ENTREVISTA COM GEDDY LEE AO BIRMINGHAN POST



26 DE MAIO DE 2013

Por Steve Adams
Tradução: Vagner Cruz


Geddy Lee, na cerimônia do Rock and Roll Hall of Fame
As lendas do rock finalmente foram levadas ao Rock & Roll Hall of Fame no mês passado. Steve Adams, do jornal Birmingham Post, conversou recentemente com o vocalista / baixista Geddy Lee sobre a longa e bem sucedida carreira do trio canadense.

Em um contraste irônico para o nome da banda, a aceitação do mainstream foi um processo muito lento. Quando eles finalmente foram induzidos ao Rock Hall, já chegavam aos 39 anos de carreira.

A banda foi anunciada pelos fãs de longa data Dave Grohl e Taylor Hawkins do Foo Fighters, sendo ovacionados de pé, o que fez tudo ficar mais doce de acordo com Geddy Lee, vocalista e baixista de fala tranquila.

"Foi realmente avassalador. Todos ficaram com o coração na garganta", recorda. "Nossos fãs sempre colocaram mais importância nisso do que nós. Sempre achamos que não era grande coisa mas, naquele momento em particular, com certeza sentimos que era algo grande".

Lee diz que um dos elementos mais surpreendentes foi a recepção ao Rush - que também apresenta o guitarrista Alex Lifeson e o baterista Neil Peart - concedida por músicos e estrelas de origens muito diferentes.

"Foi uma noite bastante emocional, por nos fazer sentir o amor vindo de tantos lugares diferentes e inesperados. Quando você tem os caras do Public Enemy virando e lhe dando tapinhas nas costas – cara, até o Spike Lee foi legal nos demonstrando respeito – você meio que se belisca e pensa: Onde diabos estou?"

Os acontecimentos ao longo do evento – que também apresentou a indução de Donna Summer, Heart e Public Enemy – deu causa à banda não somente mostrando um balanço de sua longa carreira, mas também da vida dos integrantes em geral.

"Foi interessante, pois minha esposa estava comigo e era o seu aniversário, e eu estava me sentindo mal por ela ter que passá-lo dando lugar à banda mais uma vez", explica Lee. "Mas tantos atos emblemáticos – como Jackson Browne e Carole King – surgiram que trouxeram de volta lembranças de nossas vidas. Minha esposa virou-se para mim no meio do show dizendo que não havia lugar melhor para passar seu aniversário, pois vivemos nossas vidas através daquelas músicas. Foi um momento perfeito para ela refletir e foi isso que esse momento causou a todos nós".

Por outro lado, Lee admite que achava impossível apreciar plenamente o legado da banda em termos de patrimônio musical.

"Parte de você está dizendo: 'Alguém cometeu um erro aqui', e outra parte está tentando apreciar e aceitar o que significa em termos de música popular", ele diz. "Sempre fomos tão insulares e ficamos fora do mainstream por tanto tempo que é bem difícil nos vermos como parte deste grupo tão estimável".

O único elemento que fez o Rush se sentir bem de fato foi receber a honra enquanto uma banda que ainda está na estrada, se esforçando para melhorar e fazendo novas canções.

O trio ainda está em turnê com seu vigésimo disco de estúdio, Clockwork Angels, "um disco sobre o qual acreditamos piamente ser um de nossos melhores", de acordo com Lee – este que recebeu uma rara aclamação crítica.

"Ou eles estavam dormindo ao volante ou fizeram a coisa certa", sorri o vocalista, que apesar de completar 60 anos esse ano ("Não estou autorizado a admitir isso  minha esposa atira coisas em mim") ainda tem grande apetite em tocar.

"Eu amo tocar – esta é minha razão de ser", ele afirma. "E estamos tocando melhor do que nunca – digo isto sem muita hesitação. Algo acontece após tocar por 40 anos... Você fica bom nisso!"

E é melhor assim, dados os grandes sacrifícios que uma turnê envolve, particularmente para Lee.

Enquanto Lifeson e Peart passam dias desfrutando de seus respectivos passatempos, golfe e motociclismo respectivamente, Lee é forçado a ficar em um quarto de hotel em silêncio na maior parte do tempo, preservando sua voz para o próximo show.

"Meus dias de folga tornaram-se extremamente chatos e me sinto como um animal enjaulado", diz. "Assisto beisebol, leio, compro porcarias... comecei a colecionar baixos famosos para me manter são".

Lee finalmente escapará dos quartos de hotel em agosto, com o fim da turnê. O que acontece depois é um ponto que a banda não quer discutir no presente.

"Agora queremos finalizar essa turnê e tirar umas férias", diz Lee, quase cansado. "Após uma boa pausa, tentaremos descobrir o que vamos fazer, mas ainda não falamos sobre isso e não temos intenção de falar nisso".

A declaração inclui a discussão de uma turnê de aniversário de quarenta anos da banda para o próximo ano, R40, uma ideia que os empresários estão determinados em fazer acontecer.

"Eles estão tentando, mas vão fracassar", diz Lee. "Não há nada errado com uma turnê 'R42' – não tem que ser um número redondo. Afinal, nada foi redondo em nossa carreira!"

Fonte: Birminghampost.net