ANIMATE



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ANIMATE

POLARIZE ME
SENSITIZE ME
CRITICIZE ME
CIVILIZE ME

COMPENSATE ME
ANIMATE ME
COMPLICATE ME
ELEVATE ME

Goddess in my garden
Sister in my soul
Angel in my armor
Actress in my role

Daughter of a demon-lover
Empress of the hidden face
Priestess of the pagan mother
Ancient queen of inner space

Spirit in my psyche
Double in my role
Alter in my image
Struggle for control

Mistress of the dark unconscious
Mermaid of the lunar sea
Daughter of the great enchantress
Sister to the boy inside of me

My counterpart - my foolish heart
A man must learn to rule his tender part
A warming trend - a gentle friend
A man must build a fortress to defend

A secret face - a touch of grace
A man must learn to give a little space
A peaceful state - a submissive trait
A man must learn to gently dominate
ANIME

ME POLARIZE
ME SENSIBILIZE
ME CRITIQUE
ME CIVILIZE

ME COMPENSE
ME ANIME
ME COMPLIQUE
ME ELEVE

Deusa em meu jardim
Irmã da minha alma
Anjo em minha armadura
Atriz em meu papel

Filha de um amante demoníaco
Imperatriz da face oculta
Sacerdotisa da mãe pagã
Rainha antiga do espaço interno

Espírito em minha psique
Sósia em meu papel
Altera minha imagem
Luta pelo controle

Dona do inconsciente obscuro
Sereia do mar lunar
Filha da grande feiticeira
Irmã do menino dentro de mim

Minha contraparte - meu coração tolo
O homem deve aprender a controlar sua parte tenra
Um aquecer - uma amiga gentil
O homem deve construir uma fortaleza para se defender

Um rosto secreto - um toque de graça
O homem deve aprender a ceder um pouco de espaço
Um estado de paz - um traço submisso
O homem deve aprender gentilmente a dominar


Música por Geddy Lee e Alex Lifeson / Letra por Neil Peart


As contrapartes feminina e masculina que integram a psique humana

"Animate" é a canção de abertura de Counterparts, décimo quinto álbum de estúdio do Rush e segundo trabalho produzido na década de 1990. Lançado em 19 de outubro de 1993, Counterparts pode ser definido como outro importante marco na extensa carreira dos canadenses, enfatizando finalmente a fórmula básica que fora gradualmente perseguida ao longo dos três discos anteriores. Temos aqui um Rush se despedindo definitivamente da intensa utilização de sintetizadores em suas canções, elementos que foram constantes na musicalidade de suas produções oitentistas. Audaz, direto, cru e muito vigoroso, Counterparts apresenta uma banda revigorada e em grande forma, que se reinventa retomando elementos do passado clássico, porém com o vislumbre de um futuro que marcaria a exploração de novas fronteiras.

Após uma breve contagem numérica preparativa que convida o ouvinte à aproximação, "Animate" explode entregando uma produção firme e agressiva provida de percussão enérgica, riffs de guitarra potentes e concisos, linhas de baixo pulsantes, sons de órgão diminutos e vocais excepcionais que atravessam todos os momentos. Parte hard rock progressivo, parte balada, "Animate" consegue captar diferentes peculiaridades que exemplificam, de forma radiante, mais um belíssimo e renovado trabalho do Rush.

Os três integrantes trazem novas e notáveis atitudes em seus instrumentos, criando uma ardente estrutura musical retilínea que se harmoniza perfeitamente com a poesia lírica idealizada por Neil Peart. As linhas de baixo de Lee, por sua vez, se mostram incrivelmente quentes e misteriosas, devido principalmente à nova técnica utilizada pelo músico, o estilo flamenco. "Comecei a evoluir com essa técnica em Counterparts. A primeira canção na qual tentei trabalhar assim foi 'Animate'. Adoro essa música - acho que é uma das grandes coisas que fizemos juntos. Há algo de brutal ali, retratado em sua insistência".

