15 DE NOVEMBRO DE 2015 | POR VAGNER CRUZ
R40, a última turnê realizada pelo Rush, é o assunto de capa da edição de novembro / dezembro 2015 da revista Canadian Musician. Geddy Lee e Alex Lifeson contam em um ótimo bate-papo detalhes de como chegaram no set list apresentado, além de falarem sobre o palco do show e dos seus momentos favoritos nas apresentações. Acompanhem o material, inteiramente traduzido para o Rush Fã-Clube Brasil.
VOLTANDO NO TEMPO COM O RUSH
Canadian Musician / Novembro e Dezembro de 2015 - Por Andrew King
Vamos ser claros desde o início. A R40 Tour, que alcançou seu último show em Los Angeles no dia 1º de agosto, pode ter marcado o fim das turnês de longa escala em arenas para o Rush. Porém, isso não assiná-la o fim da carreira da icônica banda canadense de rock ou do seu legado musical.
Mesmo assim, os fãs podem, compreensivelmente, ficarem tristes. Para muitos, uma turnê do Rush resume a experiência do rock em arenas, e essa reputação é atualizada e reforçada a cada edição subsequente.
Considere sua penúltima, a Clockwork Angels Tour. Apoiando o álbum de mesmo nome, a turnê foi uma fusão verdadeiramente impressionante de luxo, iluminação de bom gosto, conteúdos dos vídeos criados sob medida - distribuídos por várias superfícies e peças espetaculares de design inspirado no steampunk. Oh, e a música era muito boa também.
Porém, fazer uma turnê nessa escala - com mais de 72 espetáculos distribuídos em três pernas e oito países - cobraria seu preço, por tocar próximo a três horas de material tecnicamente exigente em uma noite, especialmente quando tocam esse material por décadas.
Apesar do status de deuses nos olhos dos fãs da música em todo mundo, o baixista e vocalista Geddy Lee, o guitarrista Alex Lifeson e o baterista Neil Peart não deixam de serem mortais, e as turnês cobraram o preço físico e emocional do trio. Peart, por exemplo, tem sido bastante sincero em seus comentários, falando do desejo de ficar mais perto de casa e passar mais tempo com a família.
Mas o Rush não seria o Rush sem sua legião de fãs incondicionais - aqueles fãs de um amplo e surpreendente grupo demográfico que aprecia as proezas técnicas da banda, sua busca contínua em se desafiarem e a imaginação que penetra em todos e em cada um dos seus esforços criativos.
Naquilo que pode ser considerado um cumprimento para esses fiéis seguidores, o trio embarcou em um circuito final emocionante para comemorar quatro décadas, desde que Peart se juntou à banda e cimentou sua formação.
Foi um circuito que começou em Tulsa, Oklahoma, no dia 8 de maio e que durou pouco menos de três meses, antes da última parada em Los Angeles. Trinta e cinco espetáculos - cinco deles em sua terra natal, Canadá - e um set list que percorreu 40 anos e cada época sonora desse rolo compressor do rock.
O conceito por trás da R40 é uma espécie de viagem no tempo, revisitando um catálogo emblemático de canções rock em ordem cronológica reversa. A ideia era dividir a carreira da banda em cinco épocas, sendo elas: Clockwork Angels, grande arenas, arenas menores, teatros de assentos macios e, finalmente, voltando aos seus primeiros shows em ginásios no começo dos anos 70. Começando com um punhado de cortes da mais recente oferta de estúdio do Rush, Clockwork Angels, de 2012, o set list progride em uma série de sucessos comerciais e canções favoritas do público na ordem reversa de seus respectivos lançamentos. Por todo o tempo, os elementos do palco são mudados para refletir as eras das paredes maciças de caixas de som das grandes arenas, um palco proscênio com cortinas da era dos teatros e todo o caminho até um par de amplificadores e um pequeno kit de bateria (para os padrões de Peart) reservado para as canções finais.
"Achamos que seria um conceito legal terminar a noite da forma que começamos nossa carreira - no ambiente mais simples, praticamente sem adereços - apenas música", compartilha Lee abertamente com a Canadian Musician. "Era apenas música naquela época".
