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FORCE TEN TIME STAND STILL OPEN SECRETS
TIME STAND STILL
I turn my back to the wind
To catch my breath,
Before I start off again.
Driven on,
Without a moment to spend
To pass an evening
With a drink and a friend
I let my skin get too thin
I'd like to pause,
No matter what I pretend
Like some pilgrim -
Who learns to transcend -
Learns to live
As if each step was the end
Time stand still -
I'm not looking back
But I want to look around me now
See more of the people
And the places that surround me now
Freeze this moment a little bit longer
Make each sensation a little bit stronger
Experience slips away...
I turn my face to the sun
Close my eyes.
Let my defences down -
All those wounds
That I can't get unwound
I let my past go too fast
No time to pause -
If I could slow it all down
Like some captain,
Whose ship runs aground -
I can wait until the tide comes around
Make each impression a little bit stronger
Freeze this motion a little bit longer
The innocence slips away...
Summer's going fast,
Nights growing colder
Children growing up -
Old friends growing older
Experience slips away...
I turn my back to the wind
To catch my breath,
Before I start off again.
Driven on,
Without a moment to spend
To pass an evening
With a drink and a friend
I let my skin get too thin
I'd like to pause,
No matter what I pretend
Like some pilgrim -
Who learns to transcend -
Learns to live
As if each step was the end
Time stand still -
I'm not looking back
But I want to look around me now
See more of the people
And the places that surround me now
Freeze this moment a little bit longer
Make each sensation a little bit stronger
Experience slips away...
I turn my face to the sun
Close my eyes.
Let my defences down -
All those wounds
That I can't get unwound
I let my past go too fast
No time to pause -
If I could slow it all down
Like some captain,
Whose ship runs aground -
I can wait until the tide comes around
Make each impression a little bit stronger
Freeze this motion a little bit longer
The innocence slips away...
Summer's going fast,
Nights growing colder
Children growing up -
Old friends growing older
Experience slips away...
TEMPO FIQUE PARADO
Viro as costas para o vento
Para recuperar o fôlego,
Antes de começar novamente.
Motivado,
Sem um momento a perder
Para passar uma noite
Com uma bebida e um amigo
Deixo minha pele ficar muito fina
Gostaria de fazer uma pausa,
Não importa o que eu finja
Como um peregrino -
Que aprende a transcender -
Aprende a viver
Como se cada passo fosse o último
Tempo fique parado -
Não estou olhando para trás
Mas quero olhar ao meu redor agora
Ver mais das pessoas
E os lugares que me cercam agora
Congele este momento um pouco mais
Faça cada sensação um pouco mais intensa
A experiência escapa...
Viro o rosto para o sol
Fecho os olhos.
Abaixo a guarda -
Todas as feridas
Que não consigo curar
Deixei meu passado ir muito rápido
Sem tempo para pausa -
Se eu pudesse retardar tudo
Como um capitão,
Cujo navio encalha -
Posso esperar até que a maré retorne
Faça cada impressão um pouco mais forte
Congele esse movimento um pouco mais
A inocência escapa...
O verão passa rápido,
Noites ficam mais frias
Crianças crescem -
Velhos amigos envelhecem
E a experiência escapa...
Viro as costas para o vento
Para recuperar o fôlego,
Antes de começar novamente.
Motivado,
Sem um momento a perder
Para passar uma noite
Com uma bebida e um amigo
Deixo minha pele ficar muito fina
Gostaria de fazer uma pausa,
Não importa o que eu finja
Como um peregrino -
Que aprende a transcender -
Aprende a viver
Como se cada passo fosse o último
Tempo fique parado -
Não estou olhando para trás
Mas quero olhar ao meu redor agora
Ver mais das pessoas
E os lugares que me cercam agora
Congele este momento um pouco mais
Faça cada sensação um pouco mais intensa
A experiência escapa...
Viro o rosto para o sol
Fecho os olhos.
Abaixo a guarda -
Todas as feridas
Que não consigo curar
Deixei meu passado ir muito rápido
Sem tempo para pausa -
Se eu pudesse retardar tudo
Como um capitão,
Cujo navio encalha -
Posso esperar até que a maré retorne
Faça cada impressão um pouco mais forte
Congele esse movimento um pouco mais
A inocência escapa...
O verão passa rápido,
Noites ficam mais frias
Crianças crescem -
Velhos amigos envelhecem
E a experiência escapa...
