VOLTAR PARA "SIGNALS"
VOLTAR PARA DISCOGRAFIA
VOLTAR PARA LETRAS E RESENHAS
THE WEAPON NEW WORLD MAN LOSING IT
NEW WORLD MAN
He's a rebel and a runner
He's a signal turning green
He's a restless young romantic
Wants to run the big machine
He's got a problem with his poisons
But you know he'll find a cure
He's cleaning up his systems
To keep his nature pure
Learning to match the beat of the Old World man
Learning to catch the heat of the Third World man
He's got to make his own mistakes
And learn to mend the mess he makes
He's old enough to know what's right
But young enough not to choose it
He's noble enough to win the world
But weak enough to lose it -
He's a New World man...
He's a radio receiver
Tuned to factories and farms
He's a writer and arranger*
And a young boy bearing arms
He's got a problem with his power
With weapons on patrol
He's got to walk a fine line
And keep his self-control
Trying to save the day for the Old World man
Trying to pave the way for the Third World man
He's not concerned with yesterday
He knows constant change is here today
He's noble enough to know what's right
But weak enough not to choose it
He's wise enough to win the world
But fool enough to lose it -
He's a New World man...
He's a rebel and a runner
He's a signal turning green
He's a restless young romantic
Wants to run the big machine
He's got a problem with his poisons
But you know he'll find a cure
He's cleaning up his systems
To keep his nature pure
Learning to match the beat of the Old World man
Learning to catch the heat of the Third World man
He's got to make his own mistakes
And learn to mend the mess he makes
He's old enough to know what's right
But young enough not to choose it
He's noble enough to win the world
But weak enough to lose it -
He's a New World man...
He's a radio receiver
Tuned to factories and farms
He's a writer and arranger*
And a young boy bearing arms
He's got a problem with his power
With weapons on patrol
He's got to walk a fine line
And keep his self-control
Trying to save the day for the Old World man
Trying to pave the way for the Third World man
He's not concerned with yesterday
He knows constant change is here today
He's noble enough to know what's right
But weak enough not to choose it
He's wise enough to win the world
But fool enough to lose it -
He's a New World man...
HOMEM DO NOVO MUNDO
Ele é um rebelde e um velocista
Ele é um sinal ficando verde
Ele é um jovem inquieto e romântico
Que quer controlar a grande máquina
Ele tem problemas com seus venenos
Mas você sabe que ele encontrará uma cura
Ele está limpando seus sistemas
Para manter sua natureza pura
Aprendendo a pegar o ritmo do homem do Velho Mundo
Aprendendo a sentir o calor do homem do Terceiro Mundo
Ele tem que cometer seus próprios erros
E aprender a arrumar toda a bagunça que faz
Ele é velho o bastante para saber o que é certo
Mas jovem o bastante para não optar por isso
Ele é nobre o bastante para ganhar o mundo
Mas fraco o bastante para perdê-lo -
Ele é um homem do Novo Mundo...
Ele é um receptor de rádio
Sintonizado em fábricas e fazendas
Ele é um escritor e organizador
E um jovem garoto portando armas
Ele tem problemas com seu poder
Com armas na patrulha
Ele tem que caminhar por uma linha tênue
E manter seu autocontrole
Tentando salvar o dia para o homem do Velho Mundo
Tentando pavimentar o caminho para o homem do Terceiro Mundo
Ele não está preocupado com o ontem
Ele sabe que a mudança constante está aqui e agora
Ele é nobre o bastante para saber o que é certo
Mas fraco o bastante para não optar por isso
Ele é sábio o bastante para ganhar o mundo
Mas tolo o bastante para perdê-lo -
Ele é um homem do Novo Mundo...
Ele é um rebelde e um velocista
Ele é um sinal ficando verde
Ele é um jovem inquieto e romântico
Que quer controlar a grande máquina
Ele tem problemas com seus venenos
Mas você sabe que ele encontrará uma cura
Ele está limpando seus sistemas
Para manter sua natureza pura
Aprendendo a pegar o ritmo do homem do Velho Mundo
Aprendendo a sentir o calor do homem do Terceiro Mundo
Ele tem que cometer seus próprios erros
E aprender a arrumar toda a bagunça que faz
Ele é velho o bastante para saber o que é certo
Mas jovem o bastante para não optar por isso
Ele é nobre o bastante para ganhar o mundo
Mas fraco o bastante para perdê-lo -
Ele é um homem do Novo Mundo...
