MATÉRIA COM O RUSH NA REVISTA CLASSIC ROCK PROG
06/05/2011
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A edição 16 da revista internacional Classic Rock Prog chegou às bancas há poucas semanas, trazendo na capa o grande power-trio canadense e apresentando uma matéria de 10 páginas sobre a banda. A matéria inclui uma extensa entrevista com Neil Peart intitulada The Beat Goes On e ainda outros materiais bem interessantes. O blog Rush Is A Band disponibilizou trechos da revista que traduzimos pra vocês, onde surgem os mais variados assuntos, dentre eles a ansiedade para retornar aos trabalhos de Clockwork Angels, 19º álbum de estúdio da banda:

..."Sinto certa urgência, quero o disco pronto enquanto ainda posso fazê-lo", diz ele. "Foi difícil deixar o álbum de lado para cair em turnê. Ele significa muito pra mim, pretendo que seja minha maior realização tanto em termos de bateria quanto de letras. Dessa forma, quero realmente trabalhar nesse disco, enquanto ainda posso".

"Nick [Raskulinecz – produtor] é uma má influência", Peart continua. "Ele quer que sejamos mais Rush do que somos, e isso é maravilhoso, pois ele me desafia a tocar da forma que eu jamais ousaria. No meio de Caravan havia um preenchimento ridículo e foi ele que quis que eu fosse até o fim nos toms, voltando novamente e, após fazer isso, disse pra ele ‘Estou envergonhado!’ (risos). "Ele estava no estúdio explicando sua idéia e Geddy, sentado ao nosso lado e olhando por cima dos óculos, disse: ‘Ah, ele quer que você fique famoso’. Nunca teria proposto aos meus colegas de banda as idéias de arranjo que o Nick traz. Não somos tão atrevidos... somos canadenses"...

Peart passa a falar sobre a longevidade da banda, o álbum Moving Pictures e o documentário Rush: Beyond The Lighted Stage - que ainda não assistiu porque alguns dos relatos ali contidos ainda são difíceis para ele (a morte prematura de sua filha Selena e de sua primeira esposa Jackie Taylor nos anos 90). Ele também não gosta de lembrar que esses eventos foram levantados numa uma extensa entrevista da banda para a CNN no ano passado:

...”[a entrevista] seria (ou pensamos ser), um bate-papo despreocupado em frente ao palco. Mas mesmo quando pedimos para não, os entrevistadores se sentiam compelidos a perguntar o que eles acham serem perguntas difíceis. É angustiante para mim, é horrível. Por que isso? Sei que eles querem que eu quebre a câmera para que se torne uma grande entrevista, mas isso não me faz sentir bem. Tentei ser o mais simpático que pude, mas dei uma bronca neles depois”.

Neil fala em seguida sobre o aumento da popularidade da banda nos últimos anos, especialmente pela homenagem recebida no filme ‘Eu Te Amo, Cara’ e como convidados do programa The Colbert Report (onde algumas cenas de bastidores acabaram caindo na Internet mostrando os rapazes tocando Tom Sawyer no game Rock Band):

"Toquei mal demais nesse jogo, mas foi muito legal", diz Peart. "O jogo deu errado, juro que achava que estava tocando a parte correta da bateria, mas tinha errado”...

Além do bate-papo com Neil Peart, há também uma pequena entrevista com Geddy Lee intitulada Oh My God! It Goes On Forever! Geddy fala aqui sobre a edição especial de aniversário do álbum Moving Pictures e dá sua opinião sobre o formato 5.1:

..."Para mim, [5.1] é o oposto completo de se baixar uma música em mp3. Não me importo com o que o pessoal diz, essas coisas soam como porcaria se comparadas com o original. Pessoas dizem que você não consegue perceber a diferença, ainda mais quando se está ouvindo com aqueles fonesinhos de ouvido estúpidos, que porra é essa? Soa ainda pior. O 5.1 é a antítese disso tudo. A única maneira de ouvir é numa sala grande com todos os equipamentos corretos. É uma maneira legal de ir contra a maré..."

Geddy Lee fala como foi reaprender a épica favorita dos fãs no álbum Moving Pictures - The Camera Eye:

..."Eu realmente estava rangendo os dentes antes de partirmos para reaprender essa música. Alex e eu estávamos sentados no meu estúdio em casa ouvindo a canção, dizendo: 'Oh meu deus, não acaba nunca! Que diabos estávamos pensando’? Então, criteriosamente, eliminamos um minuto e meio de seus 12 minutos. Mas de repente vimos o quão difícil foi aprender uma canção de 12 minutos que de repente se tornou uma canção de 10 minutos e meio, pois as edições foram tão sutis que se tornaram o mais difícil de aprendermos. Eu sei, realmente teria sido bem mais fácil tocar a música toda mesmo!” (risos).

Para completar, declarações de Geddy Lee bastante esclarecedoras sobre o novo álbum Clockwork Angels:

..."Temos cerca de seis canções prontas à espera da pré-produção para, em seguida, serem gravadas. Temos um pouco de medo de voltar para elas, pois não queremos mais alterá-las, gostamos delas no momento. Estamos com muita vontade de brincar com nossa própria música, então dissemos ‘OK, vamos deixá-las nesse estágio até estarmos prontos para cair nelas mais seriamente’”.

"Alex e eu tentamos compor alguma coisa durante essa parada", Geddy continua. "Tivemos três meses e pensamos, 'OK, talvez devêssemos terminar todo o resto do álbum', mas Neil teve um bebê recentemente e precisava usar esse tempo para ser pai e chefe de família, e ele não queria ficar preso a sessões de gravação intensas, o que foi totalmente compreensível. Então Alex e eu ficamos tocando juntos regularmente, e agora temos muito material em animação suspensa (N.T. - técnica que consiste em arrefecer o corpo de um organismo vivo até provocar a paralisação das funções vitais, para depois devolvê-lo à vida).

"Estamos indo numa direção conceitual nesse disco, com certeza", afirma Lee. "Começamos com a idéia de uma canção de 10 minutos que se transformou num conceito e que está se alimentando fora dela mesma. É como aquela pergunta que o Steven Colbert nos fez: 'As canções de vocês são tão longas que no fim vocês não acham que acabaram sendo influenciados por vocês mesmos'? Acho que acontece conosco agora. Estamos sendo como um feedback, influenciando a nós mesmos, pois levamos bastante tempo pensando sobre esse conceito. Foi divertido, pois não fazemos isso há muito tempo. Vamos ver se conseguimos! Não é apenas para os fãs! Nós mesmos esperamos por outro grande álbum do Rush!".