Anúncio oficial da data de lançamento, capa e tracklist do novo álbum do Rush, além de trecho de 30 segundos da nova canção.
A capa de Clockwork Angels |
Fãs do Rush, após o lançamento das canções Caravan e BU2B, temos o mais novo trecho de Clockwork Angels, bem como seu tracklist. Possivelmente trata-se de Headlong Flight. Este é, definitivamente, um dia histórico para todos os fãs do Rush!
Foto da banda na divulgação de Clockwork Angels. Um dos últimos trabalhos do fotógrafo Andrew MacNaughtan, falecido em janeiro |
Como de costume, o Rush atualizou seu site oficial com uma nova temática baseada na arte de Clockwork Angels, disponibilizando um texto sobre o lançamento:
Uma das artes de Clockwork Angels, assinada por Hugh Syme |
As gravações de Clockwork Angels começaram em abril de 2010 com o produtor vencedor do Grammy Nick Raskulinecz (Foo Fighters, Deftones), que em 2007 também colaborou com a banda no seu último álbum de estúdio, Snakes & Arrows. O Rush co-produziu os dois discos. As duas primeiras canções, Caravan e BU2B, foram concluídas durante a primeira sessão no Blackbird Studio em Nashville e executadas durante todas as noites na bem-sucedida turnê Time Machine, que decorreu entre junho de 2010 a junho de 2011. Os trabalhos dedicados a Clockwork Angels foram retomados na primavera de 2011 no Revolution Recording em Toronto, após o fim da turnê, com cordas adicionais (arranjadas por David Campbell) gravadas no Ocean Way Studio em Hollywood no começo deste ano. Liricamente, Clockwork Angels narra a busca a busca de um jovem por seus sonhos, estando preso entre as forças grandiosas da ordem e do caos. Ele viaja por um mundo exuberante e cheio de cores do steampunk e alquimia, com cidades perdidas, piratas, arnaquistas, festas exóticas e um rígido Relojoeiro que impõe precisão sobre cada aspecto de sua vida cotidiana. A novelização de Clockwork Angels está sendo escrita pelo autor de ficção científica Kevin J. Anderson, em colaboração com o baterista e letrista do Rush Neil Peart.
O Rush anunciará o lançamento de Clockwork Angels com um novo single, Headlong Flight, que chegará às rádios no dia 19 de abril. Detalhes sobre a turnê norte-americana de apoio ao álbum serão anunciados em breve.
É interessante observar o trecho sobre cordas adicionais que foram gravadas no Ocean Way Studio no começo desse ano. Tal informação reforça um pouco mais os rumores de que a banda planeja sair em turnê pela primeira vez na carreira com uma orquestra.
Em janeiro de 2012, Neil Peart descreve os trabalhos durante as gravações de Clockwork Angels em seu site oficial:
Estive gravando em Toronto com meus colegas de banda desde meados de outubro até o início de dezembro. Completamos as composições e arranjos para o álbum Clockwork Angels. Começamos no fim de 2009, antes de fazer a pausa para a turnê Time Machine e de fazer 81 shows na América do Norte, América do Sul e Europa (grande pausa). Enquanto Alex e Geddy estavam terminando as composições e arranjos num recinto menor do estúdio, eu trabalhava na sala maior com o 'The Mighty Booujzhe', gravando minhas partes da bateria. Como nos preparamos para começar a mixagem no ano novo, ainda é cedo demais para dizer qualquer coisa sobre os resultados. Uma vez descrevi a mixagem como 'o fim da espera', enquanto Geddy chama de 'a morte da esperança'. A respeito do processo, entretanto, não consigo resistir em falar um pouco.
É a segunda vez que trabalhamos com a equipe de produção de Nick 'Booujzhe' Raskulinecz e o engenheiro Rich 'Tweak' Chycki. Começar o trabalho com este nível de confiança nos permite atingir altos patamares, e eu gravei minhas partes de bateria de uma maneira que nunca tinha feito antes. Até nosso álbum anterior, Snakes & Arrows (2007), meu método foi pegar uma versão demo que Alex e Geddy fizeram de cada música e tocava junto muitas, muitas vezes. Eu experimentava com ritmos possíveis e decorações e gradualmente os organizava em um arranjo. Nesse ponto, eu começava a gravar minhas demos – geralmente com o Alex como engenheiro – e as melhorava com o tempo, com a opinião dos meus colegas de banda e do co-produtor (Booujzhe, no caso).