Ele é um receptor de rádio
Sintonizado em fábricas e fazendas
Ele é um escritor e organizador
E um jovem garoto portando armas
Ele tem problemas com seu poder
Com armas na patrulha
Ele tem que caminhar por uma linha tênue
E manter seu autocontrole
Tentando salvar o dia para o homem do Velho Mundo
Tentando pavimentar o caminho para o homem do Terceiro Mundo
Ele não está preocupado com o ontem
Ele sabe que a mudança constante está aqui e agora
Ele é nobre o bastante para saber o que é certo
Mas fraco o bastante para não optar por isso
Ele é sábio o bastante para ganhar o mundo
Mas tolo o bastante para perdê-lo -
Ele é um homem do Novo Mundo...
Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart
A personificação de regionalizações como metáfora para o contraste entre gerações
"New World Man", sexta canção de Signals, foi a última composição a ser produzida para o disco. O trio já dispunha de sete faixas concluídas em maio de 1982, porém algumas ideias surgiram em torno da possibilidade de concepção de mais uma composição. Por fim, através da sugestão de igualar os dois lados do LP vinda do produtor Terry Brown, os músicos decidiram escrever essa nova peça que, se terminasse mais longa do que esperavam, não entraria no set, permanecendo arquivada para um próximo registro.
Foi então que surgiu o chamado "Projeto 3:57", a busca por uma canção que não desequilibrasse as durações entre os lados do disco e que não causasse problemas para a masterização final. Após as contas, a nova peça deveria somar um pouco menos de quatro minutos, algo ligeiramente incomum para a carreira do Rush. A banda já havia criado "Different Strings" (de Permanent Waves, 1980) e "Circumstances" (de Hemispheres, 1978) com menos de quarto minutos, e "Closer To The Heart" e "Madrigal" (do disco A Farewell To Kings, de 1977) com menos de três minutos. Assim, o desafio estava lançado.
Neil Peart se dedicou arduamente na busca em suas anotações, conseguindo êxito ao trazer um dos seus vários projetos que ainda não haviam sido utilizados. Após a definição da letra, a banda decidiu ser rápida no restante da proposta, partindo para a gravação logo no dia seguinte. Os músicos buscaram uma sensação descontraída e espontânea com um som cru e direto, algo que representasse um verdadeiro contraste com todo restante do trabalho. Dessa forma, em apenas dois dias, nasceu "New World Man", bem próxima ao recorde estabelecido pela banda até então: a canção "Twilight Zone", do álbum 2112 (1976), que foi resolvida em apenas um dia.
"New World Man" continua os experimentos do Rush com ritmos até então exóticos em suas criações. Como em "The Spirit Of Radio" (de Permanent Waves), "Vital Signs" (de Moving Pictures) e "Digital Man", o reggae se infiltra novamente na proposta da banda, dessa vez em um single despretensioso que acabaria levando o trio para o topo da RPM National Singles do Canadá, onde permaneceu por duas semanas em outubro de 1982. De forma surpreendente, figurou também na American Top 40 dos Estados Unidos, além de alcançar a mais alta posição em uma lista da Billboard: #21 no Singles Chart por três semanas. "New Man World" também surgiu na posição #42 das paradas do Reino Unido.
"'New World Man' foi a última que gravamos para o álbum", explica Alex Lifeson. "Estávamos determinados a conseguir o máximo de músicas que pudéssemos em cada lado do disco e, depois que havíamos terminado todo o trabalho, descobrimos que ainda tínhamos cerca de quatro minutos em branco. Então voltamos ao estúdio e começamos a brincar com ideias para preencher essa lacuna extra. Achávamos que, na pior das hipóteses, poderíamos guardar ideias para o próximo álbum. Geddy disse, 'Ei, o que vocês acham disso?', definindo um lick de baixo que se tornou a base da música. Não tínhamos ideia de que seria um sucesso, mas tínhamos certeza de que não iríamos reclamar disso".
"Escrita em um dia e gravada no dia seguinte!", lembra Neil. "Queríamos capturar espontaneidade e uma sensação relaxante nessa faixa, sem passarmos muito tempo tirando o som juntos. Assim, ela estaria em contraste com o restante do álbum, sendo muito mais 'crua' em seus efeitos. Dois dias é bem próximo de um recorde para nós, em termos de escrever e gravar uma canção".
