25 DE NOVEMBRO DE 2015 | POR VAGNER CRUZ
Continuando com a série de entrevistas para a divulgação de R40 Live, Geddy Lee e Alex Lifeson conversaram recentemente com a apresentadora Joanne Wilder da rádio Q107 de Toronto, visitando uma quantidade razoável de assuntos e também respondendo algumas perguntas feitas por fãs. Acompanhem o material, inteiramente transcrito e traduzido para o Rush Fã-Clube Brasil.
JOANNE WILDER CONVERSA COM GEDDY LEE E ALEX LIFESON
Q107 Toronto's Rock / 19 de novembro de 2015 - Por Joanne Wilder
Tenho que dizer: fiquei nervosa quando me disseram que eu estaria com vocês, pois não queria desapontar os fãs, devido aos mesmos serem provavelmente os mais leais com os quais me deparei. Eles me mandam e-mails quase todos os dias. Vocês também sentem isso, que talvez eles sejam mais leais do que os fãs de outras bandas?
Alex: Posso dizer que eles são mais comprometidos que muitos. Eles parecem olhar para cada pedacinho da nossa história, sobre quem somos e o que fazemos, tendo sempre algo a dizer sobre tudo (risos).
Essa turnê é um adeus aos fãs?
Alex: Talvez. Ainda é muito cedo para dizer. Acabamos de sair da turnê no fim do verão e estamos ocupados com outras coisas agora, não tendo ainda conversado sobre o que o futuro nos reserva. Mas vamos ver, Geddy e eu adoramos e continuamos envolvidos com a música, colecionando guitarras e conversando sobre compormos juntos com as coisas desacelerando um pouco. Assim, há muitas opções e coisas que podemos fazer.
Há alguma canção que vocês gostaram de tocar? Não digo uma favorita, mas alguma que vocês tenham gostado de gravar e de tocar ao vivo mais do que as outras. Uma canção do Rush que é bem nostálgica para mim é "Subdivisions", por trazer me algumas lembranças. E para vocês?
Alex: Para mim, de qualquer forma, vou ter a sensação dessa última turnê, então "Natural Science", "Jacob's Ladder" (com a qual nos divertimos bastante tocando) e "Xanadu", que é bem divertida e também penosa de tocar, pois tenho que ficar com uma double neck por onze minutos. É uma canção bem desafiadora, principalmente por ter ótimas texturas.
Geddy: Me diverti tocando as canções mais novas, pois elas são frescas e ficamos completamente apaixonados pelo último álbum de estúdio, como garotos. Elas sempre trazem grande emoção e são bem difíceis de tocar também, sendo sempre desafiadoras.
Se essa vir a ser a última turnê, há algo que vocês gostariam de ter feito, como alguns locais que gostariam de ter tocado? Tenho ouvido pessoas dizendo que talvez façam a Europa em 2016. Existe alguma possibilidade?
Geddy: Eu diria que não é provável neste momento, mas nunca se sabe. Lamento não ter tocado em mais cidades, lamento por não termos coberto a América do Norte de forma mais adequada e de não termos ido para a Europa e para o Brasil. Se essa acabar sendo nossa última turnê, teria gostado de dizer adeus a todos os nossos fãs, mas não funciona assim.
Durante o show, temos um visual absolutamente espetacular. Tudo é fantástico. O que vocês poderiam dizer sobre a produção visual dessa turnê?
Alex: Geddy esteve bastante envolvido com seu irmão, Allan (que é um dos produtores), e com Dale Heslip, o diretor de arte. Eles trabalharam juntos como uma equipe, a fim de alcançarem todos os conceitos e delegarem as várias atividades para os diferentes cinegrafistas - jovens muito criativos que estavam envolvidos com tudo aquilo.
Geddy: Foi muito divertido para mim ter toda essa equipe por um longo tempo, com Allan, meu irmão, e Dale, um cara muito criativo. Eles dois juntos formam um grande time, tendo sido nossos eixos como diretores de arte para toda a turnê. Juntamente com Howard Ungerleider, eles projetaram todo o visual do show. Tivemos meses de reuniões periódicas, observando cada pequeno detalhe dos recursos visuais. Vou sentir saudades de fazer isso.
Há sempre muitos ensaios. Vocês sabem quantas horas ensaiam em um dia comum?
Alex: Começamos a ensaiar para essa turnê no fim de janeiro, duas horas por dia e três dias por semana, seguindo até março aproximadamente, quando aumentamos para três ou quatro horas por dia e para quatro vezes por semana. Em abril, começamos a ensaiar com a banda completa ao longo do mês, cinco dias por semana - iniciando ao meio dia e indo até às cinco mais ou menos. Então, durante duas semanas, ensaiamos com a produção completa, e isso aconteceu nessa última turnê em Tulsa, onde seria o primeiro show - o que seria ótimo para ajustar as coisas no próprio local em que iríamos tocar. Quando as luzes se apagavam às 19:30, você havia feito o show como se fosse o mesmo de todas as noites.