A implacável dinâmica do tempo deve intensificar nossa experiência de vida
A segunda canção do álbum Hold Your Fire é "Time Stand Still". Deliciosamente acessível, é marcada por uma exuberante mistura de instrumentos e vocais que observa a passagem do tempo e nossa impotência em detê-lo. A composição evoca um assunto emocional humano básico: a riqueza de períodos passados que continuam presentes e intensos nas lembranças, vívidos dentro de nós. A natureza da sociedade, a cada geração, segue tornando seus dias cada vez mais rápidos, rotineiros e menos interessantes, formando crianças incentivadas a crescer e pessoas que estão sempre muito ocupadas para diminuir o ritmo e viver o presente. Mais uma grande obra atemporal do Rush.
Conforme ocorrido nos álbuns imediatamente anteriores, Hold Your Fire não é um álbum conceitual típico, embora envolva temas centrais como tempo, natureza, instinto e temperamento. No caso de "Time Stand Still", a canção concentra-se na riqueza dos períodos de tempo que descansam em nossas memórias e nosso desejo de que a experiência de um tempo maravilhoso dure para sempre.
Com esse tema, Neil Peart também revelava o desejo dos músicos em se concentrarem menos em suas carreiras e mais em suas vidas pessoais. "Nossas vidas voavam durante a década de 70. Passávamos tanto tempo na estrada que viver se tornava um túnel escuro para nós. Em um certo momento, você começa a pensar nas pessoas que está negligenciando, nos amigos e familiares. Dessa forma, essa canção é sobre parar para realmente desfrutar de tudo isso, advertindo contra a ação de só olhar para trás. Ao invés de se tornar um nostálgico olhando para o passado, 'Time Stand Still' é, na verdade, um fundamento para o presente".
O título da canção se mostra bastante apropriado, representando um comando infrutífero quanto à indiferença da dinâmica do universo. Imediatamente, "Time Stand Still" representa nossas ilusões sobre a inevitabilidade do envelhecimento e da morte. Como a anterior "Force Ten", a composição enfatiza a atenção sobre os momentos atuais como sendo nossa única forma de intensificar sensações e alegria.
"'Time Stand Still' é uma canção muito pessoal sobre as experiências nos escapulindo", diz Alex Lifeson. "Um dia você percebe que sua vida passou. Momentos e experiências simplesmente passam e é difícil recapturar esses sentimentos".
"Minha primeira ideia era a de escrever sobre o tempo, e a primeira canção que concebi foi 'Time Stand Still'", lembra Peart. "Porém, quanto mais pensava sobre isso e brincava em torno das ideias, mais o conceito de barreiras temperamentais tomava forma. 'Time Stand Still' se aplica a isso, na medida em que lida com a atitude de aproveitar a vida não deixando a mesma passar sem ser apreciada. Adorei escrever sobre o tema poder no álbum anterior, e decidi fazer aqui algo parecido, dessa vez visitando o tema tempo. Pensei sobre isso, sobre como tantas vezes a riqueza de um período ou experiência parecem estar repousando em nós quando olhamos para trás. Ou, inversamente, às vezes você sabe que está passando por um momento maravilhoso querendo que ele durasse um pouco mais".
Com o conceito de tempo sendo um dos pilares de Hold Your Fire, e "Time Stand Still" se mostra como uma das canções mais auto-explicativas do disco.
"Sim, a canção está dizendo que são tantas coisas que passam por nós que, em retrospecto, sentimos que não as absorvemos como poderíamos", diz Alex. "É sobre o desejo da habilidade de parar as coisas exatamente como são e absorvê-las um pouco mais. Acho que é resultado da maturidade".
"Não estou preocupado em envelhecer", continua. "Quero dizer, seria ótimo ter a juventude de um garoto de 18 anos novamente, mas certamente estou mais feliz agora aos 34 do que quando estava com 18. Sou muito mais estável agora e, de fato, todos os anos me sinto cada vez melhor sobre minha vida e sobre como estou vivendo... embora seja um pouco mais difícil perder peso quando você está mais velho (risos)".
"Não acho que esse disco seja um grito sobre ser jovem novamente, mas acho que é sobre ser reflexivo quanto às experiências, sob uma luz diferente. Você passa por muitas lutas na adolescência durante os vinte anos. Mas, quando alcança seus 30, não se vê tão focado, retardando seu ritmo e começando a compreender as coisas um pouco mais. Acho que é natural, de acordo com os pensamentos de Neil, se tornar mais reflexivo nesse momento da vida".