"Essa canção não teria entrado no disco se não houvesse esse espaço de quatro minutos disponível", diz Geddy Lee. "Tendemos a ter ideias muito estritas sobre quanto tempo um álbum deve ter. Nossos álbuns mais curtos trazem cerca de 18 minutos de cada lado, o que é uma boa extensão. Não consigo nos ver abaixo disso; não faz sentido pra mim. Mas, ao mesmo tempo, estamos gravando digitalmente agora e conseguimos ter algumas considerações a respeito de como a coisa toda vai soar quando definimos. Acho que essa canção se resume ao fato de termos trabalhado tão duro conseguindo sons habilidosos que estávamos com vontade de fazer algo realmente espontâneo. No fim, a música levou um dia para ser escrita e gravada. Foi bom trazer algo assim".
"New World Man" é constituída pelo padrão verso - refrão - verso - refrão e não apresenta um solo de guitarra. Sua sonoridade pode ser considerada uma espécie de homenagem musical indireta ao The Police, banda admirada e geralmente citada pelos integrantes do Rush como uma de suas mais novas influências, fato que assegurava algumas das tangentes que seriam seguidas dali para frente, mas que jamais abandonariam o fantástico teor intrincado que lhes são próprios. Mesmo nos momentos mais despretensiosos, o Rush consegue transcender vários níveis da música, combinando para essa faixa um compasso 4/4 marcado por guitarra base e linhas de bateria e baixo surpreendentes, além de trazer uma letra que provoca no ouvinte questionamentos sobre a vida e sobre nossa constante busca por grandeza.
"Sei que somos brancos e que não podemos tocar reggae, algo que vem naturalmente dos negros, feito especialmente para o público ao qual é direcionado", diz Geddy. "Talvez seja por isso que se mostra tão fascinante para nós".
"Reggae é sentimento puro, nada técnico de fato. Você não precisa ser bom para ser capaz de tocá-lo. Acho que toda nossa direção avançou no sentido do sentimento, pois percebi que era algo que estava faltando em nossos discos anteriores. Vários dos nossos discos soaram forçados. Agora, colocamos todas as nossas energias no desenvolvimento do feeling e acho que o reggae é uma maneira de liberá-lo. É uma mostra real do tipo de sentimento edificante do nosso estado de espirito no momento, parecendo ser um bom caminho".
Pequena e notavelmente grandiosa - essa é uma das maneiras de definir a proposta de "New World Man". Uma típica letra de Peart, assinada principalmente pela grande abrangência, propondo questões com as quais muitos de nós se deparam em algum momento da vida.
"A mensagem lírica de Signals parece refletir um sentimento de otimismo com o mundo", explica o letrista. "'New World Man' expressou as opiniões de alguém que pode lidar com seus problemas".
Temos nessa canção um interessante jogo de personificação de três conceitos de regionalização: O Velho Mundo (expressão utilizada para designar a visão de mundo que os europeus tinham por volta do século XV, que incluía apenas a África, a Ásia e a própria Europa), o Terceiro Mundo (termo originado na Guerra Fria que, inicialmente, designava os países neutros, mas que também definia as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento) e o Novo Mundo (termo criado pelos europeus para designar o continente americano). Este último, portanto, surge na composição como o protagonista, focalizando destacadamente os Estados Unidos da América.
Após "Beneath, Between and Behind", do clássico álbum Fly By Night (1975), Peart se dedica novamente à observação de algumas características da maior nação do planeta, estabelecendo nesse momento duas linhas de percepções. A primeira delas reflete alguns traços gerais e históricos dos Estados Unidos, este que, por muitas vezes, representa a própria América (o "Homem do Novo Mundo") no cenário mundial. Nascido da revolta, a inconfundível e visionária dinâmica da potência sempre se lançou ao futuro, marcada pelo idealismo romântico aliado à ambição de tornar seu poder preeminente. Mesmo entendendo que sua jornada sempre será repleta de desafios, a nação acredita que poderá superar todos eles.
Por sua vez, o "Homem do Velho Mundo" representa as antigas potências europeias, e o "Homem do Terceiro Mundo", obviamente, se refere aos países emergentes. Ambos trazem expectativas de que possam ser ajudados pelo "Homem do Novo Mundo", cada qual em suas próprias necessidades.