"Ter Neil contando no início do disco, antes de 'Animate', parecia uma boa maneira de começar o álbum - o 'toque humano'
Ele raramente conta nas canções e, por isso, foi bom capturar sua voz. 'Animate' é, provavelmente, minha faixa favorita, pois amo o som e o ritmo dela. Além disso, o baixo está bem alto - o que sempre me deixa feliz!".

"Montamos o equipamento que tínhamos no estúdio, e o engenheiro Kevin 'Caveman' Shirley chegou logo após. Ao olhar para todo aquele aparato de alta tecnologia, disse: 'Sabe, achei esse antigo amplificador ali na esquina ontem. Vocês se importariam seu eu plugá-lo?'. Assim, pegamos aquele velho valvulado que fora literalmente deixado no lixo, reparado pelos assistentes do Le Studio. Ligamos todos os alto-falantes que tínhamos nele, e eu pensei que tudo aquilo fosse explodir. Dessa forma, sugeri que utilizássemos apenas uma combinação com meu setup regular, e foi assim que aconteceu. Soou otimamente, com uma quantidade enorme de energia. Todos aqueles sons de explosão haviam desaparecido, de modo que você nunca conseguiria perceber que se tratava de um amplificador à beira da morte. A única coisa notável era o poder que vinha dele, algo que foi um grande beneficio para todos nós".

"Utilizei um R&B básico que eu tocava nos meus primeiros dias, juntamente com o efeito hipnótico de muitas das bandas britânicas da virada dos anos 90, como o Curve e o Lush"
, afirma Peart. "A sessão mediana da canção traz o impacto da musica africana em mim, apesar de não retratar nenhum ritmo especifico daquele local".

"Animate" oferece, associado aos ótimos grooves de baixo e bateria, o mais importante elemento que configuraria a mudança musical tão desejada pelos canadenses: as evidentes e excepcionais camadas de guitarra idealizadas magistralmente por Alex Lifeson. Tal investida pode ter sido talvez inspirada na crescente popularidade do grunge que ocorria no período, porém aqui munida com a incrível e inconfundível perícia técnica do músico. "Animate" é coroada também por um solo esplêndido no instrumento, performance que consegue capturar perfeitamente toda a profundidade que a criação se propõe visitar.

Liricamente, Peart aprofunda em Counterparts a tendência explorada no anterior Roll The Bones (1991), lidando com temas obscuros do comportamento humano. Assuntos como a dualidade dos relacionamentos, amizades, amor, compaixão, ambição e aflições da mente serão abordados ao longo de composições muito maduras e envolventes. O âmago do trabalho é a busca pela complementaridade e equilíbrio, ideal já explorado pela banda em concepções anteriores, como na canção "Cygnus X-1 Book II: Hemispheres" (de Hemispheres, 1978). Com Counterparts o letrista entende que, estando em paz consigo mesmo, a harmonia poderá ser facilmente estendida para muitos ao redor. "Animate" é emblemática nesse teor, oferecendo em uma de suas frases o próprio nome do álbum: "My counterpart, my foolish heart".

A primeira canção do álbum evidencia o Rush como uma das mais perspicazes bandas no que se refere às investidas sobre a psique humana, oferecendo ideias baseadas nas teorias do psiquiatra suíço Carl Jung (1875 - 1961) - fundador da chamada Psicologia Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana. Jung entendia o inconsciente coletivo como a camada mais profunda da psique, constituída por materiais herdados e onde residem os traços funcionais comuns a todos os seres humanos. A teoria também pode ser compreendida como um arcabouço dos arquétipos, cujas influências se expandem para além da psique. O arquétipo reflete uma espécie de imagem apriorística incrustada profundamente no inconsciente coletivo da humanidade, projetando-se em diversos aspectos da vida, como sonhos e até mesmo narrativas. Jung explica que "no concernente aos conteúdos do inconsciente coletivo, estamos tratando de tipos arcaicos - ou melhor - primordiais, isto é, de imagens universais que existem desde os tempos mais remotos".

