PEACEABLE KINGDOM



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PEACEABLE KINGDOM

A wave toward the clearing the sky

All this time
We're talking and sharing our Rational View
A billion other voices are spreading other news
All this time we're living and trying to understand
Why a billion other choices are making their demands

Talk of a Peaceable Kingdom
Talk of a time without fear
The ones we wish would listen
Are never going to hear


Justice against The Hanged Man
Knight of Wands against the hour
Swords against the kingdom
Time against The Tower

All this time
We're shuffling and laying out all our cards
While a billion other dealers
Are slipping past our guards
All this time
We're hoping and praying we all might learn
While a billion other teachers
Are teaching them how to burn

Dream of a Peaceable Kingdom
Dream of a time without war
The ones we wish would hear us
Have heard it all before

A wave toward the clearing sky
A wave toward the clearing sky


The Hermit against The Lovers
Or the Devil against the Fool
Swords against the kingdom
The Wheel against the rules

All this time we're burning
Like bonfires in the dark
A billion other blazes
Are shooting off their sparks
Every spark a drifting ember of desire
To fall upon the earth and spark another fire

A homeward angel on the fly
A wave toward the clearing sky
REINO PACÍFICO

Um aceno ao céu que se abre

Por todo esse tempo
Em que falamos e compartilhamos nossa Visão Racional
Um bilhão de outras vozes estão espalhando outras novidades
Por todo este tempo estamos vivendo e tentando entender
Por que um bilhão de outras escolhas estão fazendo suas exigências

Fale de um Reino Pacífico
Fale de um tempo sem medo
Aqueles que gostaríamos que escutassem
Nunca irão ouvir


Justiça contra o Pendurado
Cavaleiro de Paus contra o momento
Espadas contra o reino
Tempo contra a Torre

Por todo esse tempo
Estamos embaralhando e mostrando todas as nossas cartas
Enquanto um bilhão de outros jogadores
Estão enganando nossas defesas
Por todo este tempo
Estamos esperando e rezando para que todos possamos aprender
Enquanto um bilhão de outros professores
Estão ensinando-os a queimar

Sonhe com um Reino Pacífico
Sonhe com um tempo sem guerras
Aqueles que gostaríamos que ouvissem
Já ouviram antes

Um aceno ao céu que se abre
Um aceno ao céu que se abre


O Eremita contra os Amantes
Ou o Diabo contra o Bobo
Espadas contra o reino
Ou a Roda da Fortuna contra as regras

Por todo esse tempo queimamos
Como fogueiras na escuridão
Enquanto um bilhão de outras chamas
Estão lançando suas centelhas
Cada centelha é uma brasa suspensa pelo desejo
De cair sobre a terra e provocar outro incêndio

Um anjo voa de volta pra casa
Um aceno ao céu que se abre


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart


Ocidente X Oriente: até quando?

A sólida "Peaceable Kingdom" é a quarta faixa de Vapor Trails. Similar à ideia proposta por Neil Peart em "Half The World" (do anterior Test For Echo, de 1996), a canção aborda decepções e frustrações em torno das polaridades da sociedade mundial.

"Peaceable Kingdom" tem seu início marcado por efeitos de guitarras em fade in, entrelaçados com delays vocais que logo entregam uma atmosfera tempestuosa. Seu motor entra em atividade a partir de um riff pesado e obscuro, com a banda em fúria destacando suas atribuições individuais em versos muito fortes, na ponte agressiva com guitarras massivas, no pequeno refrão de belos arpejos e na segunda parte deste, onde os pratos contrapõem batidas marciais nos tambores.

Há novamente a experimentação de overdubs vocais maciços preenchendo espaços que poderiam ser dos teclados. A maior parte das vocalizações são duplicadas, com melodias baseadas nessa estrutura e organizadas de maneira tocante. A voz principal, em tom de protesto, reflete uma grande aula de dosagem entre graves e agudos, revelando um lamento que intensifica bastante a carga das palavras de Peart. A sessão mediana expõe uma banda afiadíssima, propondo um groove encorpado relembrando que, mesmo após cinco anos afastados dos palcos e dos estúdios, os músicos ainda conseguiam produzir peças soando atuais sem nada dever para as glórias do passado. É a fórmula Rush de fazer música explodindo como nunca.

"'Peaceable Kingdom' trouxe uma sensação de energia logo após fazermos nossas primeiras jams", diz Alex Lifeson. "Quando você entra no estúdio e começa a tocar pensando demais, aquilo que produz acaba transcorrendo muita segurança. Porém, quando esquecemos os pensamentos, tudo passa a vir de um lugar diferente, refletindo de verdade como você está naquele momento. Essa é uma das minhas canções favoritas, pois funciona como um exemplo que revela vários elementos, utilizando a guitarra para desempenhar um papel de contraponto ao baixo e a bateria e para adicionar turnos de ritmos, texturas e melodias".

