LIFESON EXPLICA O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO DE SNAKES & ARROWS



24 DE JULHO DE 2007 | POR VAGNER CRUZ

Acompanhem uma ótima entrevista com Alex Lifeson para o jornal The Arizona Republic, na qual o guitarrista do Rush revela detalhes sobre o processo de gravação do álbum Snakes & Arrows, além de comentar detalhes sobre a nova turnê.

RUSH LANÇA NOVAS CANÇÕES EM TURNÊ

The Arizona Republic - 24 de julho de 2007
Por Michael Senft | Tradução: Vagner Cruz

Quando o Rush visitou o Arizona em 2004, a banda comemorava 30 anos de carreira, tocando canções de álbuns como Fly By Night e Grace Under Pressure, raramente executadas ao vivo, assim como "The Spirit of Radio" e "Tom Sawyer", veradadeiros hits do trio canadense.

O trio visita no hoje (27 de julho) o Cricket Wireless Pavilion da mesma forma, trazendo em seu repertório vários clássicos. Com o novo álbum, Snakes & Arrows, que chegou às lojas em maio, o trio canadense de rock progressivo prova que está propondo algo mais do que uma simples sessão nostálgica.

Conversamos recentemente com o guitarrista Alex Lifeson sobre a nova turnê e o novo álbum do Rush.

Como está indo a turnê até agora?

Alex:
Está indo bem - já completamos uma etapa do nosso circuito e estamos partindo rumo ao Oeste. A resposta tem sido fantástica. Geralmente caminhamos bem nas nossas turnês, mas dessa vez o público tem sido algo em torno de 40% acima do que esperávamos - além de todos estarem muito familiarizados com o novo material da banda.

Vocês parecem estar tocando mais músicas novas nessa turnê do que costumam.

Sim, geralmente tocamos no máximo quatro canções novas por turnê, mas dessa vez estamos tocando nove no total. Esse álbum contém músicas muito boas de serem tocadas, ao mesmo tempo que são totalmente devastadoras. Em 2004 trouxemos grandes hits na 30th Anniversary Tour, tocando muitas músicas antigas. Não precisamos fazer isso novamente.

Há momentos no novo álbum que são bem fortes. As canções são quase paradoxais - são bem diretas, mas, ao mesmo tempo, compactadas em várias camadas. Como recriar essas músicas ao vivo?

Uma vez que começamos a tocar nossas músicas ao vivo as mesmas tomam uma nova identidade. Não é tão difícil. Algumas camadas são perdidas, mas criamos outros caminhos para que ainda soem poderosas sendo executadas ao vivo. Conseguimos não destruir a canção da forma que fazemos, mesmo perdendo uma harmonia vocal aqui e uma camada de guitarra ali.

Vocês trouxeram uma forte presença para esse álbum - há violões e bandolins por todo o disco.

Bem, sei que a guitarra é o coração e a alma do rock and roll, mas optamos por caminhos diferentes. Quando começamos a trabalhar nesse disco convidamos Nick Raskulinecz [produtor] para se juntar a nós nesse projeto. Ele entendeu exatamente o que queríamos, e por isso diminuímos bastante as guitarras nas gravações.

Esse é o primeiro álbum com novas músicas em cinco anos. Como foi o processo criativo?

Bem, na verdade foi bem rápido para nós. Iniciamos esse projeto em março de 2006. Geddy e eu começamos apenas brincando com algumas ideias no violão. Eu caminhava até a casa dele, ficávamos uns cinco minutos conversando e trabalhando durante as tardes, três dias por semana. No resto do tempo fazíamos coisas normais quando estamos em casa.

Foi bem legal, diferente de quando a máquina inteira começa - quando ficamos no estúdio cinco dias durante a semana compondo. Trabalhamos de forma casual no estúdio caseiro de Geddy, acumulando ideias musicais antes de nos encontrarmos com Neil. Neil trouxe suas idéias de letras posteriormente e nos juntamos para discutir as músicas. Levamos o verão nisso.

A partir de setembro passamos aproximadamente seis semanas lapidando tudo o que tínhamos feito, encontrando com Nick antes de entrarmos no estúdio. Enquanto trabalhávamos nas músicas íamos ensaiando as mesmas. Gravamos o álbum todo em aproximadamente cinco semanas antes do natal.

Como foi trabalhar com Nick Raskulinecz?

Ele foi um dos caras mais entusiasmados nesse processo. Nick viu algo além de uma simples gravação de um disco - ele viu de fato o Rush. Nesse grande empurrão para a descoberta de um nova fase, ele nos fez lembrar quem nós éramos, e de onde viemos. Foram momentos muito bons. Não queremos parar de experimentar novos caminhos, nossa música nunca parou no tempo e sempre tentamos nos atualizar. Acho que conseguimos sintetizar o melhor de ambos os mundos.