte, temos o medo afetando a vida do indivíduo e limitando suas potencialidades ("The Enemy Within"). Na parte dois, observamos o medo sendo utilizado contra o indivíduo ("The Weapon", do anterior Signals). Já na terceira ("Witch Hunt", de Moving Pictures), nos deparamos com as possibilidades catastróficas de pessoas acuadas e movidas por esse sentimento. Fear traz, como ideia geral, as raízes e consequências do medo.
"É a parte um da trilogia, mas a última a aparecer", explica Neil. "Cada um dos três últimos álbuns trouxeram uma parte. Comecei a pensar em todas ao mesmo tempo, mas elas acabaram aparecendo na ordem que é mais fácil de entender. Em outras palavras, 'Witch Hunt' foi a primeira, tratando dessa mentalidade como regra de multidões, olhando para o que acontece com pessoas quando se reúnem em torno do medo, fazendo coisas estúpidas e horríveis. Foi algo fácil de lidar e entender, pois você vê muitos desses exemplos na vida real, bem como na ficção e filmes. A segunda parte foi 'The Weapon', que abordou a forma como pessoas usam seus medos contra você como uma arma, o que demorou um pouco mais para vir, mas que consegui organizar em meus pensamentos com as imagens que queria usar, reunindo todas elas. E então veio 'The Enemy Within', que foi a mais difícil, pois quis olhar para a maneira como o medo me afeta, porém sendo mais do que apenas sobre mim. Não gosto de ser introspectivo. Acho que defino minha primeira regra como, 'nunca ser introspectivo'. Porém, quis escrever sobre a minha pessoa de uma forma universal, querendo encontrar coisas em mim que acho que se aplicam".
"A ideia geral foi esboçada ao mesmo tempo, mas a chave era ser capaz de explicar esses três conceitos de medo. (...) 'Witch Hunt' traz um lado já bem documentado da natureza humana; você vê o tempo todo - por isso foi a primeira. Escrevi o primeiro e o segundo verso de 'The Enemy Within' há cerca de quatro anos, mantendo-os arquivados desde então".
"A evolução da trilogia foi algo realmente estranho. Não é tão misteriosa e inteligente quanto parece - foi mais acidental. Na época do Moving Pictures, eu já havia esboçado as três em um livro de anotações, conversando com os outros caras sobre elas e sobre o que pretendia. O mais fácil pra mim foi esclarecer as ideias para 'Witch Hunt', sendo um conceito mais simples de abordar. Então veio 'The Weapon', pois meu pensamento me levou a esse ponto. Porém, alguns trechos da letra e até mesmo versos para 'The Enemy Within' já tinham sido escritos há bastante tempo, além dos títulos já fixados sobre os quais eu já sabia o que queria falar. 'The Enemy Within' acabou sendo a mais difícil de tratar, por isso foi a última".
"The Enemy Within" incorpora fortes influências do ska em seus versos. Seu tempo é retido em alguns momentos, com Lifeson proporcionando ótimos acordes mais lentos e não-convencionais. O refrão e a ponte utilizam abordagens mais próximas ao hard rock e, na seção instrumental que segue a marcante frase "Experience to extremes", há uma aproximação ao synth-pop. O clima empolgante provoca reflexões e intimidade em torno do medo, paradoxos que o Rush trabalha de forma certeira. Geddy exibe um trabalho excepcional em suas linhas vocais, conseguindo transmitir todo tormento interior descrito na letra.
A canção é bastante ocupada por um baixo majestoso, com a guitarra em posição de perseguição à batida. Segundo Lifeson, durante o primeiro intervalo instrumental, sua intenção foi dividir o instrumento em uma linha mais grave e outra numa harmonia maior, tentando obter um efeito balalaica através de sua Stratocaster.
"'The Enemy Within' é uma canção com linhas de baixo muito ocupadas", explica Alex. "O baixo marcha de fato, portanto a guitarra está mais voltada para a batida. No primeiro intervalo instrumental, após Geddy cantar 'Experience to extremes', eu divido a guitarra ao meio, fazendo uma linha mais grave e outra harmônica mais alta. Tentei trazer um efeito balalaica, utilizando um rápido vai e vem na Stratocaster preta".