"Para 'Peaceable Kingdom', fomos montando as partes e melhorando algumas coisas. Adicionamos uma guitarra limpa no refrão, para reforçar o núcleo do som. Há momentos de jams originais em todas as canções de Vapor Trails. Acho que nenhuma canção foi completamente regravada".

"Quase tudo que temos em 'Peaceable Kingdom' veio de jams que fizemos"
, diz Geddy. "Construímos a canção em cima disso, acrescentando alguns detalhes e também a percussão. Mas, basicamente, baixo e guitarras vieram de uma só vez. Foi a única vez que havíamos tocado aquilo, e eu realmente adorei a ideia".

Estados Unidos, 11 de setembro de 2001. Na manhã daquele dia, dezenove terroristas sequestraram quatro aviões comerciais de passageiros, colidindo intencionalmente dois deles contra as torres gêmeas do complexo empresarial do World Trade Center, localizado na cidade de Nova York - matando todos a bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios. Os dois prédios desmoronaram duas horas após os impactos, destruindo construções vizinhas e causando vários outros danos. O terceiro avião de passageiros colidiu contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa do país no Condado de Arlington, Virgínia, arredores de Washington, D.C. O quarto caiu em um campo aberto próximo a Shanksville, na Pensilvânia, depois de alguns de seus passageiros e tripulantes terem tentado retomar o controle da aeronave dos sequestradores. Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos. Quase três mil pessoas morreram durante os ataques, e a esmagadora maioria das vítimas era composta por civis, incluindo cidadãos de mais de setenta países. Na versão oficial, toda responsabilidade foi atribuída por autoridades à Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica internacional tendo como fundador, líder e principal colaborador o saudita Osama bin Laden.

Nesse período, a banda já trabalhava para a concepção de Vapor Trails no Reaction Studio em Toronto. Todas as canções já estavam definidas, inclusive "Peaceable Kingdom", que inicialmente seria totalmente instrumental. O impacto dos ataques comoveu a banda de tal forma que Peart e seus companheiros decidiram escrever mais uma letra, utilizando como base esse acontecimento aterrador. A principal força para a decisão partiu do coprodutor Paul Northfield, que já havia trabalhado como engenheiro de som nos três primeiros discos da banda na década de 1980, além de ter participado dos álbuns ao vivo Exit...Stage Left, A Show of Hands e Different Stages.

"Tudo já estava preparado até 11 de setembro", lembra Alex. "A última música que precisava ser terminada era 'Peaceable Kingdom'. Ela havia sido composta e programada para ser instrumental. Paul Northfield, nosso produtor, nos disse: 'Vocês são loucos de fazer dessa uma instrumental. Precisam trazer uma boa letra para ela'. Neil acabou trazendo alguns pensamentos, e o que aconteceu no 11 de setembro acabou tendo grande influência sobre ele. Acho que ele escreveu a letra na semana seguinte. Fico feliz que não tenha sido uma instrumental, pois é a minha favorita do álbum. Traz um caráter estranho e, liricamente, acho simplesmente ótima. O trecho 'A wave toward the clearing sky' ['Um aceno aos céus que se abrem'] é muito poderoso e visual, propondo um grande constaste para todo o peso da canção".

"Essa era para ser uma instrumental, mas nosso produtor Paul nos disse que seria uma vergonha não a explorarmos mais", diz Geddy. "A letra se encaixou perfeitamente, queimando com os acordes que eu e Alex havíamos preparado para a melodia. Ela abre com uma combinação entre baixo e guitarra que se mistura em um único som. Daí, mergulhamos novamente em suas sessões, e acabei caindo num riff típico do Jack Bruce. Soou muito interessante para mim harmonicamente".

A partir do impactante acontecimento que transformou o mundo em questão de horas, Peart expõe novamente pensamentos sobre divisões, conflitos e a confusão do mundo. A canção pondera a oposição das forças terroristas àqueles que desejam a paz em todo o globo, expondo imagens que retratam afastamento, aversão e ódio, com culturas diferentes se demonizando, se estereotipando e respaldando suas observações somente em sua própria visão, cercados por outros de pensamento idêntico.

A falta de diálogo e de acordos apresentados na canção refletem o chamado viés de confirmação, a tendência de preferência por informações que confirmem apenas crenças próprias ou hipóteses, independentemente de serem ou não verdadeiras. Como resultado, as pessoas colhem evidências e trazem informações da memória apenas de maneira seletiva, interpretando-as de forma geralmente tendenciosa. Tal elemento é mais forte durante assuntos emocionalmente delicados, como nos casos em que se lida com crenças fortemente arraigadas. Além disso, Peart também contrapõe o esforço insuficiente dos que buscam viver em harmonia com aqueles que ocupam cargos poderosos, estes que geralmente se recusam em lutar verdadeiramente pela paz ou que se envolvem numa visão irreal da mesma. Essa temática remete inclusive à clássica "Closer to the Heart", do álbum A Farewell to Kings, de 1977: "And the men who hold high places, must be the ones who start to mold a new reality closer to the heart" ("E os homens que ocupam altos cargos, devem ser aqueles a começar a moldar uma nova realidade mais perto do coração."). Trata-se, portanto, de uma visão frustrante e desacreditada de grupos humanos que defendem a qualquer custo suas bandeiras e certezas, e que cada vez mais afastam o sonho de dias melhores.