"Fico muito espantado por termos sido capazes de ficar juntos por todo esse tempo, por termos conseguido manter uma medida de sucesso artístico e comercial sem comprometer ou perder a integridade. Tenho muito orgulho de termos durado. "(...) Mas sim, depois de 13 anos, é um pouco estranho tocar para crianças e jovens, e devo admitir que, nas primeiras datas das turnês me sinto como um velhote pulando no palco! Porém, depois de uma semana, você se acostuma e começa a se sentir confortável com a situação".
"Time Stand Still" marca a primeira e única vez em que o Rush ofereceria linhas vocais de um artista externo em suas músicas. Ao longo de Hold Your Fire, a banda incorpora elementos diversificados, trazendo para essa faixa a voz da cantora norte-americana Aimee Mann, ex-vocalista da banda new wave 'Til Tuesday. Seus vocais se tornaram lendários na carreira do Rush por essa ocasião, acrescentando ainda mais substância e complemento ao novo tipo de som e direção que o trio procurava naquele momento.
"Quando compomos 'Time Stand Still', sabíamos que aquela parte não era ideal para minha voz, pois buscávamos uma textura diferente ali", lembra Geddy. "Não queríamos adicionar ecos ou algum outro tipo de truque para torná-la incomum. Dessa forma, pensamos sobre o quão bom havia sido trabalhar com outros músicos nos dois últimos álbuns, e o quão ótimo seria se tivéssemos uma outra voz para essa parte. Por ser um trecho no qual buscávamos leveza, pensamos que seria perfeito para uma voz feminina. Foi uma ideia bem interessante pra gente. 'Caramba, vamos ter uma garota aqui'. Foi algo legal, pois vínhamos sendo muito insulares. Raramente trabalhávamos com outras pessoas, e no anterior Power Windows estivemos com Andy Richards nos teclados, o que foi muito satisfatório. Essa experiência com uma nova pessoa foi muito emocionante, algo que decidimos continuar. Pensamos: 'Estamos aprendendo com isso e vamos dar mais um passo adiante. Vamos trazer uma vocalista aqui para nos ajudar com essa textura vocal'. Ouvimos um monte de discos, entre eles o What About Love, da cantora Aimee Mann. Simplesmente adorei a voz dela. O convite foi feito de uma forma muito simples. Telefonamos para ela, enviamos uma cópia da música perguntando se ela gostaria de fazer. Ela aceitou, felizmente".
"Bem, achamos que iria servir à música", diz Alex. "Pensamos em convidar Cyndi Lauper primeiro, e em seguida nos aproximamos de Chrissie Hynde, pois achávamos que ela seria perfeita. Mas Chrissie não estava disponível na ocasião e, por isso, chamamos Aimee Mann, que estava em uma banda chamada 'Til Tuesday. Funcionou muito bem. Sua voz combina perfeitamente com a do Geddy e acho que cria a atmosfera certa para a canção. Foi algo novo para o Rush".
"Estávamos em um período muito reflexivo naquela época. Tudo estava se movendo muito rápido", lembra Alex. "(...) Ela [Aimee] estava muito nervosa. Acho que nunca havia feito esse tipo de coisa, especialmente em uma banda como a nossa. Não éramos necessariamente o tipo de música que ela costumava ouvir, mas gostou da banda. Então tentamos fazer com que ela se sentisse mais relaxada possível, transformando as gravações em algo muito divertido".
"Eles me ligaram e me perguntaram se eu poderia cantar", diz Aimee. "Eu pensei, 'Rush? Isso não é meu tipo de coisa'. Então escutei a música e era essa pequena parte em falsete. Era bonito. (...) Eles me deram dois mil dólares. Me levaram para Toronto e foram muito divertidos. Bem, exceto por Neil - ele não era tão divertido. Os outros dois foram eram muito engraçados. Os canadenses são engraçados".
"Quando fizemos 'Time Stand Still' com a Aimee, algumas pessoas disseram 'Estão perdidos, estão ficando velhos'", diz Alex. "Bom, 2112 foi um álbum! Mas, doze anos depois, você não pode ficar lá estagnado. É isso que torna emocionante".