Atualmente tenho trabalhando deliberadamente para me tornar mais improvisativo na bateria, e essas sessões foram uma oportunidade de tentar essa abordagem no estúdio. Eu toquei cada música umas poucas vezes sozinho, checando padrões e preenchimentos que funcionassem, então chamava o Booujzhe. Ele ficava no recinto comigo, encarando minha bateria, com uma partitura e uma baqueta – ele era meu maestro e eu era a orquestra dele. (Posteriormente eu substituí a baqueta por uma batuta de verdade).
As músicas do RUSH tendem a ter arranjos complicados, com batidas ímpares, por todos lados, e nossas últimas músicas não são diferentes (talvez piores – ou melhores, dependendo). Antes, muito do meu tempo de preparação eu passava simplesmente aprendendo tudo isso. Eu não gosto de contar essas partes, mas prefiro tocá-las o suficiente até que eu comece a sentir as mudanças de uuma forma musical. Tocando uma vez após outra, esses elementos se tornavam a música.
Dessa vez eu passei essa tarefa ao Booujzhe. (E ele adorou!) Eu atacava a bateria, reagindo ao entusiasmo dele, e as sugestões dele entre as tomadas, e juntos construíamos a arquitetura básica daquela parte. A batuta dele me conduzia aos refrões, pontes intermediárias e por aí vai – então eu não tinha de me preocupar com as suas durações. Sem contar e sem infinitas repetições.
Clockwork Angels será lançado numa edição especial pela revista Classic Rock. Seguindo o padrão que a publicação desenvolveu, os chamados "fanpacks", o álbum virá acompanhado de uma revista de 132 páginas repleta de informações sobre a banda, como o making of do disco, fotos exclusivas, textos sobre o processo de composição e gravação do trabalho e entrevistas com Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. Além disso, o fanpack conterá um guia faixa a faixa do álbum, entrevistas com o produtor Nick Raskulinecz (que tem sido chamado por muitos de 'o novo Terry Brown') e com o artista plástico Hugh Syme, autor da capa. O material contará também com matérias sobre Gene Simmons do Kiss ao lado do Rush nos anos 70, um minucioso guia sobre os equipamentos da banda e todo o catálogo do Rush, disco a disco, analisado pelo lendário produtor Terry Brown, Steven Wilson do Porcupine Tree, Nicky Wire do Manic Street Preachers e outros fãs famosos do trio. Pra fechar com chave de ouro, o fanpack trará um poster com a arte da capa de Clockwork Angels. Você poderá garantir o seu agora mesmo, clicando aqui.
Um artigo da revista Prog fala sobre o lançamento de Clockwork Angels, incluindo algumas histórias interessantes sobre o álbum e seu processo de gravação:
Peart ficou fascinado com tradições antigas, que acabaram causando impacto sobre o álbum. "Aprendi sobre todo conjunto de hieróglifos em ruínas para elementos e processos", diz Peart. "Como os 'capítulos' líricos se reuniram, decidi escolher um símbolo para representar cada um deles". Podemos observar esses símbolos no relógio presente na capa do álbum, que foram confeccionados por Hugh Syme. Geddy Lee e Alex Lifeson trabalhavam com as músicas na parte subterrânea do estúdio, com Lifeson eventualmente levando a Peart demos de canções específicas. Uma dessas canções foi constituída com a ajuda de uma bateria eletrônica que ia delineando certas idéias rítimicas, enquanto as outras foram na base de click tracks. Na canção The Wreckers, Lee e Lifeson trocaram seus instrumentos durante as sessões de composição.
