05 DE MAIO DE 2015 | POR VAGNER CRUZ
O site da Fender disponibilizou uma ótima entrevista com Geddy Lee, na qual o músico fala sobre a chegada da banda ao Rock and Roll Hall of Fame, longevidade, sua relação com seus instrumentos, seu neto e a próxima turnê com o Rush. Acompanhem o material traduzido na íntegra.
O QUE FAZ DO RUSH TÃO ÚNICO?
Por Chrissy Mauck
Durante anos, uma legião de fãs do Rush realizou uma campanha fervorosa para conseguir que sua amada banda prog fosse votada para o Rock and Roll Hall of Fame. Foram negados durante anos.
Os ventos mudaram em 2013, quando finalmente o trio canadense conseguiu o que lhe era devido.
Dave Grohl e Taylor Hawkins, do Foo Fighters, discursaram na indução do Rush ao Hall of Fame com elogios efusivos.
"Fazendo mais de 250 shows por ano, a banda construiu seu legado desde o primeiro dia de forma correta – sem exageros, sem besteiras, fizeram tudo a partir do zero e sem qualquer grande ajuda da imprensa", disse Grohl. "Sua influência é inegável. Seu legado é de uma banda que se manteve fiel a si mesma, não importa o quão fora de moda pareciam para algumas pessoas. Acho que é seguro dizer que o Rush é de fato uma banda que tem culhões. Eles sempre foram legais".
E, enquanto os três integrantes do Rush – Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart – minimizavam repetidamente sua importância, não havia como negar os aplausos de pé e a reação ensurdecedora dos fãs durante a cerimônia.
"Estávamos sentados em nossas mesas com nossas esposas e com nosso empresário e, de repente, sentimos os aplausos do público vindos da multidão que nos cercava", lembra Lee. "Eles tiraram nosso folego e meio que nos levaram para um loop, pois não paravam. Tivemos que esperar que parassem, e finalmente levantamos para que isso acontecesse. Acho que, a partir desse ponto, a noite tornou-se mais especial do que prevíamos".
O mais doce de tudo na indução foi o Rush ter entrado no hall sagrado ainda no topo do seu jogo e, de fato, após uma de suas décadas mais prolíficas de todos os tempos. Não havia lá bandas em seus dias crepusculares revivendo glórias de seus vinte e trinta anos. Como a Rolling Stone observou, "É verdade que o Rush não significa hoje o que faziam em 1976 ou até mesmo em 1996. Eles devem significar mais".
Na verdade, tratava-se de uma banda que ainda produzia um dos seus melhores trabalhos. Clockwork Angels, de 2012, o vigésimo álbum de estúdio, estreou no top das paradas do Canadá e na segunda posição da Billboard 200, enquanto turnês de apoio ao disco tiveram vendas esgotadas pelo mundo.
"Foi bom estarmos terminando um álbum com o qual estávamos tão orgulhosos. Sinto que Clockwork Angels é o melhor trabalho que já fizemos", diz Lee. "Se algo vier acontecer conosco e não podermos fazer nenhum outro disco, ficaria orgulhoso dele ter sido nosso último. Dessa forma, foi bom para uma banda ativa receber um prêmio por uma vida de trabalho. São essas coisas que ajudam a lhe manter jovem e interessado por sua atividade. Por essa razão, foi especial. Um momento único".
Há uma lista de elementos que fazem do Rush uma banda única – sua decência como seres humanos, a musicalidade e a incrível capacidade de composição, somente para citar alguns. Ou, como Grohl disse suficientemente fundamentado, o fato de terem permanecido fieis a si mesmos como artistas, ao invés de perseguir o sucesso comercial no mainstream.
"É apenas a maneira na qual trabalhamos. Apenas fazemos o que soa bem para nós e o que esperamos que alguém goste. Produzimos nossa música para nos sentirmos felizes, não para compor porque achamos que o público irá gostar. Compomos músicas porque ficamos animados com isso, e esperamos que eles também fiquem. É por isso que nossa carreira sempre foi uma linha ondulada, não estando programada e por não tentarmos viver de forma planificada. É algo orgânico e natural que evolui, que comete erros e que se move às vezes para frente, para trás e para os lados".
