06 DE NOVEMBRO DE 2014 | POR VAGNER CRUZ
Por Brian Ives
Na semana passada, o site Radio.com divulgou "I've Been Runnin'", uma faixa extremamente rara do início do Rush, antes da chegada de Neil Peart. Essa e "The Loser" são duas das canções que foram apresentadas na escola Laura Secord localizada em Ontário em 1974, contando ainda com o primeiro baterista da banda, John Rutsey. O show completo estará no disco bônus do box R40, uma compilação de todos vídeos ao vivo lançados nos últimos anos: Rush In Rio de 2003, R30 de 2005, Snakes & Arrows Live de 2008, Time Machine 2011: Live in Cleveland e Clockwork Angels Tour, do ano passado.
Após entrevistar com Alex Lifeson (confira a matéria completa aqui), o repórter Brian Ives também conversou com Geddy Lee, onde falaram sobre os primórdios da banda e de como ele se desenvolveu como o frontman do grupo. Temos também a apresentação, em primeira mão, do vídeo de "The Loser":
O que passou por sua mente quando assistiu as imagens com vocês tocando em 1974?
Bem, assistindo como se fosse uma experiência fora do corpo. Isso porque eu me lembro e, ao mesmo tempo, foi há tanto tempo que é difícil saber se é uma memória real ou uma memória onírica. É difícil me sentir como esse mesmo cara que gritava no palco com roupas incomuns naquela época.
Alex nos contou que a única coisa que ficou na sua mente foi o público, que permaneceu sentado o tempo todo. Ninguém se levantou!
Essa era uma resposta bem canadense naquela época. Os canadenses, especialmente desse período, eram um público quase auto consicente. Mesmo que estivessem adorando, a maior parte ficaria bem tranquila. É claro que isso mudou ao longo dos anos. Naquela época, se você fosse tocar numa cidade pequena do Canadá ou por todo o país, nunca ia ter certeza se estavam gostando. Mesmo que estivessem, não iriam demonstrar. Dessa forma, quando voltávamos dos Estados Unidos, onde os públicos eram famosamente exuberantes, atravessávamos a fronteira para fazer alguma cidade pequena em Saskatchewan ou algo assim, e o público nunca era tão exuberante. Você achava que estava muito mal no palco, mas depois as pessoas vinham te cumprimentar dizendo, "Cara, adorei o show de vocês!".
Foi ao mesmo tempo bom e doloroso assistir as imagens com John Rutsey?
Sim, é triste em um sentido, mas também é bem legal ter essas imagens disponíveis, para que as pessoas possam ver quem éramos com ele, e também como ele era. Acho que, de certa forma, ajuda a manter viva sua memória. Ele é parte da nossa história.
Naquela época, John era o cara da banda que conversava com o público no palco. Você preferia não ter que assumir esse papel?
Eu era sempre o relutante... em tudo. Originalmente, eu era guitarrista, mas o baixista da minha antiga banda de garagem desistiu. Então eles votaram e assumi o posto. Eu era o único que conseguia cantar, então me tornei vocalista. De fato eu não queria compor letras, então nos primeiros anos com o Rush o John escrevia as mesmas. Eu era um garoto muito tímido, e realmente não me sentia confortável falando com o público, por isso John fazia isso. Dessa forma, eu meio que fiquei encurralado durante toda minha carreira.
E parece ter dado tudo certo.
Funcionou muito bem! Ainda toco de ouvido.
Quanto tempo levou para você se sentir confortável em ser o cara que faria as brincadeiras no palco?
Na verdade demorou muito tempo. Eu não tinha personalidade. Todos os vocalistas de bandas de rock naqueles dias foram assumindo uma personalidade de caras sociáveis que atiçavam a multidão. Isso não é comigo, não sou esse cara. Não sou aquele cara social, definitivamente. Ter que falar com o público foi algo que me surgiu de repente... eu tinha uma fala mansa, e por isso o que sempre funcionou pra mim foi mentalizar eu mesmo para tentar fazer. Nos primeiros anos, a falta de personalidade parecia ser um problema. À medida que eu ia tocando, acho que essa minha falta de personalidade no palco se tornou a MINHA personalidade no palco. Foi um tipo de crescimento sobre quem você realmente é, algo que funcionou pra mim. A pessoa ideal para ser nosso MC seria o Alex. Ele é naturalmente hilariante, um bobão bem engraçado, mas às vezes é mais tímido que eu. Ele também não quis fazer isso!
Do que você se lembra sobre a canção "The Loser"?
Sinceramente não lembro dessa, e não me lembrava até ver as imagens da gente tocando. E não me lembro do porquê a chamamos de "The Loser". É muito pra minha memória! Escrevemos muitas canções nos primórdios, e metade delas caiu no esquecimento. Algum tempo atrás, Alex descobriu uma fita demo que eu e ele tínhamos feito para fins de direitos autorais. Uma vez que não podíamos escrever as músicas, a única maneira que tínhamos de enviar uma canção para os direitos autorais naquela época era gravando. Alex tocava guitarra e eu cantava numa fita. Encontramos uma dessas, bem básicas. Não conseguia me lembrar de metade das músicas que estavam lá. Eram apenas divagações de adolescentes.
Há alguma chance de vocês lançarem alguma coletânea de gravações inéditas de antes de 1974?
