GEDDY LEE COMENTA TODAS AS FAIXAS DO ÁLBUM 2112



03 DE MARÇO DE 2016 | POR VAGNER CRUZ

O site Music Radar publicou uma nova entrevista com Geddy Lee, na qual ele mergulha no álbum 2112, comentando faixa por faixa em comemoração aos 40 anos de lançamento do disco. Acompanhe a publicação traduzida na íntegra para o Rush Fã-Clube Brasil.

GEDDY LEE COMENTA TODAS AS FAIXAS DO ÁLBUM 2112
O frontman fala sobre esse grande clássico da banda, 40 anos depois


Music Radar - 15 de fevereiro de 2016
Por Amit Sharma | Tradução: Vagner Cruz


Para um álbum situado num futuro distante e distópico (e que comemora seu 40º aniversário em abril desse ano), há um pequeno senso de ironia na sensação de que os anos têm sido bons para 2112.

O quarto álbum de estúdio do Rush soa tão inventivo e emocionante hoje como foi no dia do seu lançamento - talvez ainda mais se considerarmos a longa lista de músicos que se inspiraram no maior opus dos mestres do rock progressivo.

"A nossa base de fãs é intensa, e sua curiosidade sobre nós é grande", diz o vocalista e baixista Geddy Lee. "Talvez o fato de que somos o que somos seja algo que eles sentem em nós. Ninguém aqui finge ser alguma coisa - geralmente tentamos tocar o tão difícil quanto podemos, tornando nossa música o mais interessante possível. É possível que isso engendre uma resposta à autenticidade do nosso trabalho, uma declaração honesta de onde estamos musicalmente e liricamente".

Com o futuro da banda permanecendo envolto em mistério, Lee nos disse em dezembro que "não tenho certeza de quantas turnês teremos, se é que teremos alguma". Agora parece um bom momento para olhar para o que conseguiram em 48 anos de banda.

E, mesmo depois de vinte álbuns, 2112 permanece firme como um dos mais favoritos dos fãs, por seu nível de ambição que agrada o cérebro e a majestade sonora meticulosamente trabalhada. Lee caminha conosco ao longo de vários capítulos dessa sublimidade conceitual... "Se eu conseguir lembrar de todas elas!".

I. OVERTURE

"A canção começa com 'Overture', que - apesar de ser a primeira coisa que você ouve - foi a última peça escrita. Bem parecido com qualquer abertura clássica".

"Quisemos levar os segmentos musicais mais importantes de cada uma das partes subsequentes para criar uma 'nova' peça que representasse o álbum como um todo. Dessa forma, é aí que tudo começa".

II. THE TEMPLES OF SYRINX

"Em seguida, 'The Temples Of Syrinx' define a cena - pois '2112' é sobre uma sociedade totalitária que controla tudo na sua vida, incluindo a música que você ouve".

"Eles fabricam todas as coisas, e é isso que queríamos dizer nessa faixa. Ela configura a hierarquia nesse mundo futurista no qual chegamos".

III. DISCOVERY

"'Discovery' é onde o herói da história encontra um instrumento numa caverna. É um violão, mas ele não sabe disso - pois não existem mais na sua época. Então ele o pega e percebe que se trata de um instrumento no qual pode-se fazer música e criar sons".

"Antes desse momento, tudo o que ele já havia ouvido foi entregue pelas pessoas que governam o seu mundo".

IV. PRESENTATION

"A próxima parte é sobre o herói levando a descoberta para os Templos, a fim de mostrá-la aos senhores do seu mundo. Ele diz basicamente, 'Vejam o que encontrei! É maravilhoso - as pessoas podem usá-lo para criar sua própria música. Eles não precisam mais ouvir o que vocês fazem".

"E, claro, os sacerdotes calaram o homem naquele momento, pois aquilo não era permitido. É tudo sobre o controle. Assim, ele fica desolado e foge".

V. ORACLE: THE DREAM

"Nesse momento, ele está se sentindo completamente deprimido e desiludido com a realidade em que vive. Ele adormece e sonha com um mundo melhor. Quando acorda, há uma batalha apocalíptica".

"O ouvinte fica com a decisão sobre se a sociedade foi libertada por outra que assumiria o controle..."

VI. SOLILOQUY

"...ou, se você é pessimista, fica livre para crer que os senhores derrotaram a invasão e reassumiram o controle. Deixamos no ar. Assim, a pessoa que interpreta pode usar seu próprio senso de vida para decidir o que acontece no final.

"Isso é o que o libreto significa... musicalmente, é uma trilha sonora para a história".

VII. GRAND FINALE

"Esse é fim da história. Fizemos essa para que você virasse o disco e tivesse mais cinco canções individuais autônomas. Voltando aos tempos dos vinis, era muito normal ter uma experiência diferente no lado dois.

2. A PASSAGE TO BANGKOK

"Essa é, basicamente, uma canção sobre fumar maconha! Trata-se de um diário de viagens para todos os lugares do mundo onde crescem as melhores ervas. É uma espécie de alívio cômico. Todos os tipos de lugares são mencionados - a primeira parada é em Bogotá, na Colômbia. Em seguida você está em Bangkok, na Tailândia".

"Será que ela vai ganhar a concorrência? Não sei... mas naquele tempo, o Thai Stick era bem popular, ha ha!"

3. THE TWILIGHT ZONE

"Compomos 'The Twilight Zone' no estúdio espontaneamente, quando pensamos, 'Vamos colocar mais uma canção no álbum!'. Escrevemos essa porque somos grandes fãs do programa de TV dos anos 60 The Twilight Zone [Além da Imaginação], que sempre trazia circunstâncias estranhas e uma moral para cada história. Tenha cuidado com o que você deseja... esse tipo de coisa".

"Portanto, foi um aceno ao programa e à criatividade da pessoa que costumava escrevê-lo".

4. LESSONS

"Embora seja Neil quem escreve a maioria das nossas letras, eu e Alex compomos as palavras para duas canções em 2112. Assim, 'Lessons' é a que Alex compôs toda a música e letra, algo bastante incomum para nós".

"É uma canção rock acústica e elétrica bem direta. Acho que seu trabalho como artista é absorver o máximo possível de fontes e aplicá-las ao seu instinto. É isso o que se torna a sua própria arte: seus momentos instintivos e centenas de outras influências".

5. TEARS

"Essa canção marcou a primeira vez em que usamos um Mellotron. O cavalheiro que faz todas as nossas capas de discos chama-se Hugh Syme e, na verdade, é ele quem toca o Mellotron aqui".

"'Tears' é uma balada romântica que dá ao álbum ainda mais variedade e profundidade. Os Mellotrons trazem uma sonoridade muito singular - soam levemente elétricos, mas também bem acústicos. Eles têm um som verdadeiramente orgânico, o que foi bem legal e exclusivo nesse período".

6. SOMETHING FOR NOTHING

"Essa é nosso rock 'vai com tudo', e uma canção sobre o livre-arbítrio e as tomadas de decisão. Assim, acho que é diferente do restante do lado dois, pois é uma música que se relaciona com o primeiro lado - e bastante, na verdade. É a última faixa do disco, e por isso quisemos fazê-la assim".

"Acho que conceitos como esse são meio que ilimitados. Não há pontos de referência reais - você tem carta branca para sair com qualquer coisa. Não se trata de realidade... pois o irreal é o que você quer fazer, e por isso é tão útil como ferramenta para a história e trilha de qualquer música estranha que você queira trazer!".

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