Porém, talvez a coisa mais vibrante sobre o Rush é que, em mais de quarenta anos, esses homens ainda têm profunda dedicação uns aos outros, como o "um por todos e todos por um" dos Três Mosqueteiros. Eles buscam uma mentalidade não encontrada por muitos de seus colegas, que são por vezes destruídos por lutas internas. Se um integrante não quer fazer uma turnê ou gravar um álbum, o Rush simplesmente aguarda.
"Você passa quarenta anos com as mesmas pessoas, e todo nosso coração, nosso suor e nossa personalidade vão para a música que produzimos. É também uma amizade – uma espécie de clube colaborativo o que fazemos, sendo algo nosso, juntos. É ligado às personalidades, está conectado à seres humanos. Não é algo no qual qualquer um pode entrar – depende das três pessoas que integram a banda e, se um deixar ou não quiser tocar mais, não podemos simplesmente substituir essa pessoa por outra – vai mudar a química. Isso mudaria a dinâmica e, dessa forma, seria uma banda diferente".
"Vejo o Rush como algo vivo e identificável, dependente, interdependente e ligado pelos três patetas que estão na banda, e é assim que permanecerá".
Isso nos leva à pergunta que muitos têm feito ao longo dos anos: como exatamente um trio consegue fazer tanto barulho?
Sem se afastar da bateria magnífica de Peart ou do trabalho audaz de Lifeson nos trastes, é Lee – que faz o vocal principal, o baixo, teclados, pedais e guitarra rítmica de vez em quando – que faz cair o queixo em nossa humilde opinião. Observando-o como um multitarefas, é como ver um parque de diversões inacreditável e complexo.
De acordo com ele, tudo isso foi unido por necessidade.
"Quando comecei a ficar interessado em aumentar as texturas e o conteúdo melódico de nossas músicas, isso exigiu outros instrumentos. Decidimos que gostávamos de outros instrumentos, mas não de outros músicos. Não queríamos mais músicos no palco, então tivemos que descobrir uma maneira de fazer por nós mesmos. Isso caiu para mim, e eu curtia fazer malabarismos entre teclados e guitarras base em raras ocasiões, e foi com os pedais de baixo que tudo começou".
Mas, com o tempo, Lee se sentiu um pouco preso atrás dos teclados, começando a rebelar-se contra esse conceito.
"Para mim, os melhores momentos da noite no palco não são quando sou um tecladista ou vocalista – são quando sou o baixista. É realmente uma alegria para mim, pois foi a primeira coisa que quis fazer na minha vida musical, sendo a primeira que ainda quero fazer".
O que é interessante, como com vários outros baixistas, é que Lee caiu inicialmente no baixo pela falta de outro músico.
"Isso mesmo! Eles me deram esse maldito trabalho e tive que fazê-lo", ri Lee.
A história?
Como um jovem adolescente, ele se uniu a uma pequena banda de porão em seu bairro, sendo forçado quase que imediatamente a deixar a guitarra pelo baixo, um instrumento que ele não tinha e que não sabia tocar. Dessa forma, trabalhou arduamente na loja de variedades de sua mãe, correndo para conseguir dinheiro suficiente para comprar o instrumento, começando a ouvir alguns dos seus discos favoritos e tentando descobrir linhas de ouvido.
O baixista Jack Bruce, do trio inglês Cream, foi um dos primeiros a cativar a mente musical de Lee, e também a plantar as primeiras sementes de interesse em uma banda de três integrantes. Pete Townshend, do Who, foi outra influência nos primeiros dias.
"Nos primórdios, você sempre está à procura de pessoas para emular e aprender. Esses primeiros heróis são seus instrutores e seus primeiros professores de verdade".