Curiosamente, a percussão e a atmosfera da ponte para o refrão foram feitas propositalmente, como uma metáfora auditiva para o tique-taque de um relógio, ao lado dos vocais de Aimee e Geddy. "Utilizei sons de temple blocks em 'Time Stand Still'", recorda Peart. "Através da maravilha da tecnologia, fui capaz de manipular isso, conseguindo os sons que tinha na cabeça para essa parte. Tenho uns instrumentos antigos chineses que são frágeis demais para colocar em ação, mas consegui sampleá-los, utilizando no disco".
"Time Stand Still" rendeu um vídeo promocional para Hold Your Fire. Dirigido pelo prestigiado cineasta polaco Zbigniew Rybczyński, é notável que o trabalho não resistiu ao teste do tempo, no qual foram utilizadas colagens de imagens banda e de sua convidada em ação, em variados cenários. "É um vídeo estranho", diz Geddy. "Esse cara era o principal diretor da época, Zbigniew Rybczyński. Ele montou tudo aquilo na hora. Ficamos andando pelo estúdio por praticamente 24 horas, take após take. Ele construiu tudo aquilo na própria câmera. Filmava os trechos separadamente e depois colocava tudo junto. Foi um dia bizarro. Aimee ficou presa o dia inteiro e à noite. Ela levou tudo na esportiva".
"Esse é o meu pior cabelo. É ruim. Sei que nunca arrebentamos nos clipes musicais. O material é engraçado só de assistir esse kit de bateria enorme voando no ar. Uma coisa é ver seres humanos. Eles tem formas. Mas temos aqui um kit de bateria completo voando pelo espaço. Quem é que vai dizer que não temos senso de humor?".
"Amo a voz da Aimee nessa música. Ficou simplesmente perfeita. Foi muito doce da parte dela se emprestar para isso. Você pode dizer que essas partes no fim do vídeo foram gravadas no fim da noite, pois minha barba havia crescido. Estávamos lá há um tempão!".
"Time Stand Still" afirma que todos experimentamos momentos que gostaríamos de congelar, momentos que valorizamos muito que podem aos poucos se perder em nossas mentes pela passagem do tempo. Peart irradia seu humanismo abordando nossa finitude e algumas formas de superação desse atributo básico da existência. Uma vez que é impossível congelarmos os momentos, a única possibilidade em aberto é vivermos como um peregrino que aprende a transcender - aprendendo a viver como se cada passo fosse o último.
Nossa finitude se apresenta com um duplo efeito. Estamos onerados a viver com o conhecimento de que nosso fluxo de experiências eventualmente evaporará e, por isso, deveríamos ao menos tentar usar essa certeza como motivação para viver com esforço máximo e foco aguçado. Não é apenas um chavão dizer que qualquer momento poderia ser o último - essa é a situação humana. Então, se tentarmos valorizar o máximo da vida, qualquer momento particular em nossa corrente finita será naturalmente retido e seu potencial maximizado.
"Time Stand Still" provoca duas linhas de pensamento que se confrontam: a difícil peregrinação existencial que busca a transcendência daquilo que nos parece apenas comum, a fim de vivermos com as virtudes da intensidade e do engajamento, e a natureza fugaz das nossas experiências, que podem ser tão avassaladoras que se mostrarão incapazes de nos permitir qualquer reflexão produtiva que nos leve a uma vida mais virtuosa.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
COBURN, B. "Geddy Lee On Rockline For Hold Your Fire". Rockline. October 5, 1987.
GREENE, A. Rolling Stone.com. "Geddy Lee Dives Into Rush's Video Timeline". October 9, 2013.
PUTTERFORD, M. "Lifeson Times". Kerrang! Nº 158. October 17, 1987.
LASKOSKY, L. "The Premiere Progressive Rock Trio". Only Music. December 1987.
GILL, C. "Living In The Limelight", "A Peart Response" and "Time And Motion". Guitar World. November 1996.
TURNER, M. "Geddy Lee - Off The Record". Off The Record. 1987.
SHARP, K. "The Weigh-In". Music Express #132. January 1989.
MILLER, William F. "Interview: Neil Peart / Rush". Modern Drummer. December 1989.
BERTI, J. "Rush and Philosophy: Heart and Mind United (Popular Culture and Philosophy)". Chicago: Open Court, 2011.
KLEIN, J. "Aimee Mann". A.V. Club. November 15, 2000.