De forma hábil, Peart observa os erros e acertos desse grande país, como os dualismos constantes entre a sabedoria e a loucura, a nobreza e a fraqueza, o intelectualismo e a belicosidade e o desejo de fazer a coisa certa optando por caminhos errados. O trecho "He's a radio receiver tuned to factories and farms. He's a writer and arranger and a young boy bearing arms" ("Ele é um receptor de rádio sintonizado em fábricas e fazendas. Ele é um escritor e organizador - ou soldado - e um jovem garoto portando armas") se refere a uma nação que apresenta uma compreensão conjuntural bastante abrangente e diversa entre seus cidadãos, mas que é marcada pela impulsividade de suas decisões.
Tomando nesse momento a análise primordial que se associa à proposta geral de Signals, temos novamente o olhar sobre a complexa figura do jovem adulto. Após tratar em "Digital Man" dos dramas e pressões inerentes a esse período da vida, Peart balanceia em "New World Man" alguns dos seus mais importantes dilemas modernos, como a integridade e as tentações, a responsabilidade e os interesses próprios, o ambientalismo e a ambição, entre outros. Esse novo adulto, o "Homem do Novo Mundo", é inexperiente, romântico e falho de coração, porém otimista e sempre perseverante. A canção analisa os papéis que essa geração desempenha na sociedade, pontuando seu otimismo natural (que nem sempre é manifestado e plenamente concretizado) em tentar corrigir erros das gerações anteriores. O jovem adulto se direciona ao futuro, dividido entre o velho e o novo, tentando encontrar a si mesmo em meio às forças que o cercam. Esse "Homem do Novo Mundo", ativo, dinâmico, espontâneo e ansioso terá que aprender a olhar não somente para o ritmo mais sutil e experiente do "Homem do Velho Mundo", ou seja, dos mais velhos, mas também a ter mais proximidade, solidariedade e dedicação nas orientações com o "Homem do Terceiro Mundo" - os mais jovens.
Os temas de Signals se dedicam inteiramente ao indivíduo, aos "Homens do Novo Mundo" que enfrentam o externo e a si mesmos em um turbilhão caótico proveniente do progresso. As expectativas sobre ele são muitas, e os intensos anseios por suas escolhas são materializados em seus dramas mais íntimos e nas imposições sobre sua individualidade. O fato é que "New World Man" trata de transições marcadas por erros e acertos, onde somos pressionados pelo que funcionou no passado e atraídos pela possibilidade do novo. É a velha proposta da intensa busca pelo equilíbrio, onde se deve ser livre de pensamento, porém mantendo a mente e os ouvidos abertos para tudo o que há ao redor.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
GETT, S. "Rush: Success Under Pressure". Cherry Lane Music. January 1985.
MAKOWSKI, P. "Stories from Signals / Adrenalin Rush / Signals Review and Response". Sounds Magazine. September 11th, October 16th, and December 18th, 1982.
SHARP, K. "Grace Under Fire”. Music Express Magazine. June 1984.
PEART, N. "Stories From Signals". 1982.
SECHER, A. "Leaps & Bounds". Hit Parader. March 1983.
Foi então que surgiu o chamado "Projeto 3:57", a busca por uma canção que não desequilibrasse as durações entre os lados do disco e que não causasse problemas para a masterização final. Após as contas, a nova peça deveria somar um pouco menos de quatro minutos, algo ligeiramente incomum para a carreira do Rush. A banda já havia criado "Different Strings" (de Permanent Waves, 1980) e "Circumstances" (de Hemispheres, 1978) com menos de quarto minutos, e "Closer To The Heart" e "Madrigal" (do disco A Farewell To Kings, de 1977) com menos de três minutos. Assim, o desafio estava lançado.
Neil Peart se dedicou arduamente na busca em suas anotações, conseguindo êxito ao trazer um dos seus vários projetos que ainda não haviam sido utilizados. Após a definição da letra, a banda decidiu ser rápida no restante da proposta, partindo para a gravação logo no dia seguinte. Os músicos buscaram uma sensação descontraída e espontânea com um som cru e direto, algo que representasse um verdadeiro contraste com todo restante do trabalho. Dessa forma, em apenas dois dias, nasceu "New World Man", bem próxima ao recorde estabelecido pela banda até então: a canção "Twilight Zone", do álbum 2112 (1976), que foi resolvida em apenas um dia.
