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CEILING UNLIMITED GHOST RIDER PEACEABLE KINGDOM
GHOST RIDER
Pack up all those phantoms
Shoulder that invisible load
Keep on riding North and West
Haunting that wilderness road
Like a ghost rider
Carry all those phantoms
Through bitter wind and stormy skies
From the desert to the mountain
From the lowest low to the highest high
Like a ghost rider
Keep on riding North and West
Then circle South and East
Show me beauty, but there is no peace
For the ghost rider
Shadows on the road behind
Shadows on the road ahead
Nothing can stop you now
There's a shadow on the road behind
There's a shadow on the road ahead
Nothing can stop you now
Sunrise in the mirror
Lightens that invisible load
Riding on a nameless quest
Haunting that wilderness road
Like a ghost rider
Just an escape artist
Racing against the night
A wandering hermit
Racing toward the light
From the White Sands
To the Canyonlands
To the redwood stands
To the Barren Lands
Sunrise on the road behind
Sunset on the road ahead
There's nothing to stop you now
Nothing can stop you now
Pack up all those phantoms
Shoulder that invisible load
Keep on riding North and West
Haunting that wilderness road
Like a ghost rider
Carry all those phantoms
Through bitter wind and stormy skies
From the desert to the mountain
From the lowest low to the highest high
Like a ghost rider
Keep on riding North and West
Then circle South and East
Show me beauty, but there is no peace
For the ghost rider
Shadows on the road behind
Shadows on the road ahead
Nothing can stop you now
There's a shadow on the road behind
There's a shadow on the road ahead
Nothing can stop you now
Sunrise in the mirror
Lightens that invisible load
Riding on a nameless quest
Haunting that wilderness road
Like a ghost rider
Just an escape artist
Racing against the night
A wandering hermit
Racing toward the light
From the White Sands
To the Canyonlands
To the redwood stands
To the Barren Lands
Sunrise on the road behind
Sunset on the road ahead
There's nothing to stop you now
Nothing can stop you now
VIAJANTE FANTASMA
Embale todos os fantasmas
Carregue esse fardo invisível
Continue viajando para o Norte e Oeste
Assombrando a estrada deserta
Como um viajante fantasma
Leve todos os fantasmas
Pelo vento cortante e céus tempestuosos
Do deserto para a montanha
Dos lugares mais baixos aos mais altos
Como um viajante fantasma
Continue viajando para o Norte e Oeste
E então contorne o Sul e o Leste
Mostre-me a beleza, mesmo que não haja paz
Para o viajante fantasma
Sombras na estrada atrás
Sombras na estrada à frente
Nada pode pará-lo agora
Há uma sombra na estrada atrás
Há uma sombra na estrada à frente
Nada pode pará-lo agora
O nascer do sol no espelho
Ilumina esse fardo invisível
Viajando numa busca sem nome
Assombrando a estrada deserta
Como um viajante fantasma
Apenas um escapista
Correndo contra a noite
Um eremita errante
Correndo em direção à luz
De White Sands
Até Canyonlands
Até a floresta de sequoias
Até Barren Lands
O nascer do sol na estrada atrás
O pôr do sol na estrada à frente
Não há nada que pare você agora
Nada pode pará-lo agora
Embale todos os fantasmas
Carregue esse fardo invisível
Continue viajando para o Norte e Oeste
Assombrando a estrada deserta
Como um viajante fantasma
Leve todos os fantasmas
Pelo vento cortante e céus tempestuosos
Do deserto para a montanha
Dos lugares mais baixos aos mais altos
Como um viajante fantasma
Continue viajando para o Norte e Oeste
E então contorne o Sul e o Leste
Mostre-me a beleza, mesmo que não haja paz
Para o viajante fantasma
Sombras na estrada atrás
Sombras na estrada à frente
Nada pode pará-lo agora
Há uma sombra na estrada atrás
Há uma sombra na estrada à frente
Nada pode pará-lo agora
O nascer do sol no espelho
Ilumina esse fardo invisível
Viajando numa busca sem nome
Assombrando a estrada deserta
Como um viajante fantasma
Apenas um escapista
Correndo contra a noite
Um eremita errante
Correndo em direção à luz
De White Sands
Até Canyonlands
Até a floresta de sequoias
Até Barren Lands
O nascer do sol na estrada atrás
O pôr do sol na estrada à frente
Não há nada que pare você agora
Nada pode pará-lo agora
Mantenha-se em movimento e deixe seus fantasmas para trás
"Ghost Rider" é a terceira faixa de Vapor Trails. Bastante intensa e emocional, a canção encapsula com forte apelo visual o papel catártico do exílio de milhares de quilômetros encarado por Neil Peart, após ser dilacerado por suas dolorosas tragédias pessoais. Totalmente baseada nas crônicas de suas viagens de moto documentadas no livro Ghost Rider: Travels on the Healing Road, a composição chega aos ouvintes como a letra mais íntima já concebida pelo baterista em toda sua caminhada com o Rush.
Da mesma forma que criações anteriores como "Red Barchetta" (de Moving Pictures, 1981), "Dreamline" (Roll The Bones, 1991) e "Driven" (do anterior Test For Echo, 1996), "Ghost Rider" é envolta por sensações de estrada. Com seu início guiado pelos pratos, a música se revela em preenchimentos produzidos pelo baixo de Geddy Lee, acionados com notável delicadeza. Logo após, Alex Lifeson destila guitarras límpidas muito sutis, propondo a angústia de um momento de partida. A voz inconfundível de Geddy conquista grande destaque, passeando por nuances suaves e profundas que desenvolvem percepções variadas e paisagens.
O primeiro trecho evoca facilmente sentimentos de desamparo, incerteza e luto profundo. Era o momento em que Peart ouvia seus instintos, caindo de vez na estrada com sua inseparável BMW R1200GS. Partindo de sua residência em Quebec para Telegraph Creek, uma pequena comunidade localizada na Colúmbia Britânica, ele seguiria do Canadá ao Alasca totalmente desprovido de horários pré-programados e restrições de tempo e de vida, descendo as regiões costeiras em direção ao Sul dos Estados Unidos até alcançar o México e Belize, para depois retornar a Quebec. Com frases muito bem construídas, é possível experimentar o vento e o longo caminho que se desdobra à frente, tão assustador quanto aquilo que o músico tentava deixar para trás.
Após os primeiros versos, somos conduzidos para uma belíssima ponte, esta que traz algumas das palavras mais fortes de todo o disco. Munida de pequenos contratempos e notas invertidas, o ritmo mais ardente é cessado subitamente, com a guitarra se destacando enquanto a bateria, tocada com ferocidade, se entrelaça ao baixo. Alcançando o refrão agressivo e melodioso que rememora alguns dos momentos pretéritos da banda, percebemos principalmente os vocais com notas mais altas de um Geddy incrivelmente rejuvenescido. Os trechos seguintes são repetidos sem alterações relevantes, o que complementa a pegada mais relaxada do som. Retomando o ponto inicial, "Ghost Rider" se desdobra igualmente até uma sessão de ênfase instrumental, na qual recebemos um turbilhão de camadas de guitarras e vocalizações - substitutos óbvios dos teclados.
