NOVIDADES NO SITE OFICIAL DE NEIL PEART
18/06/2006
Confiram um trecho do novo artigo de Neil Peart, direto seu site oficial, inteiramente traduzido. No texto, o Professor fala sobre o andamento dos trabalhos para o novo álbum do Rush e de sua vontade em voltar a tocar bateria.
NOTÍCIAS, TEMPO e ESPORTES – 26 de abril de 2006
AS NOTÍCIAS
No começo de março, o inverno ainda era rigoroso nas Laurentian Mountains, em Quebec. A neve esteve bem forte durante todo o mês, continuando a nevasca de janeiro e fevereiro até cobrir o chão, com neve chegando na cintura. A neve fez paredes de dez pés ao longo das estradas do interior e ao redor da minha casa, trazendo uma sensação de conforto e proteção.
Estava um dia ensolarado quando fui pegar Alex e Geddy no aeroporto local, mas o frio era tanto que parecia que iríamos congelar. Nós três nos abraçamos com nossos vários casacos, cachecóis e luvas. Estávamos empacotados como... canadenses no inverno.
Carregamos nossas bagagens nas costas pro meu novo “carro quente” do inverno - um Audi S-4 Avant, com um 4.2-liter V8, uma sport wagon que nos amontoou com nossas coisas de forma apertada - e nos levei para minha casa no lago, tocando o carro como um piloto de rally na neve – estradas completamente cobertas. Ao longo do caminho, passamos perto da aldeia de Morin Heights, onde compartilhamos tantos momentos bons, gravando no Le Studio - agora fechado e abandonado. Fizemos lá os álbuns desde Permanent Waves, em 1979, até o Counterparts, em 1994. Aquelas longas temporadas no confortável ambiente do Le Studio tinham sido a finalidade das gravações ali - sim - mas também pra jogar vôlei, curtir um pedalinho e praticar skiing cross-country, além de assistir filmes, saborear a fabulosa comida Franco-Canadense e ter noites que te faz ficar contente em relembrar.
No começo deste inverno, quando nós três fazíamos planos pro nosso encontro em Quebec, eu brinquei, chamando esse encontro de "reunião de negócios". Realmente nós temos "negócios" a discutir mas, primeiramente, comemos e bebemos.
Tradicionalmente, Alex sempre foi o chef do grupo. Sempre estivemos longe compondo numa casa de campo, sem nenhum serviço de bufê ou restaurantes próximos e, com isso, Alex sempre cozinhou para nós. (Com o passar dos anos, apreciei muitas refeições surpreendentes na cozinha do “Papa Paisano”, que soca seu peito e declarando, “Cozinharei para você!”). Foi Alex que me ensinou o porque de uma pessoa levar o dia inteiro cozinhando pros outros – é um ato do amor.
Por isso, estava um pouco intimidado cozinhando dessa vez para o "Papa Paisano", e também para o Geddy, um educado e sofisticado connoisseur internacional de alimentos e bebidas - um experiente winer-and-diner.
Geddy trouxe uma gripe forte com ele, infelizmente, e estava sentindo-se mal. Alex estava ficando com os mesmos sintomas. Eu observo que sempre que fico em Quebec por mais de um mês durante o inverno, nunca fico doente, a menos que alguém venha me visitar vindo da cidade - trazendo todos os "últimos lançamentos em germes”. E esse foi o caso, pois no dia seguinte, comecei a tossir e espirrar também.
Entretanto, Geddy trouxe certos vinhos bem escolhidos de sua adega bem estocada, e começamos tirando a rolha de um belo Borgonha para acompanhar o almoço com ravioli e cogumelos (de um grupo que preparou pro meu amigo Brutus, em sua visita na semana anterior, quando vimos que estávamos gastando a maioria de nossos dias na cozinha, cozinhando - quão evoluídos somos nós, homens, nestes dias!). Temperei o ravioli com azeite, alho, tomates e outros condimentos.
