Neil Peart na cerimônia do Rock And Roll Hall Of Fame em 2013. Foto por Kevin Winter / Getty Images |
Neil Peart foi o convidado do programa Morning Edition da NPR radio nessa manhã, como parte de uma série chamada Beat Week. Ele aborda, entre outros assuntos, suas primeiras influências na bateria, além de revelar que sempre sonha em estar no público de um show do Rush. Acompanhem o material inteiramente traduzido.
Mystic Rhythms: Neil Peart do Rush no Primeiro Baterista do Rock
Por Steve Inskeep
Tradução: Vagner Cruz
Durante a semana, o Morning Edition vem falando sobre bateria e bateristas. Para o segundo capítulo da "Beat Week", Steve Inskeep falou com Neil Peart sobre seu fascínio inicial com Gene Krupa e as rigorosas exigências da sua forma de tocar.
Quando Neil Peart do Rush ouve "My Generation" do Who, ele não ouve a letra ou a harmonia. Sua mente está focada em outra coisa: a bateria.
"Estava dirigindo por toda a extensão da Califórnia outro dia ligado na Classic Rock, e eles tocaram 'My Generaton'", diz Peart. "Eu meio que fiquei em sintonia com o som da caixa de Keith Moon, com seus toques e tudo mais. Claro, conheço cada batida da mesma".
Aos 62 anos, Peart viveu e ouviu uma fatia substancial da história da percussão moderna. Ele diz que quis se tornar baterista pela primeira vez quando assistiu ao The Gene Krupa Story.
"De muitas maneiras, ele foi o primeiro baterista de rock", diz Peart. "Sem Gene Krupa, não teria havido Keith Moon. Ele foi o primeiro baterista a comandar o centro das atenções e o primeiro a ser celebrado por seus solos, pois eles eram bem extravagantes. Fez coisas fundamentalmente fáceis, mas sempre as fazendo parecer espetaculares".
Peart diz que o kit de bateria é um instrumento de quase cem anos.
"Quando o Sr. Ludwig inventou o pedal de bumbo, ele fez com que o kit de bateria fosse possível", diz Peart. "Dessa forma, os filmes mudos foram uma parte muito importante da história da bateria. Normalmente, em uma pequena sala de cinema, eles tinham um pianista e um baterista. Bem, o baterista tinha que fazer todos os efeitos sonoros, e as baterias eram enormes".
Peart começou como a maioria de nós: batendo baquetas em travesseiros no quatro durante a infância. Nos anos 60, seus pais lhe matricularam em aulas.
"A bateria eclipsou totalmente minha vida a partir dos 13 anos de idade, quando comecei a fazer aulas", diz Peart. "Tudo desapareceu. Eu ia bem na escola até aquele momento. Eu era bem ajustado socialmente até aquele momento. Tornei-me um completo monomaníaco, obcecado por toda minha adolescência. Não existia mais nada".
Nesse período, ele se sintonizou com Keith Moon do Who e com outras estrelas, nessa que é considerada uma era de ouro da bateria no rock.
"De repente, a barra necessária para ser um baterista de rock era levantada cada vez mais alto", diz Peart. "Era desafiador e inspirador, e tive a sorte de não desanimar. Ouvi histórias, como Eric Clapton que disse que queria tacar fogo em sua guitarra quando viu Jimi Hendrix tocar. Nunca entendi isso, porque quando ouvia ou via um grande baterista, tudo o que eu queria fazer era praticar".
Peart diz que, na primeira de suas várias décadas na bateria, sentia diferenças quando tirava apenas alguns dias de folga. Só recentemente descobriu que a bateria é tanto parte dele que às vezes pode fazer uma pausa.
Como os fãs do Rush sabem, Peart é mais que um baterista: ele escreve letras e livros. Mas quando pega nas baquetas hoje você ainda pode perceber a intensidade em seu rosto. No documentário Rush: Beyond The Lighted Stage, você pode ver o trabalho de um artesão em ação. Peart diz que sua mãe pergunta por que ele não sorri, e ele brinca, "Mãe, é árduo!".
"Eu tendo a definir como uma determinação severa, porque é muito físico e doloroso", diz Peart. "O nível de esforço é muito mais do que um nível de atleta, então quando me vejo, vejo um rosto de pedra. Mas é um tipo de imersão. Vou olhar para fora no meio da imersão; posso colocar minha cabeça para fora da água por um segundo como um jacaré e ver as pessoas no público reagindo, segurando uma placa ou qualquer outra coisa. E isso me encanta porque, em um sentido mais amplo, sou muito mais como uma pessoa do público do que um artista".
Muitas vezes, Peart diz que sonha em estar no público do seu próprio show do Rush.