A sessão continua até outro freio repentino, evidenciando novamente o elegante marcar do tempo no contrabaixo. A peça explode em texturas mais pesadas e sombrias, culminando em um festival de overdubs vocais que envolvem as frases do refrão e dos versos por diversas vezes. O fim de uma viagem atribulada se aproxima e, repentinamente, o que fica é apenas o reverberar de um tambor atingido ferozmente.
"Em 'Ghost Rider', buscamos conexões naturais entre a letra e as partes de Alex nos versos e pontes, mas encontrar a atmosfera certa deu um puta trabalho", diz Geddy. "Acho que escrevi uns onze ou doze refrões diferentes até conseguir algo que nos satisfizesse emocionalmente e musicalmente. 'Ghost Rider' acabou se tornando uma das minhas favoritas. Traz linhas de baixo sensatas, e os versos mostram minhas jams originais - quando toco os acordes e no momento em que volto para as partes mais graves".
"Ghost Rider, assim como 'Ceiling Unlimited', é muito difícil de cantar", reconhece o baixista. "Não somente pela elevada escala vocal, mas porque são muito prolixas e implacáveis. É preciso recuperar o fôlego constantemente".
"Em 'Ghost Rider', procurei por preenchimentos sutis para conduzir os versos, e acabei utilizando pratos", explica Neil. "Jamais havia feito dessa forma. Não é nada tecnicamente, mas fiquei muito feliz com o efeito. Não queria fazer um preenchimento nos tambores, e também não queria apenas diminuir a batida - tentei dessa forma e deu certo. Eu sorrio secretamente quando ouço coisas como essa, pois é algo que acho que não vai impressionar o ouvinte ou outro baterista, mas que me agrada por ter vindo de algum lugar diferente, realizando algo novo musicalmente".
No dia 10 de agosto de 1997, começava o período mais difícil na vida do lendário baterista do Rush. Sua única filha até então, Selena Taylor (de apenas 19 anos de idade), falecia num acidente automobilístico na Highway 401, em Ontário. Dez meses depois, em 20 de julho de 1998, Jacqueline Taylor, com quem foi casado durante 22 anos, seria derrotada pelo câncer.
Peart documentou as tragédias que mudaram sua vida - e como sobreviveu a elas - em seu livro Ghost Rider. "Minha esposa Jackie e eu havíamos beijado e abraçado nossa filha de dezenove anos, Selena, antes dela dirigir de volta para Toronto, pronta para começar na universidade". Porém, naquela noite, ao invés de receberem um telefonema de Selena lhes dizendo que havia chegado segura ao seu destino, Peart e Jackie abriram a porta da casa para encarar o chefe de polícia local. Ele tinha em suas mãos um fax da polícia de Ontário. "Tentamos ler as linhas pretas no papel, buscando dar sentido ao incompreensível e acreditar no inaceitável. Minha mente cambaleava numa luta desesperada para absorver as palavras, 'acidente de carro', 'aparentemente perdeu o controle', 'morta no local'".
Momentos antes da polícia chegar, Peart lembrou que estava acompanhando um documentário na TV sobre a caminhada Mórmon para o Oeste em 1847: "O programa citava o relato de uma das sobreviventes daquela terrível jornada, e me lembro bem das suas últimas palavras, 'A única razão de estar viva é que eu não conseguia morrer'. Essa frase terrível voltaria para me assombrar nos meses seguintes. Logo se tornou evidente que o mundo de Jackie fora completamente destruído. Ela estava em pedaços, e nunca mais os reuniu novamente".
Peart chegou a declarar que considerou tirar a própria vida naqueles dias. "Nos dias que se seguiram após a morte de Selena, aprendi comigo mesmo sobre como um dia ensolarado pode se tornar escuro - um Sol totalmente equivocado - e de como o mundo ao meu redor e a vida agitada de todos aqueles estranhos me pareciam tão fúteis e irreais, da mesma forma fútil e irreal que se tornou a minha própria vida".
O casal tentou recuperar-se meses mais tarde em Londres, e Jackie "começou a sofrer de dores severas nas costas e tosse noturna... na véspera da nossa partida, foi diagnosticada com câncer terminal (os médicos chamaram de câncer, mas é óbvio que se tratava de um coração partido). Assim, um segundo pesadelo começou".
Até então, Peart havia desistido do seu trabalho com o Rush. "Após a minha primeira perda terrível", ele escreveu, "não sentia mais vontade de trabalhar com a banda e, no dia do funeral de Selena, havia dito aos meus parceiros Geddy e Alex (todos em lágrimas) que eles poderiam me 'considerar aposentado'. De fato, não tinha mais interesse em tocar bateria ou em compor canções".
Devastado pelas perdas, o músico decidiu deixar seus companheiros de banda, familiares e amigos para ingressar numa épica viagem que duraria 14 meses e cinquenta e cinco mil milhas em cima de uma motocicleta, buscando principalmente se manter em movimento para afastar os riscos de uma auto-degradação. Um homem racional que sempre lançou questões e respostas eloquentes em suas próprias letras estava despedaçado por terríveis desgraças. O letrista que sempre demonstrou empatia pelas pessoas era sacudido pela agonia de observar aqueles que jamais passaram por tal maldição.
"Foi difícil para mim aceitar que o destino poderia ser tão injusto, e que as vidas de outras pessoas permaneceriam incólumes pelo tipo de mal que havia caído sobre mim. A grande questão - porque? - era um tormento incessante, enquanto meu cérebro se esforçava por um sentido (É um castigo? Um julgamento? Uma maldição?). Quando via outras pessoas com seus filhos ou com seus companheiros e amigos (ou até mesmo aparentemente desfrutando da vida), não era tanto a má vontade que mexia comigo, mas o ciúme, o ressentimento e uma sensação de injustiça cruel".
Com a falta de respostas para suas dolorosas indagações, Peart seguiu para sua jornada num esforço ao mesmo tempo de fuga e de busca por algum sentido para a vida. Em suas andanças, anotou detalhes sobre suas experiências - desde as mais mundanas às mais profundas, narrando conversas com pessoas que ia encontrando ao longo do caminho, descrevendo lugares e a multiplicidade de sentimentos que experimentou. "Durante todo esse período obscuro de dor, tristeza, desolação e desespero completo, algo em mim parecia determinado a continuar. Alguma coisa viria à tona - ou talvez era mais como a declaração daquela mulher mórmon: 'A única razão de estar vivo é que não consigo morrer'".
Durante a jornada, ele dava sinais de que continuava vivo através de cartas e cartões postais para entes queridos. As palavras escritas por muitos dos vários autores que leu, cujos terrenos obscuros ele agora visitava de fato, o ajudavam a desintegrar sua soturna paisagem interna e a alma ferida. O título da canção e do livro dão nome a sua situação: um homem que se tornara um fantasma e que ainda lutava pela sobrevivência.
"Uma vez passei rapidamente por um casal de velhos, e sorri enquanto imaginava a conversa deles: ele reclamando de mim, e ela lhe dizendo para não ser um velho resmungão. Então, de repente, estava em lágrimas pensando, 'nunca chegarei a ser um vovô mal-humorado'".