O site Billboard.com disponibilizou o tracklist completo de Clockwork Angels, além de um pequeno vídeo de 30 segundos que traz um trecho do próximo single da banda, Headlong Flight:
1. Caravan (5:40)
Caravan foi lançada em versão digital no mês de junho de 2010 ao lado de BU2B, e o CD com as duas canções foi disponibilizado um mês depois. A canção foi gravada em abril de 2010 no Blackbird Studios, localizado em Nashville, Tennessee (EUA), com a banda contando mais uma vez com a participação do produtor Nick Raskulinecz, que já havia trabalhado com eles em "Snakes & Arrows", de 2007. De acordo com Neil Peart, Caravan é a primeira parte da história entitulada Clockwork Angels, sendo recebida com muita euforia pelos fãs e admiradores do Rush na ocasião de seu lançamento. A partir de sons que representam a aproximação de um trem ou locomotiva numa estação, a nova canção da banda tem início através de uma orquestração sinistra, que prepara o campo para uma explosão como há muito não se via na carreira do fantástico grupo do Canadá. Um riff memorável e corajoso de Alex Lifeson mostra ao ouvinte que toda a energia e disposição dos três senhores ainda está lá, mais latente do que nunca.
A canção segue numa jornada progressiva bastante interessante e, como de costume na carreira deles, incomum e inesperada. Sincronismo, técnica e ousadia fazem de Caravan um retono definitivo do Rush às suas raízes, porém com um olhar certeiro para o futuro, conforme afirmado pelo próprio Neil Peart no tourbook da turnê Time Machine.
Como dito anteriormente, Lifeson traz um riff empolgante para a canção e um solo indisciplinado incrivelmente genial. O refrão é muito cativante, onde Geddy não nos deixa esquecer de que devemos sempre "pensar grande", algo retratado claramente em suas ótimas linhas de baixo associadas às percussões poderosas de Peart, talvez uma das performances mais fortes e ousadas criadas pelo baterista nos últimos tempos. Caravan traz também um grande intervalo instrumental em torno dos 3:30, onde os integrantes simplesmente arrasam em suas funções.
Sobre sua temática (apesar de ainda não termos declarações oficiais vindas dos membros do Rush), podemos entendê-la de forma bem simples, mesmo com seu cenário obscuro e intrigante: otimismo e auto confiança são o seu cerne. Em termos gerais, a banda sempre ergueu a cabeça e continuou seu caminho, mesmo após as muitas críticas que os massacraram ao longo da carreira, além dos acontecimentos trágicos ocorridos na vida pessoal de Neil Peart. O Rush nunca deixou de pensar grande, desde a época em que eram simples garotos sonhadores dos subúrbios de Toronto. A banda sempre fez "o que quis fazer, ao invés de fazer o que deveria". E com Caravan eles buscam externar essa filosofia de vida também para os seus fãs. Caravan é sobre onde você quer chegar, levando sua caravana "trovejando adiante" e não pararando para nada ou por nada, pensando grande.
2. BU2B (5:10)
BU2B (abreviação para Brought Up To Believe) também foi lançada como single em 01 de junho de 2010. De acordo com Neil Peart no tourbook Time Machine, a canção foi abreviada para BU2B após Geddy e Alex acharem que o título original soava muito pesado. Dessa forma, o letrista achou apropriado abreviá-lo "conforme ocorre em redes sociais modernas".
BU2B traz um começo bastante sombrio, talvez um dos inícios mais pesados tem termos instrumentais realizados pelo Rush nos últimos tempos. A canção mostra inicialmente um riff trovejante e moderno de Lifeson, acompanhado de uma percussão feroz oferecida por Peart e vocais grandiosos de Lee. Em apenas quatro minutos e meio a banda consegue destilar mais uma grande canção em sua grande carreira, onde os momentos obscuros iniciais acabam dando lugar a uma atmosfera bastante empolgante que lembra em muito os velhos tempos do Rush, especialmente nos anos 80 - sintetizadores de volta, guitarras certeiras e precisão estonteante nas percussões.
Peart propõe na letra de BU2B uma crítica clara à conformidade cega. O baterista trata sobre convicções adquiridas através de influências externas ao longo da vida, estas em sua grande maioria repassadas por tradições que nos fazem deixar de lado uma análise verdadeiramente pessoal. Passamos a entender as grandes questões sobre a existência negando nossa natureza lógica, satisfazendo sem questionamentos nosso entendimento sobre o cenário que nos cerca.