A primeira parte de Fear sugere a verdadeira raiz do medo: ele está dentro de nós. Não existe mais inimigos ou perigos externos - nós somos o nosso próprio carcereiro, o inimigo interno. As coisas que parecem rastejar na escuridão são de fato fantasmas que carregamos, sempre envoltos por proteções que nós mesmos fiamos por nossa imaginação. O processo dos medos se materializa, principalmente, na escravidão às instituições externas. Como de costume, Peart descreve sensações de maneira genial, expressando com perturbadoras imagens de autoanálise o medo imaginativo, refletido como aranhas andando sobre a pele, o sangue pulsando nas têmporas, a adrenalina sendo derramada na corrente sanguínea, a tensão dos músculos, os arrepios e formigamentos. O indivíduo está pronto para ser atingido pelo inimigo que, na verdade, é ilusório, psicológico e que já tem seu lugar internamente, mantendo todas as ambições aprisionadas. Passamos a agir na defensiva para o mundo ou para qualquer investida externa ("A tongue that tastes like tin, steely-eyed outside to hide the enemy within" - "Uma língua com gosto de metal, olhos de aço por fora para esconder o inimigo interno"), porém o ataque que recebemos é apenas do nosso próprio medo, este que nos leva a abandonar o risco da autenticidade pessoal quando passamos a nos refugiar em uma existência de denominadores comuns.
O quarto verso mostra a paranoia em ação. Tudo ao redor nos parece assustador ou suspeito, como sombras na janela de árvores ao vento, ou a estranheza de algum desconhecido que apenas nos lança um sorriso. Todas essas percepções são, na verdade, espelhos que refletem nossas próprias suspeitas de perigo.
O refrão de "The Enemy Within" traz um jogo de palavras muito interessante, onde Peart expõe o pessimismo de alguém inseguro e completamente tomado pelo medo. O indivíduo pensa previamente em segurança nos momentos de pressão e em aventuras somente como promessas, além de considerar seus sonhos como improváveis. Buscamos somente sensações de conformidade e segurança - uma vida calma e que jamais contesta padrões. Porém a consciência, eventualmente, nos incomoda para nos lembrar que não estamos nos arriscando o suficiente.
Por fim, cada um de nós carrega um padrão de comportamento subconsciente, com o qual experiências passam a se tornar uma segunda natureza: fazemos coisas sem pensar, como o 'piloto automático' que temos para executar tarefas mais cotidianas. O Rush nos leva a pensar que, por termos medo de expormos nosso verdadeiro eu, o deixamos adormecido - como que completamente mergulhados no mecanismo de estímulo-resposta behaviorista. Vivemos ou apenas existimos? Estamos de fato vivos como seres humanos? Nossas opções se inclinam à conformidade ou à revolução?
"The Enemy Within" avalia círculos concêntricos do medo: o medo do novo, do estranho, do inferno imaginário, do sofrimento - e também da grandeza potencial. A canção pensa em fobias e outras situações que assustam as pessoas, causando paranoia e preocupação. Porém, há aqui um conselho claro sobre viver tentando superar esses temores pessoais, o que certamente nos levará à outro nível de desenvolvimento.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
PRICE, Carol S. PRICE, Robert M. "Mystic Rhythms: The Philosophical Vision of Rush". Borgo Press, 1999.
LADD, J. "Innerview with Jim Ladd - Neil Peart". 1984.
SHARP, K. "Grace Under Fire - Rush Percussionist Neil Peart Ponders The Meaning Of Life And Other Assorted Topics During This Exclusive, In-Depth Interview". June 1984.
THE SOURCE. "A Total Access Pass To Rush". Nbc's Young Adult Network Radio Broadcast. June 8, 1984.
OBRECHT, J. "Playback: The Making Of An Album / Rush "Grace Under Pressure" - By Alex Lifeson". Guitar Player. August 1984.
"The Enemy Within" é a quarta faixa de Grace Under Pressure. Após experimentarmos no disco temas como as pressões cotidianas, luto e a esperança de libertação, temos nessa composição a batalha do indivíduo na contramão dos seus medos. Completando a trilogia decrescente Fear (que mais tarde se tornaria uma quadrilogia), "The Enemy Within" aborda novamente o medo, porém agora como um inimigo interno bastante perigoso. Neil Peart oferece outra criação de grande maestria, apresentando uma visão hipnótica e certeira de uma mente perturbada, mergulhando no lado mais íntimo e obscuro do ser humano.