"A moto de salvou", afirma Peart. "Eu não tinha mais nada a fazer, não havia mais nada que eu pudesse fazer. O episódio revelador foi no primeiro dia. Eu estava num clima péssimo, com caminhões madeireiros jogando suas luzes em mim. Era um miserável sob qualquer aspecto, e estava carente de qualquer tipo de fortaleza. Pensei, 'Tenho que retornar, não quero fazer isso. E, em seguida, uma outra voz continuava, 'E então o quê?'. Eu não tinha mais nada, e as coisas estúpidas que as pessoas te dizem em momentos como esse... 'Oh, pelo menos você tem a sua música'. Porra, o quê é isso? É enlouquecedor. Só queria que as pessoas não dissessem essas coisas - é tão estúpido. Você não tem mais nada, mas a moto e a jornada que enfrentei me salvaram absolutamente. Foi como o álcool e as drogas! [Risos]".
"Enquanto esteve fora, não houve um único dia em que não nos preocupamos com ele", diz Lifeson. "Mas também sabíamos que Neil não era uma pessoa imprudente".
"Fernie era uma pequena comunidade nas montanhas, quase toda construída por trabalho duro como mineração e extração de madeira", explica Peart. "Com muito lazer ao ar livre, estava cercada de montanhas e lagos que ofereciam atividades no inverno e no verão. Cruzando a rua principal, meio prosaica e meio pitoresca (com os aspectos práticos de equipamentos e roupas de trabalho ao lado dos brinquedos como snowboards e bicicletas), decidi buscar o melhor lugar para encontrar um cartão que dissesse 'Fernie', o que aconteceu numa farmácia. Alguns minutos depois, estava sentado na minha moto estacionada, escrevendo para Alex. Concentrado apenas no nome 'Fernie', não havia prestado atenção na imagem. Porém, antes de escrever, notei na parte superior: 'Ghost Rider'. Virando o mesmo, vi a fotografia de uma nuvem envolvendo o topo da Trinity Mountain. Parece que o termo era aparentemente o nome para este fenômeno atmosférico". [N. do A.: Na verdade, trata-se de uma lenda local, pois no entardecer uma das sombras que se forma na encosta da montanha revela uma forma muito parecida com a de um cavaleiro].
"Alex e eu compartilhamos um jeito particular de nos escrevermos. Com a caneta na mão esquerda (que não é a minha), comecei a rabiscar: 'Eye em thuh gost rydur'. Então parei e minha mente me chamou a atenção, 'Uau, sim, sou um viajante fantasma'. Os fantasmas que eu carregava, a maneira como o mundo e a vida das pessoas pareciam insubstanciais e irreais, a forma como me sentia - alienado e desintegrado e sem comprometimento com a vida ao meu redor... 'Sim, esse sou eu. O viajante fantasma'.
"Tudo isso foi horrível. Sentimos uma dor insuportável quando Selena faleceu", diz Geddy. "Neil e sua esposa deixaram o país para sofrerem juntos e, quando ele começava a se recuperar, Jackie também se foi, o que iniciou outro período devastador e que era muito difícil controlar. Ele sempre foi uma pessoa solitária, e acho que funciona muito bem assim. Por isso, de certa forma, foi natural o que ele fez. Ele tentava se inspirar a partir de tudo o que aconteceu respirando um pouco mais do mundo, esperando que os cenários surtissem um processo de cura".
"Foi tão devastador quando aconteceu que jamais nos preocupamos com a banda", lembra Alex. "Só pensávamos em ajudar Neil. Quando Jackie faleceu, foi quase o fim. Ele careceu de pessoas com ele, e agora precisava que as pessoas o deixassem sozinho. Ele decidiu que, se ficasse, iria definhar. Teve que partir, e seu livro Ghost Rider é sobre isso - pegou sua motocicleta e seguiu para encontrar o que precisava encontrar. Foi algo corajoso, algo grande. Ele só pilotava e pensava - apenas via a estrada à frente, que o mantinha distraído, até chegar à noite em qualquer cidade. Ia dormir e acordava de hora em hora, em todas as noites. Por fim, conheceu a sua nova esposa, Carrie".
Em 2001, após se casar com a fotógrafa Carrie Nuttall, Peart comunicou a Alex e Geddy que estava pronto para trabalhar novamente. "Ele não tocava bateria há três anos", diz Lifeson. "Podíamos perceber que ele ainda estava extremamente frágil, e não tínhamos certeza de que estava pronto para isso. Ingressamos com muito cuidado, deixando-o reconstruir suas habilidades novamente e entrando em forma (física e mentalmente). Foi difícil".
"De vez em quando pensávamos numa convocação para a banda. Não queríamos forçá-lo, mas ligamos para Neil e perguntamos se ele consideraria isso. Ele disse que não sabia se conseguiria, mas que iria tentar. Geddy e eu estávamos muito convencidos de que a banda havia acabado e, dessa forma, começamos a pensar até mesmo no que faríamos com nossos equipamentos, que ficaram armazenados durante todo esse hiato. Achávamos que deveríamos pegar leve com as coisas, mas Neil queria se permitir uma tentativa. Assim, passamos 14 meses fazendo Vapor Trails, em oposição aos quatro ou cinco meses que costumávamos levar nos discos".
"Ficamos muito felizes com Neil em vários níveis, e claro - extasiados por ele querer a banda de volta. Mas foi difícil. Ele não tocava bateria há anos, e quando finalmente se sentou no kit, eu diria que era um décimo do baterista que costumava ser - mas ainda ótimo. Porém, ainda havia um longo caminho a percorrer, mas não colocamos quaisquer restrições de tempo sobre ele. Quando estava pronto, nós também estávamos".
O livro Ghost Rider: Travels on the Healing Road empresta à canção uma profunda sintonia e um relato condensado, como uma pequena porta para o entendimento do processo de cicatrização pelo qual o baterista passou. Os três músicos, que por décadas trabalharam juntos influenciando gerações, enfim estavam de volta, projetando novamente a mágica de sua música. "Ghost Rider" exemplifica claramente o caráter de Vapor Trails: ao invés de produzir temas concentrados na dolorosa história recente, Peart se dedicava à afirmação da própria vida, utilizando seu fascínio contínuo pela natureza e as experiências de conhecer novos lugares. O efeito resultante são letras mais acessíveis e pessoais, compondo um dos trabalhos mais tocantes da banda.
Peart derrama a dor e a desesperança que envolveram seu coração, descrevendo de forma pormenorizada a estrada que lhe curou. O livro, que foi escrito durante o processo de concepção de Vapor Trails, mostra como o apoio e o companheirismo dos amigos ajudaram no mais sombrio dos tempos.
"Estive escrevendo Ghost Rider durante todo o tempo. Ficamos no estúdio por um ano, trabalhando muito vagarosamente nas composições e, enquanto focava nas letras, sempre tentava escrever uma página por dia. Nos momentos do estúdio, os caras ficavam indo para lá e para cá - havia uma mesa de som bem atrás da janela. A TV permanecia ligada, com pessoas entrando e saindo e eu tentando fazer minhas revisões. Esse cenário me fez perceber aquilo que começou nos anos 70: minhas leituras constantes para escapar de um camarim lotado. Aprendi a me concentrar assim. Agora tenho meu próprio quarto e nosso próprio ônibus - tenho minha privacidade, algo que não tinha naquela época. A única maneira de consegui-la era me escondendo atrás de algo, e os livros me ajudaram nisso".
