O FUTURO DO RUSH NO NOVO DOCUMENTÁRIO "TIME STAND STILL"



01 DE NOVEMBRO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

O Rush irá lançar, na noite do dia 03 de novembro, seu novo documentário Time Stand Still em exibição única e especial nos cinemas norte-americanos (confira todos os detalhes nessa matéria especial). O site da revista Rolling Stone teve acesso ao filme com antecedência, publicando um artigo onde são relacionadas dez percepções sobre a história recente do trio, abordando as várias incertezas que rondaram a turnê R40, além das dificuldades e ponderações sobre o futuro de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Acompanhem a tradução completa, exclusiva para o Rush Fã-Clube Brasil.

REVELAÇÕES SOBRE O RUSH NO NOVO DOCUMENTÁRIO "TIME STAND STILL"
Dez pontos observados no novo documentário, que remete ao que provavelmente foi a turnê de despedida do trio


Rolling Stone - 01 de Novembro de 2016
Por Andy Greene | Tradução: Vagner Cruz

Em janeiro de 2015, o Rush anunciou que celebraria tardiamente o seu 40º aniversário com uma turnê norte-americana. "Esses shows imperdíveis irão destacar quatro décadas de música da banda", disseram em um comunicado à imprensa. "É muito provável que seja a última turnê de grande magnitude". Observe as seguintes palavras na declaração: "provável", "última turnê" e "grande magnitude". As mesmas trouxeram bastante flexibilidade, e o faturamento foi mais do que suficiente para ajudá-los a conseguir arenas com capacidade esgotada por todo o território dos EUA. Foi também o suficiente para justificar um novo documentário, apesar de Rush: Beyond the Lighted Stage de 2010 ter sido um dos maiores já realizados no mundo do rock.

Ao contrário de Beyond the Lighted Stage, Rush: Time Stand Still - que será lançado nos cinemas dos Estados Unidos na próxima quinta-feira (03) em evento único pela Fathom Events - mostra o presente em grande parte. É a história de uma banda que enfrenta sua própria mortalidade e de como buscam fazer da sua última turnê um presente para seus fãs. O filme também mergulha um pouco na história, com os integrantes contando casos divertidos de turnês passadas, parando por vezes para apresentar alguns dos fãs mais dedicados da banda.

Aqui estão 10 coisas que ficamos sabendo com o filme:

1. Neil Peart não queria sair em turnê

Com uma filha bem nova em casa, o baterista de 64 anos inicialmente não tinha a intenção de fazer uma turnê como a do ano passado. O grupo esteve na estrada de forma considerável e consistente por mais de uma década, e as turnês tornaram-se cada vez mais difíceis para o seu corpo envelhecido. O Rush tirou um ano de folga após a turnê Clockwork Angels, sem um plano claro para o futuro. "Em novembro [de 2014], nos reunimos em Toronto e eu estava bem decidido a dizer, 'Desculpe, para mim já deu'", diz Peart no filme. "Percebi que estava sozinho e sem graça no contexto de ser aquele que queria puxar o plugue. Deixei uma pequena janela na minha cabeça: se alguém quisesse fazer uma turnê novamente sem saber se seriam capazes, eu faria isso".

2. Alex Lifeson está começando a sofrer de artrite

Durante uma reunião, o guitarrista revelou que tem artrite e não sabe por quanto tempo será capaz de tocar guitarra. "É fácil colocar toda a culpa no baterista pelo fato dele não querer voltar para a estrada", diz Geddy Lee. "Mas há outros fatores em jogo aqui que não podem ser ignorados. Um desses é a artrite de Alex, que é uma espécie de bomba relógio".

3. Neil Peart teve um ataque de fúria quando percebeu que estava encurralado, tendo que voltar para a estrada

"O bastardo puxou a carta certa", diz Peart. "Alex disse que estava com artrite e, 'Gostaria de verdade de sair mais uma vez, mas não sei se conseguirei'. Naquela noite, tive o pior ataque Tourette que você jamais viu no meu quarto no hotel. Me senti preso. Batia com o pé no chão e praguejava. Mas, no dia seguinte, pensei, 'É o que é. Lide com isso'".

4. A entrada no Rock and Roll Hall of Fame continua a ressoar na cabeça dos integrantes

Depois de anos e anos de indignação dos fãs, o Rush finalmente foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame em 2013. Os fãs inundaram o Nokia Theatre em Los Angeles e ficaram absolutamente loucos quando o presidente do Hall, Jann Wenner, disse apenas "E de Toronto..." durante as palavras introdutórias. A cerimonia inteira parou enquanto os fãs aplaudiam e aplaudiam até o ponto em que os integrantes tiveram que se levantar acenando. "Se você estivesse lá, entenderia o que a nossa música significa para eles e o que eles significam para nós. Foi uma reação incrível que nunca vou esquecer", diz Lee.