"Pete tinha uma forma pesada e ao mesmo tempo melódica de compor na guitarra, e suas letras eram sempre interessantes. Era ótima a expressão vinda daquela banda, em quase todos os aspectos – rock, melodia e proezas técnicas. Portanto, como um jovem compositor, era o que eu queria fazer. Queria fazer parte de uma banda onde cada instrumento fosse considerado importante e expressivo".
Após completar totalmente sua transição para o baixo, Lee sabia que queria tocar em um trio, onde seria mantido ocupado.
"O trabalho de um baixista de trio é diferente daquele feito em outro tipo de banda. Você tem que manter os graves e ficar colado ao baterista. Ao mesmo tempo, deve criar maneiras de permear os espaços que a guitarra não pode preencher. Assim, quando ocorrem os solos, o baixo tem um trabalho totalmente diferente em um trio, enquanto que em uma banda de quatro, cinco integrantes, nesses momentos, há guitarras base e teclados criando todo um cenário de envolvimento".
Lee encontrou exatamente isso em seu antigo colega de escola Lifeson, juntando-se a ele no Rush em 1968, antes da banda fazer seu segundo show. John Rutsey era o baterista original do grupo, mas que deixou o mesmo por problemas de saúde e pela aversão de sair em turnê logo após o lançamento do álbum de estreia, em 1974. Peart acabou sendo escolhido como seu substituto, vindo à bordo em 29 de julho daquele ano – duas semanas antes da primeira turnê norte-americana.
Assim, 2014 marcou o 40º aniversário oficial do Rush. A banda discutiu originalmente uma turnê de comemoração para o mesmo ano, mas, após um longo período para a Clockwork Angels Tour, concluída em agosto de 2013, determinaram uma pausa e algum tempo de inatividade.
Lee, um ávido fã de beisebol e de suas parafernálias, além de colecionador de vinhos, passou vários meses viajando bastante pelo mundo com sua esposa Nancy. Quando seu primeiro neto chegou, os avós orgulhosos decidiram ancorar-se novamente em Toronto.
"Ele é absurdamente lindo. Ele é incrível, realmente impressionante. Tem um daqueles sorrisos que iluminam a sala. Mas acho que todos os avós dizem isso".
E, com mais tempo livre em suas mãos, Lee também desenvolveu obsessão por outro tipo de coleção.
"Instrumentos são as minhas coisas favoritas no momento. Estou apaixonado por eles, e é tão emocionante quando você consegue localizar um antigo, verificando se ele consegue passar em todos os testes! Quando coloco as mãos em um, é como uma história viva para mim. É inacreditável".
"Enquanto estivemos fora da estrada, não toquei muito até conseguir todos esses instrumentos, os quais peguei mais do que nunca nessa pausa. Tenho ido para o estúdio muitas vezes para tocar e manter meus dedos em forma. Fico muito feliz com isso, e é o que realmente me trouxe para mais perto do que sou. Sempre me vejo como um baixista antes do que qualquer coisa, e tocar bastante tem sido muito bom para minha alma".
E, uma boa notícia para o exército de fãs do Rush é que Lee e companhia estão finalmente de volta ao palco nessa primavera / verão (N. do T.: outono / inverno no hemisfério sul) para a R40 Live Tour, que comemorará esse incrível 40º aniversário com os fãs.
"Devo muito aos nossos fãs por eles terem nos ajudado a nos manter no alto, nos apoiando há mais de 40 anos. Sua devoção crescente não é algo que se despreze. Eu realmente aprecio isso, e você sabe que nunca poderá fazer todos felizes – não é possível, mas tentaremos. Acho que a melhor maneira para nós é tentarmos ser nós mesmos. Acho que nossos fãs de verdade entendem que, se desaparecermos por alguns anos, é porque realmente precisamos. Se fizermos as coisas de uma forma em particular ou se não tocamos um álbum específico em uma turnê, é porque não estamos exatamente nisso no momento, o que também vem como parte de ser um fã do Rush".