Jung deduz que essas imagens primordiais se originam a partir da constante repetição de uma mesma experiência durante muitas gerações. Por serem anteriores e mais abrangentes que a consciência do ego, os arquétipos criam imagens ou visões que balanceiam alguns aspectos da atitude consciente do sujeito, funcionando como centros autônomos que tendem a produzir, a cada geração, uma repetição e elaboração dessas mesmas experiências. Estes se encontram entrelaçados na psique - porém, apesar da mistura, cada arquétipo constitui uma unidade que pode ser apreendida intuitivamente.

Peart compõe a letra de "Animate" partindo do principio do arquétipo Anima / Animus, este que se tornou componente imprescindível na teoria da Psicologia Analítica e no conhecimento da dimensão psíquica do homem. Tais termos derivam do latino animare, que significa animar ou avivar e que se assemelha com a alma ou espírito. Abstratamente, o Anima / Animus reflete uma estrutura complementar à persona que vincula o ego à camada mais profunda da psique, com o inconsciente masculino encontrando expressão em uma personalidade interior feminina (Anima) e o feminino expressando tal aspecto através de uma personalidade interna masculina (Animus). Estes elementos, portanto, se fazem presentes em todos os relacionamentos e em toda busca pela plenitude individual dos seres humanos. Sabemos que os indivíduos são feitos dos mesmos impulsos, energias e possibilidades, mas cada qual possui uma singularidade que o torna diferente. A partir desses conceitos, o letrista utiliza sua perspicácia habitual iniciando com um simples trocadilho no título da canção, passando a abordar de forma complexa uma figura masculina que deve aprender a conhecer seu Anima, integrando suas duas metades e se tornando um indivíduo mais equilibrado e completo.

"A Anima, sendo feminina, é a figura que compensa a consciência masculina", explica Jung. "Na mulher, a figura compensadora é de caráter masculino e pode ser designada pelo nome de Animus. Se não é simples expor o que se deve entender por Anima, é quase insuperável a dificuldade de tentar descrever a psicologia do Animus".

Novamente, Peart reafirma uma das suas mais nítidas crenças: a exaltação do equilíbrio, este que sempre figurou em suas composições ao longo dos anos, sob prismas variados. Em "Animate", o Animus atua com mais naturalidade através do pensamento dirigido, preciso, exato, exigente, frio e racional, enquanto que a Anima se manifesta mais adequadamente e de uma maneira mais idônea por meio do pensamento espontâneo. Todo ser humano necessita de ambos para viver uma vida completa e proveitosa. "Necessitamos de um casamento interior, em que a parte da sexualidade vivida e expressada e a parte contra-sexual não realizada se unem em uma união sagrada de amor e respeito mútuo". O objetivo principal da relação Anima / Animus é o reencontro no interior de cada um de nós, reconstruindo uma unidade que se rompeu.

"Espero que esteja claro que essa canção é sobre uma única pessoa", esclarece Peart. "Propositalmente, a ideia de um relacionamento a dois numa canção de amor fica vaga aqui. O fato do homem moderno sensível acabou se tornando muito clichê durante os anos 80, e esteve equivocado sob várias formas. Direcionei minha pesquisa para todos os lugares, desde Carl Jung a Camille Paglia, sobre como o homem moderno deveria ser. Para muitos observadores da década passada, esse homem seria uma mulher sensível e que alimenta, perdendo completamente o lado masculino. Pensando sobre isso e observando o comportamento de certas pessoas, percebi que tudo se tornou uma verdadeira peça de homens fingindo ser mais sensíveis do que eram e mulheres fingindo ser mais agressivas".

"'Animate' é auto-reflexiva - porém, novamente, em sentido abstrato. Fiquei entusiasmado com a ideia de Jung sobre as contrapartes masculinas e femininas dentro de um indivíduo, achando tudo isso muito interessante. Sem me colocar totalmente resoluto sobre o assunto, sempre senti um forte lado feminino em mim mesmo. Dessa forma, percebi que era algo que tinha vida em mim. Envolvi esse fato na canção com várias imagens bíblicas e com Camille Paglia - várias coisas primitivas, e imagens do tipo maternas".