Vocês vêm dizendo que tem sido doloroso tocar. Quando isso começou?
Alex: Sim, tenho que dizer que essa turnê foi de fato a primeira em que senti dores nas mãos, mas não é um grande problema. Traz um pouco de tensão e é um pouco dolorido, mas você acaba tocando de forma aceitável. Olho para o Neil e vejo que para ele sim é difícil, um exercício doloroso tocar por três horas.
Geddy: É mais fácil para um air-drummer (risos), mas o baterista de verdade tem que fazer muitas coisas.
Tive ótimos momentos na apresentação, e sei que sempre surgem piadas sobre as mulheres que nunca vão aos shows do Rush, coisa que discordo totalmente. Havia muitas mulheres, milhares delas - embora talvez não tantas quanto em um show do Bon Jovi. Porém todos os caras estão lá, caso você queira encontrar alguém.
Geddy: Se você quiser encontrar um cara que passou a vida inteira no porão da casa da mãe venha para um show Rush. Nós mesmos estamos lá (risos).
Vocês fariam um álbum acústico?
Alex: Não sei, sempre que tento imaginar isso minha cabeça dói. Dessa forma, paro de pensar.
Geddy: É provável que exista uma porcentagem muito pequena de canções que se adaptariam a um 'unplugged'. A maioria das nossas músicas são bem insanas.
Há alguma canção que vocês tenham se arrependido de gravar?
Geddy: Com certeza "Tai Shan" [do álbum Hold Your Fire, de 1987]. Trata-se de uma canção que Neil escreveu sobre suas experiências na China, e todos nós ficamos animados com ele, meio que apoiando a ideia. Porém, é uma que não resistiu muito bem ao teste do tempo.
Algum conselho do Rush para músicos iniciantes?
Geddy: Pode soar cliché, mas você deve tocar e compor o máximo que puder. Essas são, de fato, as únicas maneiras de ficar melhor nisso.
Vocês provavelmente já ouviram declarações afirmando que o rock está morto, principalmente por causa da tecnologia, do compartilhamento de arquivos e da falta de apoio das gravadoras - e que também não se vê mais bandas sendo descobertas com grandes compositores e músicos. Concordam com isso?
Alex: A forma de fazer discos hoje em dia é bem diferente de quando aparecemos. Naquela época, as gravadoras eram desenvolvedoras, e agora são mais especuladoras. Cada vez mais pessoas estão vendendo seu próprio produto em sites, por isso é completamente diferente.
Geddy: Francamente, acho que essas declarações são bem cínicas, pois, se você olhar para o quanto o rock é adorado em todo o mundo, verá que ele não está morto. A forma que vai assumir, como sua música virá e como as bandas irão se reunir é uma incógnita, mas ainda haverá o rock e bandas jovens surgindo, estas que irão tocar bem e que terão muitos seguidores. Podem não conseguir a mesma magnitude dos anos setenta e oitenta, mas o rock, definitivamente, não está morto.
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Alex: Posso dizer que eles são mais comprometidos que muitos. Eles parecem olhar para cada pedacinho da nossa história, sobre quem somos e o que fazemos, tendo sempre algo a dizer sobre tudo (risos).
Essa turnê é um adeus aos fãs?
Alex: Talvez. Ainda é muito cedo para dizer. Acabamos de sair da turnê no fim do verão e estamos ocupados com outras coisas agora, não tendo ainda conversado sobre o que o futuro nos reserva. Mas vamos ver, Geddy e eu adoramos e continuamos envolvidos com a música, colecionando guitarras e conversando sobre compormos juntos com as coisas desacelerando um pouco. Assim, há muitas opções e coisas que podemos fazer.
Há alguma canção que vocês gostaram de tocar? Não digo uma favorita, mas alguma que vocês tenham gostado de gravar e de tocar ao vivo mais do que as outras. Uma canção do Rush que é bem nostálgica para mim é "Subdivisions", por trazer me algumas lembranças. E para vocês?
Alex: Para mim, de qualquer forma, vou ter a sensação dessa última turnê, então "Natural Science", "Jacob's Ladder" (com a qual nos divertimos bastante tocando) e "Xanadu", que é bem divertida e também penosa de tocar, pois tenho que ficar com uma double neck por onze minutos. É uma canção bem desafiadora, principalmente por ter ótimas texturas.
Geddy: Me diverti tocando as canções mais novas, pois elas são frescas e ficamos completamente apaixonados pelo último álbum de estúdio, como garotos. Elas sempre trazem grande emoção e são bem difíceis de tocar também, sendo sempre desafiadoras.
Se essa vir a ser a última turnê, há algo que vocês gostariam de ter feito, como alguns locais que gostariam de ter tocado? Tenho ouvido pessoas dizendo que talvez façam a Europa em 2016. Existe alguma possibilidade?