Porém, ao longo dos anos, as turnês se tornaram mais elaboradas, em paralelo com o sucesso da banda. O ponto culminante de sua ambição - conceitual, tecnológico e, claro, musical - foi a já mencionada turnê Clockwork Angels, ostentando um design imaginativo steampunk e um set list de três horas.
"Com o conceito Clockwork Angels, nosso show ao vivo evoluiu para o seu ponto mais complexo", diz Lee. "Havia tantas voltas, reviravoltas e complexidades no palco que era como, 'Para onde você vai daqui? Como manter a coisa ficando ainda mais espetacular?'".
A resposta, como se vê, foi delegar ao invés de evoluir. "Parecia divertido usar o Clockwork Angels como um ponto de partida e seguir de lá - visitando cada época e coisas icônicas que foram parte dessa história, desde o design à amplificação - tudo impulsionado pela música daqueles períodos".
Escolher as músicas que representariam esses períodos foi um empreendimento significativo e compreensível, no momento em que você tem 40 anos, vinte álbuns de estúdio e valores materiais a considerar.
"É sempre algo difícil selecionar coisas para um período de três horas", admite Lifeson, algo que foi agravado pela natureza dessa turnê em particular. "Nossos fãs são diversos, eles têm períodos favoritos e nem sempre concordam. E, depois, temos as nossas favoritas, então você tem que satisfazer muitos domínios".
Lee diz que, inicialmente, tinha ideias diferentes de como o set list deveria surgir - predominantemente escolhendo cortes mais profundos para apaziguar os mais fanáticos contra uma volta completa de seus maiores sucessos. "Em última análise, no entanto, sendo uma turnê de aniversário que celebra diferentes períodos do Rush", diz Lee, "acho que você tem que celebrar os destaques desses períodos. E foi assim que começamos a recolher as nossas mais bem sucedidas, as nossas canções mais populares e mais amadas. Tentamos colocar nossas favoritas fora da mistura, focando no que nossa base de fãs realmente acredita serem as emblemáticas".
Na sequência de uma introdução em vídeo, "The Anarchist", um corte contundente e um dos destaques de Clockwork Angels, começa o show, como parte de algumas canções do lançamento mais recente.
O que se segue é uma série de momentos de Snakes & Arrows, com as favoritas de Counterparts, Roll The Bones e Grace Under Pressure sendo salpicadas antes do primeiro set terminar com "Subdivisions" - todas partes que compõe os momentos em grandes arenas do show.
Lee aponta para a faixa-título de Roll The Bones como um dos mais orgulhosos e memoráveis momentos de R40. Falando de algumas inovações tecnológicas empregadas na jornada, ele diz: "Uma coisa muito legal foi sermos capazes de sincronizar o vídeo no tempo da música. É algo que sempre quis fazer, por isso temos vários amigos para mexer os lábios sincronizados com o rap em 'Roll The Bones', do jeito deles".
Esses amigos incluem atores como Paul Rudd e Jason Segel, músicos como Chad Smith do Red Hot Chili Peppers e Tom Morello do Rage Against The Machine e colegas canadenses como o ator Jay Baruchel e os personagens da série Trailer Park Boys. A montagem é mostrada no enorme telão na parte de trás do palco.
"Sempre quis encontrar maneiras de acionar gatilhos a partir do meu teclado", Lee continua. "Assim, eu acionaria aquela parte todas as noites, e nós teríamos o conforto de saber que não rolaria até termos certeza de que a parte estava em sintonia com o que estávamos realmente tocando".
"Foi algo de fato especial e divertido para o público", Lifeson acrescenta. "Eu não toco nessa parte. Assim, sentava na penumbra para assistir as pessoas curtindo".
Entre os dois sets há o vídeo hilariante e irreverente chamado "No Country for Old Hens", uma compilação de 15 anos de preciosos conteúdos de gravações, grande parte inédita. Traz cenas não editadas e erros de gravação dos integrantes fazendo vários personagens nas turnês anteriores, juntamente com participações igualmente bizarras de celebridades.
O segundo set é dividido entre a aparência de pequenas arenas, cobrindo o catálogo do Rush nos anos 80, e a aparência teatral de meados dos anos 70. Carregadas ao longo dessa matade do show estão clássicos como "Tom Sawyer", "The Spirit of Radio", "Closer to the Heart" e "Xanadu", terminando com um verdadeiro deleite para os mais fanáticos: quatro das sete partes da suíte-título "2112".