5. Neil Peart enfrentou uma dor agonizante no pé durante a turnê

Como sempre, Neil Peart viajou de show para show com sua moto. "De todas as coisas com as quais me preocupava antes dessa turnê, as mais importantes eram os meus cotovelos e uma parada cardíaca. Não me preocupei tanto com os meus pés", ele diz. Porém, tendo pilotado debaixo de uma chuva torrencial e ficando com as botas molhadas, Peart desenvolveu um fungo nos pés que se tornou uma psoríase e uma infecção bacteriana. Uma pomada tópica só piorou a condição, tornando o ato de caminhar quase que insuportável - e mais ainda o ato de tocar bateria ao longo de três horas por noite. "No fim da segunda perna eu estava andando com dois tocos em carne viva", ele diz. "Assim, tocar bateria era agonizante". Ele passou por isso e, se não bastasse, desenvolveu também bolhas dolorosas em suas mãos, ao mesmo tempo. "Ele é um cara bem estoico", diz Lifeson. "Não consigo acreditar que ele tocou com tudo isso". Lee acrescenta, "Houve duas semanas de inferno para ele - um inferno absoluto".

6. Os empresários queriam adicionar uma outra perna para a turnê

A turnê R40 teve apenas 35 shows, todos na América do Norte (em comparação, a turnê Clockwork Angels de 2012/13 foi para a Europa e teve 72 shows, a turnê Time Machine de 2010/11 teve 81 shows e a turnê Snakes & Arrows de 2007/08 teve 114 shows). O empresário do Rush, Ray Danniels, esperava que Neil Peart concordasse com mais shows pela R40, e Geddy Lee e Alex Lifeson também estavam extremamente desejosos de que isso acontecesse. Peart não cedeu. "Foi isso o que dificultou em fazermos mais, em não termos levado para a Europa e não termos feito mais 20 shows na América", diz Danniels. "O outro lado da moeda é que quase não tivemos nada, e 35 é bem mais que zero".

7. O encerramento da turnê em Los Angeles foi uma noite extremamente emocional

Eles terminaram a turnê no Forum em Los Angeles no dia 1º de agosto de 2015. "Tentei absorver o máximo que pude", recorda Lifeson. "O local, o público e as luzes. Tentei ficar bastante consciente sobre tudo o que estava acontecendo". Fãs vieram do mundo todo, acenando as bandeiras dos seus países. "Me senti muito bem vendo que pessoas vieram de tão longe", diz Lee. "Todos aqueles lugares que sabíamos que não poderíamos ir... O mais próximo que cheguei emocionalmente sobre saber que estava perdendo aquilo foi quando estava dizendo boa noite. Fiquei engasgado e momentaneamente arrasado".

8. Neil quebrou uma das suas regras naquela última noite

A apresentação no Forum terminou com "Working Man" e um trecho da antiga e rara "Garden Road". Quando o show terminou, Peart chocou seus companheiros de banda indo para a frente do palco, se juntando à eles para um aceno ao público. "Nunca atravessei o que chamo de meridiano da linha de trás", diz ele. "Fico atrás dos meus tambores e pratos por 40 anos e nunca fui à frente, nunca. Não é meu território. Porém, disse pra mim mesmo que essa era a coisa mais certa a se fazer".


9. Uma turnê com qualquer coisa que não seja os três integrantes da formação clássica é algo impensável

Eles podem ter tido um baterista diferente no seu primeiro álbum. Eles podem ter saído com uma orquestra de cordas na turnê Clockwork Angels. O violinista Jonathan Dinklage (irmão do ator Pete Dinklage) pode ter se juntado à eles de forma ocasional para a canção "Losing It" nessa turnê. Mas o Rush é Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. Eles nunca farão shows sem um deles. "Não é como você apenas recebendo novos integrantes de uma banda e seguindo", diz Lifeson. "O Rush nunca foi assim, e nunca faríamos algo assim". Acrescenta Lee: "Sempre dissemos que se nós três não estivéssemos a bordo, não faríamos qualquer coisa. Tivemos outras decisões na nossa carreira onde nós três não estávamos a bordo - assim, não fizemos. Nada tão profundo como encerrar nossa vida em turnês. Então um cara não quer mais fazer essa coisa que eu adoro fazer. Machuca. Mas não há nada que eu possa fazer sobre isso, sendo parte do acordo".

10. O grupo de afastou com emoções mistas

"Tenho certeza de que no fim vou me sentir bem com isso", diz Lifeson. "Mas ainda lamento o fato de que provavelmente não façamos mais grandes turnês". Essa parece uma declaração otimista. A julgar pelas falas de Peart ao longo do filme, até mesmo um único show no futuro seria uma grande surpresa. Pelo menos eles tiveram uma incrível turnê de despedida e a decisão prévia de filmar tudo isso.

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