"Sempre quis encontrar um aspecto universal nas músicas. Muitas das faixas em Vapor Trails são um exemplo disso. Elas são, obviamente, muito pessoais, mas tento encontrar uma forma de transcendê-las. É o que as memórias são para todos - como aquelas trilhas de vapor no céu. Não é só comigo - elas desaparecem. A natureza das memórias é explorada em algumas dessas canções, e 'Ghost Rider' é sobre as minhas viagens. Porém, tentei buscar pontos emocionais universais que outras pessoas pudessem descobrir em suas vidas, encontrando suas próprias ressonâncias nessas canções. Gosto de tecer imagens baseadas em mim mesmo de forma sincera, mas, ao mesmo tempo, obscuras o suficiente para que o ouvinte possa encontrar algo para eles. São como os sinos de vento - o vento sopra e eles cantam".
"Tento falar sobre a minha dor e sobre o que aconteceu comigo no livro, pois achei que poderia ajudar outras pessoas. Ghost Rider é, de longe, o meu livro mais lido. Isso meio que me confunde, pois os outros são muito mais alegres de se ler. Mas há pessoas que sofreram o mesmo tipo de experiência e perdas que o acharam útil, então me esforcei para compartilhar o que vivi. Procurei compartilhar essas coisas para tentar ajudar pessoas a saberem que não estão sozinhas, porque saber que eu não estava sozinho também me ajudou".
"Acho que o que ajudou Neil foi o fato dele ter escrito Ghost Rider, mostrando sua alma publicamente ao falar sobre o que aconteceu com ele", diz Geddy. "Acho que todas as canções de Vapor Trails se relacionam, enraizadas na experiência de falarem sobre a necessidade e nas maneiras de se livrar de situações. Ao cantar as letras, preciso ser capaz de fazê-las soarem como universais. Preciso sempre buscar uma maneira para isso".
"Sobre pilotar sozinho ou com outros, as duas situações trazem os seus prazeres", diz Neil. "Tenho um pequeno círculo de pilotos com os quais gosto de sair, mas não mais que quatro de cada vez - geralmente dois. Há uma confiança mútua com bons parceiros de viagens, um respeito compartilhado pelas regras de posicionamento e de ritmo na pista, além de ser bom ter alguém para conversar na hora do almoço. Viajei bastante sozinho também. O livro Ghost Rider envolve 55.000 milhas de pilotagem solitária. Se estou viajando sozinho, tenho meu caderno de anotações, levo algo para ler e fico feliz com a minha própria companhia".
"Neil é um cara privado, mas que adora conversar - você tem que pegá-lo como uma companhia certa", diz Alex. "Ele nunca se sentiu confortável por ser uma celebridade de uma banda de rock. Trata-se de uma questão de timidez, mais do que qualquer outra coisa. Fiquei feliz por ele ter falado sobre essas coisas. Vários fãs do Rush o acham retraído, mas não é o caso. Ele apenas não se sente muito confortável com bajulações, e acho que eu e Geddy trabalhamos com isso de uma forma diferente. As pessoas que encontramos são bem educadas, e geralmente são momentos rápidos. Trata-se de uma ótima oportunidade para trocas, mas entendo que se você não se sente confortável, deve parecer uma tortura".
No trecho "From the lowest low to the highest high" ("Dos lugares mais baixos aos mais altos") da canção, Peart se refere ao Telescope Peak, cume do Vale da Morte na Califórnia. Sua ida ao local assumiu um novo significado após a descida, quando se encaminhou para Los Angeles (onde conheceu sua atual esposa, a fotógrafa Carrie Nuttall).
"Em outubro de 1999, quando eu divagava sem rumo no Ocidente tentando encontrar alguma maneira de enfrentar o mundo novamente, segui para o cume de 3360 metros de Telescope Peak. Segui para Los Angeles no dia seguinte, onde encontrei Carrie. Toda a minha vida mudou completamente (nem preciso dizer). Uma metáfora irresistível parecia surgir dali - eu havia subido no ponto mais alto do Death Valley no meu momento mais terrível, descendo de lá em seguida para viajar e encontrar a vida novamente. No livro Ghost Rider, usei o Telescope Peak como um símbolo importante, escrevendo uma letra de mesmo nome cujo refrão girava na frase 'The last lonely day' ['O ultimo dia solitário']. A letra não encontrou um lar musical com meus colaboradores Alex e Geddy durante as sessões de composição do nosso álbum Vapor Trails em 2001 - mas foi justo, pois aqueles caras compartilharam suficientemente minhas dores, tanto na vida quanto na arte".
"De qualquer forma, as melhores frases de 'Telescope Peak' foram recicladas em outras canções, como 'Ghost Rider' e 'How It Is'. Nada foi perdido".
Durante a concepção de Vapor Trails, a banda esteve à beira de abandonar "Ghost Rider" - até que o coprodutor e engenheiro Paul Northfield sugeriu algumas mudanças. "Ele nos ajudava a julgar as performances como 'terminadas' ou 'ainda não', e via possibilidades que às vezes nos haviam escapado", diz Peart. "'Ghost Rider' foi do ponto de abandono à uma gloriosa realização".
"Em 2001, quando eu estava em Toronto com os caras tentando começar as letras para o novo álbum, trazia naturalmente muita 'bagagem' para trabalhar. Algumas coisas se tornaram canções, mas muitas não. Uma das letras que escrevi nas sessões de Vapor Trails foi 'Telescope Peak'. Embora ela não tenha se 'vendido' aos caras, ainda meio que gosto dela (sem amarguras, pois 'Ghost Rider' conseguiu se traduzir em música, e a gravamos com o incentivo do coprodutor Paul Northfield). Assim, pelo menos uma das minhas 'canções das estradas americanas' viu a luz da performance. Algo suficientemente bom! (...) Suas palavras ainda 'cantam' para mim - um rock acelerado nos versos, interrompido na frase 'On the last lonely day' antes de cair num groove afiado para os versos. Os refrões, naturalmente, seriam parcialmente suaves. Quando escrevo letras, sempre tenho um ritmo imaginário e uma melodia em mente, mas nunca compartilho isso com os outros caras - deixando que se levem para onde querem ir. Boas coisas acontecem dessa forma".
"Quando nos encontramos novamente, decidimos que deixaríamos as coisas acontecerem. Fizemos o nosso tempo. Não trabalhávamos juntos em um nível criativo há cinco anos, de modo que o processo se tornou gradual e relaxado. Fomos levando as coisas da forma mais orgânica possível, e não quisemos definir quaisquer prazos. Tentamos não dizer: 'Queremos todas as composições prontas em quatro semanas, e três semanas depois já estaremos prontos para as demos'. Não colocamos nada dessa maneira. Apenas começamos a trabalhar e dissemos, 'Vamos ver o que acontece'".
"Descrevo a maneira que Geddy e Alex começaram a trabalhar como uma brincadeira, com as ideias basicamente se costurando. Mas foi um processo que levou semanas. Eu trabalhava nas letras ao mesmo tempo, mas as canções não saíam. Dessa forma, aguardei nesse momento. Na verdade, comecei a escrever o livro para preencher o tempo (...). Mas eu estava numa espécie de modo de espera".