Seguindo a tendência de Vapor Trails, um dos elementos mais marcantes em "Peaceable Kingdom" é a utilização de figuras provenientes das cartas de tarô, elementos que enriquecerem enormemente seu conteúdo lírico. Primeiramente, a carta que representa a canção no encarte é a inquietante Torre. Segundo Peart, "A Torre parece um reflexo arrepiante dos acontecimentos de 11 de setembro, apresentando incêndio, raios e pedras pontiagudas em queda". No jogo, ela evoca uma série de elementos que podem se entrelaçar com esse marcante fato histórico: uma reviravolta dramática súbita ou uma mudança de sorte, desafios de momentos de transição, destruição da rigidez, conhecimento súbito, desmoronamento e queda, alterações, subversões, mudanças e debilidades. Além disso, pode significar também modificação traumática, separação repentina, perdas, insegurança, desconfiança em si mesmo, inquietação, grande cataclismo, confusão completa, enfermidade, catástrofe produzida por imprudência, escândalo, hipocrisia desmascarada, excesso, abuso, presunção e orgulho. Observando os três motivos gerais relatados como motivações para os ataques, alguns atributos da Torre parecem bastante pertinentes: a presença americana na Arábia Saudita, o apoio a Israel por parte dos Estados Unidos e as sanções contra o Iraque, estes que foram explicitados pela Al-Qaeda em declarações pretéritas aos atentados.

Indo além, a letra de "Peaceable Kingdom" ainda traz relações muito instigantes entre várias outras cartas. A Justiça (que significa equilíbrio, ordem, capacidade de julgamento, conciliação entre o ideal e o possível, harmonia, objetividade, regularidade, método, balança, avaliação, atração e repulsão, vida, temor, promessa e ameaça) surge contra o Pendurado (abnegação, aceitação do destino ou do sacrifício, provas iniciáticas, retificação do conhecimento, exemplo, ensino e lição pública). O Cavaleiro de Paus (dinamismo unificador, poder de atuação, transmissão de vida e atividade, fatos imediatos e transformadores, clima e disposição dos acontecimentos) é colocado em oposição ao momento ou ao tempo (que pode incitar as dificuldades, lentidão ou falta de boa vontade e iniciativa de entendimento entre os povos, principalmente na oposição de orientais e ocidentais). As espadas (que representam a força ativa que o homem desenvolve com firmeza e compreensão para o triunfo de seu ideal) são apontadas contra o reino, remetendo possivelmente às ações de política externa dos Estados Unidos e de seus efeitos colaterais, que através da passagem do tempo serão, inevitavelmente, refletidos contra a Torre (nesse caso, conforme citado pelo letrista, traduzindo o retrato da situação do país naquele período ou no próprio ruir do World Trade Center).

No segundo trecho observa-se o Eremita (o buscador incansável que reflete sabedoria, iluminação, estudo, autoconhecimento, meditação, recolhimento, reavaliação da vida e dos objetivos, concentração, silêncio, profundidade, prudência, reserva e limites) contra os Amantes (que expressam sentimento, livre arbítrio, dúvida, indecisão, prova, escolha, encadeamento, enredo, luta, antagonismo, combinação, ligação, união), e o Diabo (provas e provações, tentações e seduções, desordem, paixão, luxúria, dependência, eloquência, mistério e força emocional) em oposição ao Louco (espontaneidade, despreocupação, admiração, impulsividade, inconsciência, alienação), imagens que podem ilustrar as próprias divisões de filosóficas do mundo e das sociedades, o cerne da temática. Já a Roda da Fortuna (ciclos sucessivos na natureza e na vida humana, as fases da manifestação, o movimento de ascensão e de declínio, a mobilidade da coisas e a garantia de cumprimento de um destino, representado pela lei de causa e efeito e também pela lei da compensação) surge contra as regras, ou seja, uma reafirmação da aleatoriedade da vida e de seus desdobramentos como totalmente imprevisíveis, inevitáveis e implacáveis.