Camille Anna Paglia é uma acadêmica, ensaísta, crítica de arte e crítica social americana. Ganhou destaque na década de 1990 ao analisar a interação entre sociedade e cultura em seu livro Personas sexuais (Sexual Personae: Art and Decadence from Nefertiti to Emily Dickinson). Professora da Universidade das Artes da Filadélfia, algumas de suas opiniões mais famosas e polêmicas tratam, principalmente, da influência negativa do movimento feminista americano. A intelectual se diz uma dissidente - para ela, o feminismo do final da década de 1960 fez com que as mulheres se colocassem no papel de vítimas.

"Não concordo com tudo o que ela diz", confessa Peart. "Mas, quando ela cita Freud e fica em apuros, diz, 'Olha, não acredito em todas as palavras que o cara escreveu. Ele teve algumas boas ideias e escolhi fazer uso de algumas'. É exatamente isso que sinto pela própria Paglia e por Ayn Rand".

"Sua odisseia é parecida com a minha. Ela veio do feminismo dos anos 60 - dessa forma, suas credenciais são sólidas. Assim, seus estudos de vinte e cinco anos lhe trouxeram certas conclusões que as pessoas simplesmente descartam, como um estalo. Ela passou anos e anos estudando algo para então dizer, 'Há essa e essa diferença entre homens e mulheres', enquanto alguém diz, 'Não, não há'. Isso me incomoda também. Se alguém não está disposto a fazer sua lição de casa sobre um determinado assunto, então não têm direito à opinião".

"Busquei defender um equilíbrio em 'Animate'. Sinto que sim, os homens têm um grande componente feminino em sua natureza, e não poderia ser diferente. É natural, e como a ideia central de Counterparts diz, somos duplicados e opostos. A definição da palavra no dicionário Oxford inclui essas duas definições, e isso é definitivamente verdade também para os gêneros. Tentei chegar na ideia de que você pode ser forte e sensível, ambicioso e sutil, mas nunca negando um dos dois lados, mantendo-os em equilíbrio. Nesse caso, a metáfora do domínio e da submissão tinha que fazer parte do jogo - porém, a utilizei como uma pessoa dominando a si mesma, no caso um homem. Ele está dominando seu lado sutil, mas, ao mesmo tempo, busca dominar também suas palavras com 'a' - agressão, ambição e as coisas biológicas tradicionalmente masculinas. Apesar de todas as mudanças sociológicas modernas, estamos (nos últimos 20 ou 30 anos da revolução sexual) tentando alterar dezenas de milhares de anos da evolução humana, tornando a mulher a caçadora e o homem aquele que alimenta".


O livro que possivelmente incitou Peart a caminhar sobre a exploração em "Animate" foi Skinny Legs and All, do escritor norte-americano Tom Robbins. Lançado em 1990, o romance explora igualmente a teoria dos arquétipos Anima / Animus de Jung, além da inversão de papéis sexuais. Essa obra foi citada por Geddy ao explicar em uma entrevista que costuma ler os mesmos livros que o baterista nas horas vagas. "Um dos melhores livros que li em 1992 foi 'Skiny Legs and All' de Tom Robbins, este que me foi indicado por Neil. Ganhei dele de presente de natal".

Outra sutil inspiração presente em "Animate" é retratada na frase "daughter of a demon-lover", que deriva de um trecho do poema Kublai Khan, escrito pelo crítico e ensaísta inglês Samuel Taylor Coleridge (1772 - 1834). Essa obra também ofereceu a imagem central para a antológica canção "Xanadu", lançada originalmente pelo trio no álbum A Farewell To Kings, de 1977.