Para muitos, o fim do componente teatro traria a sensação do fim do show. No entanto, é seguido por uma pequena pausa e outro vídeo cômico: este com o comediante Eugene Levy reprisando seu clássico personagem na SCTV Rockin' Mel Slirrup, em uma nova edição do antigo programa Mel's Rock Pile.
O que se segue é um bis de favoritas do começo, de meados dos anos 70 que os fãs do Rush prezam, incluindo "What You're Doing" e "Working Man", do seminal álbum de estreia auto-intitulado que precede até mesmo os 40 anos de Peart com a banda.
Fora os hits que eles "precisavam tocar", nomeando "Tom Sawyer" e "The Spirit of Radio" especificamente, foi bastante gratificante para Lifeson tirar a poeira de algumas composições que não eram ouvidas no palco há tempos.
"Havia algumas que, inicialmente, não tínhamos certeza", diz ele, nomeando "Lakeside Park" como exemplo. "Porém, uma vez que começamos a tocá-las, foi uma oportunidade para atualizá-las. 'Cygnus X-l' e 'Hemispheres: Prelude' foram muito divertidas de tocar, me fazendo lembrar da energia que tínhamos nesse período, de como escrevíamos, de como tocávamos e de como atuávamos".
Lee discorre sobre a ideia: "Algo acontece quando você começar a tocar essas músicas. Você aplica o que sabe e traz um pouco mais de atitude madura para a performance, começando a voltar para a mentalidade que tinha quando compôs. Assim, enquanto estávamos ensaiando, elas meio que faziam sentido novamente e não pareciam datadas, pois é como se estivesse revigorando as mesmas".
Ele usa "Jacob's Ladder" para ilustrar esse ponto. "Ela é sempre a canção número um que as pessoas pedem para tocar em sites de petição, estes que são preparados para uma turnê", diz Lee. "Ela deixou de ser uma canção que me fazia encolher um pouco nos ensaios para uma que adorei tocar todas as noites". Parte disso, ele acrescenta, pode ser atribuído à demanda dos fãs. "É legal ser capaz de dizer obrigado por poder tocar canções que as pessoas realmente querem ouvir".
Outro aspecto da R40 nasceu da consideração aos fãs, e algo que também têm sido constante ao longo das décadas é a insistência da banda em manter suas seleções ao vivo tão próximas quanto possível de suas respectivas versões dos álbuns. Embora haja espaço para um pouco de improvisação, Lifeson afirma: "Sempre foi muito importante para nós replicarmos as músicas tão verdadeiramente quanto podíamos".
Enquanto centenas de milhares de fãs tiveram a chance de se despedir de seus reis durante a R40 Tour, muitos mais não conseguiram desfrutar dessas canções, e a única maneira que terão de agradecer será com um álbum e um DVD ao vivo, gravado durante as duas datas no Air Canada Centre em Toronto em meados de junho. R40 Live chega em 20 de novembro em CD, DVD e Blu-ray.
"Estou muito orgulhoso com forma como soa e como se mostra", diz Lifeson, sobre o 11º ao vivo da banda. "Em suma, é uma maneira muito gratificante de coroar a R40. É como se não tivéssemos deixado nada sem resolver".
Lee resume: "Toda essa turnê foi realmente impulsionada pelos fãs", diz ele, refletindo sobre a R40. "O design do show, a lista de músicas e muitos dos conteúdos dos vídeos nos telões - tudo para dizer obrigado aos fãs, pois essa é realmente a natureza de um aniversário ao meu ver - especialmente tendo em vista as circunstâncias dessa ter sido nossa última turnê, ou nossa última possivelmente. Assim, precisávamos agradecer da maneira correta".
Os fiéis fãs do Rush já devem ter marcado a adição do "possivelmente" nessa última observação como uma centelha de otimismo, e Lifeson coloca um pouco de combustível nesse fogo possível, acrescentando, "Estou ainda lentamente me acostumando com a ideia de que não poderemos mais estar em turnê".