Fear foi idealizada em 1981. Na época do álbum Moving Pictures, o baterista já havia trabalhado nas letras das três partes que a compõem. É interessante perceber que, ao experimentarmos "The Enemy Within", entendemos de fato sua intenção: a de ponderar sobre diferentes faces do medo. Nessa primeira parte, temos o medo afetando a vida do indivíduo e limitando suas potencialidades ("The Enemy Within"). Na parte dois, observamos o medo sendo utilizado contra o indivíduo ("The Weapon", do anterior Signals). Já na terceira ("Witch Hunt", de Moving Pictures), nos deparamos com as possibilidades catastróficas de pessoas acuadas e movidas por esse sentimento. Fear traz, como ideia geral, as raízes e consequências do medo.
"É a parte um da trilogia, mas a última a aparecer", explica Neil. "Cada um dos três últimos álbuns trouxeram uma parte. Comecei a pensar em todas ao mesmo tempo, mas elas acabaram aparecendo na ordem que é mais fácil de entender. Em outras palavras, 'Witch Hunt' foi a primeira, tratando dessa mentalidade como regra de multidões, olhando para o que acontece com pessoas quando se reúnem em torno do medo, fazendo coisas estúpidas e horríveis. Foi algo fácil de lidar e entender, pois você vê muitos desses exemplos na vida real, bem como na ficção e filmes. A segunda parte foi 'The Weapon', que abordou a forma como pessoas usam seus medos contra você como uma arma, o que demorou um pouco mais para vir, mas que consegui organizar em meus pensamentos com as imagens que queria usar, reunindo todas elas. E então veio 'The Enemy Within', que foi a mais difícil, pois quis olhar para a maneira como o medo me afeta, porém sendo mais do que apenas sobre mim. Não gosto de ser introspectivo. Acho que defino minha primeira regra como, 'nunca ser introspectivo'. Porém, quis escrever sobre a minha pessoa de uma forma universal, querendo encontrar coisas em mim que acho que se aplicam".
"A ideia geral foi esboçada ao mesmo tempo, mas a chave era ser capaz de explicar esses três conceitos de medo. (...) 'Witch Hunt' traz um lado já bem documentado da natureza humana; você vê o tempo todo - por isso foi a primeira. Escrevi o primeiro e o segundo verso de 'The Enemy Within' há cerca de quatro anos, mantendo-os arquivados desde então".
"A evolução da trilogia foi algo realmente estranho. Não é tão misteriosa e inteligente quanto parece - foi mais acidental. Na época do Moving Pictures, eu já havia esboçado as três em um livro de anotações, conversando com os outros caras sobre elas e sobre o que pretendia. O mais fácil pra mim foi esclarecer as ideias para 'Witch Hunt', sendo um conceito mais simples de abordar. Então veio 'The Weapon', pois meu pensamento me levou a esse ponto. Porém, alguns trechos da letra e até mesmo versos para 'The Enemy Within' já tinham sido escritos há bastante tempo, além dos títulos já fixados sobre os quais eu já sabia o que queria falar. 'The Enemy Within' acabou sendo a mais difícil de tratar, por isso foi a última".
"The Enemy Within" incorpora fortes influências do ska em seus versos. Seu tempo é retido em alguns momentos, com Lifeson proporcionando ótimos acordes mais lentos e não-convencionais. O refrão e a ponte utilizam abordagens mais próximas ao hard rock e, na seção instrumental que segue a marcante frase "Experience to extremes", há uma aproximação ao synth-pop. O clima empolgante provoca reflexões e intimidade em torno do medo, paradoxos que o Rush trabalha de forma certeira. Geddy exibe um trabalho excepcional em suas linhas vocais, conseguindo transmitir todo tormento interior descrito na letra.
A canção é bastante ocupada por um baixo majestoso, com a guitarra em posição de perseguição à batida. Segundo Lifeson, durante o primeiro intervalo instrumental, sua intenção foi dividir o instrumento em uma linha mais grave e outra numa harmonia maior, tentando obter um efeito balalaica através de sua Stratocaster.