Nós três permanecemos em volta da mesa da cozinha, com música tocando, enquanto trouxe uma torta de uvas-do-monte, para colocá-la no forno. (Essa foi a minha segunda tentativa numa torta desse tipo, e não ficou muito bonita - a cobertura estava disforme e remendada - mas esperava que o gosto estivesse bom).
Como disse no meu relatório de notícias anterior, em janeiro enviei a Alex e Geddy algumas letras. Eu sabia que estavam trabalhando em alguma coisa, mas não tinha ouvido nada ainda. Nesse dia na minha cozinha, levamos um susto danado quando Alex foi procurar o CD na sua bagagem e não o encontrou – freneticamente ele ligou pro seu filho Adrian em Toronto para tentar uma maneira de conseguir com que ele enviasse o material, fazendo de alguma forma um upload na Internet de maneira que pudéssemos baixar o material (as conquistas da tecnologia moderna). Adrian disse que não conseguia encontrar o CD no estúdio de Alex. Aí, Alex deu uma olhada na mala, na parte onde "nunca o colocaria", e voltou pra cozinha com a capinha de plástico, balançando a cabeça.
"Estava bem perto".
Fomos para perto da lareira e começamos a ouvir o CD. Com as canções tocando, todas as respostas que compartilharíamos teriam um sentido de clareza - para Alex e Geddy, tocando as canções para mim pela primeira vez, mostrando suas forças e fraquezas no contraste afiado. Mantiveram-se em dizer coisas como, "eu sei o que nós temos que fazer aqui". Da mesma forma para mim, liricamente - fiquei muito feliz em ouvir partes trabalhadas, dizendo "Isso!" quando ouvi Geddy cantar apenas uma linha, mas de forma perfeita, e também saber a maneira correta de onde eu poderia melhorar.
Havia cinco esboços de canções - guitarra, vocal e bateria - e gostei de todas. Observei também que aquelas canções pareceram já ter uma sorte de unidade, de uma aproximação de estilos e de estruturas de cordas, de ritmos e da entrega vocal que eu poderia somente descrever como "espiritual". Não vou falar mais a respeito até que comecemos a estar mais amadurecidos nisso, mas foi maravilhoso ver que após trinta anos trabalhando juntos, poderíamos ainda encontrar trajetos diferentes para explorarmos.
Então era hora do jantar. De volta a cozinha, mordiscamos um pâté de foie com uma garrafa de Sauterne que envelhecia em minha adega por muitos anos - esperando tal ocasião - e um par de queijos finos de Quebec. Preparei o aperitivo: scallops sautéed em alho e manteiga com abacate ao vinagrete (minha influência californiana). A seguir, servi à mesa o prato principal: filés frescos de pickerel cozidos com tomates, aspargos, e cebola; arroz jasmine; pimentas vermelhas, verdes, amarelas, e alaranjadas grelhadas no azeite; ervilhas, cenourinhas e feijões amarelos.
Era tudo muito colorido e, com certeza, todo segredo para mim está no sincronismo. Há alguns anos, quando estava aprendendo a cozinhar, eu disse pra Geddy que eu não acreditava que poderia realmente aprender, após anos pensando que cozinhar era "mágica" ou algo parecido.
Geddy respondeu, "É claro que pode cozinhar – você é baterista!”
Foi engraçado e incisivo, pois nisso há com certeza algumas relações - contando os intervalos rítmicos dos ingredientes diferentes, até que tudo chegue na "perfeição”, no tempo perfeito.
Geddy contribuiu com um delicado Chablis para acompanhar o prato principal e, finalmente, mergulhamos na torta morna de uva-do-monte (eu a chamei de "torta feia" quando tirei do forno, toda disforme e com bolhas roxas por cima, mas tive que admitir que o sabor foi surpreendentemente bom), além de sorvete e café.