Elas não eram muito musicais! Talvez depois que eu estiver morto e enterrado, com alguém descobrindo essas fitas. Enquanto estivermos vivos, não acho que iria querer alguém ouvindo essas coisas.
R40 tem previsão de lançamento para 11 de novembro na América do Norte. Confira todos os detalhes do box.
Fonte: Radio.com
Após entrevistar com Alex Lifeson (confira a matéria completa aqui), o repórter Brian Ives também conversou com Geddy Lee, onde falaram sobre os primórdios da banda e de como ele se desenvolveu como o frontman do grupo. Temos também a apresentação, em primeira mão, do vídeo de "The Loser":
O que passou por sua mente quando assistiu as imagens com vocês tocando em 1974?
Bem, assistindo como se fosse uma experiência fora do corpo. Isso porque eu me lembro e, ao mesmo tempo, foi há tanto tempo que é difícil saber se é uma memória real ou uma memória onírica. É difícil me sentir como esse mesmo cara que gritava no palco com roupas incomuns naquela época.
Alex nos contou que a única coisa que ficou na sua mente foi o público, que permaneceu sentado o tempo todo. Ninguém se levantou!
Essa era uma resposta bem canadense naquela época. Os canadenses, especialmente desse período, eram um público quase auto consicente. Mesmo que estivessem adorando, a maior parte ficaria bem tranquila. É claro que isso mudou ao longo dos anos. Naquela época, se você fosse tocar numa cidade pequena do Canadá ou por todo o país, nunca ia ter certeza se estavam gostando. Mesmo que estivessem, não iriam demonstrar. Dessa forma, quando voltávamos dos Estados Unidos, onde os públicos eram famosamente exuberantes, atravessávamos a fronteira para fazer alguma cidade pequena em Saskatchewan ou algo assim, e o público nunca era tão exuberante. Você achava que estava muito mal no palco, mas depois as pessoas vinham te cumprimentar dizendo, "Cara, adorei o show de vocês!".
Foi ao mesmo tempo bom e doloroso assistir as imagens com John Rutsey?
Sim, é triste em um sentido, mas também é bem legal ter essas imagens disponíveis, para que as pessoas possam ver quem éramos com ele, e também como ele era. Acho que, de certa forma, ajuda a manter viva sua memória. Ele é parte da nossa história.
Naquela época, John era o cara da banda que conversava com o público no palco. Você preferia não ter que assumir esse papel?
Eu era sempre o relutante... em tudo. Originalmente, eu era guitarrista, mas o baixista da minha antiga banda de garagem desistiu. Então eles votaram e assumi o posto. Eu era o único que conseguia cantar, então me tornei vocalista. De fato eu não queria compor letras, então nos primeiros anos com o Rush o John escrevia as mesmas. Eu era um garoto muito tímido, e realmente não me sentia confortável falando com o público, por isso John fazia isso. Dessa forma, eu meio que fiquei encurralado durante toda minha carreira.
E parece ter dado tudo certo.
Funcionou muito bem! Ainda toco de ouvido.
Quanto tempo levou para você se sentir confortável em ser o cara que faria as brincadeiras no palco?
Na verdade demorou muito tempo. Eu não tinha personalidade. Todos os vocalistas de bandas de rock naqueles dias foram assumindo uma personalidade de caras sociáveis que atiçavam a multidão. Isso não é comigo, não sou esse cara. Não sou aquele cara social, definitivamente. Ter que falar com o público foi algo que me surgiu de repente... eu tinha uma fala mansa, e por isso o que sempre funcionou pra mim foi mentalizar eu mesmo para tentar fazer. Nos primeiros anos, a falta de personalidade parecia ser um problema. À medida que eu ia tocando, acho que essa minha falta de personalidade no palco se tornou a MINHA personalidade no palco. Foi um tipo de crescimento sobre quem você realmente é, algo que funcionou pra mim. A pessoa ideal para ser nosso MC seria o Alex. Ele é naturalmente hilariante, um bobão bem engraçado, mas às vezes é mais tímido que eu. Ele também não quis fazer isso!
Do que você se lembra sobre a canção "The Loser"?
Sinceramente não lembro dessa, e não me lembrava até ver as imagens da gente tocando. E não me lembro do porquê a chamamos de "The Loser". É muito pra minha memória! Escrevemos muitas canções nos primórdios, e metade delas caiu no esquecimento. Algum tempo atrás, Alex descobriu uma fita demo que eu e ele tínhamos feito para fins de direitos autorais. Uma vez que não podíamos escrever as músicas, a única maneira que tínhamos de enviar uma canção para os direitos autorais naquela época era gravando. Alex tocava guitarra e eu cantava numa fita. Encontramos uma dessas, bem básicas. Não conseguia me lembrar de metade das músicas que estavam lá. Eram apenas divagações de adolescentes.
Há alguma chance de vocês lançarem alguma coletânea de gravações inéditas de antes de 1974?
Elas não eram muito musicais! Talvez depois que eu estiver morto e enterrado, com alguém descobrindo essas fitas. Enquanto estivermos vivos, não acho que iria querer alguém ouvindo essas coisas.
R40 tem previsão de lançamento para 11 de novembro na América do Norte. Confira todos os detalhes do box.
Fonte: Radio.com