"'The Enemy Within' é uma canção com linhas de baixo muito ocupadas", explica Alex. "O baixo marcha de fato, portanto a guitarra está mais voltada para a batida. No primeiro intervalo instrumental, após Geddy cantar 'Experience to extremes', eu divido a guitarra ao meio, fazendo uma linha mais grave e outra harmônica mais alta. Tentei trazer um efeito balalaica, utilizando um rápido vai e vem na Stratocaster preta".
A primeira parte de Fear sugere a verdadeira raiz do medo: ele está dentro de nós. Não existe mais inimigos ou perigos externos - nós somos o nosso próprio carcereiro, o inimigo interno. As coisas que parecem rastejar na escuridão são de fato fantasmas que carregamos, sempre envoltos por proteções que nós mesmos fiamos por nossa imaginação. O processo dos medos se materializa, principalmente, na escravidão às instituições externas. Como de costume, Peart descreve sensações de maneira genial, expressando com perturbadoras imagens de autoanálise o medo imaginativo, refletido como aranhas andando sobre a pele, o sangue pulsando nas têmporas, a adrenalina sendo derramada na corrente sanguínea, a tensão dos músculos, os arrepios e formigamentos. O indivíduo está pronto para ser atingido pelo inimigo que, na verdade, é ilusório, psicológico e que já tem seu lugar internamente, mantendo todas as ambições aprisionadas. Passamos a agir na defensiva para o mundo ou para qualquer investida externa ("A tongue that tastes like tin, steely-eyed outside to hide the enemy within" - "Uma língua com gosto de metal, olhos de aço por fora para esconder o inimigo interno"), porém o ataque que recebemos é apenas do nosso próprio medo, este que nos leva a abandonar o risco da autenticidade pessoal quando passamos a nos refugiar em uma existência de denominadores comuns.
O quarto verso mostra a paranoia em ação. Tudo ao redor nos parece assustador ou suspeito, como sombras na janela de árvores ao vento, ou a estranheza de algum desconhecido que apenas nos lança um sorriso. Todas essas percepções são, na verdade, espelhos que refletem nossas próprias suspeitas de perigo.
O refrão de "The Enemy Within" traz um jogo de palavras muito interessante, onde Peart expõe o pessimismo de alguém inseguro e completamente tomado pelo medo. O indivíduo pensa previamente em segurança nos momentos de pressão e em aventuras somente como promessas, além de considerar seus sonhos como improváveis. Buscamos somente sensações de conformidade e segurança - uma vida calma e que jamais contesta padrões. Porém a consciência, eventualmente, nos incomoda para nos lembrar que não estamos nos arriscando o suficiente.
Por fim, cada um de nós carrega um padrão de comportamento subconsciente, com o qual experiências passam a se tornar uma segunda natureza: fazemos coisas sem pensar, como o 'piloto automático' que temos para executar tarefas mais cotidianas. O Rush nos leva a pensar que, por termos medo de expormos nosso verdadeiro eu, o deixamos adormecido - como que completamente mergulhados no mecanismo de estímulo-resposta behaviorista. Vivemos ou apenas existimos? Estamos de fato vivos como seres humanos? Nossas opções se inclinam à conformidade ou à revolução?
"The Enemy Within" avalia círculos concêntricos do medo: o medo do novo, do estranho, do inferno imaginário, do sofrimento - e também da grandeza potencial. A canção pensa em fobias e outras situações que assustam as pessoas, causando paranoia e preocupação. Porém, há aqui um conselho claro sobre viver tentando superar esses temores pessoais, o que certamente nos levará à outro nível de desenvolvimento.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
PRICE, Carol S. PRICE, Robert M. "Mystic Rhythms: The Philosophical Vision of Rush". Borgo Press, 1999.
LADD, J. "Innerview with Jim Ladd - Neil Peart". 1984.
SHARP, K. "Grace Under Fire - Rush Percussionist Neil Peart Ponders The Meaning Of Life And Other Assorted Topics During This Exclusive, In-Depth Interview". June 1984.
THE SOURCE. "A Total Access Pass To Rush". Nbc's Young Adult Network Radio Broadcast. June 8, 1984.
OBRECHT, J. "Playback: The Making Of An Album / Rush "Grace Under Pressure" - By Alex Lifeson". Guitar Player. August 1984.