Pouco antes, Geddy decantou uma garrafa antiga de Bordeaux, mas decidimos que o perfeito para aquela ocasião era um Calvados. (Infelizmente, quando os caras voaram de volta pra Toronto no dia seguinte, tive que beber esse Bordeaux sozinho).
Foi uma boa refeição, um ótimo dia, e eu estava exausto. Geddy foi para o quarto de hospedes para descansar e cuidar da sua gripe, enquanto eu deitei no sofá de frente pra lareira, e Alex limpou a cozinha inteira.
Se você me perguntar sobre isso, é um ato do amor!
Vou passar o mês de maio em Toronto, onde alugamos um pequeno estúdio. Será ótimo ter a oportunidade de trabalharmos juntos nessas canções, e tenho certeza que nas outras novas também. Para mim, depois de levar mais de um ano trabalhando no meu livro, Roadshow, será muito legal tirar meu chapéu de “escritor” (meu boné de baseball da BMW Motorcycles) e colocar meu chapéu de “letrista” (o velho cowboy special, que um fã me deu em Dallas, que sempre me ajuda a pensar sobre os versos), além do meu chapéu de “baterista” (minha touca religiosa africana).
Eu gosto de todos esses chapéus, e todos esses trabalhos, mas especialmente tocar bateria está sendo meu foco agora. Ultimamente tenho ficado inspirado, de forma que fico “batendo em coisas com as baquetas”, dirigindo e ouvindo o novo trabalho de Steve Smith (que humilha) e curtindo algumas sessões de "duetos de bateria" dos meus amigos Chris Stankee e Gregg Bissonette(outros que humilham, e inspiram experiência).
NOTÍCIAS, TEMPO e ESPORTES – 26 de abril de 2006
AS NOTÍCIAS
No começo de março, o inverno ainda era rigoroso nas Laurentian Mountains, em Quebec. A neve esteve bem forte durante todo o mês, continuando a nevasca de janeiro e fevereiro até cobrir o chão, com neve chegando na cintura. A neve fez paredes de dez pés ao longo das estradas do interior e ao redor da minha casa, trazendo uma sensação de conforto e proteção.
Estava um dia ensolarado quando fui pegar Alex e Geddy no aeroporto local, mas o frio era tanto que parecia que iríamos congelar. Nós três nos abraçamos com nossos vários casacos, cachecóis e luvas. Estávamos empacotados como... canadenses no inverno.
Carregamos nossas bagagens nas costas pro meu novo “carro quente” do inverno - um Audi S-4 Avant, com um 4.2-liter V8, uma sport wagon que nos amontoou com nossas coisas de forma apertada - e nos levei para minha casa no lago, tocando o carro como um piloto de rally na neve – estradas completamente cobertas. Ao longo do caminho, passamos perto da aldeia de Morin Heights, onde compartilhamos tantos momentos bons, gravando no Le Studio - agora fechado e abandonado. Fizemos lá os álbuns desde Permanent Waves, em 1979, até o Counterparts, em 1994. Aquelas longas temporadas no confortável ambiente do Le Studio tinham sido a finalidade das gravações ali - sim - mas também pra jogar vôlei, curtir um pedalinho e praticar skiing cross-country, além de assistir filmes, saborear a fabulosa comida Franco-Canadense e ter noites que te faz ficar contente em relembrar.
No começo deste inverno, quando nós três fazíamos planos pro nosso encontro em Quebec, eu brinquei, chamando esse encontro de "reunião de negócios". Realmente nós temos "negócios" a discutir mas, primeiramente, comemos e bebemos.
Tradicionalmente, Alex sempre foi o chef do grupo. Sempre estivemos longe compondo numa casa de campo, sem nenhum serviço de bufê ou restaurantes próximos e, com isso, Alex sempre cozinhou para nós. (Com o passar dos anos, apreciei muitas refeições surpreendentes na cozinha do “Papa Paisano”, que soca seu peito e declarando, “Cozinharei para você!”). Foi Alex que me ensinou o porque de uma pessoa levar o dia inteiro cozinhando pros outros – é um ato do amor.