"Em 1975, tentava escrever uma canção inspirada pelo humor negro e pela psicologia sutil do filme Cidadão Kane, que apresenta as linhas de abertura do poema 'Kubla Khan', de Samuel Taylor Coleridge. Olhei para o poema e fui esmagado por sua aparência e por seu poder emocional. Assim, adicionei o aspecto de 'viagens de aventura' para a história da música, antes de viajar para mais longe que os clubes de rock da América do Norte. Retratei a ideia de imortalidade de Coleridge como uma maldição sombia - Cidadão Kane é o oposto: a mortalidade como um castigo. Há uma piada que diz, 'O Rush é o que acontece quando você permite que o baterista componha músicas', o que é engraçado - mas é claro que eu só escrevo as letras. A frase na canção 'Animate' - "daughter of a demon lover" - presta uma homenagem às linhas poderosas de Kubla Khan: 'As e'er beneath a waning moon was haunted / By woman wailing for her demon-lover!' ['Pois, a lua em prantos é amaldiçoada / Por uma dama e seu demoníaco amante']. Agora é rock".

Ao longo de todo o álbum, Neil Peart mergulhará em muitos tópicos humanistas que seguem se relacionando - porém, todas essas ligações foram percebidas apenas mais tarde. "Essas relações surgiram depois, ironicamente. Não estava ciente de qualquer interconexão no momento. Eram pequenos pensamentos totalmente separados que foram escritos com meses de intervalo entre si. O caderno de anotações que continuo usando o tempo todo traz pequenas frases, títulos, trechos de jornais, conversas e coisas do tipo - tudo que me despertou interesse no momento. Assim, quando decido escrever letras, algo que é um processo diário, tenho uma grande quantidade de matéria-prima desses momentos de inspiração. Começo então a costurar as coisas, vendo o que pode ser conectado. O tema da dicotomia e a ideia das contrapartes não sendo inimigas começaram portanto a aparecer, mas não consegui chegar no título ou o tema central até o final. Mesmo assim, Counterparts saiu quase que por acidente. Estava ficando desesperado pelo título, passando por toneladas de sugestões dos outros caras e não conseguindo acender em nada satisfatório. Assim, iniciei uma livre-associação através das letras e puxei a palavra 'counterpart' da canção 'Animate'".

"Ela ficou listada. Era boa, mas não me parecia trazer o brilho suficiente ou o toque especial para que fosse o nome do disco. Porém, continuei voltando nela. Quando olhei no dicionário e percebi o quão complexo era o seu significado, este que se relacionava tanto com o oposto quanto com duplicado, pensei, 'É sobre isso que estou escrevendo aqui - falo sobre racismo, culturalismo, homens e mulheres, gays e héteros. Todos nós somos contrapartes - somos os mesmos, mas diferentes'. Adorei como o termo amarrava tudo o que eu tentava dizer em muitas daquelas canções. Assim, consequentemente, defendi o termo como o título".


"Questões como essas devem ser reconhecidas, e é claro que podemos mudá-las, pois mudamos muitas coisas. Sabe, costumávamos estar confortáveis com a escravidão como cristãos, algo que mudou agora. Há mudanças que podemos buscar para sermos mais civilizados, e ao mesmo tempo é tolice negar o que corre em nossas veias. 'Animate' tenta conciliar essa coisa complicada e também muito atual".

© 2015 Rush Fã-Clube Brasil

PEART, N. "Reflections In A Wilderness Of Mirrors : The Counterparts Tour Book". 1993.
CONSIDINE, J.D. "Guitar Word's Bass Guitar". July 2007.
MILLER, William F. "Neil Peart: In Search Of The Right Feel". Modern Drummer. February 1994.
GEHRET, U. "To Be Totally Obsessed - That's the Only Way". Aquarian Weekly. March 9, 1994.
WARDEN, S. "The World Album Premier of 'Counterparts'". Broadcast. October 14, 1993.
NOBLE, Douglas J. "Counter Attack". The Guitar Magazine (UK), Vol. 3, No. 9. November 1993.