ALEX REVELA DETALHES DE CLOCKWORK ANGELS
30/08/2010
30/08/2010
O repórter Alan Sculley do jornal The Morning Call da cidade de Allentown (Pensilvânia - EUA) entrevistou recentemente Alex Lifeson. A matéria saiu no último dia 25 de agosto e foi comentada durante a semana na maioria dos fóruns e sites dedicados ao power-trio canadense. Dessa forma, decidimos trazer o bate-papo traduzido na íntegra para vocês, onde o guitarrista acaba revelando o nome de mais uma canção do novo álbum do Rush, além de comentá-la. Acompanhem:
Rush entra na épica 'Time Machine'
Banda de rock toca o álbum de 1981 Moving Pictures na íntegra
O guitarrista do Rush Alex Lifeson relembra um sentimento primordial que acompanhou todo o making of de "Moving Pictures", álbum de 1981 que se tornou o lançamento mais popular da banda - a diversão.
"Foi uma experiência muito positiva", diz Lifeson numa entrevista recente por telefone. "Às vezes os discos podem se tornar muito difíceis. Por exemplo, o Grace Under Pressure (álbum de 1984) foi muito duro de se fazer. Parecia que ia levar uma eternidade. Mais uma vez estávamos no Le Studio (em Quebec) e estava muito frio. Realmente lutamos contra esse disco. Mas com o Moving Pictures foi completamente o oposto. Nos divertimos bastante e tivemos grande direcionamento. Escrevemos algumas canções no próprio estúdio. Todos os sons se completavam. Havia uma sensação de grande dinamismo em toda a experiência".
O flashback com o "Moving Pictures" é relevante agora, quase 30 anos após seu lançamento, por duas razões: Em primeiro lugar, o Rush está tocando esse que vendeu mais de 4 milhões de cópias na atual turnê Time Machine, trazendo os hits "Tom Sawyer" e "Limelight".
Por outro lado, parece haver um paralelo entre o projeto "Moving Pictures" e o momento Rush - que também inclui o vocalista/baixista Geddy Lee e o baterista Neil Peart - a banda tem trabalhado num novo CD de estúdio, provisoriamente chamado de "Clockwork Angels".
"Temos esse grande sentimento de promessa para esse álbum e seu material", Lifeson diz. "Acho que vai funcionar muito bem".
"Por enquanto nosso foco tem sido as apresentações ao vivo, que simbolizam as noites épicas típicas do Rush. Como nas recentes turnês, a banda está tocando dois sets que perduram por cerca de três horas. Mas temos novas atrações no show e uma delas, evidentemente, é tocar o "Moving Pictures" em sua totalidade, na segunda parte".
Peart propôs a idéia de tocar um álbum inteiro depois que viu recentemente a banda Steely Dan em turnê.
"Ele estava realmente impressionado com o fato de que eles tocavam álbuns diferentes de noite pra noite", diz Lifeson. "Isso seria talvez um pouco ambicioso demais para nós".
Então o Rush decidiu tocar apenas um de seus álbuns nos shows. A banda já havia decidido trazer de volta "The Camera Eye" na nova turnê, a canção mais longa de Moving Pictures, então foi fácil escolher qual seria o álbum.
"Pensamos que seria uma boa forma de incorporar essa canção, um pouco mais do que uma simples apresentação especial". Lifeson diz. "Temos tocado e encostado as outras músicas do Moving Pictures, mas foi bom condensar tudo desse álbum, apresentando-o dessa maneira".
Lifeson sente que o "Moving Pictures" ainda se mantém bem.
"Acho que é a natureza de olhos abertos desse álbum", ele diz. "As canções são todas muito cinematográficas líricamente e musicalmente. É um disco muito forte, é pra cima. Limelight traz esse tipo de som grande e ousado, assim como Red Barchetta, que tem aqueles tipos de dinâmicas pelas quais somos conhecidos, assim como em Tom Sawyer, claro. Acho que todos os elementos estavam em equilíbrio. É, você pode experimentar da maneira mais difícil que quiser mas nem sempre poderá fazer".
Existem outras novas atrações para o setlist.
"Existem duas músicas novas que estamos tocando (Caravan e BU2B) e mais um monte de coisas que não tocávamos, como a Presto (faixa título do álbum do Rush de 1989), diz Lifeson. "Não tenho certeza se já havíamos tocado Presto ao vivo. Ah sim, temos outra pérola. Time Stand Still (do álbum de 1987 Hold Your Fire) está de volta depois de um longo descanso. Os sets são bastante diferentes um do outro em ritmo, acho que há grande diferença entre os dois".
Haverá a apresentação de um novo vídeo com muitas imagens novas e um telão de alta definição para colocar tudo em foco atrás do palco. Depois temos o show de luzes.
"Há um grande aparato por cima do palco que chamamos de aranha. Ela espalha luzes através de articulações como braços ou pernas, se movendo por todos os lugares e sendo realmente teatral", Lifeson diz. "Há realmente muitos efeitos de luz. Você sabe, nossa apresentação é completa. Não temos música apenas".
A nova turnê é um tanto quanto incomum para a banda. Tradicionalmente, eles só saem em turnê depois de um CD ter sido lançado ou entre álbuns. A "Time Machine" chega no meio das composições e gravações de "Clockwork Angels".
"A idéia foi cair na estrada e depois voltar logo a compor, para então gravar vindo de uma turnê", Lifeson diz. Não há nada que se compare ao tipo de forma que você consegue quando está em turnê".
Os trabalhos para o novo álbum estavam indo tão bem que a banda decidiu lançar pela Internet duas das novas músicas que estão tocando nessa turnê.
"Fomos para Nashville e gravamos duas faixas, 'Caravan' e 'Brought Up 2 Believe" (BU2B), Lifeson diz. "Isso aconteceu rapidamente e sem esforço, sendo realmente muito divertido. Tudo é diferente para nós. Acho que a mudança é sempre algo bom, mantém as coisas frescas".
Lifeson diz que banda tem seis músicas praticamente prontas para gravar e outras três quase lá. O grupo planeja compor pelo menos mais duas após a turnê. Neste momento, o CD toma forma numa obra musicalmente variada.
"Há a canção épica, "Clockwork Angels", que está realmente tomando forma. É uma peça multi-particionada, muito dinâmica", Lifeson diz. "Há partes que são muito melódicas e também um lado mais suave, acústico, com uma forte melodia. Há grande diversidade lá. Honestamente, mal posso esperar para realmente trabalharmos nessas canções. Levamos elas até o estágio onde Geddy e eu nos sentimos felizes com os arranjos, para então Neil entrar para começar a trabalhar na bateria, e elas seguem de lá. As canções estão nesse ponto de pré-bateria agora, e é ótimo vê-las vindo à vida".
Lifeson, claro, ficaria feliz se o restante do projeto de "Clockwork Angels" seguisse tão bem como ocorreu no "Moving Pictures".
"O projeto correu bem, apesar de ter sido gravado durante um dos invernos mais frios de Quebec. O clima era como chegar ao Le Studio com um ritual diário de boas-vindas".
"Você tirava treze camadas de roupas que usava só para chegar até o estúdio com uma xícara de café ou de chá na mão para ver o que estava criando. Era ótimo para nós", Lifeson diz. Estávamos muito felizes com a direção e o som que estávamos conseguindo. Nesse sentido, esse trabalho foi uma influência muito positiva em nosso dia-a-dia até aqui, sobre tudo quando estamos em estúdio, principalmente num estúdio caseiro. Dessa forma, tivemos sempre aquilo que nos fazia continuar".