Com um vasto catalogo que inclui clássicos como o disco de estreia autointitulado de 1974, 2112 de 1976, Moving Pictures de 1981, Test For Echo de 1996 e Vapor Trails de 2002, não há como dizer como será exatamente o setlist. Uma coisa é certa – a certeza de que será épico.
Fonte: Fender.com
O QUE FAZ DO RUSH TÃO ÚNICO?
Por Chrissy Mauck
Geddy Lee com seu novo USA Geddy Lee Jazz Bass |
Durante anos, uma legião de fãs do Rush realizou uma campanha fervorosa para conseguir que sua amada banda prog fosse votada para o Rock and Roll Hall of Fame. Foram negados durante anos.
Os ventos mudaram em 2013, quando finalmente o trio canadense conseguiu o que lhe era devido.
Dave Grohl e Taylor Hawkins, do Foo Fighters, discursaram na indução do Rush ao Hall of Fame com elogios efusivos.
"Fazendo mais de 250 shows por ano, a banda construiu seu legado desde o primeiro dia de forma correta – sem exageros, sem besteiras, fizeram tudo a partir do zero e sem qualquer grande ajuda da imprensa", disse Grohl. "Sua influência é inegável. Seu legado é de uma banda que se manteve fiel a si mesma, não importa o quão fora de moda pareciam para algumas pessoas. Acho que é seguro dizer que o Rush é de fato uma banda que tem culhões. Eles sempre foram legais".
E, enquanto os três integrantes do Rush – Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart – minimizavam repetidamente sua importância, não havia como negar os aplausos de pé e a reação ensurdecedora dos fãs durante a cerimônia.
"Estávamos sentados em nossas mesas com nossas esposas e com nosso empresário e, de repente, sentimos os aplausos do público vindos da multidão que nos cercava", lembra Lee. "Eles tiraram nosso folego e meio que nos levaram para um loop, pois não paravam. Tivemos que esperar que parassem, e finalmente levantamos para que isso acontecesse. Acho que, a partir desse ponto, a noite tornou-se mais especial do que prevíamos".
O mais doce de tudo na indução foi o Rush ter entrado no hall sagrado ainda no topo do seu jogo e, de fato, após uma de suas décadas mais prolíficas de todos os tempos. Não havia lá bandas em seus dias crepusculares revivendo glórias de seus vinte e trinta anos. Como a Rolling Stone observou, "É verdade que o Rush não significa hoje o que faziam em 1976 ou até mesmo em 1996. Eles devem significar mais".
Na verdade, tratava-se de uma banda que ainda produzia um dos seus melhores trabalhos. Clockwork Angels, de 2012, o vigésimo álbum de estúdio, estreou no top das paradas do Canadá e na segunda posição da Billboard 200, enquanto turnês de apoio ao disco tiveram vendas esgotadas pelo mundo.
"Foi bom estarmos terminando um álbum com o qual estávamos tão orgulhosos. Sinto que Clockwork Angels é o melhor trabalho que já fizemos", diz Lee. "Se algo vier acontecer conosco e não podermos fazer nenhum outro disco, ficaria orgulhoso dele ter sido nosso último. Dessa forma, foi bom para uma banda ativa receber um prêmio por uma vida de trabalho. São essas coisas que ajudam a lhe manter jovem e interessado por sua atividade. Por essa razão, foi especial. Um momento único".
Há uma lista de elementos que fazem do Rush uma banda única – sua decência como seres humanos, a musicalidade e a incrível capacidade de composição, somente para citar alguns. Ou, como Grohl disse suficientemente fundamentado, o fato de terem permanecido fieis a si mesmos como artistas, ao invés de perseguir o sucesso comercial no mainstream.