Por isso, estava um pouco intimidado cozinhando dessa vez para o "Papa Paisano", e também para o Geddy, um educado e sofisticado connoisseur internacional de alimentos e bebidas - um experiente winer-and-diner.
Geddy trouxe uma gripe forte com ele, infelizmente, e estava sentindo-se mal. Alex estava ficando com os mesmos sintomas. Eu observo que sempre que fico em Quebec por mais de um mês durante o inverno, nunca fico doente, a menos que alguém venha me visitar vindo da cidade - trazendo todos os "últimos lançamentos em germes”. E esse foi o caso, pois no dia seguinte, comecei a tossir e espirrar também.
Entretanto, Geddy trouxe certos vinhos bem escolhidos de sua adega bem estocada, e começamos tirando a rolha de um belo Borgonha para acompanhar o almoço com ravioli e cogumelos (de um grupo que preparou pro meu amigo Brutus, em sua visita na semana anterior, quando vimos que estávamos gastando a maioria de nossos dias na cozinha, cozinhando - quão evoluídos somos nós, homens, nestes dias!). Temperei o ravioli com azeite, alho, tomates e outros condimentos.
Nós três permanecemos em volta da mesa da cozinha, com música tocando, enquanto trouxe uma torta de uvas-do-monte, para colocá-la no forno. (Essa foi a minha segunda tentativa numa torta desse tipo, e não ficou muito bonita - a cobertura estava disforme e remendada - mas esperava que o gosto estivesse bom).
Como disse no meu relatório de notícias anterior, em janeiro enviei a Alex e Geddy algumas letras. Eu sabia que estavam trabalhando em alguma coisa, mas não tinha ouvido nada ainda. Nesse dia na minha cozinha, levamos um susto danado quando Alex foi procurar o CD na sua bagagem e não o encontrou – freneticamente ele ligou pro seu filho Adrian em Toronto para tentar uma maneira de conseguir com que ele enviasse o material, fazendo de alguma forma um upload na Internet de maneira que pudéssemos baixar o material (as conquistas da tecnologia moderna). Adrian disse que não conseguia encontrar o CD no estúdio de Alex. Aí, Alex deu uma olhada na mala, na parte onde "nunca o colocaria", e voltou pra cozinha com a capinha de plástico, balançando a cabeça.
"Estava bem perto".
Fomos para perto da lareira e começamos a ouvir o CD. Com as canções tocando, todas as respostas que compartilharíamos teriam um sentido de clareza - para Alex e Geddy, tocando as canções para mim pela primeira vez, mostrando suas forças e fraquezas no contraste afiado. Mantiveram-se em dizer coisas como, "eu sei o que nós temos que fazer aqui". Da mesma forma para mim, liricamente - fiquei muito feliz em ouvir partes trabalhadas, dizendo "Isso!" quando ouvi Geddy cantar apenas uma linha, mas de forma perfeita, e também saber a maneira correta de onde eu poderia melhorar.
Havia cinco esboços de canções - guitarra, vocal e bateria - e gostei de todas. Observei também que aquelas canções pareceram já ter uma sorte de unidade, de uma aproximação de estilos e de estruturas de cordas, de ritmos e da entrega vocal que eu poderia somente descrever como "espiritual". Não vou falar mais a respeito até que comecemos a estar mais amadurecidos nisso, mas foi maravilhoso ver que após trinta anos trabalhando juntos, poderíamos ainda encontrar trajetos diferentes para explorarmos.