O futuro, pelo menos a partir de agora, é incerto para o trio. Porém, independente do que está reservado, os integrantes do Rush fizeram o certo por seus fãs com essa crônica mais recente, e esses irão adiar seu obrigado com R40 Live, esperando ansiosamente por qualquer palavra sobre o que está por vir.
VOLTANDO NO TEMPO COM O RUSH
Canadian Musician / Novembro e Dezembro de 2015 - Por Andrew King
Vamos ser claros desde o início. A R40 Tour, que alcançou seu último show em Los Angeles no dia 1º de agosto, pode ter marcado o fim das turnês de longa escala em arenas para o Rush. Porém, isso não assiná-la o fim da carreira da icônica banda canadense de rock ou do seu legado musical.
Mesmo assim, os fãs podem, compreensivelmente, ficarem tristes. Para muitos, uma turnê do Rush resume a experiência do rock em arenas, e essa reputação é atualizada e reforçada a cada edição subsequente.
Considere sua penúltima, a Clockwork Angels Tour. Apoiando o álbum de mesmo nome, a turnê foi uma fusão verdadeiramente impressionante de luxo, iluminação de bom gosto, conteúdos dos vídeos criados sob medida - distribuídos por várias superfícies e peças espetaculares de design inspirado no steampunk. Oh, e a música era muito boa também.
Porém, fazer uma turnê nessa escala - com mais de 72 espetáculos distribuídos em três pernas e oito países - cobraria seu preço, por tocar próximo a três horas de material tecnicamente exigente em uma noite, especialmente quando tocam esse material por décadas.
Apesar do status de deuses nos olhos dos fãs da música em todo mundo, o baixista e vocalista Geddy Lee, o guitarrista Alex Lifeson e o baterista Neil Peart não deixam de serem mortais, e as turnês cobraram o preço físico e emocional do trio. Peart, por exemplo, tem sido bastante sincero em seus comentários, falando do desejo de ficar mais perto de casa e passar mais tempo com a família.
Mas o Rush não seria o Rush sem sua legião de fãs incondicionais - aqueles fãs de um amplo e surpreendente grupo demográfico que aprecia as proezas técnicas da banda, sua busca contínua em se desafiarem e a imaginação que penetra em todos e em cada um dos seus esforços criativos.
Naquilo que pode ser considerado um cumprimento para esses fiéis seguidores, o trio embarcou em um circuito final emocionante para comemorar quatro décadas, desde que Peart se juntou à banda e cimentou sua formação.
Foi um circuito que começou em Tulsa, Oklahoma, no dia 8 de maio e que durou pouco menos de três meses, antes da última parada em Los Angeles. Trinta e cinco espetáculos - cinco deles em sua terra natal, Canadá - e um set list que percorreu 40 anos e cada época sonora desse rolo compressor do rock.
O conceito por trás da R40 é uma espécie de viagem no tempo, revisitando um catálogo emblemático de canções rock em ordem cronológica reversa. A ideia era dividir a carreira da banda em cinco épocas, sendo elas: Clockwork Angels, grande arenas, arenas menores, teatros de assentos macios e, finalmente, voltando aos seus primeiros shows em ginásios no começo dos anos 70. Começando com um punhado de cortes da mais recente oferta de estúdio do Rush, Clockwork Angels, de 2012, o set list progride em uma série de sucessos comerciais e canções favoritas do público na ordem reversa de seus respectivos lançamentos. Por todo o tempo, os elementos do palco são mudados para refletir as eras das paredes maciças de caixas de som das grandes arenas, um palco proscênio com cortinas da era dos teatros e todo o caminho até um par de amplificadores e um pequeno kit de bateria (para os padrões de Peart) reservado para as canções finais.
"Achamos que seria um conceito legal terminar a noite da forma que começamos nossa carreira - no ambiente mais simples, praticamente sem adereços - apenas música", compartilha Lee abertamente com a Canadian Musician. "Era apenas música naquela época".
Porém, ao longo dos anos, as turnês se tornaram mais elaboradas, em paralelo com o sucesso da banda. O ponto culminante de sua ambição - conceitual, tecnológico e, claro, musical - foi a já mencionada turnê Clockwork Angels, ostentando um design imaginativo steampunk e um set list de três horas.