"Vapor Trails foi o álbum mais emocional que já fizemos, e não o super-produzimos e conseguimos todas aquelas complicações de estúdio intencionalmente. Assim, para mim, trata-se de um disco muito bem sucedido que resume onde estávamos - o que sentíamos e o que passávamos".
Por mais que o longo percurso tenha limpado a mente de Peart, foi a compaixão de outras pessoas que mais se revelou como sua cura. "Senti carinho e gratidão não somente pela ajuda, mas pela compreensão e por saberem de verdade o que eu havia sofrido, sentindo por mim e exigindo nada mais nada menos que eu continuasse a viver".
No final da jornada, o baterista descobriu que, como os Beatles disseram no passado, "Tudo o que você precisa é de amor".
"Ghost Rider" expressa um inspirador processo de reencontro com a essência, não funcionando apenas como os relatos de alguém que foi ao inferno e voltou. A canção mostra que Neil, em seu íntimo, ainda trazia o pulsar da vontade de viver, encarando sua moto e o destino incerto como tudo o que lhe restara. Não há a promessa de milagres, mas um fantástico relato que espelha uma humanidade verdadeira - a busca pelo caminho de volta e a cicatrização de feridas. Muito além de uma parábola sobre regeneração, "Ghost Rider" pode ser considerada como um compêndio de uma jornada de auto-descoberta - uma celebração da força do ser humano.
A representação do tarô para a canção vem da carta A Roda da Fortuna (ou Roda do Destino) que, segundo o jogo, representa reflexão e a lembrança de mudanças que afastam a rotina, trazendo novidades, surpresas e um novo gosto pela vida. Ela seria a garantia do cumprimento de um destino baseado em leis de causa e efeito e de compensação. O aspecto solar e zodiacal do seu simbolismo relaciona-se com o conceito dos ciclos (o dia, as estações e a vida do homem), as fases da manifestação, o movimento de declínio e ascensão e a mobilidade das coisas. Ou seja, representações claras sobre aquele que nasce para morrer, mas que também morre para ressuscitar.
Nothing can stop NEIL now!
© 2016 Rush Fã-Clube Brasil
"Ghost Rider" é a terceira faixa de Vapor Trails. Bastante intensa e emocional, a canção encapsula com forte apelo visual o papel catártico do exílio de milhares de quilômetros encarado por Neil Peart, após ser dilacerado por suas dolorosas tragédias pessoais. Totalmente baseada nas crônicas de suas viagens de moto documentadas no livro Ghost Rider: Travels on the Healing Road, a composição chega aos ouvintes como a letra mais íntima já concebida pelo baterista em toda sua caminhada com o Rush.
Da mesma forma que criações anteriores como "Red Barchetta" (de Moving Pictures, 1981), "Dreamline" (Roll The Bones, 1991) e "Driven" (do anterior Test For Echo, 1996), "Ghost Rider" é envolta por sensações de estrada. Com seu início guiado pelos pratos, a música se revela em preenchimentos produzidos pelo baixo de Geddy Lee, acionados com notável delicadeza. Logo após, Alex Lifeson destila guitarras límpidas muito sutis, propondo a angústia de um momento de partida. A voz inconfundível de Geddy conquista grande destaque, passeando por nuances suaves e profundas que desenvolvem percepções variadas e paisagens.
O primeiro trecho evoca facilmente sentimentos de desamparo, incerteza e luto profundo. Era o momento em que Peart ouvia seus instintos, caindo de vez na estrada com sua inseparável BMW R1200GS. Partindo de sua residência em Quebec para Telegraph Creek, uma pequena comunidade localizada na Colúmbia Britânica, ele seguiria do Canadá ao Alasca totalmente desprovido de horários pré-programados e restrições de tempo e de vida, descendo as regiões costeiras em direção ao Sul dos Estados Unidos até alcançar o México e Belize, para depois retornar a Quebec. Com frases muito bem construídas, é possível experimentar o vento e o longo caminho que se desdobra à frente, tão assustador quanto aquilo que o músico tentava deixar para trás.
Após os primeiros versos, somos conduzidos para uma belíssima ponte, esta que traz algumas das palavras mais fortes de todo o disco. Munida de pequenos contratempos e notas invertidas, o ritmo mais ardente é cessado subitamente, com a guitarra se destacando enquanto a bateria, tocada com ferocidade, se entrelaça ao baixo. Alcançando o refrão agressivo e melodioso que rememora alguns dos momentos pretéritos da banda, percebemos principalmente os vocais com notas mais altas de um Geddy incrivelmente rejuvenescido. Os trechos seguintes são repetidos sem alterações relevantes, o que complementa a pegada mais relaxada do som. Retomando o ponto inicial, "Ghost Rider" se desdobra igualmente até uma sessão de ênfase instrumental, na qual recebemos um turbilhão de camadas de guitarras e vocalizações - substitutos óbvios dos teclados.
A sessão continua até outro freio repentino, evidenciando novamente o elegante marcar do tempo no contrabaixo. A peça explode em texturas mais pesadas e sombrias, culminando em um festival de overdubs vocais que envolvem as frases do refrão e dos versos por diversas vezes. O fim de uma viagem atribulada se aproxima e, repentinamente, o que fica é apenas o reverberar de um tambor atingido ferozmente.
"Em 'Ghost Rider', buscamos conexões naturais entre a letra e as partes de Alex nos versos e pontes, mas encontrar a atmosfera certa deu um puta trabalho", diz Geddy. "Acho que escrevi uns onze ou doze refrões diferentes até conseguir algo que nos satisfizesse emocionalmente e musicalmente. 'Ghost Rider' acabou se tornando uma das minhas favoritas. Traz linhas de baixo sensatas, e os versos mostram minhas jams originais - quando toco os acordes e no momento em que volto para as partes mais graves".
"Ghost Rider, assim como 'Ceiling Unlimited', é muito difícil de cantar", reconhece o baixista. "Não somente pela elevada escala vocal, mas porque são muito prolixas e implacáveis. É preciso recuperar o fôlego constantemente".
"Em 'Ghost Rider', procurei por preenchimentos sutis para conduzir os versos, e acabei utilizando pratos", explica Neil. "Jamais havia feito dessa forma. Não é nada tecnicamente, mas fiquei muito feliz com o efeito. Não queria fazer um preenchimento nos tambores, e também não queria apenas diminuir a batida - tentei dessa forma e deu certo. Eu sorrio secretamente quando ouço coisas como essa, pois é algo que acho que não vai impressionar o ouvinte ou outro baterista, mas que me agrada por ter vindo de algum lugar diferente, realizando algo novo musicalmente".
No dia 10 de agosto de 1997, começava o período mais difícil na vida do lendário baterista do Rush. Sua única filha até então, Selena Taylor (de apenas 19 anos de idade), falecia num acidente automobilístico na Highway 401, em Ontário. Dez meses depois, em 20 de julho de 1998, Jacqueline Taylor, com quem foi casado durante 22 anos, seria derrotada pelo câncer.