Então era hora do jantar. De volta a cozinha, mordiscamos um pâté de foie com uma garrafa de Sauterne que envelhecia em minha adega por muitos anos - esperando tal ocasião - e um par de queijos finos de Quebec. Preparei o aperitivo: scallops sautéed em alho e manteiga com abacate ao vinagrete (minha influência californiana). A seguir, servi à mesa o prato principal: filés frescos de pickerel cozidos com tomates, aspargos, e cebola; arroz jasmine; pimentas vermelhas, verdes, amarelas, e alaranjadas grelhadas no azeite; ervilhas, cenourinhas e feijões amarelos.
Era tudo muito colorido e, com certeza, todo segredo para mim está no sincronismo. Há alguns anos, quando estava aprendendo a cozinhar, eu disse pra Geddy que eu não acreditava que poderia realmente aprender, após anos pensando que cozinhar era "mágica" ou algo parecido.
Geddy respondeu, "É claro que pode cozinhar – você é baterista!”
Foi engraçado e incisivo, pois nisso há com certeza algumas relações - contando os intervalos rítmicos dos ingredientes diferentes, até que tudo chegue na "perfeição”, no tempo perfeito.
Geddy contribuiu com um delicado Chablis para acompanhar o prato principal e, finalmente, mergulhamos na torta morna de uva-do-monte (eu a chamei de "torta feia" quando tirei do forno, toda disforme e com bolhas roxas por cima, mas tive que admitir que o sabor foi surpreendentemente bom), além de sorvete e café.
Pouco antes, Geddy decantou uma garrafa antiga de Bordeaux, mas decidimos que o perfeito para aquela ocasião era um Calvados. (Infelizmente, quando os caras voaram de volta pra Toronto no dia seguinte, tive que beber esse Bordeaux sozinho).
Foi uma boa refeição, um ótimo dia, e eu estava exausto. Geddy foi para o quarto de hospedes para descansar e cuidar da sua gripe, enquanto eu deitei no sofá de frente pra lareira, e Alex limpou a cozinha inteira.
Se você me perguntar sobre isso, é um ato do amor!
Vou passar o mês de maio em Toronto, onde alugamos um pequeno estúdio. Será ótimo ter a oportunidade de trabalharmos juntos nessas canções, e tenho certeza que nas outras novas também. Para mim, depois de levar mais de um ano trabalhando no meu livro, Roadshow, será muito legal tirar meu chapéu de “escritor” (meu boné de baseball da BMW Motorcycles) e colocar meu chapéu de “letrista” (o velho cowboy special, que um fã me deu em Dallas, que sempre me ajuda a pensar sobre os versos), além do meu chapéu de “baterista” (minha touca religiosa africana).
Eu gosto de todos esses chapéus, e todos esses trabalhos, mas especialmente tocar bateria está sendo meu foco agora. Ultimamente tenho ficado inspirado, de forma que fico “batendo em coisas com as baquetas”, dirigindo e ouvindo o novo trabalho de Steve Smith (que humilha) e curtindo algumas sessões de "duetos de bateria" dos meus amigos Chris Stankee e Gregg Bissonette(outros que humilham, e inspiram experiência).
Numa noite no começo de abril, fui a um jazz club em Hollywood, Catalina’s, com meu professor de bateria, Freddie Gruber (agora um jovem de setenta e nove anos), e com mais alguns de seus outros "alunos" – todos nós na casa dos cinqüenta. Tenho comparado Freddie a um técnico de tênis, e com ele, uma vez aluno, você sempre será aluno. Numa noite da mesma semana, estávamos sentados em sua sala, ouvindo grandes canções antigas do rádio e conversando sobre tudo no mundo. Do nada, Freddie pegou um par de baquetas e começou a demonstrar na mesa um pouco de sua técnica. Nossos companheiros no Catalina’s eram Jim Keltner e Ian Wallace, ambos mestres em bateria com longos currículos, e estávamos lá para ver e ouvir um dos maiores bateristas de todos os tempos, Roy Haynes.