"Com o conceito Clockwork Angels, nosso show ao vivo evoluiu para o seu ponto mais complexo", diz Lee. "Havia tantas voltas, reviravoltas e complexidades no palco que era como, 'Para onde você vai daqui? Como manter a coisa ficando ainda mais espetacular?'".
A resposta, como se vê, foi delegar ao invés de evoluir. "Parecia divertido usar o Clockwork Angels como um ponto de partida e seguir de lá - visitando cada época e coisas icônicas que foram parte dessa história, desde o design à amplificação - tudo impulsionado pela música daqueles períodos".
Escolher as músicas que representariam esses períodos foi um empreendimento significativo e compreensível, no momento em que você tem 40 anos, vinte álbuns de estúdio e valores materiais a considerar.
"É sempre algo difícil selecionar coisas para um período de três horas", admite Lifeson, algo que foi agravado pela natureza dessa turnê em particular. "Nossos fãs são diversos, eles têm períodos favoritos e nem sempre concordam. E, depois, temos as nossas favoritas, então você tem que satisfazer muitos domínios".
Lee diz que, inicialmente, tinha ideias diferentes de como o set list deveria surgir - predominantemente escolhendo cortes mais profundos para apaziguar os mais fanáticos contra uma volta completa de seus maiores sucessos. "Em última análise, no entanto, sendo uma turnê de aniversário que celebra diferentes períodos do Rush", diz Lee, "acho que você tem que celebrar os destaques desses períodos. E foi assim que começamos a recolher as nossas mais bem sucedidas, as nossas canções mais populares e mais amadas. Tentamos colocar nossas favoritas fora da mistura, focando no que nossa base de fãs realmente acredita serem as emblemáticas".
Na sequência de uma introdução em vídeo, "The Anarchist", um corte contundente e um dos destaques de Clockwork Angels, começa o show, como parte de algumas canções do lançamento mais recente.
O que se segue é uma série de momentos de Snakes & Arrows, com as favoritas de Counterparts, Roll The Bones e Grace Under Pressure sendo salpicadas antes do primeiro set terminar com "Subdivisions" - todas partes que compõe os momentos em grandes arenas do show.
Lee aponta para a faixa-título de Roll The Bones como um dos mais orgulhosos e memoráveis momentos de R40. Falando de algumas inovações tecnológicas empregadas na jornada, ele diz: "Uma coisa muito legal foi sermos capazes de sincronizar o vídeo no tempo da música. É algo que sempre quis fazer, por isso temos vários amigos para mexer os lábios sincronizados com o rap em 'Roll The Bones', do jeito deles".
Esses amigos incluem atores como Paul Rudd e Jason Segel, músicos como Chad Smith do Red Hot Chili Peppers e Tom Morello do Rage Against The Machine e colegas canadenses como o ator Jay Baruchel e os personagens da série Trailer Park Boys. A montagem é mostrada no enorme telão na parte de trás do palco.
"Sempre quis encontrar maneiras de acionar gatilhos a partir do meu teclado", Lee continua. "Assim, eu acionaria aquela parte todas as noites, e nós teríamos o conforto de saber que não rolaria até termos certeza de que a parte estava em sintonia com o que estávamos realmente tocando".
"Foi algo de fato especial e divertido para o público", Lifeson acrescenta. "Eu não toco nessa parte. Assim, sentava na penumbra para assistir as pessoas curtindo".
Entre os dois sets há o vídeo hilariante e irreverente chamado "No Country for Old Hens", uma compilação de 15 anos de preciosos conteúdos de gravações, grande parte inédita. Traz cenas não editadas e erros de gravação dos integrantes fazendo vários personagens nas turnês anteriores, juntamente com participações igualmente bizarras de celebridades.
O segundo set é dividido entre a aparência de pequenas arenas, cobrindo o catálogo do Rush nos anos 80, e a aparência teatral de meados dos anos 70. Carregadas ao longo dessa matade do show estão clássicos como "Tom Sawyer", "The Spirit of Radio", "Closer to the Heart" e "Xanadu", terminando com um verdadeiro deleite para os mais fanáticos: quatro das sete partes da suíte-título "2112".