"New World Man" continua os experimentos do Rush com ritmos até então exóticos em suas criações. Como em "The Spirit Of Radio" (de Permanent Waves), "Vital Signs" (de Moving Pictures) e "Digital Man", o reggae se infiltra novamente na proposta da banda, dessa vez em um single despretensioso que acabaria levando o trio para o topo da RPM National Singles do Canadá, onde permaneceu por duas semanas em outubro de 1982. De forma surpreendente, figurou também na American Top 40 dos Estados Unidos, além de alcançar a mais alta posição em uma lista da Billboard: #21 no Singles Chart por três semanas. "New Man World" também surgiu na posição #42 das paradas do Reino Unido.
"'New World Man' foi a última que gravamos para o álbum", explica Alex Lifeson. "Estávamos determinados a conseguir o máximo de músicas que pudéssemos em cada lado do disco e, depois que havíamos terminado todo o trabalho, descobrimos que ainda tínhamos cerca de quatro minutos em branco. Então voltamos ao estúdio e começamos a brincar com ideias para preencher essa lacuna extra. Achávamos que, na pior das hipóteses, poderíamos guardar ideias para o próximo álbum. Geddy disse, 'Ei, o que vocês acham disso?', definindo um lick de baixo que se tornou a base da música. Não tínhamos ideia de que seria um sucesso, mas tínhamos certeza de que não iríamos reclamar disso".
"Escrita em um dia e gravada no dia seguinte!", lembra Neil. "Queríamos capturar espontaneidade e uma sensação relaxante nessa faixa, sem passarmos muito tempo tirando o som juntos. Assim, ela estaria em contraste com o restante do álbum, sendo muito mais 'crua' em seus efeitos. Dois dias é bem próximo de um recorde para nós, em termos de escrever e gravar uma canção".
"Essa canção não teria entrado no disco se não houvesse esse espaço de quatro minutos disponível", diz Geddy Lee. "Tendemos a ter ideias muito estritas sobre quanto tempo um álbum deve ter. Nossos álbuns mais curtos trazem cerca de 18 minutos de cada lado, o que é uma boa extensão. Não consigo nos ver abaixo disso; não faz sentido pra mim. Mas, ao mesmo tempo, estamos gravando digitalmente agora e conseguimos ter algumas considerações a respeito de como a coisa toda vai soar quando definimos. Acho que essa canção se resume ao fato de termos trabalhado tão duro conseguindo sons habilidosos que estávamos com vontade de fazer algo realmente espontâneo. No fim, a música levou um dia para ser escrita e gravada. Foi bom trazer algo assim".
"New World Man" é constituída pelo padrão verso - refrão - verso - refrão e não apresenta um solo de guitarra. Sua sonoridade pode ser considerada uma espécie de homenagem musical indireta ao The Police, banda admirada e geralmente citada pelos integrantes do Rush como uma de suas mais novas influências, fato que assegurava algumas das tangentes que seriam seguidas dali para frente, mas que jamais abandonariam o fantástico teor intrincado que lhes são próprios. Mesmo nos momentos mais despretensiosos, o Rush consegue transcender vários níveis da música, combinando para essa faixa um compasso 4/4 marcado por guitarra base e linhas de bateria e baixo surpreendentes, além de trazer uma letra que provoca no ouvinte questionamentos sobre a vida e sobre nossa constante busca por grandeza.
"Sei que somos brancos e que não podemos tocar reggae, algo que vem naturalmente dos negros, feito especialmente para o público ao qual é direcionado", diz Geddy. "Talvez seja por isso que se mostra tão fascinante para nós".
"Reggae é sentimento puro, nada técnico de fato. Você não precisa ser bom para ser capaz de tocá-lo. Acho que toda nossa direção avançou no sentido do sentimento, pois percebi que era algo que estava faltando em nossos discos anteriores. Vários dos nossos discos soaram forçados. Agora, colocamos todas as nossas energias no desenvolvimento do feeling e acho que o reggae é uma maneira de liberá-lo. É uma mostra real do tipo de sentimento edificante do nosso estado de espirito no momento, parecendo ser um bom caminho".
Pequena e notavelmente grandiosa - essa é uma das maneiras de definir a proposta de "New World Man". Uma típica letra de Peart, assinada principalmente pela grande abrangência, propondo questões com as quais muitos de nós se deparam em algum momento da vida.
"A mensagem lírica de Signals parece refletir um sentimento de otimismo com o mundo", explica o letrista. "'New World Man' expressou as opiniões de alguém que pode lidar com seus problemas".