"É apenas a maneira na qual trabalhamos. Apenas fazemos o que soa bem para nós e o que esperamos que alguém goste. Produzimos nossa música para nos sentirmos felizes, não para compor porque achamos que o público irá gostar. Compomos músicas porque ficamos animados com isso, e esperamos que eles também fiquem. É por isso que nossa carreira sempre foi uma linha ondulada, não estando programada e por não tentarmos viver de forma planificada. É algo orgânico e natural que evolui, que comete erros e que se move às vezes para frente, para trás e para os lados".
Porém, talvez a coisa mais vibrante sobre o Rush é que, em mais de quarenta anos, esses homens ainda têm profunda dedicação uns aos outros, como o "um por todos e todos por um" dos Três Mosqueteiros. Eles buscam uma mentalidade não encontrada por muitos de seus colegas, que são por vezes destruídos por lutas internas. Se um integrante não quer fazer uma turnê ou gravar um álbum, o Rush simplesmente aguarda.
"Você passa quarenta anos com as mesmas pessoas, e todo nosso coração, nosso suor e nossa personalidade vão para a música que produzimos. É também uma amizade – uma espécie de clube colaborativo o que fazemos, sendo algo nosso, juntos. É ligado às personalidades, está conectado à seres humanos. Não é algo no qual qualquer um pode entrar – depende das três pessoas que integram a banda e, se um deixar ou não quiser tocar mais, não podemos simplesmente substituir essa pessoa por outra – vai mudar a química. Isso mudaria a dinâmica e, dessa forma, seria uma banda diferente".
"Vejo o Rush como algo vivo e identificável, dependente, interdependente e ligado pelos três patetas que estão na banda, e é assim que permanecerá".
Isso nos leva à pergunta que muitos têm feito ao longo dos anos: como exatamente um trio consegue fazer tanto barulho?
Sem se afastar da bateria magnífica de Peart ou do trabalho audaz de Lifeson nos trastes, é Lee – que faz o vocal principal, o baixo, teclados, pedais e guitarra rítmica de vez em quando – que faz cair o queixo em nossa humilde opinião. Observando-o como um multitarefas, é como ver um parque de diversões inacreditável e complexo.
De acordo com ele, tudo isso foi unido por necessidade.
"Quando comecei a ficar interessado em aumentar as texturas e o conteúdo melódico de nossas músicas, isso exigiu outros instrumentos. Decidimos que gostávamos de outros instrumentos, mas não de outros músicos. Não queríamos mais músicos no palco, então tivemos que descobrir uma maneira de fazer por nós mesmos. Isso caiu para mim, e eu curtia fazer malabarismos entre teclados e guitarras base em raras ocasiões, e foi com os pedais de baixo que tudo começou".
Mas, com o tempo, Lee se sentiu um pouco preso atrás dos teclados, começando a rebelar-se contra esse conceito.
"Para mim, os melhores momentos da noite no palco não são quando sou um tecladista ou vocalista – são quando sou o baixista. É realmente uma alegria para mim, pois foi a primeira coisa que quis fazer na minha vida musical, sendo a primeira que ainda quero fazer".
O que é interessante, como com vários outros baixistas, é que Lee caiu inicialmente no baixo pela falta de outro músico.
"Isso mesmo! Eles me deram esse maldito trabalho e tive que fazê-lo", ri Lee.
A história?
Como um jovem adolescente, ele se uniu a uma pequena banda de porão em seu bairro, sendo forçado quase que imediatamente a deixar a guitarra pelo baixo, um instrumento que ele não tinha e que não sabia tocar. Dessa forma, trabalhou arduamente na loja de variedades de sua mãe, correndo para conseguir dinheiro suficiente para comprar o instrumento, começando a ouvir alguns dos seus discos favoritos e tentando descobrir linhas de ouvido.
O baixista Jack Bruce, do trio inglês Cream, foi um dos primeiros a cativar a mente musical de Lee, e também a plantar as primeiras sementes de interesse em uma banda de três integrantes. Pete Townshend, do Who, foi outra influência nos primeiros dias.
"Nos primórdios, você sempre está à procura de pessoas para emular e aprender. Esses primeiros heróis são seus instrutores e seus primeiros professores de verdade".