A segunda canção do álbum Hold Your Fire é "Time Stand Still". Deliciosamente acessível, é marcada por uma exuberante mistura de instrumentos e vocais que observa a passagem do tempo e nossa impotência em detê-lo. A composição evoca um assunto emocional humano básico: a riqueza de períodos passados que continuam presentes e intensos nas lembranças, vívidos dentro de nós. A natureza da sociedade, a cada geração, segue tornando seus dias cada vez mais rápidos, rotineiros e menos interessantes, formando crianças incentivadas a crescer e pessoas que estão sempre muito ocupadas para diminuir o ritmo e viver o presente. Mais uma grande obra atemporal do Rush.
Conforme ocorrido nos álbuns imediatamente anteriores, Hold Your Fire não é um álbum conceitual típico, embora envolva temas centrais como tempo, natureza, instinto e temperamento. No caso de "Time Stand Still", a canção concentra-se na riqueza dos períodos de tempo que descansam em nossas memórias e nosso desejo de que a experiência de um tempo maravilhoso dure para sempre.
Com esse tema, Neil Peart também revelava o desejo dos músicos em se concentrarem menos em suas carreiras e mais em suas vidas pessoais. "Nossas vidas voavam durante a década de 70. Passávamos tanto tempo na estrada que viver se tornava um túnel escuro para nós. Em um certo momento, você começa a pensar nas pessoas que está negligenciando, nos amigos e familiares. Dessa forma, essa canção é sobre parar para realmente desfrutar de tudo isso, advertindo contra a ação de só olhar para trás. Ao invés de se tornar um nostálgico olhando para o passado, 'Time Stand Still' é, na verdade, um fundamento para o presente".
O título da canção se mostra bastante apropriado, representando um comando infrutífero quanto à indiferença da dinâmica do universo. Imediatamente, "Time Stand Still" representa nossas ilusões sobre a inevitabilidade do envelhecimento e da morte. Como a anterior "Force Ten", a composição enfatiza a atenção sobre os momentos atuais como sendo nossa única forma de intensificar sensações e alegria.
"'Time Stand Still' é uma canção muito pessoal sobre as experiências nos escapulindo", diz Alex Lifeson. "Um dia você percebe que sua vida passou. Momentos e experiências simplesmente passam e é difícil recapturar esses sentimentos".
"Minha primeira ideia era a de escrever sobre o tempo, e a primeira canção que concebi foi 'Time Stand Still'", lembra Peart. "Porém, quanto mais pensava sobre isso e brincava em torno das ideias, mais o conceito de barreiras temperamentais tomava forma. 'Time Stand Still' se aplica a isso, na medida em que lida com a atitude de aproveitar a vida não deixando a mesma passar sem ser apreciada. Adorei escrever sobre o tema poder no álbum anterior, e decidi fazer aqui algo parecido, dessa vez visitando o tema tempo. Pensei sobre isso, sobre como tantas vezes a riqueza de um período ou experiência parecem estar repousando em nós quando olhamos para trás. Ou, inversamente, às vezes você sabe que está passando por um momento maravilhoso querendo que ele durasse um pouco mais".
Com o conceito de tempo sendo um dos pilares de Hold Your Fire, e "Time Stand Still" se mostra como uma das canções mais auto-explicativas do disco.
"Sim, a canção está dizendo que são tantas coisas que passam por nós que, em retrospecto, sentimos que não as absorvemos como poderíamos", diz Alex. "É sobre o desejo da habilidade de parar as coisas exatamente como são e absorvê-las um pouco mais. Acho que é resultado da maturidade".
"Não estou preocupado em envelhecer", continua. "Quero dizer, seria ótimo ter a juventude de um garoto de 18 anos novamente, mas certamente estou mais feliz agora aos 34 do que quando estava com 18. Sou muito mais estável agora e, de fato, todos os anos me sinto cada vez melhor sobre minha vida e sobre como estou vivendo... embora seja um pouco mais difícil perder peso quando você está mais velho (risos)".
"Não acho que esse disco seja um grito sobre ser jovem novamente, mas acho que é sobre ser reflexivo quanto às experiências, sob uma luz diferente. Você passa por muitas lutas na adolescência durante os vinte anos. Mas, quando alcança seus 30, não se vê tão focado, retardando seu ritmo e começando a compreender as coisas um pouco mais. Acho que é natural, de acordo com os pensamentos de Neil, se tornar mais reflexivo nesse momento da vida".