"Adoraria observar do que fazemos parte", ele diz. "Nossa banda está junta há 40 anos, e só às vezes sinto a magia acontecendo. E também, se eu estivesse no público, não teria que estar trabalhando tão duro".
Fonte: NPR Music
Mystic Rhythms: Neil Peart do Rush no Primeiro Baterista do Rock
Por Steve Inskeep
Tradução: Vagner Cruz
Durante a semana, o Morning Edition vem falando sobre bateria e bateristas. Para o segundo capítulo da "Beat Week", Steve Inskeep falou com Neil Peart sobre seu fascínio inicial com Gene Krupa e as rigorosas exigências da sua forma de tocar.
Quando Neil Peart do Rush ouve "My Generation" do Who, ele não ouve a letra ou a harmonia. Sua mente está focada em outra coisa: a bateria.
"Estava dirigindo por toda a extensão da Califórnia outro dia ligado na Classic Rock, e eles tocaram 'My Generaton'", diz Peart. "Eu meio que fiquei em sintonia com o som da caixa de Keith Moon, com seus toques e tudo mais. Claro, conheço cada batida da mesma".
Aos 62 anos, Peart viveu e ouviu uma fatia substancial da história da percussão moderna. Ele diz que quis se tornar baterista pela primeira vez quando assistiu ao The Gene Krupa Story.
"De muitas maneiras, ele foi o primeiro baterista de rock", diz Peart. "Sem Gene Krupa, não teria havido Keith Moon. Ele foi o primeiro baterista a comandar o centro das atenções e o primeiro a ser celebrado por seus solos, pois eles eram bem extravagantes. Fez coisas fundamentalmente fáceis, mas sempre as fazendo parecer espetaculares".
Peart diz que o kit de bateria é um instrumento de quase cem anos.
"Quando o Sr. Ludwig inventou o pedal de bumbo, ele fez com que o kit de bateria fosse possível", diz Peart. "Dessa forma, os filmes mudos foram uma parte muito importante da história da bateria. Normalmente, em uma pequena sala de cinema, eles tinham um pianista e um baterista. Bem, o baterista tinha que fazer todos os efeitos sonoros, e as baterias eram enormes".
Peart começou como a maioria de nós: batendo baquetas em travesseiros no quatro durante a infância. Nos anos 60, seus pais lhe matricularam em aulas.
"A bateria eclipsou totalmente minha vida a partir dos 13 anos de idade, quando comecei a fazer aulas", diz Peart. "Tudo desapareceu. Eu ia bem na escola até aquele momento. Eu era bem ajustado socialmente até aquele momento. Tornei-me um completo monomaníaco, obcecado por toda minha adolescência. Não existia mais nada".
Nesse período, ele se sintonizou com Keith Moon do Who e com outras estrelas, nessa que é considerada uma era de ouro da bateria no rock.
"De repente, a barra necessária para ser um baterista de rock era levantada cada vez mais alto", diz Peart. "Era desafiador e inspirador, e tive a sorte de não desanimar. Ouvi histórias, como Eric Clapton que disse que queria tacar fogo em sua guitarra quando viu Jimi Hendrix tocar. Nunca entendi isso, porque quando ouvia ou via um grande baterista, tudo o que eu queria fazer era praticar".
Peart diz que, na primeira de suas várias décadas na bateria, sentia diferenças quando tirava apenas alguns dias de folga. Só recentemente descobriu que a bateria é tanto parte dele que às vezes pode fazer uma pausa.
Como os fãs do Rush sabem, Peart é mais que um baterista: ele escreve letras e livros. Mas quando pega nas baquetas hoje você ainda pode perceber a intensidade em seu rosto. No documentário Rush: Beyond The Lighted Stage, você pode ver o trabalho de um artesão em ação. Peart diz que sua mãe pergunta por que ele não sorri, e ele brinca, "Mãe, é árduo!".
"Eu tendo a definir como uma determinação severa, porque é muito físico e doloroso", diz Peart. "O nível de esforço é muito mais do que um nível de atleta, então quando me vejo, vejo um rosto de pedra. Mas é um tipo de imersão. Vou olhar para fora no meio da imersão; posso colocar minha cabeça para fora da água por um segundo como um jacaré e ver as pessoas no público reagindo, segurando uma placa ou qualquer outra coisa. E isso me encanta porque, em um sentido mais amplo, sou muito mais como uma pessoa do público do que um artista".
Muitas vezes, Peart diz que sonha em estar no público do seu próprio show do Rush.
"Adoraria observar do que fazemos parte", ele diz. "Nossa banda está junta há 40 anos, e só às vezes sinto a magia acontecendo. E também, se eu estivesse no público, não teria que estar trabalhando tão duro".
Fonte: NPR Music