Peart documentou as tragédias que mudaram sua vida - e como sobreviveu a elas - em seu livro Ghost Rider. "Minha esposa Jackie e eu havíamos beijado e abraçado nossa filha de dezenove anos, Selena, antes dela dirigir de volta para Toronto, pronta para começar na universidade". Porém, naquela noite, ao invés de receberem um telefonema de Selena lhes dizendo que havia chegado segura ao seu destino, Peart e Jackie abriram a porta da casa para encarar o chefe de polícia local. Ele tinha em suas mãos um fax da polícia de Ontário. "Tentamos ler as linhas pretas no papel, buscando dar sentido ao incompreensível e acreditar no inaceitável. Minha mente cambaleava numa luta desesperada para absorver as palavras, 'acidente de carro', 'aparentemente perdeu o controle', 'morta no local'".
Momentos antes da polícia chegar, Peart lembrou que estava acompanhando um documentário na TV sobre a caminhada Mórmon para o Oeste em 1847: "O programa citava o relato de uma das sobreviventes daquela terrível jornada, e me lembro bem das suas últimas palavras, 'A única razão de estar viva é que eu não conseguia morrer'. Essa frase terrível voltaria para me assombrar nos meses seguintes. Logo se tornou evidente que o mundo de Jackie fora completamente destruído. Ela estava em pedaços, e nunca mais os reuniu novamente".
Peart chegou a declarar que considerou tirar a própria vida naqueles dias. "Nos dias que se seguiram após a morte de Selena, aprendi comigo mesmo sobre como um dia ensolarado pode se tornar escuro - um Sol totalmente equivocado - e de como o mundo ao meu redor e a vida agitada de todos aqueles estranhos me pareciam tão fúteis e irreais, da mesma forma fútil e irreal que se tornou a minha própria vida".
O casal tentou recuperar-se meses mais tarde em Londres, e Jackie "começou a sofrer de dores severas nas costas e tosse noturna... na véspera da nossa partida, foi diagnosticada com câncer terminal (os médicos chamaram de câncer, mas é óbvio que se tratava de um coração partido). Assim, um segundo pesadelo começou".
Até então, Peart havia desistido do seu trabalho com o Rush. "Após a minha primeira perda terrível", ele escreveu, "não sentia mais vontade de trabalhar com a banda e, no dia do funeral de Selena, havia dito aos meus parceiros Geddy e Alex (todos em lágrimas) que eles poderiam me 'considerar aposentado'. De fato, não tinha mais interesse em tocar bateria ou em compor canções".
Devastado pelas perdas, o músico decidiu deixar seus companheiros de banda, familiares e amigos para ingressar numa épica viagem que duraria 14 meses e cinquenta e cinco mil milhas em cima de uma motocicleta, buscando principalmente se manter em movimento para afastar os riscos de uma auto-degradação. Um homem racional que sempre lançou questões e respostas eloquentes em suas próprias letras estava despedaçado por terríveis desgraças. O letrista que sempre demonstrou empatia pelas pessoas era sacudido pela agonia de observar aqueles que jamais passaram por tal maldição.
"Foi difícil para mim aceitar que o destino poderia ser tão injusto, e que as vidas de outras pessoas permaneceriam incólumes pelo tipo de mal que havia caído sobre mim. A grande questão - porque? - era um tormento incessante, enquanto meu cérebro se esforçava por um sentido (É um castigo? Um julgamento? Uma maldição?). Quando via outras pessoas com seus filhos ou com seus companheiros e amigos (ou até mesmo aparentemente desfrutando da vida), não era tanto a má vontade que mexia comigo, mas o ciúme, o ressentimento e uma sensação de injustiça cruel".
Com a falta de respostas para suas dolorosas indagações, Peart seguiu para sua jornada num esforço ao mesmo tempo de fuga e de busca por algum sentido para a vida. Em suas andanças, anotou detalhes sobre suas experiências - desde as mais mundanas às mais profundas, narrando conversas com pessoas que ia encontrando ao longo do caminho, descrevendo lugares e a multiplicidade de sentimentos que experimentou. "Durante todo esse período obscuro de dor, tristeza, desolação e desespero completo, algo em mim parecia determinado a continuar. Alguma coisa viria à tona - ou talvez era mais como a declaração daquela mulher mórmon: 'A única razão de estar vivo é que não consigo morrer'".
Durante a jornada, ele dava sinais de que continuava vivo através de cartas e cartões postais para entes queridos. As palavras escritas por muitos dos vários autores que leu, cujos terrenos obscuros ele agora visitava de fato, o ajudavam a desintegrar sua soturna paisagem interna e a alma ferida. O título da canção e do livro dão nome a sua situação: um homem que se tornara um fantasma e que ainda lutava pela sobrevivência.
"Uma vez passei rapidamente por um casal de velhos, e sorri enquanto imaginava a conversa deles: ele reclamando de mim, e ela lhe dizendo para não ser um velho resmungão. Então, de repente, estava em lágrimas pensando, 'nunca chegarei a ser um vovô mal-humorado'".
"A moto de salvou", afirma Peart. "Eu não tinha mais nada a fazer, não havia mais nada que eu pudesse fazer. O episódio revelador foi no primeiro dia. Eu estava num clima péssimo, com caminhões madeireiros jogando suas luzes em mim. Era um miserável sob qualquer aspecto, e estava carente de qualquer tipo de fortaleza. Pensei, 'Tenho que retornar, não quero fazer isso. E, em seguida, uma outra voz continuava, 'E então o quê?'. Eu não tinha mais nada, e as coisas estúpidas que as pessoas te dizem em momentos como esse... 'Oh, pelo menos você tem a sua música'. Porra, o quê é isso? É enlouquecedor. Só queria que as pessoas não dissessem essas coisas - é tão estúpido. Você não tem mais nada, mas a moto e a jornada que enfrentei me salvaram absolutamente. Foi como o álcool e as drogas! [Risos]".
"Enquanto esteve fora, não houve um único dia em que não nos preocupamos com ele", diz Lifeson. "Mas também sabíamos que Neil não era uma pessoa imprudente".
"Fernie era uma pequena comunidade nas montanhas, quase toda construída por trabalho duro como mineração e extração de madeira", explica Peart. "Com muito lazer ao ar livre, estava cercada de montanhas e lagos que ofereciam atividades no inverno e no verão. Cruzando a rua principal, meio prosaica e meio pitoresca (com os aspectos práticos de equipamentos e roupas de trabalho ao lado dos brinquedos como snowboards e bicicletas), decidi buscar o melhor lugar para encontrar um cartão que dissesse 'Fernie', o que aconteceu numa farmácia. Alguns minutos depois, estava sentado na minha moto estacionada, escrevendo para Alex. Concentrado apenas no nome 'Fernie', não havia prestado atenção na imagem. Porém, antes de escrever, notei na parte superior: 'Ghost Rider'. Virando o mesmo, vi a fotografia de uma nuvem envolvendo o topo da Trinity Mountain. Parece que o termo era aparentemente o nome para este fenômeno atmosférico". [N. do A.: Na verdade, trata-se de uma lenda local, pois no entardecer uma das sombras que se forma na encosta da montanha revela uma forma muito parecida com a de um cavaleiro].