"Fico muito espantado por termos sido capazes de ficar juntos por todo esse tempo, por termos conseguido manter uma medida de sucesso artístico e comercial sem comprometer ou perder a integridade. Tenho muito orgulho de termos durado. "(...) Mas sim, depois de 13 anos, é um pouco estranho tocar para crianças e jovens, e devo admitir que, nas primeiras datas das turnês me sinto como um velhote pulando no palco! Porém, depois de uma semana, você se acostuma e começa a se sentir confortável com a situação".
"Time Stand Still" marca a primeira e única vez em que o Rush ofereceria linhas vocais de um artista externo em suas músicas. Ao longo de Hold Your Fire, a banda incorpora elementos diversificados, trazendo para essa faixa a voz da cantora norte-americana Aimee Mann, ex-vocalista da banda new wave 'Til Tuesday. Seus vocais se tornaram lendários na carreira do Rush por essa ocasião, acrescentando ainda mais substância e complemento ao novo tipo de som e direção que o trio procurava naquele momento.
"Quando compomos 'Time Stand Still', sabíamos que aquela parte não era ideal para minha voz, pois buscávamos uma textura diferente ali", lembra Geddy. "Não queríamos adicionar ecos ou algum outro tipo de truque para torná-la incomum. Dessa forma, pensamos sobre o quão bom havia sido trabalhar com outros músicos nos dois últimos álbuns, e o quão ótimo seria se tivéssemos uma outra voz para essa parte. Por ser um trecho no qual buscávamos leveza, pensamos que seria perfeito para uma voz feminina. Foi uma ideia bem interessante pra gente. 'Caramba, vamos ter uma garota aqui'. Foi algo legal, pois vínhamos sendo muito insulares. Raramente trabalhávamos com outras pessoas, e no anterior Power Windows estivemos com Andy Richards nos teclados, o que foi muito satisfatório. Essa experiência com uma nova pessoa foi muito emocionante, algo que decidimos continuar. Pensamos: 'Estamos aprendendo com isso e vamos dar mais um passo adiante. Vamos trazer uma vocalista aqui para nos ajudar com essa textura vocal'. Ouvimos um monte de discos, entre eles o What About Love, da cantora Aimee Mann. Simplesmente adorei a voz dela. O convite foi feito de uma forma muito simples. Telefonamos para ela, enviamos uma cópia da música perguntando se ela gostaria de fazer. Ela aceitou, felizmente".
"Bem, achamos que iria servir à música", diz Alex. "Pensamos em convidar Cyndi Lauper primeiro, e em seguida nos aproximamos de Chrissie Hynde, pois achávamos que ela seria perfeita. Mas Chrissie não estava disponível na ocasião e, por isso, chamamos Aimee Mann, que estava em uma banda chamada 'Til Tuesday. Funcionou muito bem. Sua voz combina perfeitamente com a do Geddy e acho que cria a atmosfera certa para a canção. Foi algo novo para o Rush".
"Estávamos em um período muito reflexivo naquela época. Tudo estava se movendo muito rápido", lembra Alex. "(...) Ela [Aimee] estava muito nervosa. Acho que nunca havia feito esse tipo de coisa, especialmente em uma banda como a nossa. Não éramos necessariamente o tipo de música que ela costumava ouvir, mas gostou da banda. Então tentamos fazer com que ela se sentisse mais relaxada possível, transformando as gravações em algo muito divertido".
"Eles me ligaram e me perguntaram se eu poderia cantar", diz Aimee. "Eu pensei, 'Rush? Isso não é meu tipo de coisa'. Então escutei a música e era essa pequena parte em falsete. Era bonito. (...) Eles me deram dois mil dólares. Me levaram para Toronto e foram muito divertidos. Bem, exceto por Neil - ele não era tão divertido. Os outros dois foram eram muito engraçados. Os canadenses são engraçados".
"Quando fizemos 'Time Stand Still' com a Aimee, algumas pessoas disseram 'Estão perdidos, estão ficando velhos'", diz Alex. "Bom, 2112 foi um álbum! Mas, doze anos depois, você não pode ficar lá estagnado. É isso que torna emocionante".