"Pete tinha uma forma pesada e ao mesmo tempo melódica de compor na guitarra, e suas letras eram sempre interessantes. Era ótima a expressão vinda daquela banda, em quase todos os aspectos – rock, melodia e proezas técnicas. Portanto, como um jovem compositor, era o que eu queria fazer. Queria fazer parte de uma banda onde cada instrumento fosse considerado importante e expressivo".
Após completar totalmente sua transição para o baixo, Lee sabia que queria tocar em um trio, onde seria mantido ocupado.
"O trabalho de um baixista de trio é diferente daquele feito em outro tipo de banda. Você tem que manter os graves e ficar colado ao baterista. Ao mesmo tempo, deve criar maneiras de permear os espaços que a guitarra não pode preencher. Assim, quando ocorrem os solos, o baixo tem um trabalho totalmente diferente em um trio, enquanto que em uma banda de quatro, cinco integrantes, nesses momentos, há guitarras base e teclados criando todo um cenário de envolvimento".
Lee encontrou exatamente isso em seu antigo colega de escola Lifeson, juntando-se a ele no Rush em 1968, antes da banda fazer seu segundo show. John Rutsey era o baterista original do grupo, mas que deixou o mesmo por problemas de saúde e pela aversão de sair em turnê logo após o lançamento do álbum de estreia, em 1974. Peart acabou sendo escolhido como seu substituto, vindo à bordo em 29 de julho daquele ano – duas semanas antes da primeira turnê norte-americana.
Assim, 2014 marcou o 40º aniversário oficial do Rush. A banda discutiu originalmente uma turnê de comemoração para o mesmo ano, mas, após um longo período para a Clockwork Angels Tour, concluída em agosto de 2013, determinaram uma pausa e algum tempo de inatividade.
Lee, um ávido fã de beisebol e de suas parafernálias, além de colecionador de vinhos, passou vários meses viajando bastante pelo mundo com sua esposa Nancy. Quando seu primeiro neto chegou, os avós orgulhosos decidiram ancorar-se novamente em Toronto.
"Ele é absurdamente lindo. Ele é incrível, realmente impressionante. Tem um daqueles sorrisos que iluminam a sala. Mas acho que todos os avós dizem isso".
E, com mais tempo livre em suas mãos, Lee também desenvolveu obsessão por outro tipo de coleção.
"Instrumentos são as minhas coisas favoritas no momento. Estou apaixonado por eles, e é tão emocionante quando você consegue localizar um antigo, verificando se ele consegue passar em todos os testes! Quando coloco as mãos em um, é como uma história viva para mim. É inacreditável".
©FMIC. Foto por Eric Fairchild |
E, uma boa notícia para o exército de fãs do Rush é que Lee e companhia estão finalmente de volta ao palco nessa primavera / verão (N. do T.: outono / inverno no hemisfério sul) para a R40 Live Tour, que comemorará esse incrível 40º aniversário com os fãs.
"Devo muito aos nossos fãs por eles terem nos ajudado a nos manter no alto, nos apoiando há mais de 40 anos. Sua devoção crescente não é algo que se despreze. Eu realmente aprecio isso, e você sabe que nunca poderá fazer todos felizes – não é possível, mas tentaremos. Acho que a melhor maneira para nós é tentarmos ser nós mesmos. Acho que nossos fãs de verdade entendem que, se desaparecermos por alguns anos, é porque realmente precisamos. Se fizermos as coisas de uma forma em particular ou se não tocamos um álbum específico em uma turnê, é porque não estamos exatamente nisso no momento, o que também vem como parte de ser um fã do Rush".
Com um vasto catalogo que inclui clássicos como o disco de estreia autointitulado de 1974, 2112 de 1976, Moving Pictures de 1981, Test For Echo de 1996 e Vapor Trails de 2002, não há como dizer como será exatamente o setlist. Uma coisa é certa – a certeza de que será épico.
Fonte: Fender.com