O título da canção veio da curiosa série de pinturas do artista norte-americano Edward Hicks (1780 - 1849). Além de pintor, Hicks era um religioso do chamado Movimento Quaker. Criado em 1652 pelo inglês George Fox, os quakers pretendiam representar a restauração da fé cristã original após séculos de apostasia, onde os fiéis se designavam como Santos, Filhos da Luz e Amigos da Verdade, surgindo assim, no século XVIII, a designação Sociedade dos Amigos. Essa sociedade reagiu contra o que considerava como abusos da Igreja Anglicana, colocando-se sempre como "sob a inspiração direta do Espírito Santo". Foram ridicularizados já no século XVII sob o nome de quakers (tremedores), que a maioria acabou adotando a partir de então. Como principais características, os quakers trazem a rejeição de qualquer organização clerical para viverem no recolhimento, na pureza moral e na prática ativa do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. Perseguidos na Inglaterra por Carlos II, emigraram em massa para os Estados Unidos onde fundaram em 1861, sob a égide de William Penn (1644 - 1718), uma colônia no Estado da Pensilvânia. Em 1947, os comitês ingleses e americanos do Auxílio Quaker Internacional receberam o Prêmio Nobel da Paz, por serem conhecidos pela defesa do pacifismo e da simplicidade.

"'Peaceable Kingdom' remete à série icônica Reino Pacífico, do pintor quaker norte-americano Edward Hicks, este que elaborou nada menos que sessenta versões da mesma cena bíblica", afirma Peart. "Juntamente com a carta de tarô A Torre, tais elementos me pareceram uma reflexão fria sobre os acontecimentos de 11 de setembro de 2001".

Hicks pintou 61 versões de Peaceable Kingdom, cujo tema foi inspirado na passagem bíblica do livro de Isaías, 11:6-8, que fala sobre toda criação divina reunindo-se em harmonia. "Nesse dia o lobo e o cordeiro deitar-se-ão juntos, o leopardo e o cabrito viverão em paz; bezerros e ovelhas estarão em segurança no meio de leões, e uma criança os guiará. Os bois pastarão juntamente com os ursos, enquanto os respectivos filhotes ficarão deitados uns com os outros. Também o leão comerá erva como os bois. Haverá bebês engatinhando sem perigo por entre serpentes venenosas, e crianças que põem despreocupadamente a mão dentro de um ninho de víboras, as retirarão sem a mínima mordedura". A partir desse trecho, Hicks seguiu aprimorando seu trabalho, que no começo mostrava apenas montagens emblemáticas de animais e paisagens, mas que passou a favorecer posteriormente uma abordagem naturalista e sonhadora.

As crenças dos quakers proíbem uma vida de luxos ou propriedade excessiva de objetos materiais. Incapaz de manter seu trabalho como pastor e pintor, Hicks acabou se inclinando à sua arte, utilizando as telas para expressar livremente o que a religião não conseguia: a concepção humana da fé. Embora não sejam consideradas images religiosas, as pinturas Peaceable Kingdom exemplificam como interesse central o sonho de almas redimidas, expondo seres humanos e animais representando a ideia de uma luz interior que quebra as barreiras entre indivíduos, estes que poderiam trabalhar juntos e viver em paz. De alguma forma, ele acreditava que esse reino era possível.

Influenciado pelos desdobramentos dos terríveis atentados sofridos pelos Estados Unidos, nação que até então era considerada quase que impenetrável e inabalável, Peart incita também em "Peaceable Kingdom" uma crítica especial ao pensamento ocidental que, historicamente, acredita deter o controle racional de uma suposta verdade, tomando posicionamentos por vezes controversos ao passo que inúmeras outras pessoas de ideologias variadas ao redor do mundo não compartilham dos mesmos pontos de vista. Até que todas as diferentes abordagens, culturas e visões de vida comecem a se aproximar, se entendendo e se respeitando verdadeiramente, teremos um longo caminho a trilhar - até o sonhado reino pacífico. Infelizmente, a humanidade ainda destaca suas expressões de ódio, porém a esperança daqueles que desejam dias melhores pode, no futuro, causar efeitos positivos sobre os demais.

© 2016 Rush Fã-Clube Brasil

CANTIN, P. "Alex Lifeson on the Making of Rush's 'Vapor Trails'". Jam!Showbiz. May 7, 2002.
CANTIN, P. "Peart Reveals Literary Inspirations Behind Rush Album". Jam!Showbiz. May 31, 2002.
CORYAT, K. "Track By Track: Geddy Lee On Rush's Vapor Trails". Bass Player. July 2002.
HAMMOND, S. "Back In The Limelight / Alex Lifeson And Rush Reignite After A Five-Year Hiatus". Guitar Player. August 2002.
PARMERTER, B. "An In-Depth Look At Rush's Vapor Trails Album And Tour / With Howard Ungerleider And Derivative's Jim Ellis And Greg Hermanovic". FYE.Com. October 16, 2002.
PEART, N. "Behind The Fire - The Making Of Vapor Trails". The Vapor Trails Tour Book. 2002.