Curiosamente, a percussão e a atmosfera da ponte para o refrão foram feitas propositalmente, como uma metáfora auditiva para o tique-taque de um relógio, ao lado dos vocais de Aimee e Geddy. "Utilizei sons de temple blocks em 'Time Stand Still'", recorda Peart. "Através da maravilha da tecnologia, fui capaz de manipular isso, conseguindo os sons que tinha na cabeça para essa parte. Tenho uns instrumentos antigos chineses que são frágeis demais para colocar em ação, mas consegui sampleá-los, utilizando no disco".
"Time Stand Still" rendeu um vídeo promocional para Hold Your Fire. Dirigido pelo prestigiado cineasta polaco Zbigniew Rybczyński, é notável que o trabalho não resistiu ao teste do tempo, no qual foram utilizadas colagens de imagens banda e de sua convidada em ação, em variados cenários. "É um vídeo estranho", diz Geddy. "Esse cara era o principal diretor da época, Zbigniew Rybczyński. Ele montou tudo aquilo na hora. Ficamos andando pelo estúdio por praticamente 24 horas, take após take. Ele construiu tudo aquilo na própria câmera. Filmava os trechos separadamente e depois colocava tudo junto. Foi um dia bizarro. Aimee ficou presa o dia inteiro e à noite. Ela levou tudo na esportiva".
"Esse é o meu pior cabelo. É ruim. Sei que nunca arrebentamos nos clipes musicais. O material é engraçado só de assistir esse kit de bateria enorme voando no ar. Uma coisa é ver seres humanos. Eles tem formas. Mas temos aqui um kit de bateria completo voando pelo espaço. Quem é que vai dizer que não temos senso de humor?".
"Amo a voz da Aimee nessa música. Ficou simplesmente perfeita. Foi muito doce da parte dela se emprestar para isso. Você pode dizer que essas partes no fim do vídeo foram gravadas no fim da noite, pois minha barba havia crescido. Estávamos lá há um tempão!".
"Time Stand Still" afirma que todos experimentamos momentos que gostaríamos de congelar, momentos que valorizamos muito que podem aos poucos se perder em nossas mentes pela passagem do tempo. Peart irradia seu humanismo abordando nossa finitude e algumas formas de superação desse atributo básico da existência. Uma vez que é impossível congelarmos os momentos, a única possibilidade em aberto é vivermos como um peregrino que aprende a transcender - aprendendo a viver como se cada passo fosse o último.
Nossa finitude se apresenta com um duplo efeito. Estamos onerados a viver com o conhecimento de que nosso fluxo de experiências eventualmente evaporará e, por isso, deveríamos ao menos tentar usar essa certeza como motivação para viver com esforço máximo e foco aguçado. Não é apenas um chavão dizer que qualquer momento poderia ser o último - essa é a situação humana. Então, se tentarmos valorizar o máximo da vida, qualquer momento particular em nossa corrente finita será naturalmente retido e seu potencial maximizado.
"Time Stand Still" provoca duas linhas de pensamento que se confrontam: a difícil peregrinação existencial que busca a transcendência daquilo que nos parece apenas comum, a fim de vivermos com as virtudes da intensidade e do engajamento, e a natureza fugaz das nossas experiências, que podem ser tão avassaladoras que se mostrarão incapazes de nos permitir qualquer reflexão produtiva que nos leve a uma vida mais virtuosa.
© 2015 Rush Fã-Clube Brasil
COBURN, B. "Geddy Lee On Rockline For Hold Your Fire". Rockline. October 5, 1987.
GREENE, A. Rolling Stone.com. "Geddy Lee Dives Into Rush's Video Timeline". October 9, 2013.
PUTTERFORD, M. "Lifeson Times". Kerrang! Nº 158. October 17, 1987.
LASKOSKY, L. "The Premiere Progressive Rock Trio". Only Music. December 1987.
GILL, C. "Living In The Limelight", "A Peart Response" and "Time And Motion". Guitar World. November 1996.
TURNER, M. "Geddy Lee - Off The Record". Off The Record. 1987.
SHARP, K. "The Weigh-In". Music Express #132. January 1989.
MILLER, William F. "Interview: Neil Peart / Rush". Modern Drummer. December 1989.
BERTI, J. "Rush and Philosophy: Heart and Mind United (Popular Culture and Philosophy)". Chicago: Open Court, 2011.
KLEIN, J. "Aimee Mann". A.V. Club. November 15, 2000.