"Alex e eu compartilhamos um jeito particular de nos escrevermos. Com a caneta na mão esquerda (que não é a minha), comecei a rabiscar: 'Eye em thuh gost rydur'. Então parei e minha mente me chamou a atenção, 'Uau, sim, sou um viajante fantasma'. Os fantasmas que eu carregava, a maneira como o mundo e a vida das pessoas pareciam insubstanciais e irreais, a forma como me sentia - alienado e desintegrado e sem comprometimento com a vida ao meu redor... 'Sim, esse sou eu. O viajante fantasma'.
"Tudo isso foi horrível. Sentimos uma dor insuportável quando Selena faleceu", diz Geddy. "Neil e sua esposa deixaram o país para sofrerem juntos e, quando ele começava a se recuperar, Jackie também se foi, o que iniciou outro período devastador e que era muito difícil controlar. Ele sempre foi uma pessoa solitária, e acho que funciona muito bem assim. Por isso, de certa forma, foi natural o que ele fez. Ele tentava se inspirar a partir de tudo o que aconteceu respirando um pouco mais do mundo, esperando que os cenários surtissem um processo de cura".
"Foi tão devastador quando aconteceu que jamais nos preocupamos com a banda", lembra Alex. "Só pensávamos em ajudar Neil. Quando Jackie faleceu, foi quase o fim. Ele careceu de pessoas com ele, e agora precisava que as pessoas o deixassem sozinho. Ele decidiu que, se ficasse, iria definhar. Teve que partir, e seu livro Ghost Rider é sobre isso - pegou sua motocicleta e seguiu para encontrar o que precisava encontrar. Foi algo corajoso, algo grande. Ele só pilotava e pensava - apenas via a estrada à frente, que o mantinha distraído, até chegar à noite em qualquer cidade. Ia dormir e acordava de hora em hora, em todas as noites. Por fim, conheceu a sua nova esposa, Carrie".
Em 2001, após se casar com a fotógrafa Carrie Nuttall, Peart comunicou a Alex e Geddy que estava pronto para trabalhar novamente. "Ele não tocava bateria há três anos", diz Lifeson. "Podíamos perceber que ele ainda estava extremamente frágil, e não tínhamos certeza de que estava pronto para isso. Ingressamos com muito cuidado, deixando-o reconstruir suas habilidades novamente e entrando em forma (física e mentalmente). Foi difícil".
"De vez em quando pensávamos numa convocação para a banda. Não queríamos forçá-lo, mas ligamos para Neil e perguntamos se ele consideraria isso. Ele disse que não sabia se conseguiria, mas que iria tentar. Geddy e eu estávamos muito convencidos de que a banda havia acabado e, dessa forma, começamos a pensar até mesmo no que faríamos com nossos equipamentos, que ficaram armazenados durante todo esse hiato. Achávamos que deveríamos pegar leve com as coisas, mas Neil queria se permitir uma tentativa. Assim, passamos 14 meses fazendo Vapor Trails, em oposição aos quatro ou cinco meses que costumávamos levar nos discos".
"Ficamos muito felizes com Neil em vários níveis, e claro - extasiados por ele querer a banda de volta. Mas foi difícil. Ele não tocava bateria há anos, e quando finalmente se sentou no kit, eu diria que era um décimo do baterista que costumava ser - mas ainda ótimo. Porém, ainda havia um longo caminho a percorrer, mas não colocamos quaisquer restrições de tempo sobre ele. Quando estava pronto, nós também estávamos".
O livro Ghost Rider: Travels on the Healing Road empresta à canção uma profunda sintonia e um relato condensado, como uma pequena porta para o entendimento do processo de cicatrização pelo qual o baterista passou. Os três músicos, que por décadas trabalharam juntos influenciando gerações, enfim estavam de volta, projetando novamente a mágica de sua música. "Ghost Rider" exemplifica claramente o caráter de Vapor Trails: ao invés de produzir temas concentrados na dolorosa história recente, Peart se dedicava à afirmação da própria vida, utilizando seu fascínio contínuo pela natureza e as experiências de conhecer novos lugares. O efeito resultante são letras mais acessíveis e pessoais, compondo um dos trabalhos mais tocantes da banda.
Peart derrama a dor e a desesperança que envolveram seu coração, descrevendo de forma pormenorizada a estrada que lhe curou. O livro, que foi escrito durante o processo de concepção de Vapor Trails, mostra como o apoio e o companheirismo dos amigos ajudaram no mais sombrio dos tempos.
"Estive escrevendo Ghost Rider durante todo o tempo. Ficamos no estúdio por um ano, trabalhando muito vagarosamente nas composições e, enquanto focava nas letras, sempre tentava escrever uma página por dia. Nos momentos do estúdio, os caras ficavam indo para lá e para cá - havia uma mesa de som bem atrás da janela. A TV permanecia ligada, com pessoas entrando e saindo e eu tentando fazer minhas revisões. Esse cenário me fez perceber aquilo que começou nos anos 70: minhas leituras constantes para escapar de um camarim lotado. Aprendi a me concentrar assim. Agora tenho meu próprio quarto e nosso próprio ônibus - tenho minha privacidade, algo que não tinha naquela época. A única maneira de consegui-la era me escondendo atrás de algo, e os livros me ajudaram nisso".
"Sempre quis encontrar um aspecto universal nas músicas. Muitas das faixas em Vapor Trails são um exemplo disso. Elas são, obviamente, muito pessoais, mas tento encontrar uma forma de transcendê-las. É o que as memórias são para todos - como aquelas trilhas de vapor no céu. Não é só comigo - elas desaparecem. A natureza das memórias é explorada em algumas dessas canções, e 'Ghost Rider' é sobre as minhas viagens. Porém, tentei buscar pontos emocionais universais que outras pessoas pudessem descobrir em suas vidas, encontrando suas próprias ressonâncias nessas canções. Gosto de tecer imagens baseadas em mim mesmo de forma sincera, mas, ao mesmo tempo, obscuras o suficiente para que o ouvinte possa encontrar algo para eles. São como os sinos de vento - o vento sopra e eles cantam".
"Tento falar sobre a minha dor e sobre o que aconteceu comigo no livro, pois achei que poderia ajudar outras pessoas. Ghost Rider é, de longe, o meu livro mais lido. Isso meio que me confunde, pois os outros são muito mais alegres de se ler. Mas há pessoas que sofreram o mesmo tipo de experiência e perdas que o acharam útil, então me esforcei para compartilhar o que vivi. Procurei compartilhar essas coisas para tentar ajudar pessoas a saberem que não estão sozinhas, porque saber que eu não estava sozinho também me ajudou".
"Acho que o que ajudou Neil foi o fato dele ter escrito Ghost Rider, mostrando sua alma publicamente ao falar sobre o que aconteceu com ele", diz Geddy. "Acho que todas as canções de Vapor Trails se relacionam, enraizadas na experiência de falarem sobre a necessidade e nas maneiras de se livrar de situações. Ao cantar as letras, preciso ser capaz de fazê-las soarem como universais. Preciso sempre buscar uma maneira para isso".