Para muitos, o fim do componente teatro traria a sensação do fim do show. No entanto, é seguido por uma pequena pausa e outro vídeo cômico: este com o comediante Eugene Levy reprisando seu clássico personagem na SCTV Rockin' Mel Slirrup, em uma nova edição do antigo programa Mel's Rock Pile.
O que se segue é um bis de favoritas do começo, de meados dos anos 70 que os fãs do Rush prezam, incluindo "What You're Doing" e "Working Man", do seminal álbum de estreia auto-intitulado que precede até mesmo os 40 anos de Peart com a banda.
Fora os hits que eles "precisavam tocar", nomeando "Tom Sawyer" e "The Spirit of Radio" especificamente, foi bastante gratificante para Lifeson tirar a poeira de algumas composições que não eram ouvidas no palco há tempos.
"Havia algumas que, inicialmente, não tínhamos certeza", diz ele, nomeando "Lakeside Park" como exemplo. "Porém, uma vez que começamos a tocá-las, foi uma oportunidade para atualizá-las. 'Cygnus X-l' e 'Hemispheres: Prelude' foram muito divertidas de tocar, me fazendo lembrar da energia que tínhamos nesse período, de como escrevíamos, de como tocávamos e de como atuávamos".
Lee discorre sobre a ideia: "Algo acontece quando você começar a tocar essas músicas. Você aplica o que sabe e traz um pouco mais de atitude madura para a performance, começando a voltar para a mentalidade que tinha quando compôs. Assim, enquanto estávamos ensaiando, elas meio que faziam sentido novamente e não pareciam datadas, pois é como se estivesse revigorando as mesmas".
Ele usa "Jacob's Ladder" para ilustrar esse ponto. "Ela é sempre a canção número um que as pessoas pedem para tocar em sites de petição, estes que são preparados para uma turnê", diz Lee. "Ela deixou de ser uma canção que me fazia encolher um pouco nos ensaios para uma que adorei tocar todas as noites". Parte disso, ele acrescenta, pode ser atribuído à demanda dos fãs. "É legal ser capaz de dizer obrigado por poder tocar canções que as pessoas realmente querem ouvir".
Outro aspecto da R40 nasceu da consideração aos fãs, e algo que também têm sido constante ao longo das décadas é a insistência da banda em manter suas seleções ao vivo tão próximas quanto possível de suas respectivas versões dos álbuns. Embora haja espaço para um pouco de improvisação, Lifeson afirma: "Sempre foi muito importante para nós replicarmos as músicas tão verdadeiramente quanto podíamos".
Enquanto centenas de milhares de fãs tiveram a chance de se despedir de seus reis durante a R40 Tour, muitos mais não conseguiram desfrutar dessas canções, e a única maneira que terão de agradecer será com um álbum e um DVD ao vivo, gravado durante as duas datas no Air Canada Centre em Toronto em meados de junho. R40 Live chega em 20 de novembro em CD, DVD e Blu-ray.
"Estou muito orgulhoso com forma como soa e como se mostra", diz Lifeson, sobre o 11º ao vivo da banda. "Em suma, é uma maneira muito gratificante de coroar a R40. É como se não tivéssemos deixado nada sem resolver".
Lee resume: "Toda essa turnê foi realmente impulsionada pelos fãs", diz ele, refletindo sobre a R40. "O design do show, a lista de músicas e muitos dos conteúdos dos vídeos nos telões - tudo para dizer obrigado aos fãs, pois essa é realmente a natureza de um aniversário ao meu ver - especialmente tendo em vista as circunstâncias dessa ter sido nossa última turnê, ou nossa última possivelmente. Assim, precisávamos agradecer da maneira correta".
Os fiéis fãs do Rush já devem ter marcado a adição do "possivelmente" nessa última observação como uma centelha de otimismo, e Lifeson coloca um pouco de combustível nesse fogo possível, acrescentando, "Estou ainda lentamente me acostumando com a ideia de que não poderemos mais estar em turnê".
O futuro, pelo menos a partir de agora, é incerto para o trio. Porém, independente do que está reservado, os integrantes do Rush fizeram o certo por seus fãs com essa crônica mais recente, e esses irão adiar seu obrigado com R40 Live, esperando ansiosamente por qualquer palavra sobre o que está por vir.