Roy é um cara de oitenta anos, ainda tocando com maestria, arte e musicalidade que fez nós quatro olharmos um para o outro e sorrir, acendendo mais uma brasa de inspiração para mim. No intervalo, fomos até lá dizer um alô ao Roy, e encontramos outro grande baterista, Ndugu Chancler. Nos sentamos em seu pequeno camarim para ouvir Freddie e Roy contar histórias sobre a cena do jazz nos anos 40 na 52nd Street, em Nova York.
Esse baterista sempre tocou com a mesma banda, e também sempre tocou no club onde aqueles dois novos atores compartilhavam o apartamento no andar de cima. Eles falavam de Marlon Brando e Wally Cox, e foi sendo derramado nome após nome na conversa de Freddie e de Roy - saxofonistas, bateristas, atores, poetas, pintores, entre outros, uma estadia mágica nesse lugar, que trouxeram à vida as memórias daqueles dois personagens eternamente jovens.
Na segunda parte do show de Roy, juntamos as mesas com outro baterista, Joey Herredia. Freddie e eu tínhamos ido ver o show de Joey no ano anterior, quando Freddie tinha me assegurado de maneira direta que isso "Seria do nosso... interesse".
E certamente foi - Joey é um jovem baterista latino fantástico, com aquele estilo angular, um sentido síncope de tempo que se mostrava poderoso, tão exótico, impossível pra mim. Outra vez, me senti inspirado - por um estilo de tocar que eu nunca tinha ouvido antes, e não conseguiria fazê-lo (mas estou trabalhando nisso).
Aquela noite no Catalina’s foi um verdadeiro “topo da bateria", e para que eu seja parte dele, com aquelas noções de tempo perfeitas, comecei a sentir que devo mergulhar no mundo do ritmo outra vez.
Escrevi anteriormente que quando ouvi pela primeira vez as novas canções de Alex e Geddy, a palavra que me ocorreu foi "espiritual". Agora quero saber se há algo como “tocar bateria de forma espiritual”.
Estou trabalhando nisso.
Roy é um cara de oitenta anos, ainda tocando com maestria, arte e musicalidade que fez nós quatro olharmos um para o outro e sorrir, acendendo mais uma brasa de inspiração para mim. No intervalo, fomos até lá dizer um alô ao Roy, e encontramos outro grande baterista, Ndugu Chancler. Nos sentamos em seu pequeno camarim para ouvir Freddie e Roy contar histórias sobre a cena do jazz nos anos 40 na 52nd Street, em Nova York.
Esse baterista sempre tocou com a mesma banda, e também sempre tocou no club onde aqueles dois novos atores compartilhavam o apartamento no andar de cima. Eles falavam de Marlon Brando e Wally Cox, e foi sendo derramado nome após nome na conversa de Freddie e de Roy - saxofonistas, bateristas, atores, poetas, pintores, entre outros, uma estadia mágica nesse lugar, que trouxeram à vida as memórias daqueles dois personagens eternamente jovens.
Na segunda parte do show de Roy, juntamos as mesas com outro baterista, Joey Herredia. Freddie e eu tínhamos ido ver o show de Joey no ano anterior, quando Freddie tinha me assegurado de maneira direta que isso "Seria do nosso... interesse".
E certamente foi - Joey é um jovem baterista latino fantástico, com aquele estilo angular, um sentido síncope de tempo que se mostrava poderoso, tão exótico, impossível pra mim. Outra vez, me senti inspirado - por um estilo de tocar que eu nunca tinha ouvido antes, e não conseguiria fazê-lo (mas estou trabalhando nisso).
Aquela noite no Catalina’s foi um verdadeiro “topo da bateria", e para que eu seja parte dele, com aquelas noções de tempo perfeitas, comecei a sentir que devo mergulhar no mundo do ritmo outra vez.
Escrevi anteriormente que quando ouvi pela primeira vez as novas canções de Alex e Geddy, a palavra que me ocorreu foi "espiritual". Agora quero saber se há algo como “tocar bateria de forma espiritual”.
Estou trabalhando nisso.