BU2B refere-se de certa forma à "Analogia do Relojoeiro", argumento teológico sobe a existência de Deus que afirma que um projeto implica a existência de um arquiteto. Esse argumento foi incialmente proposto pelo orador romano Cícero (106 - 43 a.C.) em seu diálogo filosófico "De Natura Deorum" ("Sobre a Natureza dos Deuses"), se tornando famoso por fim na obra de 1802 "Natural Theology", do teólogo e filósofo britânico William Paley. No entanto, o ponto de vista do Rush é inspirado mais uma vez numa obra do cientista Richard Dawkins: "The Blind Watchmaker" ("O Relojoeiro Cego"), de 1986. Na escolha do título do seu livro, Dawkins faz referência à assertiva de Paley sobre a idéia da Teologia Natural conhecida como a "Analogia do Relojoeiro", onde Paley argumentava cinqüenta anos antes da publicação de "A Origem das Espécies" por Charles Darwin que a complexidade de organismos vivos era uma evidência da existência de um criador, fazendo uma analogia ao fato de que a existência de um relógio leva a acreditar na existência de um relojoeiro. Dawkins contrasta a diferença entre o projeto humano com seu potencial para planejar e o trabalho da seleção natural, surgindo daí o título "Relojoeiro Cego".
3. Clockwork Angels (7:31)
4. The Anarchist (6:52)
O Anarquismo é uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias. Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem.
5. Carnies (4:52)
O termo Carny (plural Carnies) refere-se a alguém que trabalha em um parque de diversões.
6. Halo Effect (3:14)
O Efeito Halo é a possibilidade de que a avaliação de um item possa interferir no julgamento sobre outros fatores, contaminando o resultado geral. É um tipo de erro de avaliação em que o avaliador utiliza o mesmo valor para o desempenho de uma pessoa em várias dimensões, embora só tenha certeza em um número limitado de dimensões de desempenho. O "Halo", neste caso, serve como uma tela que impede o percebedor de realmente ver o traço que está sendo avaliado. É a famosa 'primeira impressão'.
7. Seven Cities Of Gold (6:32)
Seven Cities of Gold, ao que tudo indica, foi inspirada na lenda das Sete Cidades de Ouro, um mito que motivou várias expedições de aventureiros e conquistadores no século 16, tendo sido utilizado em diversas obras da cultura popular. No século 16, os espanhóis na Nova Espanha (atual México) começaram a ouvir rumores sobre as sete cidades que ficavam localizadas do outro lado do deserto, centenas de quilômetros ao norte. É possível que as histórias tenham suas raízes em outra lenda anterior de origem portuguesa sobre a existência da lendária ilha das Sete Cidades, também denominada por Antilia, situada a ocidente da Europa, tendo inspirado durante muitos séculos a exploração marítima.
8. The Wreckers (5:01)
9. Headlong Flight (7:20)
Há rumores de que esta canção teve sua temática baseada por um poema chamado Mysteries, do escritor norte-americano John Lawson Stoddard (1850-1931). Neil é um fã ardente de literatura, e esse fato não é tão improvável, uma vez que o poema se encaixa perfeitamente em suas pretensões.
10. BU2B2 (1:28)
11. Wish Them Well (5:25)
12. The Garden (6:59)
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O site Cygnus X-1 disponibilizou alguns previews das imagens do encarte de Clockwork Angels. Conversamos há alguns dias com John Patuto, que mantém o site, e o mesmo nos deu a entender que já possui todas as artes completas, mas que teremos aguardar sua divulgação por solicitação da Anthem/SRO:
Somente o power-trio canadense para nos empolgar tanto em apenas 30 segundos! E a investida conceitual, seguindo os títulos das canções, de fato foi experimentada novamente por eles, além da 'visita' ao Rush setentista, nos lembrando a canção Bastille Day, do álbum Caress of Steel, de 1975. Este álbum certamente será um dos maiores da carreira deles!