Geddy: Eu diria que não é provável neste momento, mas nunca se sabe. Lamento não ter tocado em mais cidades, lamento por não termos coberto a América do Norte de forma mais adequada e de não termos ido para a Europa e para o Brasil. Se essa acabar sendo nossa última turnê, teria gostado de dizer adeus a todos os nossos fãs, mas não funciona assim.
Durante o show, temos um visual absolutamente espetacular. Tudo é fantástico. O que vocês poderiam dizer sobre a produção visual dessa turnê?
Alex: Geddy esteve bastante envolvido com seu irmão, Allan (que é um dos produtores), e com Dale Heslip, o diretor de arte. Eles trabalharam juntos como uma equipe, a fim de alcançarem todos os conceitos e delegarem as várias atividades para os diferentes cinegrafistas - jovens muito criativos que estavam envolvidos com tudo aquilo.
Geddy: Foi muito divertido para mim ter toda essa equipe por um longo tempo, com Allan, meu irmão, e Dale, um cara muito criativo. Eles dois juntos formam um grande time, tendo sido nossos eixos como diretores de arte para toda a turnê. Juntamente com Howard Ungerleider, eles projetaram todo o visual do show. Tivemos meses de reuniões periódicas, observando cada pequeno detalhe dos recursos visuais. Vou sentir saudades de fazer isso.
Há sempre muitos ensaios. Vocês sabem quantas horas ensaiam em um dia comum?
Alex: Começamos a ensaiar para essa turnê no fim de janeiro, duas horas por dia e três dias por semana, seguindo até março aproximadamente, quando aumentamos para três ou quatro horas por dia e para quatro vezes por semana. Em abril, começamos a ensaiar com a banda completa ao longo do mês, cinco dias por semana - iniciando ao meio dia e indo até às cinco mais ou menos. Então, durante duas semanas, ensaiamos com a produção completa, e isso aconteceu nessa última turnê em Tulsa, onde seria o primeiro show - o que seria ótimo para ajustar as coisas no próprio local em que iríamos tocar. Quando as luzes se apagavam às 19:30, você havia feito o show como se fosse o mesmo de todas as noites.
Vocês vêm dizendo que tem sido doloroso tocar. Quando isso começou?
Alex: Sim, tenho que dizer que essa turnê foi de fato a primeira em que senti dores nas mãos, mas não é um grande problema. Traz um pouco de tensão e é um pouco dolorido, mas você acaba tocando de forma aceitável. Olho para o Neil e vejo que para ele sim é difícil, um exercício doloroso tocar por três horas.
Geddy: É mais fácil para um air-drummer (risos), mas o baterista de verdade tem que fazer muitas coisas.
Tive ótimos momentos na apresentação, e sei que sempre surgem piadas sobre as mulheres que nunca vão aos shows do Rush, coisa que discordo totalmente. Havia muitas mulheres, milhares delas - embora talvez não tantas quanto em um show do Bon Jovi. Porém todos os caras estão lá, caso você queira encontrar alguém.
Geddy: Se você quiser encontrar um cara que passou a vida inteira no porão da casa da mãe venha para um show Rush. Nós mesmos estamos lá (risos).
Vocês fariam um álbum acústico?
Alex: Não sei, sempre que tento imaginar isso minha cabeça dói. Dessa forma, paro de pensar.
Geddy: É provável que exista uma porcentagem muito pequena de canções que se adaptariam a um 'unplugged'. A maioria das nossas músicas são bem insanas.
Há alguma canção que vocês tenham se arrependido de gravar?
Geddy: Com certeza "Tai Shan" [do álbum Hold Your Fire, de 1987]. Trata-se de uma canção que Neil escreveu sobre suas experiências na China, e todos nós ficamos animados com ele, meio que apoiando a ideia. Porém, é uma que não resistiu muito bem ao teste do tempo.
Algum conselho do Rush para músicos iniciantes?
Geddy: Pode soar cliché, mas você deve tocar e compor o máximo que puder. Essas são, de fato, as únicas maneiras de ficar melhor nisso.
Vocês provavelmente já ouviram declarações afirmando que o rock está morto, principalmente por causa da tecnologia, do compartilhamento de arquivos e da falta de apoio das gravadoras - e que também não se vê mais bandas sendo descobertas com grandes compositores e músicos. Concordam com isso?
Alex: A forma de fazer discos hoje em dia é bem diferente de quando aparecemos. Naquela época, as gravadoras eram desenvolvedoras, e agora são mais especuladoras. Cada vez mais pessoas estão vendendo seu próprio produto em sites, por isso é completamente diferente.
Geddy: Francamente, acho que essas declarações são bem cínicas, pois, se você olhar para o quanto o rock é adorado em todo o mundo, verá que ele não está morto. A forma que vai assumir, como sua música virá e como as bandas irão se reunir é uma incógnita, mas ainda haverá o rock e bandas jovens surgindo, estas que irão tocar bem e que terão muitos seguidores. Podem não conseguir a mesma magnitude dos anos setenta e oitenta, mas o rock, definitivamente, não está morto.
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