"Sobre pilotar sozinho ou com outros, as duas situações trazem os seus prazeres", diz Neil. "Tenho um pequeno círculo de pilotos com os quais gosto de sair, mas não mais que quatro de cada vez - geralmente dois. Há uma confiança mútua com bons parceiros de viagens, um respeito compartilhado pelas regras de posicionamento e de ritmo na pista, além de ser bom ter alguém para conversar na hora do almoço. Viajei bastante sozinho também. O livro Ghost Rider envolve 55.000 milhas de pilotagem solitária. Se estou viajando sozinho, tenho meu caderno de anotações, levo algo para ler e fico feliz com a minha própria companhia".
"Neil é um cara privado, mas que adora conversar - você tem que pegá-lo como uma companhia certa", diz Alex. "Ele nunca se sentiu confortável por ser uma celebridade de uma banda de rock. Trata-se de uma questão de timidez, mais do que qualquer outra coisa. Fiquei feliz por ele ter falado sobre essas coisas. Vários fãs do Rush o acham retraído, mas não é o caso. Ele apenas não se sente muito confortável com bajulações, e acho que eu e Geddy trabalhamos com isso de uma forma diferente. As pessoas que encontramos são bem educadas, e geralmente são momentos rápidos. Trata-se de uma ótima oportunidade para trocas, mas entendo que se você não se sente confortável, deve parecer uma tortura".
No trecho "From the lowest low to the highest high" ("Dos lugares mais baixos aos mais altos") da canção, Peart se refere ao Telescope Peak, cume do Vale da Morte na Califórnia. Sua ida ao local assumiu um novo significado após a descida, quando se encaminhou para Los Angeles (onde conheceu sua atual esposa, a fotógrafa Carrie Nuttall).
"Em outubro de 1999, quando eu divagava sem rumo no Ocidente tentando encontrar alguma maneira de enfrentar o mundo novamente, segui para o cume de 3360 metros de Telescope Peak. Segui para Los Angeles no dia seguinte, onde encontrei Carrie. Toda a minha vida mudou completamente (nem preciso dizer). Uma metáfora irresistível parecia surgir dali - eu havia subido no ponto mais alto do Death Valley no meu momento mais terrível, descendo de lá em seguida para viajar e encontrar a vida novamente. No livro Ghost Rider, usei o Telescope Peak como um símbolo importante, escrevendo uma letra de mesmo nome cujo refrão girava na frase 'The last lonely day' ['O ultimo dia solitário']. A letra não encontrou um lar musical com meus colaboradores Alex e Geddy durante as sessões de composição do nosso álbum Vapor Trails em 2001 - mas foi justo, pois aqueles caras compartilharam suficientemente minhas dores, tanto na vida quanto na arte".
"De qualquer forma, as melhores frases de 'Telescope Peak' foram recicladas em outras canções, como 'Ghost Rider' e 'How It Is'. Nada foi perdido".
Durante a concepção de Vapor Trails, a banda esteve à beira de abandonar "Ghost Rider" - até que o coprodutor e engenheiro Paul Northfield sugeriu algumas mudanças. "Ele nos ajudava a julgar as performances como 'terminadas' ou 'ainda não', e via possibilidades que às vezes nos haviam escapado", diz Peart. "'Ghost Rider' foi do ponto de abandono à uma gloriosa realização".
"Em 2001, quando eu estava em Toronto com os caras tentando começar as letras para o novo álbum, trazia naturalmente muita 'bagagem' para trabalhar. Algumas coisas se tornaram canções, mas muitas não. Uma das letras que escrevi nas sessões de Vapor Trails foi 'Telescope Peak'. Embora ela não tenha se 'vendido' aos caras, ainda meio que gosto dela (sem amarguras, pois 'Ghost Rider' conseguiu se traduzir em música, e a gravamos com o incentivo do coprodutor Paul Northfield). Assim, pelo menos uma das minhas 'canções das estradas americanas' viu a luz da performance. Algo suficientemente bom! (...) Suas palavras ainda 'cantam' para mim - um rock acelerado nos versos, interrompido na frase 'On the last lonely day' antes de cair num groove afiado para os versos. Os refrões, naturalmente, seriam parcialmente suaves. Quando escrevo letras, sempre tenho um ritmo imaginário e uma melodia em mente, mas nunca compartilho isso com os outros caras - deixando que se levem para onde querem ir. Boas coisas acontecem dessa forma".
"Quando nos encontramos novamente, decidimos que deixaríamos as coisas acontecerem. Fizemos o nosso tempo. Não trabalhávamos juntos em um nível criativo há cinco anos, de modo que o processo se tornou gradual e relaxado. Fomos levando as coisas da forma mais orgânica possível, e não quisemos definir quaisquer prazos. Tentamos não dizer: 'Queremos todas as composições prontas em quatro semanas, e três semanas depois já estaremos prontos para as demos'. Não colocamos nada dessa maneira. Apenas começamos a trabalhar e dissemos, 'Vamos ver o que acontece'".
"Descrevo a maneira que Geddy e Alex começaram a trabalhar como uma brincadeira, com as ideias basicamente se costurando. Mas foi um processo que levou semanas. Eu trabalhava nas letras ao mesmo tempo, mas as canções não saíam. Dessa forma, aguardei nesse momento. Na verdade, comecei a escrever o livro para preencher o tempo (...). Mas eu estava numa espécie de modo de espera".
"Vapor Trails foi o álbum mais emocional que já fizemos, e não o super-produzimos e conseguimos todas aquelas complicações de estúdio intencionalmente. Assim, para mim, trata-se de um disco muito bem sucedido que resume onde estávamos - o que sentíamos e o que passávamos".
Por mais que o longo percurso tenha limpado a mente de Peart, foi a compaixão de outras pessoas que mais se revelou como sua cura. "Senti carinho e gratidão não somente pela ajuda, mas pela compreensão e por saberem de verdade o que eu havia sofrido, sentindo por mim e exigindo nada mais nada menos que eu continuasse a viver".
No final da jornada, o baterista descobriu que, como os Beatles disseram no passado, "Tudo o que você precisa é de amor".
"Ghost Rider" expressa um inspirador processo de reencontro com a essência, não funcionando apenas como os relatos de alguém que foi ao inferno e voltou. A canção mostra que Neil, em seu íntimo, ainda trazia o pulsar da vontade de viver, encarando sua moto e o destino incerto como tudo o que lhe restara. Não há a promessa de milagres, mas um fantástico relato que espelha uma humanidade verdadeira - a busca pelo caminho de volta e a cicatrização de feridas. Muito além de uma parábola sobre regeneração, "Ghost Rider" pode ser considerada como um compêndio de uma jornada de auto-descoberta - uma celebração da força do ser humano.
A representação do tarô para a canção vem da carta A Roda da Fortuna (ou Roda do Destino) que, segundo o jogo, representa reflexão e a lembrança de mudanças que afastam a rotina, trazendo novidades, surpresas e um novo gosto pela vida. Ela seria a garantia do cumprimento de um destino baseado em leis de causa e efeito e de compensação. O aspecto solar e zodiacal do seu simbolismo relaciona-se com o conceito dos ciclos (o dia, as estações e a vida do homem), as fases da manifestação, o movimento de declínio e ascensão e a mobilidade das coisas. Ou seja, representações claras sobre aquele que nasce para morrer, mas que também morre para ressuscitar.
Nothing can stop NEIL now!
© 2016 Rush Fã-Clube Brasil
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