Temos nessa canção um interessante jogo de personificação de três conceitos de regionalização: O Velho Mundo (expressão utilizada para designar a visão de mundo que os europeus tinham por volta do século XV, que incluía apenas a África, a Ásia e a própria Europa), o Terceiro Mundo (termo originado na Guerra Fria que, inicialmente, designava os países neutros, mas que também definia as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento) e o Novo Mundo (termo criado pelos europeus para designar o continente americano). Este último, portanto, surge na composição como o protagonista, focalizando destacadamente os Estados Unidos da América.
Após "Beneath, Between and Behind", do clássico álbum Fly By Night (1975), Peart se dedica novamente à observação de algumas características da maior nação do planeta, estabelecendo nesse momento duas linhas de percepções. A primeira delas reflete alguns traços gerais e históricos dos Estados Unidos, este que, por muitas vezes, representa a própria América (o "Homem do Novo Mundo") no cenário mundial. Nascido da revolta, a inconfundível e visionária dinâmica da potência sempre se lançou ao futuro, marcada pelo idealismo romântico aliado à ambição de tornar seu poder preeminente. Mesmo entendendo que sua jornada sempre será repleta de desafios, a nação acredita que poderá superar todos eles.
Por sua vez, o "Homem do Velho Mundo" representa as antigas potências europeias, e o "Homem do Terceiro Mundo", obviamente, se refere aos países emergentes. Ambos trazem expectativas de que possam ser ajudados pelo "Homem do Novo Mundo", cada qual em suas próprias necessidades.
De forma hábil, Peart observa os erros e acertos desse grande país, como os dualismos constantes entre a sabedoria e a loucura, a nobreza e a fraqueza, o intelectualismo e a belicosidade e o desejo de fazer a coisa certa optando por caminhos errados. O trecho "He's a radio receiver tuned to factories and farms. He's a writer and arranger and a young boy bearing arms" ("Ele é um receptor de rádio sintonizado em fábricas e fazendas. Ele é um escritor e organizador - ou soldado - e um jovem garoto portando armas") se refere a uma nação que apresenta uma compreensão conjuntural bastante abrangente e diversa entre seus cidadãos, mas que é marcada pela impulsividade de suas decisões.
Tomando nesse momento a análise primordial que se associa à proposta geral de Signals, temos novamente o olhar sobre a complexa figura do jovem adulto. Após tratar em "Digital Man" dos dramas e pressões inerentes a esse período da vida, Peart balanceia em "New World Man" alguns dos seus mais importantes dilemas modernos, como a integridade e as tentações, a responsabilidade e os interesses próprios, o ambientalismo e a ambição, entre outros. Esse novo adulto, o "Homem do Novo Mundo", é inexperiente, romântico e falho de coração, porém otimista e sempre perseverante. A canção analisa os papéis que essa geração desempenha na sociedade, pontuando seu otimismo natural (que nem sempre é manifestado e plenamente concretizado) em tentar corrigir erros das gerações anteriores. O jovem adulto se direciona ao futuro, dividido entre o velho e o novo, tentando encontrar a si mesmo em meio às forças que o cercam. Esse "Homem do Novo Mundo", ativo, dinâmico, espontâneo e ansioso terá que aprender a olhar não somente para o ritmo mais sutil e experiente do "Homem do Velho Mundo", ou seja, dos mais velhos, mas também a ter mais proximidade, solidariedade e dedicação nas orientações com o "Homem do Terceiro Mundo" - os mais jovens.
Os temas de Signals se dedicam inteiramente ao indivíduo, aos "Homens do Novo Mundo" que enfrentam o externo e a si mesmos em um turbilhão caótico proveniente do progresso. As expectativas sobre ele são muitas, e os intensos anseios por suas escolhas são materializados em seus dramas mais íntimos e nas imposições sobre sua individualidade. O fato é que "New World Man" trata de transições marcadas por erros e acertos, onde somos pressionados pelo que funcionou no passado e atraídos pela possibilidade do novo. É a velha proposta da intensa busca pelo equilíbrio, onde se deve ser livre de pensamento, porém mantendo a mente e os ouvidos abertos para tudo o que há ao redor.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
GETT, S. "Rush: Success Under Pressure". Cherry Lane Music. January 1985.
MAKOWSKI, P. "Stories from Signals / Adrenalin Rush / Signals Review and Response". Sounds Magazine. September 11th, October 16th, and December 18th, 1982.
SHARP, K. "Grace Under Fire”. Music Express Magazine. June 1984.
PEART, N. "Stories From Signals". 1982.
SECHER, A. "Leaps & Bounds". Hit Parader. March 1983.