PERGUNTAS INCOMUNS PARA GEDDY LEE



02 DE JANEIRO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

Uma pequena e curiosa entrevista com Geddy lee foi liberada no último dia de 2015 pelo site da revista Classic Rock. Nesse bate-papo, o vocalista e baixista do Rush fala sobre sua infância, sua voz incomum, hobbies, vinhos e envelhecimento. Confiram o material completo, inteiramente traduzido para o Rush Fã-Clube Brasil.

CARGA PESADA - GEDDY LEE
Classic Rock Magazine
31 de Dezembro de 2015

Por Dave Ling

Geddy Lee fala sobre sua infância, sobre sua voz 'incomum' como vocalista, sobre beber Panther Piss e sobre possuir 5000 garrafas de vinho.

Nascido em Willowdale (subúrbio de Toronto) há 62 anos, Geddy Lee tem sido integrante do Rush ao longo de quase meio século, contribuindo com baixo, teclados e com aqueles vocais muitas vezes alarmantes.

No dia em que o encontrei, a aparente aposentadoria do baterista do grupo, Neil Peart, se tornava um assunto viral, e Lee era forçado a esclarecer mais uma vez que Peart apenas não deseja mais sair em turnês. Mas ele está ciente de que o Rush não continuará para sempre.

Você nasceu Gary Lee Weinrib. Como Gary se tornou Geddy?

Minha mãe tem um sotaque polonês bem pesado. Quando eu tinha doze anos, um amigo geralmente vinha até minha casa. Ele achava que ela dizia 'Geddy', mas era a forma como pronunciava os 'erres'. Meu amigo me disse, "Acho que Geddy é mais legal que Gary. Vou te chamar assim a partir de agora". O apelido pegou.

Como você descreveria sua infância?

Foi bastante enfadonha. Eu era um garoto do tipo nerd e tranquilo. Meu pai faleceu quando eu tinha doze anos e, nesse momento, comecei a andar com más companhias, que incluía um sujeito chamado Alex Lifeson. Ele me apresentou a maconha e começamos a tocar juntos em uma banda de rock. Tudo foi por água abaixo.

Como você era na escola?

Eu era um sonhador. Meu boletim normalmente dizia, "Trabalha bem com os outros, mas não aplica isso a si mesmo". Eu era um fracassado clássico.

Seus pais eram judeus sobreviventes do Holocausto. Isso afetou sua visão de vida?

Provavelmente. Minha mãe me falou bastante sobre os campos. Ela trouxe à vida muitos dos horrores que experimentou, o que me deu uma perspectiva real sobre o que passou. Creio que isso me proporcionou uma paixão pela vida e um desejo de aproveitar ao máximo o tempo que temos.

Você não tem a voz mais tradicional. Foi difícil ser aceito como vocalista no início?

Sim - esse foi, definitivamente, um fator de polarização. Eu cantei em corais na escola, e tinha uma voz soprano natural. As bandas que ouvíamos quando o Rush estava começando - Humble Pie e o Zeppelin do início - tinham vocalistas com tons altos. Assim, eu os copiava. É de fato uma voz do tipo ame ou odeie, mas, conforme estou ficando mais velho, acho que estou me tornando um vocalista melhor.

O que podemos encontrar na seção de hobbies e passatempos do seu currículo?

Sou um observador de aves. Fotografo a vida selvagem. Adoro fazer caminhadas com minha esposa. Adoro malhar - vou para a academia quatro vezes por semana. Jogo tênis e sou um grande fã de beisebol. Coleciono vinhos. Os coleciono bem aqui [dá um tapinha no estômago e ri].


Qual foi a primeira vez que ficou bêbado?

Eu tinha dezesseis anos, e foi com Alex. Em todas as primeiras coisas ruins que aconteceram comigo eu estava com Alex. Fazíamos um negócio que costumávamos chamar de Panther Piss [Mijo de Pantera].

Quais são os ingredientes do Panther Piss?

É o que acontece quando você vai no armário de bebidas dos seus pais e pega um pouco de cada garrafa. Você mistura tudo e voilá, Panther Piss.

Patrimônios à parte, qual foi sua maior indulgência financeira?

Provavelmente minha Gibson Les Paul de 1959.

Qual foi seu maior desperdício de dinheiro?

Minha coleção de vinhos é bastante extensa - e cara.

Você acumulou 5000 garrafas. Não está na hora de bebê-las?

Estou tentando, mas só tenho uma boca. Quando você entra nos vinhos finos, diz que quer conseguir os melhores que puder, e consome o resto - pagando para o seu consumo. Essa é a teoria. Simplesmente não posso me separar de algumas das melhores garrafas.

Que vinhos seus colegas de banda seriam?

Alex seria um Zinfandel - bem amadurecido e altamente alcoólico. Neil seria um clarete - aquele que precisa de envelhecimento, suave nas bordas.

Qual foi a última vez que você chorou?

Choro em todas as viagens de avião quando estou assistindo a um filme. Sou um molengão - especialmente na altitude. Mas aqui em terra firme acontece às vezes, quando vejo vídeos do meu neto de um ano e meio.

O que Geddy Lee pode fazer que ninguém mais pode?

Posso mexer minhas orelhas e nariz ao mesmo tempo, mas não vou mostrar. Desculpe, você só tem que acreditar.

Conforme você envelhece, acha que pensa mais sobre a morte?

Sim, de vez em quando ela se arrasta no meu subconsciente. Não na medida da obsessão de Woddy Allen, mas a mortalidade está cada vez mais presente nos meus pensamentos.

Você acredita em Deus ou algo do tipo?

Não. Deus é um fracassado.

O que será escrito em sua lápide?

Tanto vinho e tão pouco tempo.

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